AMÉRICA LATINA SEM HANDICAP

Transcrição

1 AMÉRICA LATINA SEM HANDICAP Perspectivas e Problemas da Promoção Global da Pessoa com Des/habilidades no Século XXI Ciência e Experiência em confronto 5º S.I.R.E.C.- Seminário Internacional de Reabilitação e Educação da Criança com Des/habilidades Mensagem Final Aos Organismos Internacionais e a todos os Governos da América Latina Esta mensagem foi aprovada por aclamação pelos participantes no final do Seminário no dia 11 de novembro de Os participantes do 5 SIREC - Seminário Internacional de Reabilitação e Educação da Criança com Des/Habilidade - "AMÉRICA LATINA SEM HANDICAP" representando os países de Chile, Argentina, Paraguai, Itália e Brasil apresentam as seguintes propostas e pedidos: O Seminário reafirma que o ponto de partida para todas as políticas e programas em favor das pessoas portadoras de des/habilidades devem ser os documentos da ONU, Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, de 9/12/1975; a Declaração dos Direitos das Pessoas Mentalmente Retardadas; Normas sobre Equiparação de Oportunidades para Pessoas com Deficiências; a Declaração dos Direitos da Criança, de 20/11/1959 e a Declaração de Salamanca, de junho de Pede que estas declarações sejam aplicadas em todos os países da América Latina; de fato, até o momento a aplicação das normas internacionais tem sido insuficientes. É com muita tristeza que devemos constatar como a maior parte das crianças e das pessoas portadoras de deficiências continua sem atendimento adequado e muitas delas não recebem nenhum atendimento, são marginalizadas juntamente com suas famílias. Vê a urgência de repensar os temas mais importantes da reabilitação e formular propostas concretas para os profissionais, as instituições, a sociedade e os responsáveis dos governos pelas políticas sociais da saúde e da educação da América Latina. Em relação ao ATENDIMENTO À PESSOA PORTADORA DE DES/HABILIDADES

2 DES/HABILIDADES O seminário ressalta a necessidade de que o atendimento seja sempre: Global no sentido de dar respostas a todas as dimensões e necessidades fundamentais da pessoa; Personalizado, através de um programa individual de reabilitação; Humanizado no sentido de tratar a pessoa portadora de deficiência como ser humano que precisa de estima, comunicação e relacionamento e de carinho. Solicita então que se tenha sempre presente o significado humano da reabilitação e que as instituições e os profissionais perguntem a si mesmos: " Reabilitar para quê? " E tenham consciência que a reabilitação deve visar a realização do projeto existencial da pessoa. Pede a todos os profissionais que trabalham na área da reabilitação para: aprenderem a trabalhar em equipe com melhor qualidade e eficácia; saber relacionar-se com a pessoa portadora de deficiência, sobretudo como pessoa e não somente como técnicos da reabilitação; usar e valorizar as tecnologias inovadoras sem esquecer que estas devem procurar o bem-estar psicofísico da pessoa. Para as instituições o seminário pede que elaborem projetos individualizados de atendimento. Para os responsáveis pelas políticas públicas pede uma maior atenção na elaboração dos programas preventivos de saúde sobretudo ao nível de ambiente popular, lembrando que a melhor prevenção e investimento econômico é a educação. Em relação a INCLUSÃO E INTEGRAÇÃO DAS PESSOAS PORTADORAS DE DÊS/HABILIDADES NA ESCOLA, NO TRABALHO, NA CULTURA E EM GERAL NA SOCIEDADE O seminário pretende evidenciar que a integração destas pessoas não é somente um direito delas, mas também, um direito das suas famílias e de suas comunidades; de fato, a plena integração é o mínimo que uma sociedade civilizada pode oferecer a elas. Pretende, ainda, ressaltar que a integração é hoje uma necessidade para toda a sociedade, no sentido de que não podemos atender a estas pessoas sem integrálas no contexto social e nos programas das políticas públicas. Pede que a integração seja realizada: de modo adequado, constante e gradual;

3 valorizando todos os recursos humanos da comunidade; envolvendo em um único processo sinérgico todas as entidades responsáveis pelo bem-estar bio-psiquico da pessoa com deficiência, isto é: família, escola, empresa, órgãos não governamentais, instituições educativas reabilitativas públicas e privadas, órgãos do governo; buscando uma maior sensibilidade da sociedade através dos meios de comunicação. O seminário solicita as instituições e aos órgãos do governo: que elaborem e divulguem uma nova mentalidade social (cultura) da pessoa deficiente e da deficiência mais adequada à dignidade e direitos da pessoa como ser humano que possui potencialidades de desenvolvimento e um projeto de vida; que difundem uma cultura social que assume e valorize as diferenças; realizem um processo contextualizado de intervenção ; que envolvam muito mais as famílias e as tornem protagonistas da integração; que criem espaços de acolhida e linhas preferenciais de integração; que tomem consciência da grande importância em unir-se para a promoção de eventos culturais (seminários, congressos, etc.). O seminário pede aos responsáveis pelas políticas públicas que apliquem as normas internacionais relativas aos direitos destas pessoas ao atendimento global, à integração e inclusão na escola, no trabalho, na sociedade. O seminário pede portanto: que o sistema escolar seja reorganizado para acolher as crianças com deficiências e oferecer a elas a possibilidade de aprender junto com as outras; que sejam preparados professores de suporte para o acompanhamento e integração escolar, porém, que esta preparação seja concretamente adequada e reconhecida. que seja favorecido o acesso ao trabalho; que para o atendimento global e a integração sejam promulgados regulamentos aplicativos das leis já existentes. que no programa econômico-financeiro anual do estado e da federação, sejam previstos e colocados a disposição recursos para o atendimento e a integração. Em relação à FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS O seminário convida a renovar a consciência de que o desenvolvimento bio-psiquico global da pessoa com deficiência e a sua integração dependem muito da competência humana e científica dos profissionais. Nesta época de intenso intercâmbio cultural, de novas descobertas científicas e crescentes aprofundamentos nas ciências psicopedagógicas e sociológicas, é necessário proporcionar aos profissionais a possibilidade de uma boa formação e de uma contínua atualização. Pede aos responsáveis pelas políticas públicas um maior investimento na pesquisa e na formação dos profissionais,

4 seja humana que técnica; que se preocupem em formar não só os técnicos (terapeutas da reabilitação) mas também, em formar com cursos estruturados de maneira específica, os que devem seguir a vida e as exigências quotidianas (biológicas, sociais, relacionais, de lazer, etc.), como por exemplo, os educadores sociais. Pede às instituições para que invistam mais na atualização de seus profissionais e que favoreçam a sua formação contínua. Após o resultado positivo deste seminário latino-americano os participantes solicitam às instituições, aos órgãos não governamentais e aos responsáveis pelas políticas sociais que favoreçam o intercâmbio de experiências latino-americanas ao nível científico colocando a disposição recursos econômicos e institucionais. O 5º S.I.R.E.C.- Seminário Internacional de Reabilitação e Educação da Criança com Des/habilidades foi realizado nos dias 9, 10 e 11 de novembro de 1999 no auditório da UNIFESP- Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina - Rua Pedro de Toledo, 697 na cidade de São Paulo. O Seminário foi promovido pela Obra Don GUANELLA, Recanto Nossa Senhora de Lourdes- Centro de Educação Especial de São Paulo; pela APAE/SP Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de São Paulo e UNIFESP Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina. Contou com a colaboração do CELAM Conselho Episcopal Latino-Americano; UNPADE União Nacional de Pais e Amigos dos Deficientes Mentais do Chile; AACD/SP- Associação de Assistência a Criança Defeituosa, de São Paulo; Centro de Reabilitação Sagrado Coração de Jesus; Obra Don Guanella e LARAMARA Associação Brasileira ao Deficiente Visual, de São Paulo Os palestrantes convidados para tratar de temas tão importantes foram os melhores especialistas da reabilitação do Brasil, Chile, Argentina e Itália, em um total de 28, sendo que, quase todos, demonstraram um alto nível. A saber: Sour Michela Carrozzino, Don Giancarlo Pravettoni, Dom Paulo Evaristo Arns, Dr. José Gherpelli, Dr. Luís Celso Vilanova, Dr, Mauro Spinelli, Dr. Orlando Armelin, Dra. Stela Graciani, Dra. Ângela Maria Souza, Dra. Marilene Nascimento, Dr. Enrique Norambuena, Dra. Patrícia Araneda, Dra. Stella Paéz, Dra. Soledad Malagarriga, Dr. Alfredo Jerusalinsjk, Dra. Maria Luísa Gava, Dra. Milena Cannao, Dra. Alicia Risueño, Dr. Adriano Ferrari, Dra. Sônia Gusman, Dr. Giacomo Stella, Dr. Carlo Hanao, Dra. Ana Maria Piovesana, Dra. Maria Valeriana Ribeiro, Dra. Elizabeth Pinto, Dra. Cláudia Santoalla, Dra. Cláudia Sykuler. Dr. Andréa Canevaro. Os inscritos foram cerca de 220 entre: psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos, professores, pedagogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais; pais, responsáveis pelas instituições públicas e privadas, representantes da política da saúde e da educação.

5 A maior parte dos participantes eram proveniente da cidade e do estado de São Paulo, mas haviam, também, participantes de outros estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Fortaleza, Paraná, Porto Alegre; e de outras nações latino-americanas: Paraguai, Chile e Argentina. Texto enviado por: Obra Don Guanella -- Recanto Nossa Senhora de Lourdes - Centro de Educação Especial Sociedade Civil Obras Sociais Santa Cruz Av. Luis Carlos Gentile de Laet, Vila Rosa - São Paulo - Fone recantoguanella@uol.com.br