BRUNO KENZO DE FREITAS HASSEGAWA

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1 BRUNO KENZO DE FREITAS HASSEGAWA GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE ANÁLISE AMBIENTAL E OPERACIONAL COM BASE NA NBR ISO 14001: 2004 Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Recursos Hídricos da Universidade Federal de Ouro Preto, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Ambiental. Orientador: Dr. José Francisco do Prado Filho OURO PRETO 2007 I

2 Catalogação: II

3 III

4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus pais e irmãos, cujo apoio e amizade me dão a força necessária para superar os diversos obstáculos impostos pela vida. IV

5 AGRADECIMENTOS Aos meus pais pelo incentivo e apoio constantes. Ao meu orientador Prof. José Francisco do Prado Filho pelo seu apoio, extensa paciência e por se dispor a me ouvir nos momentos em que precisava de alguém para me escutar. A Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) pelo financiamento deste trabalho através da concessão de bolsa de estudos. A todos os professores do curso de pós-graduação em Engenharia Ambiental da UFOP pela boa convivência diária. Ao pessoal do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte Nova - MG. Incluindo Cristiano Caria que é o diretor da empresa, Gandy que é o gerente da ETA e a todos os operadores da ETA: Rodrigo, Ted, Paulinho, Filomeno, João, Alessandro e Pereira. Ao diretor Wagner Melillo do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Itabirito - MG, ao Laércio e Rogério, respectivamente, gerente da ETA e gerente de qualidade da ETA e também a todos os operadores. Aos colegas do curso de mestrado pela amizade e incontáveis horas de conversa fiada. A Liana que, com muita presteza, corrigiu o inglês do abstract deste trabalho. Ao Fred que através das nossas conversas sobre o tema de saneamento apresentou diversas informações que acabei utilizando na formulação do projeto deste trabalho. Ao Maurão, pelos altos papos em meio às inúmeras idas e vindas nos finais-de-semana de Ouro Preto à Ponte Nova e vice-versa. A todas as pessoas que cruzaram a minha vida neste período de mestrado e que contribuíram para o meu crescimento profissional e emocional. V

6 RESUMO HASSEGAWA, Bruno Kenzo de Freitas. GERENCIAMENTO AMBIENTAL EM ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ÁGUA DE MÉDIO PORTE: ELABORAÇÃO DE UM INSTRUMENTO PARA ANÁLISE AMBIENTAL E OPERACIONAL COM BASE NA NBR ISO 14001:2004. OURO PRETO: UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO, NÚMERO DE PÁGINAS: 441. O funcionamento das estações de tratamento de água (ETA) pode ser comparado ao de verdadeiras indústrias, pois, como em qualquer processo de fabricação, também se utiliza de matéria-prima que é a água bruta e insumos visando transformá-la num produto final de qualidade que é a água tratada. Nesse processo são gerados resíduos que são o lodo de decantador e a água de lavagem de filtros, cujos estudos de caracterização sobre suas composições físico-químicas, realizados por diversos autores, apresentaram resultados com altas concentrações de metais como alumínio, cádmio, chumbo e cromo, dentre outros. Observando esses aspectos, o presente trabalho buscou desenvolver uma metodologia, com base na NBR ISO 14001:2004 e em referências bibliográficas sobre o tratamento de água, para identificar quais características das etapas do tratamento de água podem causar danos ao meio ambiente e verificar se os sistemas de gestão adotados em duas empresas de saneamento de Minas Gerais, com estações de tratamento de água (ETA) de médio porte, permitem o controle dessas características no processo buscando-se evitar impactos ambientais. O modelo de análise ambiental elaborado no presente estudo foi testado em duas ETAs de médio porte, em que se acompanharam as rotinas operacionais e gerenciais de cada uma delas. Em ambos os casos, o modelo de análise ambiental proposto demonstrou-se útil na coleta de informações e detecção de irregularidades operacionais que podem resultar em problemas ambientais importantes. Os resultados da pesquisa indicaram que os atuais sistemas de gestão das duas empresas avaliadas ainda não estão preparados para lidar com assuntos de cunho ambiental. Dentre as várias causas que podem explicar isso se destacam a falta de uma política ambiental estabelecendo o compromisso com o meio ambiente, ausência de funcionários devidamente treinados e conscientizados, falta de documentação de procedimentos relacionados à etapas do tratamento de água com características ambientais significativas e falta de investimentos na modernização e ampliação das ETAs. Palavras-Chave: ISO 14001; tratamento de água; sistema de gestão ambiental (SGA); impactos ambientais; estação de tratamento de água (ETA). VI

7 ABSTRACT HASSEGAWA, Bruno Kenzo de Freitas. ENVIRONMENTAL MANAGEMENT IN WATER TREATMENT PLANTS OF MEDIUM SCALE: ELABORATION OF ENVIRONMENTAL AND OPERATIONAL ANALYSIS TOOL WITH BASED IN NBR ISO 14001:2004. OURO PRETO: FEDERAL UNIVERSITY OF OURO PRETO, NUMBER OF PAGES: 441. The water treatment systems operation can be compared to real industries because as well as in any a process production, it is also used of raw material that is the rude water and inputs seeking to transform it in a final product that is the treated water. In that process there are also produced residues which are decanter sludge and backwash water filters whose characterization studies on their physiochemical compositions, accomplished by several autors, presented results with high concentrations of metals as aluminium, cadmium, lead and chrome, among others. Observing those aspects, the present work looked for to develop a methodology, with based in NBR ISO14001:2004 and in bibliographical references on the water treatment, to identify the characteristics of the stages of water treatment that can cause damages to the environment and to verify if the administration systems adopted in two companies of sanitation of Minas Gerais, with water treatmente plants (WTP) of medium scale, allow the control of those characteristics of whole the process being looked for to avoids environmental impacts. The model of the environmental analysis elaborated in the present study was tested in two medium WTPs, in which operational and managerial routines were attended in each one of them. In both cases, the model of environmental evaluation proposed demonstrated to be useful in the collection of information and detection of operational irregularities that can result in important environmental problems. The results of the research indicate that the current management systems of the public companies of water supply are still not prepared to work with environmental subjects. Among the several causes that can explain that is the lack of environmental politics establishing its commitment with the environment, absence of employees properly trained, a reduced number of documentation of procedures related to the stages of the treatment with significant environmental characteristics and absence of investments in the modernization and enlargement of WTPs. Key-Words: ISO 14001, water treatment, environmental management system (EMS), environmental impacts; water treatment plants (WTP). VII

8 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Instrumentos de Gestão Ambiental Tabela 2 Grupo de normas da família ISO Tabela 3 Lista dos principais programas de rotulagem ambiental no mundo Tabela 4- Exemplos de Aspectos e Impactos Ambientais Tabela 5 Exemplo de associação entre atividade, aspecto e impacto ambiental Tabela 6 Quadro sobre a distribuição da água no mundo Tabela 7 Estimativa dos custos das alternativas para redução de mortalidade infantil em Nota- Mortalidade de 0-4 anos em 2000: 3521 casos Tabela 8- Número de municípios com serviços de abastecimento de água segundo as grandes regiões do Brasil Tabela 9 Total de domicílios e economias abastecidas e respectivas distribuições percentuais segundo estratos populacionais até o ano de Tabela 10 Entidade prestadora do serviço de abastecimento de água e existência de cobrança pelo serviço segundo os distritos-sede dos municípios de Minas Gerais. Nota: Um mesmo distrito pode apresentar mais de um tipo de constituição jurídica das entidades prestadoras de serviço de abastecimento de água Tabela 11 Forma de captação e existência de tratamento da água distribuída, segundo os distritos-sede dos municípios de Minas Gerais Tabela 12 Limites recomendados para a concentração do íon fluoreto (mg/l) de acordo com a temperatura do ar Tabela 13 Compostos utilizados na fluoretação das águas para consumo humano Tabela 14 Composição química do LETA. Retirado de Santos et al (2000) Tabela 15- Comparação entre os valores máximos estabelecidos por lei e os encontrados em estudos de caracterização LETAs. *Segundo a resolução CONAMA n 0 357/05 em seu artigo 28, parágrafo 2 o : Para os parâmetros não incluídos nas metas obrigatórias, os padrões de qualidade a serem obedecidos são os que constam na classe VIII

9 na qual o corpo receptor estiver enquadrado.. Assim o valor da concentração de alumínio utilizada é referente a águas de classe II consideradas um tipo mais comum no Brasil Tabela 16 Estudos de caracterização físico-química da água de lavagem de filtro. Menezes et al (2005) realizou sete amostragens nas datas que vão de 30/05/04 até 02/12/04. Scalize & Di Bernardo realizaram três amostragens. ND não detectado na amostra analisada Tabela 17- Lista de produtos químicos utilizados no tratamento da água para abastecimento. Classe 2.3- gases tóxicos, 4.2- substâncias sujeitas à combustão espontânea, 5.1- substâncias oxidantes, 6.1- substâncias tóxicas, 8- substâncias corrosivas. *Soluções de hipoclorito com mais de 5% de cloro livre Tabela 18 Dimensões das câmaras dos floculadores hidráulicos Tabela 19 Características granulométricas do material filtrante dos filtros rápidos. *Atualmente não se utiliza mais o antracito no filtro Tabela 20 - Plano de amostragem para análise de água do manancial Tabela 21 - Plano de amostragem da saída de água do tratamento no DMAES de Ponte Nova. Data: 14/06/ Tabela 22- Plano de amostragem da água na saída do sistema de distribuição. Data: 14/06/ Tabela 23 Média Mensal da Vazão de Água Bruta na ETA do DMAES Tabela 24 Média Mensal do Parâmetro Turbidez (NTU) de Água Bruta na ETA do DMAES Tabela 25 Média Mensal do ph da Água Bruta na ETA do DMAES Tabela 26 Média Mensal da Alcalinidade de Água Bruta na ETA do DMAES Tabela 27 Média de Consumo Diário de Coagulante na ETA do DMAES Tabela 28 Média de Consumo Diário de Alcalinizante na ETA do DMAES Tabela 29 Média de Consumo Diário de Desinfectante na ETA do DMAES IX

10 Tabela 30 Média de Consumo Diário de Fluorsilicato na ETA do DMAES Tabela 31- Plano de Amostragem da Água do SAAE de Itabirito. Data: 14/06/ X

11 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Gráfico sobre a motivação para investimentos ambientais em valores percentuais. Foram compilados os resultados de três diferentes pesquisas Figura 2 Ciclo do PDCA, segundo a NBR ISO Figura 3 Ranking dos países com maiores números de certificações ISO até dezembro de Figura 4 Mapa global e as áreas sob stress hídrico. O Indicador de Stress Hídrico varia de <0,3 (baixo stress, cor cinza) até >1 (alto stress, cor vermelha) Figura 5- Consumo de água em km 3 em países desenvolvidos (developed countries), países em desenvolvimento (developing countries) e no mundo (world) de acordo com os vários cenários de simulação: negócios como habitual (business as usual), crise da água (water crisis) e cenário de uso sustentável da água (sustainable water scenario). 64 Figura 6- Produção de cereais em milhões de toneladas em países desenvolvidos (developed countries), países em desenvolvimento (developing countries) e no mundo (world) de acordo com os vários cenários de simulação: negócios como habitual (business as usual), crise da água (water crisis) e cenário de uso sustentável da água (sustainable water scenario) Figura 7- Gráficos sobre a distribuição de pessoas por continente que não tem acessos a uma fonte de água melhorada (com qualidade adequada ao consumo humano) e ao saneamento básico até o ano de Figura 8 Água distribuída, em m 3 per capita, segundo as grandes regiões do Brasil. Retirado da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000 realizada pelo IBGE Figura 9 Percentual dos domicílios urbanos atendidos por rede geral de abastecimento de água, segundo municípios e bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano de Figura 10 Formas de captação, segundo municípios e bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano de XI

12 Figura 11 Entidades prestadoras de serviços de abastecimento de água, segundo municípios e bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano de Figura 12 Fluxograma típico da tecnologia de filtração direta em linha Figura 13 Fluxograma típico da tecnologia de filtração direta Figura 14 Fluxograma típico da tecnologia de tratamento convencional Figura 15 Tecnologia de tratamento de água quimicamente coagulada com uso da filtração rápida Figura 16 Proporção de água tratada distribuída por dia, por tipo de tratamento utilizado, segundo as grandes regiões. Retirado da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000 realizada pelo IBGE Figura 17 Proporção de volume diário de água tratada e distribuída, por tipo de tratamento, segundo os estratos populacionais dos municípios. Retirado da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000 realizada pelo IBGE Figura 18 Tipo de tratamento de água, segundo municípios e bacia hidrográficas do estado de Minas Gerais Figura 19 Classificação de unidades filtrantes Figura 20- Seqüência de etapas do LAIA. A) Identificação de Etapas do Tratamento de água, de Procedimentos e seus Aspectos e Impactos Ambientais. B) Análise. C) Significância Figura 21 Exemplo de aplicação para a etapa A da metodologia de LAIA Figura 22 Fluxograma geral de operação do tratamento convencional da água com identificação de entradas e saídas do sistema. Adaptado de Richter & Netto (1995) Figura 23 Fluxograma do processo de tratamento do DMAES Figura 24 Vazão de Água Bruta na ETA do DMAES Figura 25 Turbidez (NTU) de Água Bruta na ETA do DMAES Figura 26 ph da Água Bruta na ETA do DMAES Figura 27 Alcalinidade da Água Bruta na ETA do DMAES XII

13 Figura 28 Consumo de Coagulante na Água Bruta na ETA do DMAES Figura 29 Consumo de Alcalinizante na ETA do DMAES Figura 30 Consumo de Desinfectante na ETA do DMAES Figura 31 Consumo de Fluorsilicato na ETA do DMAES Figura 32- Fluxograma do processo de tratamento na ETA do SAAE Figura 33 Fluxograma do processo de tratamento de água do DMAES. As caixas com linhas pontilhadas representam os diversos procedimentos associados a cada etapa do tratamento Figura 34 Entrada da água bruta (antigo aerador desativado). Data: 04/05/ Figura 35 Escada de acesso a entrada de água bruta. Data: 04/05/ Figura 36 Caminhão tanque utilizado no transporte de sulfato de alumínio líquido. Data: 20/03/ Figura 37 Reservatório de sulfato de alumínio líquido. Notar a ausência de estrutura para contenção de vazamentos. Data: 04/05/ Figura 38 Calha Parshall e dosador de orifício de nível constante para aplicação de coagulante. Data: 04/05/ Figura 39 Séries de floculadores Cox. As setas vermelhas indicam a falta de grades de proteção para a série de floculadores da esquerda da foto. Data: 04/05/ Figura 40 Vazamentos detectados na parte inferior das câmaras dos floculadores. As setas vermelhas indicam os vazamentos. Data: 06/05/ Figura 41 Descida do operador pela escada a fim de se executar limpeza manual do decantador. Data: 07/05/ Figura 42 Operador executando limpeza das paredes do decantador com o uso de mangueira. Data: 14/05/ Figura 43 Operador em meio ao lodo do decantador. Data: 07/05/ Figura 44 Despejo de lodo nas águas do rio Piranga. Data: 07/05/ Figura 45- Vazamento de água por rachadura do decantador. Data: 05/05/ XIII

14 Figura 46 Lavagem de filtro. Data: 05/05/ Figura 47 Armário onde são estocados os reagentes com prazo de validade vencidos. Data: 06/05/ Figura 48 Fluxograma do processo de tratamento de água do SAAE. As caixas de bordas pontilhadas representam os procedimentos associados a cada etapa do tratamento Figura 49 Operador descendo a escada para participar da limpeza do decantador. Data: 21/07/ Figura 50 Operador executando a limpeza manual do lodo de decantador com a utilização de rodos de madeira. Data: 21/07/ Figura 51 Avaliação visual dos efeitos do lançamento do lodo de decantador sobre córrego da Carioca, em Itabirito (MG), próximo a ETA. Na foto A observa-se trecho a montante do ponto de lançamento, já na foto B observa-se o trecho a jusante do ponto de lançamento. Data: 21/07/ Figura 52 Descida de operador por meio da utilização das aberturas da cortina distribuidora do decantador. Data: 21/07/ Figura 53 Operador executando a lavagem da cortina distribuidora do decantador. Um dos pés está apoiado sobre mureta do canal de água floculada e sem nenhum anteparo de segurança para protegê-lo no caso de uma possível queda. Data: 21/07/ Figura 54 Galeria dos filtros. Data: 21/07/ Figura 55 Tanques de armazenamento de hipoclorito de sódio no pátio externo da ETA. Notar a falta de uma bacia de contenção de vazamentos. Data: 22/07/ Figura 56- Gráfico sobre o Diagnóstico do Nível de Atendimento a NBR ISO 14001:2004 do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte Nova. Itens: A) Política Ambiental, B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais, C) Identificação de Requisitos Requisitos Legais, D) Objetivos, metas e programa(s), E) Recursos, funções, responsabilidades e autoridades, F) Competência, treinamento e conscientização, G) Comunicação, H) Documentação, I) Controle de documentos, J) Controle Operacional, K) Preparação para resposta à emergências, L) Monitoramento e XIV

15 medição, M) Avaliação de atendimento à requisitos legais, N) Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva, O) Controle de registros, P) Auditoria interna, Q) Análise pela administração Figura 57- Gráfico de Qualidade Gerencial e Operacional no DMAES. Itens: A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município, B) Conservação de Mananciais, C) Dados Hidrológicos, D) Saúde e Segurança Ocupacional, E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores, F) Entrada de Água Bruta, G) Mistura Rápida, H) Mistura Lenta, I) Decantação, J) Filtração, K) Correção de ph, L) Fluoretação, M) Desinfecção, N) Saída de Água Tratada, O) Produtos Químicos Utilizados no Tratamento, P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas, Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos Figura 58 Exemplo de exposição desnecessária ao risco onde se observa um dos funcionários sobre a calha de coleta de água decantada e logo abaixo dele, observa-se outro funcionário realizando o arraste do lodo químico sem vestimentas adequadas para a sua proteção. Data: 07/05/ Figura 59 Aplicação de alcalinizante (cano do lado esquerdo) no mesmo ponto onde se aplica o desinfectante (cano do lado direito da foto). Data: 03/05/ Figura 60 Canal por onde escoa a água de vazamentos nas galerias e das rachaduras de floculadores e decantadores. Data: 06/05/ Figura 61 Despejo da água de lavagem de filtro pelo canal de esgoto Figura 62 Gráfico de colunas demonstrando o nível de atendimento à NBR ISO 14001:2004 pelo SAAE.. Itens: A) Política Ambiental, B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais, C) Identificação de Requisitos Legais, D) Objetivos, metas e programa(s), E) Recursos, funções, responsabilidades e autoridades, F) Competência, treinamento e conscientização, G) Comunicação, H) Documentação, I) Controle de documentos, J) Controle Operacional, K) Preparação para resposta à emergências, L) Monitoramento e medição, M) Avaliação de atendimento à requisitos legais, N) Nãoconformidade, ação corretiva e ação preventiva, O) Controle de registros, P) Auditoria interna, Q) Análise pela administração XV

16 Figura 63 Gráfico sobre Qualidade Gerencial e Operacional do SAAE.. Itens: A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município, B) Conservação de Mananciais, C) Dados Hidrológicos, D) Saúde e Segurança Ocupacional, E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores, F) Entrada de Água Bruta, G) Mistura Rápida, H) Mistura Lenta, I) Decantação, J) Filtração, K) Correção de ph, L) Fluoretação, M) Desinfecção, N) Saída de Água Tratada, O) Produtos Químicos Utilizados no Tratamento, P) Laboratório de Análises Físico-Químicas e Microbiológicas, Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos Figura 64 Vazamento de óleo da bomba utilizada para succionar água da câmara de floculador. As setas indicam a película de óleo formada sobre a água. Data: 14/03/ Figura 65 Funcionário lavando a parede do decantador sem equipamento de proteção para evitar queda. Data: 21/07/ Figura 66 Detalhe da bota utilizada na limpeza do decantador, onde se observa que o comprimento do cano é insuficiente para impedir o contato do operador com o lodo químico. Data: 21/07/ Figura 67 (A) Sacas de cal armazenadas sobre estrado de madeira ao lado de arquivo morto. (B) Sacas de alumínio dispostas atrás da cal hidratada. Data: 22/07/ Figura 68 Sacas de fluorsilicato de sódio sobre estrado de madeira localizadas ao lado de arquivo morto. Data: 22/07/ Figura 69- Gráfico comparativo entre DMAES e SAAE no atendimento a NBR ISO 14001:2004. Itens: A) Política Ambiental, B) Identificação de Aspectos e Impactos Ambientais, C) Identificação de Requisitos Legais, D) Objetivos, metas e programa(s), E) Recursos, funções, responsabilidades e autoridades, F) Competência, treinamento e conscientização, G) Comunicação, H) Documentação, I) Controle de documentos, J) Controle Operacional, K) Preparação para resposta à emergências, L) Monitoramento e medição, M) Avaliação de atendimento à requisitos legais, N) Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva, O) Controle de registros, P) Auditoria interna, Q) Análise pela administração XVI

17 Figura 70- Gráfico comparativo entre DMAES e SAAE no atendimento aos requisitos da parte II do checklist. Itens: A) Plano Diretor de Recursos Hídricos do Município, B) Conservação de Mananciais, C) Dados Hidrológicos, D) Saúde e Segurança Ocupacional, E) Programas de Educação Ambiental para os Consumidores, F) Entrada de Água Bruta, G) Mistura Rápida, H) Mistura Lenta, I) Decantação, J) Filtração, K) Correção de ph, L) Fluoretação, M) Desinfecção, N) Saída de Água Tratada, O) Produtos Químicos Utilizados no Tratamento, P) Laboratório de Análises Físico- Químicas e Microbiológicas, Q) Controle de Perdas Físicas Operacionais e por Vazamentos XVII

18 LISTA DE SIGLAS ABCON Associação Brasileira de Concessionários Privados dos Serviços de Águas e Esgotos ABES Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental ABIQUIM Associação Brasileira de Indústrias Químicas ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ABS American Bureau of Shipping ACV Análise do Ciclo de Vida ADA Avaliação do Desempenho Ambiental ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres BNH Banco Nacional de Habitação BS - British Standard BVQI Bureau Veritas Quality International CESB Companhia Estadual de Saneamento Básico CLT Consolidação das Leis do Trabalho CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente CONMETRO Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial COPAM Conselho de Política Ambiental COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais CORSAN Companhia Riograndense de Saneamento DMAES Departamento Municipal de Água e Esgoto DNV Det Norske Veritas EMAS Plano de Ecogestão e Auditoria XVIII

19 EMBASA Empresa Baiana de Águas de Abastecimento EPC Equipamento de Proteção Coletiva EPI Equipamento de Proteção Individual ETA Estação de Tratamento de Água ETE Estação de Tratamento de Esgoto FCAV Fundação Carlos Alberto Vanzolini FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FISPQ Ficha de Informação sobre Segurança de Produtos Químicos FJP Fundação João Pinheiro FUNASA Fundação Nacional de Saúde GAE Gestão Ambiental Empresarial GAIA Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais GANA Grupo de Apoio à Normalização Ambiental CEI Centro de Estatísticas e Informações DDT Dicloro-Difenil-Tricloroetano GEO Global Environmental Outlook GIWA Global International Waters Assessment IAAOETA Instrumento para Análise Ambiental e Operacional de Estações de Tratamento de Água IAF International Acreditation Forum IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICC Instrumento de Comando e Controle IDH Índice de Desenvolvimento Humano IE Instrumento Econômico XIX

20 IEC International Electrotecnical Comission IEF Instituto Estadual de Florestas IFPRI International Food Policy Research Institute IGS Inovação da Gestão em Saneamento INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial INSS Instituto Nacional do Seguro Social IPEM Instituto de Pesos e Medidas ISO International Organization for Standartization LAIA Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais LETA Lodo de Estação de Tratamento de Água MS Ministério da Saúde NBR Norma Brasileira OCC Organismo de Certificação Acreditado OIC Organismo de Inspeção Acreditado ONG Organização Não-Governamental ONU Organização das Nações Unidas OTC Organismo de Treinamento Credenciado OPP Organismo Provedor de Ensaio de Proficiência Credenciado PDCA Plan, Do, Check and Act PMSS Programa de Modernização do Setor de Saneamento PNCDA Programa Nacional de Combate ao Desperdício da Água PNQS Prêmio Nacional de Qualidade em Saneamento PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Básico PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente XX

21 PPA Política Pública Ambiental PVC Policloreto de Vinila RDH Relatório do Desenvolvimento Humano SAAE Sistema Autônomo de Água e Esgoto SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SAGE Strategic Advisory Group of the Environment SANED Companhia de Saneamento de Diadema SANEPAR Companhia de Saneamento do Paraná SC Subcomitê SG Sistema de Gerenciamento SETAC Society of Environmental Toxicology and Chemistry SGA Sistema de Gestão Ambiental SGQ Sistema de Gestão de Qualidade SINMETRO Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente SNS Sistema Nacional de Saneamento SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação TAM - Trialometanos TC Technical Committee UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância WG Working Group WHO World Health Organization WRI World Resource Institute WWIUMA Worldwatch Institute XXI

22 SUMÁRIO RESUMO...VI ABSTRACT... VII LISTA DE TABELAS...VIII LISTA DE FIGURAS...XI LISTA DE SIGLAS... XVIII 1. INTRODUÇÃO OBJETIVOS REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Gestão Ambiental Conceitos e Instrumentos de Gestão Ambiental A ISO O Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) Saneamento da Água Distribuição e Qualidade da Água Águas de Abastecimento e Saúde Pública Cobertura de Serviços de Água no Brasil Cobertura de Serviços de Água em Minas Gerais Estação de Tratamento de Água (ETA) Tipos de Tratamento de Água Etapas do Tratamento de Água de Ciclo Completo Problemas Ambientais em ETAs Gerenciamento Ambiental em ETAs METODOLOGIA Instrumento para Análise Ambiental e Operacional de ETAs com Base na NBR ISO14001: Pré-Questionário para Caracterização de ETAs Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) Lista para Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs Aplicação do IAAOETA Entrevistas XXII

23 Vistorias Consulta a documentos e registros ETAs Selecionadas ETA do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte Nova MG ETA do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Itabirito MG Período de Coleta de Dados Análise dos Resultados do IAAOETA RESULTADOS E DISCUSSÃO Resultados Obtidos com a Aplicação do Pré-Questionário para Caracterização das ETAs ETA do DMAES de Ponte Nova (MG) ETA do SAAE de Itabirito (MG) Resultados do Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais ETA do DMAES de Ponte Nova ETA do SAAE de Itabirito (MG) Resultados da Lista de Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs ETA do DMAES de Ponte Nova (MG) ETA do SAAE de Itabirito Comparação dos resultados obtidos com a utilização do checklist no DMAES e no SAAE Análise Sobre a Aplicabilidade do IAAOETA Análise Geral Análise do Pré-Questionário para Caracterização de ETAs Análise do LAIA Análise da Lista de Verificação (Checklist) Ambiental de ETAs Conclusão Sobre a Aplicabilidade do IAAOETA CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APÊNDICE A - PRÉ-QUESTIONÁRIO PARA CARACTERIZAÇÃO DE ETA XXIII

24 APÊNDICE B PLANILHA PARA LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS APÊNDICE C LISTA PARA VERIFICAÇÃO (CHECKLIST) AMBIENTAL DE ETAS APÊNDICE D RESULTADOS DO LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS (DMAES) APÊNDICE E RESULTADOS DO LEVANTAMENTO DE ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS (SAAE) APENDICE F RESULTADOS DO CHECKLIST (DMAES) APENDICE G RESULTADOS DO CHECKLIST (SAAE) XXIV

25 1. INTRODUÇÃO A World Health Organization (WHO) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) promoveram em 2006 o estudo intitulado Meeting the MDG Drinking Water and Sanitation Target: the Urban and Rural Challenge of the Decade que avalia vários índices a respeito da cobertura populacional pelos serviços de saneamento. Até 2004, os dados da pesquisa indicavam que cerca de 1,1 bilhões de pessoas no mundo estavam sem acesso à quantidade mínima de água potável necessária para uma sobrevivência saudável e 2,6 bilhões de pessoas, cerca de 40% da população mundial, viviam sem condições adequadas de saneamento básico como, por exemplo, serviços de água tratada e esgoto. No estudo Progress for Children de 2006, patrocinado pela UNICEF, estima-se que fatores como a má qualidade da água, falta de água para uso na higiene pessoal (Ex: banho, descarga de sanitários...) e a falta de acesso a serviços de saneamento (Ex: tratamento de água e esgoto, coleta de lixo...) contribuem, juntos, com 88% das mortes de crianças, com menos de cinco anos de idade, relacionadas com doenças cujo principal sintoma é a diarréia, o que corresponde a 1,5 milhões de indivíduos. Ainda referindo-se aos dados do estudo Progress for Children, dos 120 milhões de crianças nascidas, em média, por ano no mundo inteiro, a metade vive em famílias sem acesso à serviços de saneamento básico e um quinto vive em locais sem acesso à fontes de água potável o que se constitui num grave risco à vida dessas crianças. Portanto, como se vê através dos números das pesquisas citadas anteriormente, a qualidade da água utilizada para consumo humano tem uma grande influência sobre a saúde das pessoas. Caso não possua características físicas, químicas e microbiológicas adequadas pode ocasionar em surtos de doenças e sérias epidemias. Os riscos a saúde que são associados à água, podem ser de curto prazo, quando resultam da poluição hídrica causada por elementos microbiológicos ou químicos, e de médio e longo prazo quando resultam do consumo regular, durante meses ou anos, de água contaminada com produtos químicos, como certos metais pesados ou pesticidas que se acumulam no organismo dos indivíduos resultando tardiamente na manifestação de sérias doenças. 1

26 Atualmente, devido à intensa utilização de mananciais de água para a dispersão e diluição de poluentes (Ex: despejo de esgoto, lançamento de efluentes industriais ), no transporte hidroviário e na geração de energia hidroelétrica, dentre vários outros usos, tornam a qualidade da água natural da maioria dos rios e lagos no mundo inadequada para consumo humano. Assim, o tratamento da água bruta para abastecimento público assume um papel importantíssimo para bilhões de pessoas em todo o mundo através da garantia de segurança no consumo de seu produto final que é a água potável. As tecnologias de tratamento da água são dependentes da qualidade da água bruta do manancial escolhido para a captação no sistema de abastecimento. Di Bernardo (2002) classifica as tecnologias de tratamento em cinco tipos: tratamento em ciclo completo, floto-filtração, filtração direta ascendente, filtração direta descendente e dupla filtração. O primeiro tipo, tratamento em ciclo completo ou convencional, como também é conhecido, é um dos mais utilizados e por ser também o mais indicado para águas brutas de baixa qualidade, que é o caso de grande parte dos mananciais situados próximos às grandes cidades. Cordeiro & Campos (1999) fazem uma interessante analogia entre os processos de tratamento de água e os industriais. Segundo os autores, os sistemas de tratamento de água podem ser chamados de indústrias da água, pois assim como numa atividade industrial, a potabilização da água transforma uma água bruta (matéria-prima) em um produto final que é a água tratada, utilizando para isso os produtos químicos e energia elétrica (insumos). Neste processo, geram-se ainda resíduos que são a água de lavagem de filtros e o lodo de decantadores. Cabe-se ressaltar um importante fato que diz respeito à disposição destes resíduos que, na grande maioria das Estações de Tratamento de Água (ETA), é feita através de seu lançamento in natura nos corpos d água sem que seja feito qualquer tipo de tratamento prévio. Parsekian (1998) numa avaliação feita em 11 ETAs do estado de São Paulo, detectou que apenas uma tratava adequadamente o lodo químico utilizando um leito de secagem, as outras dez ETAs lançavam este resíduo em corpos d água. Outros estudos sobre a caracterização físico-química dos lodos de decantadores (BARROSO, 2002; BARROSO & CORDEIRO apud DI BERNARDO, 2002; SOUZA, 2

27 2004) e das águas de lavagem de filtros (MENEZES et al, 2005; SCALIZE & DI BERNARDO, 2000) indicam que vários dos seus parâmetros químicos estão acima de valores limites pré-estabelecidos na atual legislação que regula o enquadramento de corpos d água e o lançamento de efluentes nos mesmos. Segundo os estudos, o lodo químico excede os valores de diversos metais que podem ser tóxicos a biota aquática dos mananciais como o alumínio, chumbo e cádmio, dentre outros. Já a água de lavagem de filtro apresenta altos valores de alumínio cujos sintomas por intoxicação em humanos, manifestam-se principalmente no sistema nervoso. A partir dessas observações, define-se o seguinte problema: O sistema de gerenciamento de uma ETA apresenta características administrativas e operacionais suficientemente adequadas para o atendimento de questões relacionadas ao meio ambiente?. Para responder a esta pergunta, procurou-se desenvolver um método de avaliação que permitisse identificar, durante as rotinas gerenciais e operacionais, características do processo de tratamento de água que pudessem afetar negativamente o meio ambiente e, além disso, verificar quais as medidas de controle que a empresa pode dispor para corrigir ou mitigar possíveis impactos ambientais. Esta metodologia desenvolvida foi chamada de Instrumento de Análise Ambiental e Operacional para ETAs com base na NBR ISO 14001:2004 (IAAOETA) e foi dividida em três partes: o Elaboração de um Pré-Questionário para Caracterização de ETAs, cujo objetivo é determinar o fluxo operacional dentro de uma ETA, identificando estrutura de responsabilidades no local, sistema de documentação e registros, procedimentos realizados e unidades do sistema de tratamento de água relacionados a ETA. o Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) relacionado às ETAs, que é uma recomendação na norma NBR ISO 14001:2004 no sentido de identificar quais as características do processo que possuem interfaces positivas ou negativas com questões relacionadas ao meio ambiente. 3

28 o Elaboração de Lista para Verificação (Checklist) Ambiental, dividida em duas partes: Nível de Atendimento à NBR ISO 14001:2004 e Desempenho Gerencial e Operacional. Na primeira parte, verifica-se qual o grau de atendimento das práticas gerenciais e operacionais aos requisitos da NBR ISO 14001:2004, uma norma internacionalmente reconhecida que contém várias diretrizes importantes para a implantação de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) capazes de controlar e tratar características ambientais negativas do processo de produção da empresa. Na segunda parte, elabora-se um sistema para avaliar o desempenho gerencial e operacional de ETAs de ciclo completo, objetivando verificar quais características do processo necessitam ser otimizadas ou corrigidas a fim de que se obtenham informações para melhorar o desempenho da ETA e assim evitar desperdícios, minimizar resíduos e controlar riscos ambientais e de saúde e segurança ocupacional. Para testar o instrumento proposto realizou-se a sua aplicação em duas ETAs de ciclo completo de médio porte localizadas no Estado de Minas Gerais:a ETA do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAES) de Ponte Nova, na Bacia do Rio Doce e a ETA do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Itabirito, na Bacia do Rio das Velhas. Considera-se que através dos resultados dos dois estudos de caso, foi possível traçar perfis detalhados sobre o comportamento das empresas avaliadas em relação ao meio ambiente. As informações obtidas com a aplicação do Instrumento para Análise Ambiental de ETAs apresentam descrições do fluxo operacional do tratamento de água, assim como as deficiências gerenciais e operacionais encontradas a partir dos critérios estabelecidos por este trabalho. Assim, concluiu-se que o instrumento elaborado demonstrou-se bastante eficaz em cumprir a finalidade a qual se propõe que é a análise do nível de atendimento das empresas de saneamento às questões ambientais relacionadas às suas atividades. A estrutura deste trabalho é composta de oito capítulos e sete apêndices. 4

29 No segundo capítulo são apresentados os objetivos geral e específicos deste trabalho. No terceiro capítulo é feita uma revisão bibliográfica sobre a atual situação ambiental no Brasil e no mundo, história de surgimento da NBR ISO e suas aplicações em casos reais, a cobertura dos serviços de saneamento, os sistemas de tratamento de água no Brasil, os resíduos deste tratamento e o impacto ambiental causado por eles. No quarto capítulo realiza-se a apresentação da metodologia do Instrumento de Análise Ambiental para ETAs e de seus três componentes: Pré-Questionário para Caracterização de ETAs, Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) e a Lista de Verificação ( checklist ) Ambiental e do Desempenho Gerencial e Operacional de ETAs. No quinto capítulo é realizada a apresentação e discussão dos resultados obtidos nos dois estudos de caso realizados. O sexto capítulo trata das principais conclusões encontradas neste trabalho. No sétimo capítulo são apresentadas as referências bibliográficas. No apêndice A encontra-se o Pré-Questionário para Caracterização de ETAs. No apêndice B, encontra-se o modelo de planilha para realização de Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais segundo o que recomenda a NBR ISO 14001:2004. No apêndice C, encontra-se a Lista de Verificação (Checklist) Ambiental e do Desempenho Gerencial e Operacional de ETAs. Nos apêndices D e E, listam-se respectivamente, os resultados do LAIA nos estudos de caso realizados no DMAES e SAAE. Finalmente, nos apêndices F e G, são listados, respectivamente, os resultados dos checklists dos dois estudos de caso realizados no DMAES e SAAE. 5

30 2. OBJETIVOS O objetivo geral deste trabalho foi a elaboração e aplicação de um instrumento que possibilite realizar uma análise ambiental e operacional dos sistemas de gerenciamento aplicados a estações de tratamento de água de ciclo completo de pequeno e médio portes. Tendo como base a NBR ISO14001:2004 e diversas fontes bibliográficas sobre o processo de tratamento convencional da água, buscou-se traçar como objetivos específicos os seguintes itens: elaboração de pré-questionário para caracterização dos processos e atividades de ETAs de médio porte (segundo deliberação normativa COPAM 74/04) aplicação de método, conforme recomendações da NBR ISO14001:2004, para levantamento de aspectos e impactos ambientais associados ao tratamento da água; elaboração de uma lista de verificação (checklist) para a avaliação do desempenho operacional e ambiental das estações de tratamento de água; realização de dois estudos de casos por meio da aplicação do instrumento de análise ambiental e operacional de ETAs visando analisar a aplicabilidade do instrumento elaborado; analisar o desempenho gerencial ambiental e operacional das duas ETAs estudadas. 6

31 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1. Gestão Ambiental Conceitos e Instrumentos de Gestão Ambiental Diversas transformações significativas que têm ocorrido no meio ambiente natural ao longo das últimas décadas vêm pressionando governos e empresas a considerarem, com empenho e comprometimento cada vez maiores, o impacto causado à natureza pelas atividades antrópicas. Como exemplos dessas transformações podem-se citar a escassez de recursos naturais em algumas regiões do planeta, problemas de saúde humanos causados pelos altos índices de poluição, crescimento demográfico acelerado, altas taxas de desmatamento, alterações climáticas (Ex: efeito estufa, inversão térmica), grandes acidentes ambientais (Ex: derramamento de petróleo do Exxon Valdez, vazamento de gás na indústria química de Bhopal na Índia), salinização de solos, extinção de espécies animais e vegetais, dentre outras. Também ao longo desse período, tornou-se cada vez mais necessária a implantação de práticas governamentais e empresariais que diminuíssem ou controlassem estes impactos negativos sobre o meio ambiente. Desenvolvida a partir da década de 1970, a Gestão Ambiental visa atingir o objetivo de tornar sustentáveis as atividades de uma empresa ou governo a partir da adoção de um conjunto de medidas e procedimentos bem definidos que cobrem desde a fase de concepção de projeto até a eliminação efetiva dos impactos ambientais gerados pelo empreendimento depois de implantado e durante todo o período do seu funcionamento. Além disso, a gestão ambiental deve contribuir também para a melhoria contínua das condições ambientais, de segurança e saúde ocupacional de todos os seus colaboradores e para um relacionamento sadio com os diversos segmentos da sociedade (VALLE, 2002). Gestão ambiental para Barbieri (2006) é um conjunto de diretrizes e de atividades administrativas e operacionais, tais como planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio 7

32 ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que elas surjam. A evolução da gestão ambiental é dividida, segundo Moreira (2001), em três fases: alienação, gestão ambiental passiva e gestão ambiental proativa. A primeira fase é referente ao período anterior a 1970, em que ocorreu intensa fase de crescimento industrial, mas com uma legislação ambiental ainda incipiente. A segunda fase é marcada pela conferência de Estocolmo, promovida pela ONU em 1972 e a crise do petróleo, e abrange as décadas de 1970 e Nesse período, houve grande desenvolvimento da legislação ambiental e iniciativas das empresas com métodos de controle da poluição no final de linha. A terceira e atual fase, iniciou-se a partir da década de 1990 e é marcada pela Conferência Rio-92, realização de vários acordos internacionais como a Carta de Roterdã e o Protocolo de Kyoto, realização de ações preventivas para evitar a poluição durante o processo de produção (Método middle-ofpipe) e criação das normas empresariais para combate à poluição (Ex: BS 7750, série ISO 14000, Responsible Care). Em relação a origem de cada um dos instrumentos de gestão ambiental atualmente utilizados, Barbieri (2006) os classifica em: Políticas Públicas Ambientais e Gestão Ambiental Empresarial. Tabela 1 Instrumentos de Gestão Ambiental. Instrumentos de Política Pública Ambiental Gênero Comando e Controle o Padrão de Emissão. Espécies o Padrão de Qualidade Ambiental. o Padrão de Desempenho Ambiental. o Padrões Tecnológicos. o Proibições e restrições sobre produção, comercialização e uso de produtos e processos. o Licenciamento Ambiental. o Zoneamento Ambiental. o Estudo Prévio de Impacto Ambiental. 8

33 Tabela 1 (Continuação) Instrumentos de Gestão Ambiental. o Tributação sobre Poluição. o Tributação sobre o Uso de Recursos Naturais. o Incentivos Fiscais para Reduzir Emissões e Conservar Recursos. o Financiamentos em Condições Especiais. Econômico o Criação e Sustentação de Mercados de Produtos Ambientalmente Saudáveis. o Permissões Negociáveis. o Sistema de Depósito-Retorno. o Poder de Compra do Estado. o Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico. o Educação Ambiental. Outros o Criação de Unidades de Conservação. o Informações ao Público sobre Meio Ambiente. Instrumentos de Gestão Ambiental Empresarial o Códigos de Conduta Empresarial. o Sistema de Gestão Ambiental (SGA). o Sério ISO o Auditoria Ambiental. o Avaliação de Desempenho Ambiental de Produto ou Processo. o Análise de Ciclo de Vida de Produtos. Fonte: Modificado de Barbieri (2006) Como se observa no quadro acima, os instrumentos de Política Pública Ambiental, além de ter a origem de suas ações advindas da administração pública, têm um caráter obrigatório traduzido na forma de regulamentos legais impostos às empresas. Já, os instrumentos de Gestão Ambiental Empresarial têm um caráter voluntário, uma vez que a adoção dos mesmos não é obrigatória. A seguir, cada um dos tipos de Instrumentos de Gestão Ambiental é discutido mais detalhadamente. 9

34 A) Instrumentos de Política Pública Ambiental A Política Pública Ambiental (PPA) é um conjunto de objetivos, diretrizes e instrumentos de ação de que o Poder Público dispõe para produzir efeitos desejáveis sobre o meio ambiente. Dentre os principais instrumentos de PPA estão os de Comando e Controle e os Econômicos (BARBIERI, 2006). Os Instrumentos de Comando e Controle (ICC) se caracterizam por uma regulação direta, objetivando alcançar as ações que degradam o meio ambiente através da limitação ou condicionamento do uso de bens, da realização de atividades e o exercício de liberdades individuais em benefício da sociedade como um todo. São exemplos característicos de ICC as normas legais que visam a estabelecer padrões ou níveis de concentrações máximos aceitáveis de poluentes. Os Instrumentos Econômicos (IE) realizam uma regulação indireta em que procuram influenciar o comportamento das pessoas e das organizações em relação ao meio ambiente, utilizando medidas que representem benefícios ou custos adicionais para elas. Os exemplos mais típicos de IEs são as taxas de coleta de esgoto que se baseiam no princípio do poluidor-pagador em que a cobrança do tributo visa internalizar os custos ambientais produzidos pelos particulares. Outro bom exemplo de IE é a cobrança pelo uso d água que inclusive já foi implementada na Bacia do Paraíba do Sul. Dentre os dois tipos de instrumentos de PPA citados, os que predominam no Brasil são os ICCs que atualmente são representados por uma grande diversidade de leis desenvolvidas para o controle ambiental dos diversos setores produtivos do país. Duas dessas leis se tornaram importantes marcos regulatórios que foram utilizados para o desenvolvimento da gestão ambiental pública no país. O primeiro deles é a Política Nacional de Meio Ambiente instituída pela lei n o 6.938, de 31 de agosto de 1981 e o artigo n o 225 da constituição federal de 1988 que estabelecem as diretrizes para a gestão do meio ambiente no país através da divulgação de conceitos, definição da estrutura do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), punições por danos causados ao meio ambiente, dentre outras coisas. Outros regulamentos importantes são: 10

35 o Resolução CONAMA n o 001, de 23 de janeiro de 1986 que define os critérios para se identificar as situações onde há a necessidade da realização da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e como ela deve ser feita para a obtenção da licença ambiental de empreendimentos poluidores e degradadores do meio ambiente; o Resolução CONAMA n o 020, de 18 de junho de 1986 que posteriormente foi substituída pela CONAMA n o 357, de 17 de março de 2005 que dispõe sobre a classificação dos corpos d água de acordo com os seus usos preponderantes e padrões para o lançamento de efluentes; o Lei n o 9.433, de 08 de janeiro de 1997, também conhecida como a Lei das Águas, é responsável pelo estabelecimento da Política Nacional de Recursos Hídricos que define a estrutura de gerenciamento para este recurso e institui importantes princípios como a adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento, usos múltiplos da água, reconhecimento do valor econômico da água, gestão descentralizada e participativa, e por último, em caso de escassez de recursos hídricos, o seu uso preferencial será para o abastecimento humano e a dessedentação de animais; o Lei n o 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, Lei de Crimes Ambientais, que dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente; o Lei n o 9.985, de 18 de julho de 2000 que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). Ainda que a legislação ambiental brasileira seja bastante desenvolvida e atualizada em relação às diversas questões ambientais locais, regionais e mundiais, a sua aplicação vem enfrentando problemas principalmente por duas razões principais que são a escassez de recursos financeiros e humanos nos órgãos públicos de fiscalização ambiental, e a fraca integração inter e intragovernamental dos diversos órgãos ambientais com órgãos de outros setores que não raramente rejeitam interferências 11

36 ambientais com a justificativa de que elas restringiriam o sucesso dos planos a serem implementados (MOTTA, 1996). Conseqüentemente a opção por IEs tem sido abordada como uma ferramenta complementar aos tradicionais ICCs anteriormente comentados ou mesmo como uma alternativa aos ICCs. Teoricamente, ao fornecerem incentivos ao controle da poluição ou de outros danos ambientais, os IEs permitem que o custo social de controle ambiental seja menor e podem ainda fornecer aos cofres do governo local a receita de que tanto necessitam. No entanto, os custos administrativos associados aos IEs podem ser mais elevados. As exigências de monitoramento e outras atividades de fiscalização continuam, como no caso do ICC, podendo haver a necessidade de esforços adicionais de administração face às mudanças institucionais e de projeto que surgem da aplicação dos IEs (MOTTA et al, 1996). Dentre os IEs mais conhecidos, Barbieri (2006) destaca: o Tributação sobre emissões (emission taxes and charges) encargos cobrados sobre a descarga dos poluentes, geralmente calculados com base nas características dos poluentes e nas quantidades emitidas. o Tributação sobre a utilização de serviços públicos de coleta e tratamento de efluentes (user taxes and charges). o Tributação que incide sobre preços de produtos que geram poluição ao serem utilizados em processos produtivos ou pelo consumidor final, como as taxas cobradas sobre derivados de petróleo, carvão, baterias, pneus, produtos que contém Cloro Flúor Carbonetos (CFCs). o Tributação baseada em alíquotas diferenciadas (taxes differentiation) sobre produtos, gravando os produtos de acordo com seu grau de impacto ambiental, com o objetivo de induzir a produção e o consumo dos produtos mais benéficos ao meio ambiente. Outros tipos de IEs, citados pelo autor, e que não são tributos, são os sistemas de depósito-retorno e permissões de emissões negociáveis. O primeiro IE citado funciona 12

37 através de um depósito na aquisição de determinados produtos, cujos resíduos (ex: embalagens de agrotóxicos, cascos de refrigerantes) ao serem devolvidos nos pontos de venda servem como desconto na compra de outra unidade do mesmo produto. Este desconto é na verdade o depósito que foi feito anteriormente pelo consumidor e que está retornando a ele por não ter lançado os resíduos no meio ambiente e sim levado a um local para onde o resíduo será reciclado ou corretamente destinado. O segundo tipo de IE é derivado de um mercado de permissões negociáveis que funciona através da compra e venda de certificados de emissões onde o detentor destes documentos tem o direito de poluir até a soma da quantidade de seus títulos e poderão vender seus títulos extras, nos casos em que poluir menos do que ele tem direito. Os títulos disponíveis são dependentes dos níveis totais de poluição fixados por cada governo. Um exemplo típico deste IE é o Protocolo de Kyoto que após o estabelecimento de um nível máximo de produção de gases estufa, permitiu a criação de permissões de emissão e a negociação entre as empresas envolvidas. Mendes & Motta (1997) citam como principais vantagens dos IEs a geração de receita fiscal e tarifária pela cobrança de taxas, tarifas ou certificados; o uso de tecnologias menos intensivas em bens e serviços ambientais que seriam estimuladas pela redução da despesa fiscal obtida em virtude da redução da carga poluente ou da taxa de extração; evitam os dispêndios, muito comuns nos ICCs, em pendências judiciais para aplicação de penalidades; sistema de taxação progressiva ou de alocação inicial de certificados pode ser efetivado segundo critérios distributivos em que a capacidade de pagamento de cada agente econômico seja considerada. B) Instrumentos de Gestão Ambiental Empresarial A Gestão Ambiental Empresarial (GAE) consiste basicamente na inserção de variáveis ambientais nos processos administrativos das empresas, onde o objetivo principal é promover a melhoria do desempenho ambiental, tornando as atividades das empresas ambientalmente sustentáveis. 13

38 Dentre as possíveis abordagens para a GAE, Barbieri (2006) cita três possibilidades: controle da poluição, prevenção da poluição e estratégica. A primeira abordagem é caracterizada por uma postura reativa da empresa em relação aos assuntos de meio ambiente que implementa práticas internas a fim de cumprir o que é estabelecido pela legislação ambiental aplicável às atividades desenvolvidas pela organização. Já a prevenção da poluição, frequentemente envolve a remodelagem de processos de produção a fim de otimizar o uso de energia e de insumos, diminuindo a geração de resíduos na fonte e minimizando assim os gastos com tratamento destes resíduos. O último tipo de abordagem para a GAE é a estratégica que representa hoje o que há de mais moderno em gestão ambiental e visa através das ações ambientais de controle e prevenção da poluição a obtenção de uma posição vantajosa do seu atual negócio em relação aos dos concorrentes. No Brasil, como conseqüência do desenvolvimento da legislação de meio ambiente, a GAE se desenvolveu basicamente sob uma postura reativa, característica da abordagem de controle da poluição, onde as empresas desenvolveram práticas em suas linhas de produção voltadas para o atendimento de padrões legais. Apesar disso, com a globalização de mercados e o aumento da concorrência nos mais diversos setores comerciais, as empresas têm gradativamente alterado essa postura reativa para uma proativa embasada numa visão estratégica onde o meio ambiente deixa de ser apenas mais um encargo, para se tornar uma oportunidade de negócio através da melhoria da imagem das empresas e da otimização das linhas de produção ao diminuir custos com gastos em insumos e tratamento de resíduos. Oliveira (2005) realizou uma análise do comportamento do setor empresarial brasileiro identificando, através da compilação de vários estudos realizados, as principais motivações para o investimento em ações ambientais. Em todos os casos, o atendimento a requisitos legais foi o fator considerado de maior influência, segundo a opinião dos administradores das diversas empresas avaliadas, o que confirma a informação do parágrafo anterior. Já a partir do segundo lugar pode-se observar que as principais motivações das empresas em investir no setor de meio ambiente são de ordem 14

39 estratégica o que confirma um início de mudança de postura das empresas em relação às questões ambientais. Fonte: Oliveira (2005). Figura 1 Gráfico sobre a motivação para investimentos ambientais em valores percentuais. Foram compilados os resultados de três diferentes pesquisas. Outro trabalho que reflete a evolução da questão ambiental nas empresas do Brasil foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mede o Investimento em Controle Ambiental das Indústrias no Brasil no período de (IBGE, 2007). Segundo a pesquisa, a quantia de dinheiro investido no controle ambiental passou de R$2,2 bilhões, em 1997, para R$4,1 bilhões em 2002, representando um crescimento de 83,9%. Em 1997, apenas empresas investiram em controle ambiental, número que subiu para em 2002 um aumento de 75,0%. Em 1997, havia uma alta concentração dos investimentos em controle ambiental nos setores de alimentos e bebidas; já em 2002 a maior concentração passou para as divisões de fabricação de coque, refino de petróleo, elaboração de combustíveis nucleares e produção de álcool. 15

40 Um outro dado interessante revelado pela pesquisa é que as empresas que investiram em controle ambiental no período pesquisado, em 1997 representavam 34,1% do valor de transformação industrial no país. Em 2002, essa participação subiu para 48,1%, o que indiretamente revela que o investimento em controle ambiental é realizado principalmente pelas grandes organizações provavelmente devido ao maior capital disponível para investimentos deste tipo, além da maior dimensão de distribuição dos seus negócios que atingem frequentemente mercados europeus, cujos consumidores apresentam elevado nível de conscientização ambiental nas tomadas de decisão a respeito do produto a ser consumido. Dentre os instrumentos de GAE mais utilizados, Barbieri (2006) cita como principais os códigos de conduta (Ex: Responsible Care), normas da família ISO 14000, análise do ciclo de vida de produtos e serviços, avaliação do desempenho ambiental, auditorias ambientais e sistemas de gestão ambiental. Os Códigos de Conduta são medidas de auto-regulação representadas por iniciativas tomadas pelas empresas ou por setores da indústria para empreender e disseminar práticas ambientais que promovam uma maior responsabilidade das empresas quanto às questões ambientais, mediante a adoção de padrões, monitorações, metas de redução da poluição e assim por diante. Num sentido mais amplo, pode-se dizer que é uma das diversas maneiras de equilibrar as forças de mercado e distribuir de maneira mais justa, em termos monetários, os danos que a sociedade está suportando como efeito da modificação da qualidade do meio ambiente (SANCHES, 2000). As normas da família ISO 14000, tiveram sua formulação iniciada após a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente Rio-92. São normas voltadas para uniformizar as diversas ações da GAE e atuam nas áreas de sistemas de gestão ambiental, rotulagem ambiental, análise do ciclo de vida, avaliação de desempenho ambiental de empresas e auditoria ambiental. Nos próximos capítulos desta revisão, as normas ISO serão abordadas de maneira mais detalhada. A Análise do Ciclo de Vida (ACV) é uma técnica para avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados a um produto, compreendendo etapas 16

41 que vão desde a retirada da natureza das matérias-primas elementares que entram no sistema produtivo até a disposição do produto final. Dentre as principais utilizações para a ACV estão a identificação de partes do processo que são passíveis de melhorias, seleção de diferentes materiais para compor um produto (Ex: garrafa de plástico ou de vidro), avaliação do custo ambiental na fabricação de determinados produtos (CHEHEBE, 1998). A Avaliação do Desempenho Ambiental (ADA) consiste na definição de indicadores ambientais para que seja efetuada a medição, análise e avaliação do cumprimento de metas e objetivos ambientais pré-estabelecidos em programas de gestão ambiental pelas empresas. Os indicadores de desempenho ambiental devem ser específicos para determinada área e podem incluir, por exemplo, quantidade de efluentes ou emissões atmosféricas por unidade de produto ou por peso da embalagem. Atualmente a ADA nas empresas é orientada pela norma ISO que estabelece os critérios para a elaboração de indicadores ambientais e formas de fazer a medição do desempenho ambiental (VALLE, 2002). A Auditoria Ambiental é um instrumento utilizado pelas empresas para auxiliá-las a controlar o atendimento a políticas, práticas, procedimentos e requisitos estabelecidos com o objetivo de evitar a degradação ambiental. Dentre os principais tipos de auditoria citam-se a de conformidade legal, de desempenho ambiental, de sistema de gestão ambiental, de certificação, de descomissionamento, de responsabilidade (due dilligence), de sítios e pontual (LA ROVERE, 2001). Dentre os tipos citados anteriormente, a realização periódica da auditoria de conformidade legal é estabelecida como obrigatória por leis em diversos estados e municípios: Rio de Janeiro Lei n o 1.898, de 26/11/91; Minas Gerais - Lei n o , de 16/01/92; Espírito Santo - Lei n o 4.802, de 02/08/93; Santos (SP) - Lei n o 790, de 05/11/91; São Sebastião (SP) - Lei n o 848, de 10/04/92; Vitória (ES) - Lei n o 3.968, de 15/09/93. O Sistema de Gestão Ambiental (SGA), segundo Barbieri (2006), é um conjunto de atividades administrativas e operacionais inter-relacionadas para abordar problemas 17

42 ambientais atuais ou evitar o seu surgimento. A realização de ações pontuais, episódicas ou isoladas não configura um SGA que requer a formulação de diretrizes, definição de objetivos, coordenação de atividades e avaliação dos resultados. Um SGA pode ser elaborado pela própria empresa ou através da utilização de modelos genéricos propostos por entidades nacionais ou internacionais ou pela adoção de normas. Dentre os principais modelos estão o SGA proposto pela International Chamber of Commerce (ICC), o Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria (Emas), a norma BSI 7750 e, a mais famosa mundialmente, ISO que traça as diretrizes para implantação de um SGA e que é adotada por vários países. Nos próximos itens desta revisão bibliográfica, a ISO será discutida em maiores detalhes como o surgimento, processo de elaboração, princípios e requisitos contidos nesta norma, estatísticas sobre a adoção desta norma e os benefícios em implantá-la numa empresa A ISO A) Histórico e Estrutura da Série ISO A International Organization for Standartization (ISO) é uma organização não governamental mundial que congrega institutos de normalização de 157 países. Ela foi fundada em 1947 e possui sede em Genebra na Suíça. O seu principal objetivo é a proposição de normas que representem o consenso dos diferentes países para homogeneizar métodos, medidas, materiais e seu uso, em todos os domínios de atividades, exceto no campo eletro-eletrônico cuja responsabilidade é da International Electrotecnical Comission (IEC) (MOREIRA, 2001). O trabalho de desenvolvimento da série ISO teve início no ano de 1991 com a criação do Strategic Advisory Group on the Environment (SAGE), sendo que as primeiras normas (ISO14001, 14004, 14010, e 14012) foram publicadas somente a partir de Antes disso, muitas organizações já vinham implementando sistemas de gestão ambiental baseados em alguns documentos base como a BS 7750 criado pela 18

43 British Standard Institution (BSI) em 1992 e a regulamentação voluntária do Plano de Ecogestão e Auditoria (EMAS) da Comunidade Européia (HARRINGTON, 2001; BARBIERI, 2006). Em 1993, o SAGE recomendou a criação do Technical Committee 207 (TC 207) que foi subdividido em seis subcomitês internacionais, responsáveis pela elaboração das respectivas normas citadas: SC 1 coordenado pelo British Standards Institution do Reino Unido é responsável pela elaboração das normas relativas a Sistemas de Gestão Ambiental: ISO14001 e ISO SC 2 coordenado pelo Nederlands Normalisatie- Instituut dos Países Baixos é responsável pelos grupos de trabalho que elaboram as normas de Auditoria Ambiental: ISO19011 e ISO SC 3 coordenação realizada pelo Standards Australia International sediado na Austrália e é responsável pelas normas referentes à Rotulagem Ambiental: ISO14020, ISO14021, ISO14022, ISO14023, ISO14024 e ISO SC 4 o American National Standards Institute, localizado nos EUA, é responsável pela elaboração das normas sobre Avaliação de Desempenho Ambiental: ISO14031 e ISO TR SC 5 este subcomitê técnico é coordenado pela Association Française de Normalisation localizada na França e é responsável pela elaboração das normas ambientais sobre Avaliação do Ciclo de Vida: ISO14040, ISO14041, ISO14042 e ISO SC 6 é coordenado pelo Norges Standardiserings-forbund da Noruega e se responsabiliza pela elaboração das normas de apoio que apresentam os Termos e Definições necessários ao entendimento do restante das outras normas da série: ISO14050 e ISO GUIA

44 Cada um dos subcomitês é subdividido em Grupos de Trabalho (Working Groups WG). A cada um é dado um tema específico para que seja trabalhado e o seu resultado componha as normas de cada área. A seguir, estabelecem-se as relações entre os grupos de trabalho e seus subcomitês. o SC 1 Sistemas de Gestão Ambiental o WG 1 (Reino Unido) Especificações. o WG 2 (Canadá) - Guia o SC 2 Auditoria Ambiental e Investigações relacionadas o WG 1 (Canadá) Princípios Gerais o WG 2 (Estados Unidos) Processamento de Auditoria o WG 3 (Reino Unido) Critérios de Qualificação. o WG 4 (Canadá) Avaliação de Lugares. o SC 3 Rotulagem Ambiental o WG 1 (Suécia) Rótulos Baseados em Múltiplos Critérios. o WG 2 (Canadá) Autodeclaração. o WG 3 (Estados Unidos) Princípios e Diretrizes o SC 4 Avaliação do Desempenho Ambiental o WG 1 (Estados Unidos) Avaliação do Desempenho de SGA o WG 2 (Noruega) Avaliação de Sistemas Operacionais o SC 5 Avaliação do Ciclo de Vida o WG 1 (Estados Unidos) Princípios Gerais e Procedimentos 20

45 o WG 2 (Alemanha) Análise de Inventário Geral o WG 3 (Japão) Análise de Inventário Específico o WG 4 (Suécia) Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida o WG 5 (França) Interpretação o SC 6 Termos e Definições (O SC 6 já é o próprio grupo de trabalho) Elaborados o TC 207, os seus subcomitês e seus respectivos grupos de trabalho, o processo de emissão das normas segue um conjunto padrão de etapas até chegar à versão final que é a própria norma (MOREIRA, 2001). o Preliminary Work Item (WI) Estágio preliminar onde se realiza a análise do tema. o New Work Item Proposal (NP) O tema é proposto e votado quanto à sua aceitação para ser objeto de uma norma internacional. o Working Draft (WD) Primeira minuta de trabalho a ser submetida à votação do comitê responsável pelo tema. o Committee Draft (CD) Minuta que obteve a aprovação do comitê responsável. o Draft of International Standard (DIS) Minuta que já pode ser considerada um projeto de norma internacional com possibilidade de ser aplicada experimentalmente e ser objeto inclusive de certificação. o Final Draft of International Standard (FDIS) Minuta final, aprovada pelo comitê responsável e sujeita a pequenas alterações. o International Standard (IS) Versão final, aprovada e publicada pela ISO. Em 1994, ao notar o potencial de impacto das questões ambientais sobre o comércio externo do país, setores expressivos da economia brasileira se uniram à ABNT para 21

46 participar do processo de elaboração das normas da série ISO Para realização desse objetivo, cria-se o GANA Grupo de Apoio à Normalização Ambiental. A partir de 1996, as primeiras normas da série ISO começam a ser publicadas em âmbito mundial. As duas primeiras normas ISO e foram posteriormente revisadas e republicadas em As outras três normas publicadas em 1996 (ISO 14010, e 14012) foram substituídas pela ISO no ano de 2002, cujos requisitos se aplicam tanto a gestão ambiental quanto a de qualidade, com o objetivo de integrar ambas as áreas. Na tabela 2, é feita uma coletânea das normas da série ISO que estão em uso atualmente. Elas são separadas em grupos de acordo com a área temática de cada uma. Tabela 2 Grupo de normas da família ISO NÚMERO DA GRUPO DE NORMAS NORMA ISO 14001:2004 Sistemas de Gestão Ambiental (SC1) Auditoria Ambiental (SC2) Rotulagem Ambiental (SC3) ISO 14004:2005 ISO 14063:2006 ISO 14015:2001 ISO 19011:2002 ISO 14020:2000 ISO 14021:1999 ISO 14024:1999 ISO 14025:2000 TÍTULO DA NORMA Sistema de Gestão Ambiental Especificação e Diretrizes para Uso Sistema de Gestão Ambiental Diretrizes Gerais sobre Princípios, Sistemas e Técnicas de Apoio Gestão Ambiental: Comunicação Ambiental Diretrizes e Exemplos Gestão Ambiental Avaliação Ambiental de Locais e Organizações Diretrizes para Auditorias de Sistemas de Gestão da Qualidade e/ou Ambiental (substitui as normas ISO 14010, e 14012) Rótulos e Declarações Ambientais Princípios Gerais Rótulos e Declarações Ambientais Reivindicações de Autodeclarações Ambientais Rotulagem Ambiental do Tipo II Rótulos e Declarações Ambientais Rotulagem Ambiental do Tipo I Princípios e Procedimentos Rótulos e Declarações Ambientais Declarações Ambientais do Tipo III. 22

47 Tabela 2 (Continuação) Grupo de normas da família ISO Avaliação do ISO 14031:1999 Desempenho Ambiental (SC4) ISO/TR 14032:1999 ISO 14040:2006 ISO 14041:1998 ISO 14042:2000 Avaliação do Ciclo de Vida (SC5) ISO 14043:2000 ISO 14044:2006 ISO/TR 14047:2003 ISO/TR 14049:2000 Termos e Definições (SC6) ISO 14050:2002 Aspectos Ambientais em Guia ISO 64 Normas de Produtos ISO/TR 14062:2002 Gestão Ambiental Diretrizes para Avaliação do Desempenho Ambiental Gestão Ambiental Exemplos de Avaliação do Desempenho Ambiental Gestão Ambiental: Avaliação de Ciclo de Vida - Princípios e Estrutura Gestão Ambiental: Avaliação do Ciclo de Vida Objetivos e Escopo, Definições e Análise de Inventários Gestão Ambiental: Avaliação de Ciclo de Vida Avaliação de Impacto do Ciclo de Vida Gestão Ambiental: Avaliação do Ciclo de Vida Interpretação Gestão Ambiental: Avaliação de Ciclo de Vida Requisitos e Diretrizes Gestão Ambiental: Avaliação de Ciclo de Vida Exemplos de Aplicação da Norma ISO Gestão Ambiental: Avaliação de Ciclo de Vida Exemplos de Aplicação da Norma ISO14041 Gestão Ambiental: Vocabulário Guia para Inclusão de Aspectos e Impactos Ambientais em Normas de Produtos Integração de Aspectos Ambientais no Desenvolvimento de Produtos Fonte: Valle (2002), Barbieri (2006) As normas ISO são de uso voluntário e não prevêem a imposição de limites próprios para a medição da poluição, padronização de produtos, níveis de desempenho, etc. São concebidas como um sistema orientado para aprimorar o desempenho das organizações por intermédio da melhoria contínua de sua gestão ambiental, sem a pretensão de impor índices e valores mínimos (VALLE, 2002). 23

48 Cada grupo de normas foi elaborado por determinado comitê. As normas desenvolvidas podem ser divididas entre as que são próprias para empresas (SC1, SC2 e SC4) e as que são para voltadas para produtos e processos (SC3, SC5 e Aspectos Ambientais em Normas de Produtos). No caso das normas relacionadas a Aspectos Ambientais em Normas e Produtos, estava previsto que estas seriam elaboradas por um SC7, entretanto, este subcomitê foi desativado devido a uma falta de consenso sobre o assunto e pelas inúmeras interfaces que ele deveria manter com os demais subcomitês técnicos. Um grupo de trabalho (WG), vinculado diretamente ao presidente do TC 207, está incumbido dos aspectos ambientais em normas e produtos (BARBIERI, 2006). O primeiro subcomitê (SC1) trata sobre SGA e possui duas normas publicadas. A ISO é a única norma da série ISO que apresenta um processo de certificação já estabelecido. Esta norma apresenta diretrizes que exigem basicamente: a implantação de um SGA que atenda aos requisitos da ISO 14001, cumprimento da legislação ambiental aplicável a organização e o compromisso com a melhoria contínua do seu desempenho ambiental. É interessante observar que essa primeira norma não estabelece níveis de desempenho ambiental (Ex: limites de emissão de poluentes atmosféricos, concentração de efluentes...), em outras palavras, pode-se dizer que a ISO define os elementoschave que constroem um SGA sem definir com precisão o modo como devem ser organizados ou implementados, permitindo assim que cada organização estabeleça seu SGA de acordo com as próprias necessidades. Já a ISO tem um caráter informativo que complementa a ISO ao esclarecer termos desta norma e se utilizar de exemplos para implementação de cada requisito da na empresa (HARRINGTON, 2001). As normas sobre auditoria ambiental (SC2) e avaliação do desempenho ambiental (SC4) são dois tipos de instrumentos de gestão ambiental que permitem avaliar o status da atuação ambiental da organização e identificar as áreas ou funções que necessitam de melhorias. A Auditoria Ambiental é uma avaliação periódica para verificar o funcionamento do SGA baseado na ISO e assegura a base da credibilidade a todo o processo de certificação ambiental. Já a Avaliação do Desempenho Ambiental, propõe critérios para a criação de indicadores ambientais, medição, análise e determinação do 24

49 desempenho ambiental da empresa o que permite confrontar os resultados com o que foi estabelecido previamente nos objetivos e metas do SGA estabelecido (BARBIERI, 2006; VALLE, 2002). A Rotulagem Ambiental já é um processo praticado em vários países, entretanto, apresentam diversas formas de abordagem e de objetivos. Atualmente no mundo existem mais de vinte programas de selos (BVQI, 2004), sendo os principais apresentados abaixo: Tabela 3 Lista dos principais programas de rotulagem ambiental no mundo. PAÍS NOME DO PROGRAMA DATA DE CRIAÇÃO Alemanha Blue Angel 1977 Canadá Environmental Choice 1988 Japão Eco Mark 1989 Países Nórdicos White Swan 1989 Suécia Good Environmental Choice 1990 Nova Zelândia Environmental Choice 1991 Áustria Austrian Eco-Label 1991 Austrália Environmental Choice 1991 França NF Environment 1992 União Européia European Flower (Eco- Label) 1992 Fonte: BVQI (2004). A fim de harmonizar esses programas nacionais, foram incluídas normas de rotulagem ambiental (SC3) na série ISO que têm validade internacional. Os selos ou rótulos ambientais visam informar os consumidores ou usuários sobre as características benéficas ao meio ambiente presentes em produto ou serviço específico, como por 25

50 exemplo, biodegradabilidade, retornabilidade, uso de material reciclado, eficiência energética, entre outras características. Segundo Barbieri (2006), os rótulos ambientais podem ser divididos em: o Tipo I: criados por entidades independentes ou de terceira parte. São aplicáveis aos produtos que apresentem certos padrões ambientais desejáveis na sua categoria. A norma que trata deste tipo de rótulo é a ISO que estabelece critérios para a criação de programas voluntários de terceira parte que indicam a preferência por determinado produto devido suas características menos poluentes. Ex: Anjo Azul. o Tipo II: este tipo de rótulo é conhecido como auto-declaração que é feita sem uma certificação independente o que costuma ser bastante contestado tendo em vista que quem faz essa declaração é a própria empresa que fabrica o produto. A norma que regula esse tipo de rótulo é a ISO que estabelece que as autodeclarações devem ser verificáveis, referir-se a aspectos relevantes do produto, específicas e claras em relação às qualidades ambientais do produto. Ex: produtos fabricados com madeira reflorestada, biodegradáveis. o Tipo III: regulado pela ISO 14025, esse tipo de rótulo traz informações sobre dados ambientais de produtos, quantificados de acordo com um conjunto de parâmetros previamente selecionados e baseados na avaliação do ciclo de vida. Os atributos ambientais medidos no produto devem permitir compará-lo a outros produtos semelhantes facilitando a escolha do consumidor. Ex: selo do Procel que mede o consumo de energia de eletrodomésticos. A Análise do Ciclo de Vida de Produtos (ACV) é uma técnica para a avaliação dos aspectos ambientais e dos impactos potenciais associados a um produto, compreendendo etapas que vão desde a retirada da natureza das matérias-primas elementares que entram no sistema produtivo à disposição final do produto (CHEHEBE, 1998). Esta ferramenta foi desenvolvida na década de 60 incentivada pela crise do petróleo que gerou um grande aumento no preço do barril desse combustível e acabou fazendo com que as empresas re-avaliassem a eficiência energética dos seus 26

51 processos através de estudos baseados na ACV. Entretanto, os diversos estudos que surgiram a partir dessa época não apresentavam critérios padronizados o que impedia a confiabilidade nos resultados obtidos, assim iniciou-se a busca pela padronização da ACV. A primeira entidade a tentar normalizar os estudos de ACV foi a Society of Environmental Toxicology and Chemistry (SETAC), cujas publicações e seminários serviram de base para a ISO elaborar as próprias normas sobre ACV. As normas da série ISO são voltadas para definir como devem ser realizadas cada uma das etapas da ACV (definição do objetivo e escopo, realização e análise de inventário, avaliação do impacto ambiental e interpretação dos resultados), a documentação dos resultados dos estudos e a sua forma de divulgação. Com a elaboração desse balanço material e energético é possível determinar quantitativamente os efeitos da fabricação do produto sobre o ar, a água e o solo. Entre os benefícios alcançados com a aplicação dessas normas estão a redução de poluentes, melhor controle de riscos ambientais e o desenvolvimento de produtos menos nocivos ao meio ambiente (VALLE, 2002). Por último temos as normas ISO 14050, que é a responsável pelos termos e definições utilizados nas normas da série ISO e a ISO/TR 14062, e a Guia ISO 64 que se destina a alertar sobre aspectos relacionados ao meio ambiente (Ex: economia de energia e matérias-primas, cuidados com transporte e distribuição e a destinação de embalagens, dentre outras coisas) que devem ser considerados quando se especifica e projeta um produto. B) A ISO e o PDCA De todas as normas citadas anteriormente, a ISO é a mais difundida, pois estabelece diretrizes gerais para implementação de Sistemas de Gestão Ambiental em empresas e é auditável, o que consequentemente permite a emissão de certificados de conformidade por uma terceira parte independente que são os organismos certificadores (Ex: BVQI, ABS, DNV...) credenciados no Brasil pelo INMETRO. 27

52 Um SGA baseado na ISO desenvolve-se em relação aos aspectos ambientais significativos que são elementos das atividades, produtos ou serviços de uma organização que podem interagir com o meio ambiente apresentando um impacto ambiental significativo. Realiza-se então um planejamento adequado para controlar, corrigir ou minimizar esses impactos ambientais. A partir deste ponto, são implantadas modificações nas práticas operacionais administrativas a fim de se melhorar o desempenho ambiental e todos os resultados destas mudanças são registrados para que sejam, posteriormente, verificados e analisados quanto à eficiência do que foi implementado, podendo ou não se modificar o que foi planejado de forma a se atender os objetivos estabelecidos. Segundo Ferreira (2005), os pilares de um SGA baseado na ISO são: o Prevenção no lugar da correção; o Planejamento de todas as atividades, produtos e processos; o Estabelecimento de critérios; o Coordenação e integração entre as partes (subsistemas); o Monitoração contínua; o Melhoria contínua. Essa norma possui como estrutura básica, o ciclo do PDCA (Plan, Do, Check, Act) que envolve as fases de Planejamento, Implementação, Verificação e Correção e proporciona à empresa a melhoria contínua do seu desempenho ambiental. A metodologia de PDCA foi criada na década de 1930 para uso na área de qualidade. Ela permite a elaboração de planos de trabalho para qualquer área problema de modo contínuo, tornando-se assim um método básico para alcançar permanentemente novos padrões de desempenho (BARBIERI, 2006). A figura 2 representa o ciclo do PDCA e as cinco etapas necessárias para a implantação e manutenção de um SGA eficaz: (i) elaboração de uma política ambiental e 28

53 estruturação da equipe de meio ambiente da empresa, (ii) desenvolvimento de um plano para a implementação do SGA, (iii) implementação e operação do SGA, (iv) monitoramento e ações corretivas e (v) análise crítica pela alta administração da empresa. MELHORIA CONTÍNUA Política de Meio Ambiente Planejamento Verificação e Ação Corretiva Implementação e Operação Figura 2 Ciclo do PDCA, segundo a NBR ISO Moreira (2001) resume as partes do PDCA da seguinte maneira: o Planejamento, que inclui o estabelecimento de metas e a definição de como alcançá-las; o Execução ou Implementação, que inclui o treinamento necessário, a execução do processo e a coleta de dados; o Verificação, que pressupõe a comparação dos resultados obtidos com as metas estabelecidas; o Ação Corretiva, que visa a eliminar a causa dos problemas identificados. O processo de melhoria contínua, segundo Caffin (apud MESQUITA & ALLIPRANDINI, 2003, p.21-22), apresenta diversos níveis de desenvolvimento: 29

54 o Nível 1 (melhoria contínua natural): a organização não tem nenhuma das habilidades essenciais e nenhum dos comportamentos-chave está presente. Mas pode ter alguma atividade de melhoria, como a solução de um problema que ocorre ao acaso. o Nível 2 (melhoria contínua formal): há mecanismos capacitadores alocados e evidência de que alguns aspectos dos comportamentos-chave estão começando a ser desempenhados conscientemente. Características comuns deste nível são: solução sistemática do problema, treinamento no uso de ferramentas simples de melhoria contínua e introdução de veículos apropriados para estimular o envolvimento. o Nível 3 (melhoria contínua dirigida para a meta): a organização está segura de suas habilidades e os comportamentos que as suportam se tornam norma. A solução de problema é direcionada para ajudar a empresa a atingir suas metas e objetivos, havendo monitoramento e sistemas de medição eficientes. o Nível 4 (melhoria contínua autônoma): a melhoria contínua é amplamente autodirigida, com indivíduos e grupos fomentando atividades a qualquer momento que uma oportunidade aparece. o Nível 5 (capacidade estratégica em melhoria contínua): a organização tem todo o conjunto de habilidades e todos os comportamentos que as reforçam tornam-se rotinas engrenadas. No caso específico da NBR ISO 14001:2004, o conjunto de requisitos exigidos para a implementação de um SGA conduz as empresas aos níveis 3 à 5 de melhoria contínua, pois a norma exige da administração uma visão estratégica sobre o meio ambiente, em que o conjunto de ações para resolver os problemas ambientais deve possuir um caráter sistemático, ou seja, ser realizadas a partir de um planejamento, com a definição de uma estrutura para a sua execução (Ex: recursos, treinamento...), verificação da conformidade com o que foi planejado (Ex: auditoria) e análise da efetividade das ações e identificação de falhas que ocorreram no planejamento ou na execução. Além disso, a postura exigida da empresa é que ela seja proativa no sentido de não somente esperar as 30

55 oportunidades de melhoria aparecerem, mas indo atrás delas através de mecanismos de identificação de aspectos e impactos, além do estímulo na participação de todos os funcionários do SGA na resolução de problemas o que é gerado a partir dos treinamentos e conscientizações a respeito da importância da ISO não só para a empresa, mas também para todos os funcionários. C) Requisitos Normativos da NBR ISO 14001:2004 Com a finalidade de se demonstrar o conteúdo da NBR ISO 14001:2004, esta parte faz uma listagem de todos os requisitos desta norma ambiental e discute resumidamente o conteúdo de cada um. Assim, procura-se facilitar a compreensão de duas partes da metodologia desenvolvidas por este trabalho que são o Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) e o Checklist Ambiental. Seguem os requisitos da norma, cuja numeração foi mantida como no documento original NBR ISO 14001:2004 da ABNT: Item Requisitos Gerais A norma ISO14001 neste requisito determina que o Sistema de Gestão Ambiental (SGA) deve ser implantado segundo a filosofia do PDCA ( Plan, Do, Check, Act ) visando sua melhoria contínua. Além disso, exige que o escopo (abrangência do sistema, seus limites e atores envolvidos) do SGA seja definido e documentado. Item Política Ambiental A Política Ambiental de uma empresa irá definir os compromissos ambientais da mesma e oferece uma base sobre a qual a organização irá planejar seus objetivos e suas metas. A norma exige que a política: seja apropriada à natureza da atividade, escala e impactos ambientais de suas atividades, produtos e serviços. Em termos práticos, isto significa que ao ler a 31

56 política qualquer pessoa seja capaz de identificar qual o tipo de empreendimento e quais os impactos ambientais são gerados por ele; inclua explicitamente em seu texto o comprometimento com a melhoria contínua e a prevenção da poluição; inclua comprometimento em atender requisitos legais e outras normas pertinentes relacionados aos aspectos ambientais da atividade; forneça uma estrutura para o estabelecimento e análise dos objetivos e metas ambientais. Nas empresas geralmente isto é feito através das reuniões de análise crítica; seja documentada, implementada e mantida; seja divulgada a todos que trabalhem na organização ou que atuem em seu nome (ex: serviços terceirizados); esteja disponível para o público em geral (ex: internet, divulgação em jornais, rádio e televisão). Item Planejamento Consiste na primeira etapa para a implantação do SGA. Nesta fase é realizado um diagnóstico do estado do atual sistema de gestão vigente e identificadas as necessidades do mesmo para atingir um patamar compatível ao preconizado pela NBR ISO 14001: Geralmente é feita simultaneamente com a elaboração da política ambiental. Sub-Item Aspectos Ambientais Dentro do escopo definido para o SGA da organização, deve existir procedimento documentado para a identificação de aspectos e impactos ambientais derivados das atividades, produtos e serviços da mesma. Além disso, deve ser elaborado um filtro de significância para separar os aspectos ambientais em significativos (aqueles que devem ser controlados ou corrigidos pelo plano de SGA) e não significativos (os que podem ser desprezados). 32

57 Sub-Item Requisitos legais e outros Este item estabelece que deva existir procedimento para a identificação de requisitos legais aplicáveis aos seus aspectos ambientais. Também deve ser determinado como esses requisitos legais se aplicam aos seus aspectos ambientais. Sub-Item Objetivos, metas e programa(s) Os objetivos e metas ambientais devem ser estabelecidos pela alta administração da organização. A sua formulação deve ser baseada nos aspectos ambientais significativos, nos requisitos legais pertinentes e na sua mensurabilidade (cada meta deve possuir indicadores de desempenho para verificar o seu cumprimento). Além disso, a organização deverá considerar suas opções tecnológicas, requisitos financeiros, operacionais, comerciais e a visão das partes interessadas. Isto significa dizer que a organização deve considerar antes de estabelecer seus objetivos e metas ambientais se ela tem a capacidade de alcançá-los. A norma recomenda que seja criado dentro da empresa programa específico para atingir os objetivos e metas ambientais. No seu conteúdo devem constar obrigatoriamente: distribuição de responsabilidades para cumprimento dos objetivos e metas estabelecidos em cada função e nível pertinente da organização; os meios (recursos financeiros, tecnologias a serem adquiridas, mudanças de procedimentos, contratação de consultores...) e o prazo (tempo) no qual estes devem ser atingidos. Item Implementação e operação Concluída a etapa de planejamento passa-se à implementação do SGA na empresa. Nesta fase procede-se à destinação de recursos e atribuição de responsabilidades para funcionamento do SGA, treinamento de recursos humanos, procedimentos de 33

58 comunicação interna e externa, documentação do sistema, elaboração de procedimentos de controle operacional e preparação para resposta a emergências ambientais. Sub-Item Recursos, funções, responsabilidades e autoridades Este requisito exige que a empresa assegure recursos financeiros e humanos, além de infra-estrutura organizacional para a manutenção e a evolução do SGA. As funções, responsabilidades e autoridades deverão ser definidas, documentadas e divulgadas a todos os setores da empresa com a finalidade de estabelecer uma gestão ambiental eficaz. A elaboração e divulgação de um organograma de estrutura e responsabilidade satisfazem este item. A alta administração deve indicar representante(s) da administração o(s) qual(is) deverá(ão) ter a função, responsabilidade e autoridade para assegurar(em), junto ao quadro de funcionários, que os requisitos da norma estão sendo atendidos e também para comunicar à própria alta administração sobre o desempenho do SGA. Sub-Item Competência, treinamento e conscientização A organização deve se assegurar que qualquer pessoa que realiza, para ela (ex: prestadores de serviço) ou em seu nome (ex: terceirizados), tarefas com potencial impacto ambiental significativo, seja competente com base em formação apropriada, treinamento ou experiência, devendo reter os registros comprobatórios. As necessidades de treinamento, associadas a atividades cujos aspectos ambientais sejam significativos, deverão ser identificadas e providências para atendimento dessas necessidades deverão ser tomadas (ex: prover treinamento especializado). Os registros de treinamento deverão ser retidos. Devem existir procedimentos para que pessoas que trabalhem para a empresa ou em seu nome estejam conscientes: da importância de estar em conformidade com a política ambiental e com os requisitos do SGA; 34

59 dos aspectos e impactos ambientais significativos associados ao seu trabalho e dos benefícios decorrentes da melhoria do seu desempenho pessoal; de suas funções e responsabilidades dentro do SGA; das potenciais conseqüências da inobservância de procedimentos especificados. Sub-Item Comunicação Com relação aos seus aspectos ambientais e ao SGA a empresa deve estabelecer procedimentos para: a comunicação interna entre vários níveis e funções da empresa; recebimento, documentação e resposta à comunicações pertinentes oriundas de partes interessadas externas. Também deve ser decidido se haverá comunicação externa sobre seus aspectos ambientais significativos, devendo essa decisão ser documentada. Sub-Item Documentação A documentação do SGA deverá incluir: política, objetivos e metas ambientais; descrição do escopo do SGA; descrição dos principais elementos do SGA e sua interação e referência aos documentos associados; documentos, incluindo registros, que sejam requeridos pela norma; documentos, incluindo registros, determinados pela organização como sendo necessários para o funcionamento do PDCA e controle eficaz dos processos associados aos seus aspectos ambientais significativos. 35

60 Sub-Item Controle de documentos Em relação ao controle de documentos, a organização deverá estabelecer procedimentos para: aprovar documentos quanto à sua adequação antes do uso; analisar e atualizar os documentos; assegurar que as alterações e a atual situação da revisão esteja devidamente identificada; assegurar que as versões relevantes dos documentos aplicáveis estejam disponíveis em seu ponto de uso; assegurar que os documentos permaneçam legíveis e prontamente identificáveis; assegurar que documentos de origem externa (ex: outorgas, licenciamentos...) determinados como necessários para planejamento e operação do SGA estejam identificados e sua distribuição seja controlada; prevenir a utilização não intencional de documentos obsoletos e utilizar identificação adequada nestes, caso sejam retidos. Sub-Item Controle operacional Todas as operações que estejam associadas com os aspectos ambientais significativos (identificados na etapa de planejamento) deverão ser realizadas sob condições especificadas através de: estabelecimento, implementação e manutenção de procedimentos documentados para controlar situações onde sua ausência possa acarretar desvios em relação à política, objetivos e metas ambientais; determinação de critérios operacionais nos procedimentos; 36

61 estabelecimento, implementação e manutenção de procedimentos associados aos aspectos ambientais significativos identificados de produtos e serviços utilizados pela organização e a comunicação de procedimentos e requisitos pertinentes a fornecedores, incluindo-se prestadores de serviço. Sub-Item Preparação e resposta à emergências A organização deve estabelecer um plano de atendimento à emergências decorrentes de acidentes que possam causar impacto(s) ambiental(is). Devem ser criados procedimentos para identificação de riscos potenciais, resposta à emergências e prevenção ou mitigação dos impactos ambientais. A empresa deverá testar periodicamente esses procedimentos (ex: através de simulações) e analisar e revisar os mesmos com base nos resultados das simulações. Item Verificação Devem ser elaboradas formas de avaliar e monitorar se o planejamento e a implementação do SGA estão funcionando de acordo com o desejado pela norma. Para isto, a produção e controle adequado dos registros de processos e atividades torna-se um item essencial para o sucesso da etapa de verificação. Sub-Item Monitoramento e medição Devem ser estabelecidos, implementados e mantidos procedimentos para monitoramento e medição das características principais de operações que possam ter um impacto ambiental significativo. Os procedimentos incluem a documentação de informações para monitorar o desempenho, controles operacionais pertinentes e a conformidade com objetivos e metas ambientais propostos. Equipamentos de monitoramento e medição calibrados ou verificados devem ser utilizados e mantidos, e os registros associados aos mesmos devem ser retidos em local de fácil acesso. 37

62 Sub Item Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros Coerentemente com seu compromisso a atendimento aos requisitos legais (feito na política ambiental) devem ser elaborados procedimentos para verificar o atendimento aos mesmos. Os registros dos resultados deverão ser retidos O atendimento a outros requisitos subscritos pela organização também deverá ser avaliado assim como exigido no item Os registros dos resultados também deverão ser retidos. Sub-Item Não-conformidade, ação corretiva e ação preventiva Devem ser elaborados procedimentos para tratar as não-conformidades reais e potenciais, e para executar ações corretivas ou preventivas. Assim. Devem ser definidos requisitos para: identificar e corrigir não-conformidades e executar ações para mitigar os impactos ambientais; investigar não-conformidades, investigar suas causas e executar ações para evitar a sua repetição; avaliar a necessidade de ação para prevenir não-conformidade e implementar ações para evitar sua ocorrência; registrar os resultados das ações corretivas e preventivas executadas; analisar a eficácia das ações corretivas e preventivas executadas. Recomenda-se que as ações sejam adequadas à magnitude dos problemas e aos impactos ambientais encontrados. Deve-se assegurar que sejam feitas as mudanças necessárias (decorrentes das correções ou ações preventivas) na documentação do SGA. 38

63 Sub-Item Controle de registros A organização deverá manter os registros necessários para avaliar a conformidade com os requisitos do seu SGA e da NBR ISO 14001:2004. Devem ser estabelecidos, implementados e mantidos procedimentos para a identificação, armazenamento, proteção e recuperação, retenção e descarte de registros. Os registros devem permanecer legíveis, identificáveis e rastreáveis. Sub-Item Auditoria interna As auditorias internas devem ser periodicamente realizadas para: determinar se o SGA está funcionando conforme o planejado e se sua implementação foi adequada e está sendo mantida; fornecer informações à alta administração. Deverá ser estabelecido, implementado e mantido um programa de auditoria interna levando-se em conta importância ambiental das operações e resultados de auditorias anteriores. Nos procedimentos de auditoria deverão ser tratadas as responsabilidades para planejamento e condução de auditorias, relato dos resultados e do registro das informações obtidas. Além disso, devem ser determinados critérios, freqüência, escopo e métodos utilizados. As auditorias e os auditores devem assegurar a objetividade e imparcialidade do processo. Item Análise pela administração Baseada nos resultados das etapas da verificação (ex: resultados das auditorias internas) a alta administração deverá analisar periodicamente o SGA implantado. Oportunidades 39

64 de melhoria e alterações no SGA devem ser consideradas e as decisões tomadas registradas e mantidas. A norma exige que as entradas para análises pela administração incluam: resultados das auditorias internas e das avaliações do atendimento aos requisitos legais e outros subscritos pela organização; comunicação(ões) proveniente(s) de partes interessadas externas, incluindo reclamações; o desempenho ambiental da organização; extensão na qual foram atendidos objetivos e metas; situação das ações corretiva e preventivas; ações de acompanhamento das análises anteriores; mudanças de circunstâncias, incluindo desenvolvimento em requisitos legais e outros relacionados aos aspectos ambientais; recomendações para melhoria. As saídas pela análise da administração devem incluir quaisquer decisões e ações relacionadas à possíveis mudanças na política ambiental, nos objetivos e metas e em outros elementos do SGA, consistentes com a melhoria contínua. D) Estrutura para Certificação de Empresas na ISO 14001:2004 A certificação pode ser definida como um conjunto de atividades desenvolvidas por um organismo independente da relação comercial com o objetivo de atestar publicamente, por escrito, que determinado produto, processo ou serviço está em conformidade com os requisitos especificados. Estes requisitos podem ser: nacionais, estrangeiros ou internacionais (ABNT, 2007). 40

65 As atividades de certificação podem envolver: análise de documentação, auditorias/inspeções na organização, coleta e ensaios de produtos, no mercado e/ou na fábrica, com o objetivo de avaliar a conformidade e sua manutenção. No Brasil, o processo de certificação faz parte do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (SINMETRO) que é constituído por entidades públicas e privadas que exercem atividades relacionadas com metrologia, normalização, qualidade industrial e certificação de conformidade (INMETRO, 2007a). O SINMETRO foi instituído pela lei n o 5966 de 11 de dezembro de 1973 para criar uma infra-estrutura de serviços tecnológicos capaz de avaliar e certificar a qualidade de produtos, processos e serviços por meio de organismos de certificação, rede de laboratórios de ensaio e de calibração, organismos de treinamento, organismos de ensaios de proficiência e organismos de inspeção, todos acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO). Dentre as organizações que compõem o SINMETRO, as seguintes podem ser relacionadas como principais: o o o o o o o o Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO) e seus Comitês Técnicos INMETRO. Organismos de Certificação Acreditados, (Sistemas da Qualidade, Sistemas de Gestão Ambiental, Produtos e Pessoal) OCC. Organismos de Inspeção Credenciados OIC. Organismos de Treinamento Credenciados OTC. Organismo Provedor de Ensaio de Proficiência Credenciado OPP. Laboratórios Credenciados Calibrações e Ensaios RBC/RBLE. Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT. 41

66 o o Institutos Estaduais de Pesos e Medidas IPEM. Redes Metrológicas Estaduais. No caso específico da certificação em ISO no Brasil, três organismos, já citados acima, fazem parte deste processo: o ABNT: é o órgão que representa a ISO no Brasil. Participa de vários comitês responsáveis por elaborar as diversas normas ISO. o INMETRO: possui acordo com o International Acreditation Forum (IAF) para acreditação de OCCs no Brasil. A acreditação é um processo que avalia aspectos legais, financeiros e técnicos da empresa solicitante (OCC) e realiza auditorias nesta empresa e auditorias-avaliação-testemunha nas empresas clientes do solicitante. o OCC: são supervisionados pelo INMETRO e responsáveis por certificar as empresas que implantam SGA baseados na ISO No Brasil, existem atualmente 21 OCCs: Bureau Veritas Quality Evaluation (BVQI), Det Norske Veritas (DNV), American Bureau of Shipping (ABS), Fundação Carlos Alberto Vanzolini (FCAV), dentre outros (INMETRO, 2007b). O processo de certificação de uma empresa na ISO inicia-se com a escolha de um OCC, seguido da prestação de informações pela empresa para que a OCC faça um orçamento do serviço e seja assinado um contrato entre as partes. Feito isto, a empresa solicitante envia o manual do seu SGA e qualquer outra documentação necessária ao OCC para que sua equipe de técnicos planeje a auditoria que irá indicar se o SGA implantado pela empresa está em conformidade ou não com a ISO Concluída a etapa de avaliação com a aprovação da empresa na auditoria, os auditores a recomendam para certificação. O OCC analisa a recomendação que, sendo aprovada, resulta na emissão do certificado ISO que é válido por três anos e pode ser renovado após um processo de re-certificação (MOREIRA, 2001). 42

67 E) Motivação e Benefícios Advindos da Implantação da ISO Para dar uma estimativa do sucesso da ISO 14001, a ISO publica anualmente o relatório ISO Survey o qual é elaborado a partir do fornecimento de dados provenientes de organismos de acreditação e certificação espalhados por todo o mundo. O objetivo desta publicação é traçar um panorama sobre quais países são certificados nas diversas normas produzidas pela ISO, qual o número de empresas certificadas em cada um e qual o crescimento de um ano para o outro no número de certificações. Em sua última e até então mais recente edição do ano de 2005, o relatório revela os seguintes números em relação a ISO : o Existiam até o final de 2005, empresas certificadas em todo o mundo. o Essas empresas estão espalhadas por 138 diferentes países. o O Japão possui o maior número de certificações: o O Brasil possui empresas certificadas e é líder absoluto nesta área na América Latina (possui 70% do total de certificações).. O ranking dos dez países com maior número de certificações em ISO é descrito pelo gráfico a seguir. 43

68 Japão China Espanha 8620 Itália Reino Unido EUA República da Coréia Alemanha Suécia Fonte: Iso Survey Figura 3 Ranking dos países com maiores números de certificações ISO até dezembro de Segundo Nakamura et al (2001) o Japão é líder mundial no número de certificações ISO devido à um histórico de acidentes ambientais com grandes reflexos sobre a saúde da sua população como foi o caso do envenenamento por mercúrio na Baía de Minamata e altos índices de asma devido ao alto grau de poluição atmosférica de cidades como Kawasaki e Yokkaichi. Além disso, outro fator que segundo os autores influencia a adoção desta norma ambiental pelas empresas japonesas é a baixa riqueza de recursos naturais do país o que gera um custo mais alto na aquisição de matériasprimas e, portanto, torna-se necessário que a produção industrial seja a mais otimizada o possível com o mínimo de desperdício a fim de se manter competitiva no mercado, um dos principais benefícios adquiridos por empresas que tem SGA baseado na ISO A China ainda que bem distante do líder Japão, apresenta-se com grande crescimento anual no número de certificações o que a levou a ocupar a segunda posição neste ranking. Zeng et al (2005) afirma que o país tem experimentado grande crescimento econômico desde a reforma e abertura política em 1978, entretanto, o rápido desenvolvimento causou intensa degradação ambiental tornando a China um dos países com maiores índices de poluição do mundo inteiro. O mesmo autor realizou um 44

69 trabalho com o objetivo de identificar as razões que levaram as empresas chinesas a adotarem a ISO Dentre todas, as cinco principais foram: decisão da alta administração das empresas, conscientização de gerentes das empresas, benefícios da ISO 14001, requisitos legais, coerção legal. É importante notar que os três primeiros apresentam um caráter voluntário e os dois últimos fazem já fazem parte do esforço do governo chinês em estruturar um sistema de leis ambientais capazes de servir como base para diminuição dos problemas ambientais no país. Delmas (2002) faz uma análise da distribuição das certificações ISO em todo o mundo. Até dezembro de 1999, 52% das certificações se localizavam na Europa Ocidental e 36% em países da Ásia. Naquela época as companhias americanas contabilizavam apenas 4,5% do total de certificações o que, comparado a representatividade dos Estados Unidos no comércio mundial, é muito pouco. Segundo o próprio autor, essa disparidade de resultados se devia a falta de incentivo nas políticas governamentais dos Estados Unidos, enquanto que na Europa Ocidental havia um grande encorajamento para que as empresas de lá adotassem o conjunto de normas voluntárias para o meio ambiente. Dentre as principais medidas de incentivo na Europa encontram-se o fornecimento de suporte técnico para implantação de SGA nas empresas e divulgação da boa imagem das empresas certificadas em ISO fazendo com que empresas não certificadas também buscassem a certificação. Além do incentivo governamental e da redução de desperdícios nos processos, vários outros fatores podem explicar a popularidade e a aceitação das normas ISO em todo o mundo. Harrington (2001) apresenta as seguintes vantagens obtidas pelas empresas através da certificação ambiental: o Acesso ao Mercado. Normas de Gestão Ambiental como a ISO são para empresas de muitos países, pré-condições para a realização de negócios. Vários são os casos de processos por acidentes ambientais em todo o mundo. Uma empresa certificada pela ISO é vista pelas suas contrapartes nos negócios como uma parceira confiável e que apresenta um baixo risco de envolvimento em acidentes ambientais e conseqüentes gastos com reparação de danos. 45

70 o Gestão da Conformidade. Um dos requisitos da ISO é que a empresa certificada cumpra todos os regulamentos legais pertinentes as suas atividades. Assim, o SGA garante o cumprimento de forma sistemática de toda a legislação ambiental aplicável. o Incentivos Reguladores. Muitos órgãos públicos de fiscalização ambiental buscam oferecer incentivos para que as empresas se certifiquem em ISO Esses incentivos podem ser na forma de inspeções menos freqüentes, atenuação de multas, menos rigor na exigência de relatórios. o Redução da Responsabilidade e do Risco. Incidentes custam caro. Um SGA eficaz garante uma forma de identificar sistematicamente o risco e a responsabilidade ambiental. o Melhor Acesso ao Seguro. As seguradoras reconhecem que a implementação de um SGA eficaz é um sinal do devido empenho e comprometimento para o bom desempenho ambiental.isso pode facilitar a aquisição do seguro e também de diminuir seu custo. o Melhor Acesso ao Capital de Baixo Custo. Investidores e Credores reconhecem a implantação de SGA como uma característica relevante para a liberação de acesso ao capital para as empresas. Muitos investidores realizam a investigação do desempenho ambiental da empresas antes de investir nelas e vários bancos exigem pré-requisitos ambientais para liberarem pedidos de empréstimo. o Melhoria na Eficiência do Processo. O comprometimento com a prevenção a poluição é requisito obrigatório da Política Ambiental de um SGA certificado. Assim, de forma a se cumprir objetivos e metas estabelecidos, torna-se necessária a reavaliação de processos e tecnologias a fim de se reduzir desperdícios e minimizar resíduos. o Melhoria no Desempenho Ambiental. A reavaliação dos objetivos e metas e o princípio da melhoria contínua promovem dentre várias conseqüências a melhoria do desempenho ambiental da empresa. 46

71 o Redução de Custos / Aumento da Receita. O comprometimento com a prevenção à poluição geralmente resultam na diminuição de gastos com energia e água, além da redução na geração de resíduos o que gera menor gasto com seu tratamento e/ou disposição. Com essa economia gerada, as empresas se tornam mais competitivas. o Melhoria na Relação com Fornecedores. Existe um grande benefício advindo do cumprimento de certas metas de política ambiental pelos fornecedores. Várias empresas impõem restrições ambientais nos termos e condições de seus contratos para reduzir o próprio risco e responsabilidade. o Melhoria nas Relações com Outros Detentores de Interesses. A ISO preconiza em um de seus requisitos a comunicação externa de seu SGA, tanto no recebimento quanto na resposta de reclamações ou exigências ambientais. Nos dias atuais é muito importante a manutenção de uma boa relação com as comunidades no entorno em que as empresas operam, assim como com grupos ambientalistas, acadêmicos e de pesquisas. Esses grupos podem exercer forte influência sobre a preferência do consumidor final do produto fabricado pela empresa. o Melhoria na Imagem Pública. Esse item é sem dúvida alguma, um dos maiores benefícios proporcionados pela certificação ISO A imagem positiva é um benefício adquirido que representa um grande diferencial em mercados consumidores de países de primeiro mundo onde existe uma maior conscientização sobre a importância de produtos ambientalmente corretos. Segundo levantamento feito por Raines (2002), em 131 empresas certificadas pela ISO espalhadas por 15 países diferentes, os principais benefícios advindos do processo de implementação do SGA nas empresas são a economia no consumo de água, energia-elétrica e matéria-prima, além do aumento do grau de conscientização dos funcionários em relação ao desempenho ambiental das empresas. Dentre os três principais motivos que levaram as empresas a optarem pela implementação da ISO estão o desejo de demonstrar uma liderança ambiental e manter boas relações de 47

72 vizinhança com a comunidade no entorno da empresa, a economia gerada pela redução dos desperdícios e a melhora de imagem da empresa no mercado consumidor. Em uma pesquisa feita na região industrial de Chubu (Japão), onde se concentram cerca de 20% do total de certificações ISO japonesas, Mohammed (2000) realizou um levantamento em 61 empresas sobre as causas da motivação e os benefícios advindos da implementação da ISO nas empresas. Dentre as principais motivações, em ordem de importância segundo a pesquisa, estão o desenvolvimento e inserção de variáveis ambientais dentro do processo produtivo da empresa (Ex: práticas de produção mais limpas), aumentar a conscientização dos funcionários sobre a questão ambiental, melhorar a imagem da empresa frente aos consumidores e implantação de um SGA dentro da empresa. Dentre os principais benefícios destacam-se as diminuições no consumo de papel nos escritórios, uso de materiais quimicamente tóxicos, consumo de energia e de combustíveis. Gavronski (2003), numa pesquisa realizada em 63 indústrias no Brasil procurou identificar as principais motivações e vantagens da certificação ISO Dentre as principais motivações, encontram-se a garantia do cumprimento de toda a legislação ambiental pertinente às atividades da empresa e o incentivo realizados pela alta administração das próprias empresas que tinham interesses comerciais futuros voltados para a exportação de seus produtos. Os benefícios identificados na maioria das empresas foram a redução de desperdícios (Ex: água, energia, matéria-prima...), redução na geração de resíduos e também de acidentes ambientais. Segundo Silva & Medeiros (2004), em pesquisa realizada com empresas brasileiras, um dos principais obstáculos para a implantação de um SGA baseado na ISO e sua certificação é o alto custo envolvido neste processo. Esta resistência ao investimento em SGAs corrobora uma visão que ainda é muito arraigada no empresariado brasileiro que é a argumentação de que o investimento em SGA aumenta os custos de produção da empresa, consequentemente, diminuindo a sua competitividade. O grande problema envolvido nessa perspectiva é a confusão entre custos para atendimento a requisitos legais e os investimentos em programas ambientais cujo 48

73 retorno financeiro muitas vezes é bem maior do que o seu custo de investimento. Medidas voltadas para reduções da poluição na fonte, do consumo de água e energia e controle do riscos de acidentes ambientais, oferecem grandes economias para as empresas. Mais do que simplesmente benefícios financeiros, o SGA baseado na ISO proporciona uma mudança da cultura organizacional da empresa o que influi em todas as suas áreas. A sistematização de procedimentos facilita o controle e o supervisionamento da rotina operacional, assim como permite análise de falhas decorrentes do planejamento feito. A conscientização de funcionários, mais que somente informá-los sobre a importância de preservar a natureza demonstra aos mesmos como o desempenho deles pode afetar negativamente as questões ambientais o que cria nessas pessoas um maior senso de responsabilidade em relação às suas tarefas. A identificação de aspectos e impactos ambientais demonstra quais as características do processo produtivo das empresas podem interagir negativamente com o meio ambiente e com isso, a administração pode tomar medidas para controlar estes riscos e evitar acidentes cujos custos envolvidos na reparação dos seus danos, geralmente, envolvem grandes quantias de dinheiro. Portanto, como pode se observar, a preocupação das empresas com a questão ambiental é essencial na sua sobrevivência em um mercado econômico sujeito às constantes mudanças. Ganhos advindos da economia com insumos e ações de caráter preventivo podem garantir às empresas uma boa relação com as suas comunidades vizinhas e órgãos públicos de fiscalização ambiental, assim como estabelecer um grande diferencial em relação à concorrência frente a um mercado consumidor cada vez mais exigente O Levantamento de Aspectos e Impactos Ambientais (LAIA) A NBR ISO 14004:2005 recomenda que antes da implantação de um SGA, seja realizada uma análise ambiental inicial que compreenda quatro áreas-chave: 49

74 o identificação de aspectos e impactos ambientais; o identificação de requisitos legais aplicáveis; o exame das práticas e procedimentos ambientais existentes; o avaliação de situações emergenciais e acidentes anteriores. Os resultados desta análise podem ser utilizados para auxiliar a empresa no estabelecimento do escopo do seu SGA, no desenvolvimento ou melhoria da sua política ambiental, no estabelecimento de seus objetivos e metas ambientais e na determinação da eficácia de sua abordagem, para manutenção da conformidade com os requisitos legais aplicáveis e outros requisitos subscritos pela organização. A análise ambiental tem o papel de informar e conscientizar a empresa em relação à sua influência sobre o meio ambiente, possibilitando um melhor entendimento sobre esta interface o que é essencial no planejamento e na execução de medidas que visem a controlar, reduzir ou corrigir impactos ambientais negativos advindos da atividade desenvolvida. Nesse contexto, a identificação ou levantamento de aspectos e impactos ambientais é um item obrigatório para qualquer empresa que queira um SGA baseado na ISO 14001, pois os resultados desta análise irão servir de base para o estabelecimento dos objetivos e metas ambientais que por sua vez, irão ditar quais as modificações deverão ser feitas no atual sistema de gestão a fim de que ele atinja a conformidade ambiental de acordo com o que preconiza a norma. A NBR ISO 14001:2004 recomenda que a organização identifique os aspectos e impactos ambientais dentro do escopo de seu SGA, levando em consideração as entradas (Ex: energia, matérias-primas, água...) e saídas (Ex: produto, efluentes líquidos, emissões atmosféricas...) associadas às suas atividades, produtos e serviços relevantes presentes, passados, planejados ou de novos desenvolvimentos, ou associadas a atividades, produtos e serviços novos ou modificados. A norma ainda recomenda que esse processo considere condições normais e anormais, condições de parada e partida, assim como situações de emergência razoavelmente previsíveis. 50

75 Na discussão do processo de LAIA, é importante que sejam esclarecidos dois conceitos estabelecidos pela norma NBR ISO 14001:2004 sobre aspecto e impacto ambiental. Segundo a própria norma, aspecto ambiental é o elemento das atividades ou produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente e o impacto ambiental é qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da organização. Moreira (2001) na tentativa de elucidar os conceitos estabelecidos pela NBR ISO 14001:2004 afirma que os aspectos são fatores que causam desequilíbrio ambiental e os impactos são o próprio desequilíbrio, portanto, a relação entre os dois termos seria de causa-efeito. O aspecto ambiental é algo inerente à atividade, produto ou serviço como, por exemplo: poeiras, resíduos, emissões gasosas, efluentes líquidos, consumo de energia e recursos naturais, etc. Já o impacto ambiental é uma alteração no meio ambiente (Ex: solo, ar, água, biota...) causada pela interação deste com o aspecto ambiental. Como exemplos citam-se: alterações na qualidade do ar, da água, disponibilidade de recursos naturais e etc. Tabela 4- Exemplos de Aspectos e Impactos Ambientais. Aspectos Ambientais (Causas) Impactos Ambientais (Efeitos) Geração e disposição de resíduos Contaminação do solo Alteração da paisagem Emissões de poluentes atmosféricos Alteração da qualidade do ar Danos à saúde da comunidade Lançamento de efluentes líquidos Alteração da qualidade da água Consumo de água/energia Comprometimento da disponibilidade do recurso Fonte: Moreira (2001). Elucidados esses conceitos de aspecto e impacto ambiental, pode-se então discutir o processo de LAIA que segundo a NBR 14004:2005 é composta por quatro etapas: (a) seleção de uma atividade, um produto ou serviço; (b) identificação do maior número de aspectos ambientais associados a atividade, ao produto ou serviço selecionado; (c) identificação do maior número de impactos ambientais associados a cada aspecto 51

76 identificado; e (d) a avaliação da importância ou significância de cada impacto identificado. A etapa (a) depende da experiência profissional do avaliador na atividade analisada e consiste na determinação do fluxo de produção de uma determinada fábrica ou empresa prestadora de serviços, além da identificação das entradas e saídas do sistema que não necessariamente precisam ser quantificadas. Já as etapas (b) e (c), além da experiência profissional do avaliador, exigem conhecimentos em ecologia e meio ambiente em geral, para que se possam determinar os elementos que constituem a interface entre a empresa e o meio ambiente. Como forma de auxílio, a NBR 14004:2005 cita alguns tipos de aspectos ambientais que podem ser incluídos no LAIA: emissões para o ar; lançamento na água; lançamento no solo; uso de matérias-primas e recursos naturais; questões ambientais locais; uso de energia; resíduos, dentre outros. Já para os impactos ambientais, a norma não cita exemplos, mas indica que a partir dos aspectos ambientais identificados devam ser reconhecidos os impactos positivos e negativos; potenciais e reais; e as partes do meio ambiente que podem ser afetadas o que, como já dito anteriormente, depende da capacidade de percepção do avaliador que, por sua vez, é intimamente ligada à sua experiência no ramo. A etapa (d) é a última etapa do processo de LAIA que consiste na determinação do grau de significância dos aspectos ambientais identificados. É importante observar que esta é uma parte crucial no planejamento de um SGA, pois é a partir dos seus resultados que irão ser determinados os objetivos e metas ambientais. A NBR ISO 14001:2004 em seu sub-item na letra b determina que a organização deve elaborar procedimento para determinar os aspectos que tenham ou possam ter impactos significativos sobre o meio ambiente. Segundo a própria NBR 14004:2005, a significância é um conceito relativo que não pode ser definido em termos absolutos. A avaliação da significância envolve a aplicação de análise técnica e do julgamento através de critérios específicos elaborados pela própria organização. A mesma norma sugere que no estabelecimento destes critérios, a 52

77 organização considere: fatores ambientais (Ex: escala, severidade, duração do impacto, freqüência...); requisitos legais aplicáveis e preocupações das partes interessadas (Ex: comunidades no entorno do empreendimento, ONGs). Barbieri (2006) cita ainda que devam ser considerados critérios comerciais como: dificuldade de alteração do impacto; custo para alteração e efeitos na imagem pública da empresa. Tabela 5 Exemplo de associação entre atividade, aspecto e impacto ambiental. Serviço: Transporte e Distribuição de Bens e Produtos Atividade Aspectos Impactos Reais e Potenciais Consumo de combustível Esgotamento de combustíveis fósseis não-renováveis Operação da Frota Emissão de óxidos de Poluição do ar/aquecimento nitrogênio (NO X ) Global e Mudança Climática Geração de ruído Desconforto e inconvenientes para os residentes da área Manutenção Rotineira da Frota Emissão de óxidos de nitrogênio (NO X ) Poluição do ar/aquecimento Global e Mudança Climática (incluindo trocas de Geração de resíduos de óleo) óleo Poluição do solo Fonte: NBR ISO 14004:2005. Moreira (2001) em sua proposta de um modelo geral para implantação de SGAs cita os diversos enfoques que devem ser realizados na identificação de aspectos e impactos ambientais: o Análise da situação operacional - este parâmetro indica se o aspecto ambiental é derivado de uma situação que faz parte da rotina operacional (normal); de uma situação fora do funcionamento normal, porém, que pode ser prevista, como paradas para manutenção preventiva e partida e parada de um equipamento (anormal); e situações indesejáveis, mas que podem acontecer, como um derramamento de óleo, vazamento de gás e etc (risco). 53

78 o Responsabilidade pela geração do aspecto - indica se o aspecto é gerado pela própria empresa (direto) ou por serviços contratados de terceiros (indiretos). o Natureza do impacto - distingue os aspectos que causam impactos benéficos ao meio ambiente (benéfico) e os que causam danos ao meio ambiente (adverso). o Relevância - é uma característica do aspecto ambiental que pode ser medido por uma conjuntura de fatores como o grau de abrangência ou extensão do dano; o grau de gravidade em relação a capacidade do meio ambiente em suportar ou reverter os efeitos do dano; a freqüência em que ocorre o dano; e a probabilidade de ocorrer os danos. o Filtros de significância - são fatores que caracterizam um aspecto ambiental como significativo dentro de um SGA. Como exemplos citam-se as situações em que as características do aspecto estiverem associados a requisitos legais e normas técnicas e onde também existirem partes interessadas envolvidas como ONGs, comunidades locais afetadas pela poluição da empresa ou órgãos ambientais, dentre outros. Carvalho (apud HENKELS; 2002, p ) cita outros critérios: o Escala - refere-se ao tamanho da área atingida pelo impacto. Outros termos similares são a abrangência, extensão e alcance. O critério de escala pode ser dividido em três categorias: isolada (mudança restrita aos limites da própria organização), limitada (a mudança expande-se para fora dos limites da organização, porém limita-se a uma região vizinha) e ampla (a mudança alastrase para áreas desconhecidas como, por exemplo, rios, mares, lençóis subterrâneos...). o Severidade refere-se ao tamanho do dano que o impacto causa ao meio ambiente, não considerando apenas a área atingida, mas sim a gravidade do dano. Pode ser dividida em: baixa (quando não compromete a vida, embora cause danos físicos reversíveis; ou não interage com a legislação ou preocupações ambientais globais), média (causa destruição reversível da biota 54

79 ou causa danos irreversíveis ao meio físico sem afetar o ser humano; não interage com a legislação mas pode interagir com preocupações ambientais globais) ou alta (mudança ambiental causa alteração irreversível na biota ou causa danos ao ser humano; interage com legislação). o Probabilidade ou freqüência refere-se à quantidade de vezes que o impacto ocorre ao longo de um período considerado. É dividido em: baixa (bastante improvável ou esporádica), média (improvável ou ocasional; registros de ocorrência ocasional) ou alta (provável ou freqüente; registro de ocorrência constante). Portanto, como se observa, existem diversos critérios ambientais que podem ser utilizados pela empresa na determinação da significância de cada aspecto ambiental, porém, a determinação de quais e quantos destes critérios irão ser utilizados no LAIA é algo que fica sob responsabilidade da própria empresa. A norma ISO 14004:2005 somente recomenda diretrizes para a realização deste procedimento, não determinando exatamente como isto deve ser feito, pois se assim o fizesse, não respeitaria as particularidades de cada empresa e assim, a ISO 14001:2004 apresentaria problemas para se adaptar a qualquer organização que é uma das suas principais propostas. Além da própria identificação dos aspectos e impactos ambientais, observa-se que o LAIA possui um outro papel que é a sensibilização dos funcionários envolvidos em processos que apresentaram aspectos ambientais significativos. Isto é extremamente importante na implantação de um SGA, cuja norma ISO 14001:2004 considera que os trabalhadores devam estar conscientes de suas funções e responsabilidades no controle de aspectos ambientais derivados da empresa. Henkels (2002) em trabalho sobre desenvolvimento de método para identificação de aspectos e impactos ambientais, também percebeu que os resultados desta ferramenta influem na sensibilização dos gestores das companhias estudadas. Além disso, auxiliam no planejamento e tomada de decisões do campo ambiental da empresa, pois, demonstram os pontos que são prioritários e que precisam ser solucionados. 55

80 Leripio (2001), em sua tese de doutorado, também corrobora com o que foi dito. Através da criação de uma metodologia denominada de Gerenciamento de Aspectos e Impactos Ambientais (GAIA) ele verificou que existe uma grande importância da percepção dos funcionários sobre o desempenho ambiental das empresas. As empresas que possuíam um sistema de identificação de aspectos e impactos ambientais apresentavam melhores desempenhos no atendimento ao GAIA, enquanto que as que não possuíam sistema elaborado para esse fim, apresentaram baixo nível de atendimento ao GAIA onde o autor percebe que não há uma sistemática determinada para a resolução de conflitos ambientais. Harrington (2001) alega que antes da competência do funcionário em realizar adequadamente tarefas cujos efeitos podem ser danosos ao meio ambiente, deve existir nessas pessoas a conscientização a respeito da interface entre empresa e meio ambiente. Um funcionário só apresentará um desempenho ambiental satisfatório a partir do momento em que compreender o seu próprio papel dentro do SGA e a contribuição que deve ser dada para que se alcancem os objetivos e metas ambientais estabelecidos. Portanto, os resultados do LAIA são referências essenciais para a implantação de um SGA baseado na ISO 14001:2004, pois além de servir como base para o estabelecimento dos objetivos e metas, informam e conscientizam os funcionários sobre como as atividades desenvolvidas por eles influenciam nas questões ambientais locais, regionais e globais o que pode ser um facilitador no envolvimento destas pessoas no funcionamento do SGA Saneamento da Água Distribuição e Qualidade da Água A água ocupa aproximadamente 75% da superfície da Terra e é o constituinte inorgânico mais abundante na matéria viva, integrando aproximadamente dois terços do corpo humano e atingindo até 98% em certos animais aquáticos, legumes, frutas e verduras. Constitui-se também no solvente universal da maioria das substâncias 56

81 modificando-as e se modificando em função destas. Diversas características das águas naturais advêm dessa capacidade de dissolução, diferenciando-as pelas características do solo da bacia hidrográfica que, por sua vez, imprimirão muitas das suas características. Aliada à capacidade de dissolução, a água atua como meio de transporte em escoamento superficial e subterrâneo permitindo que as características de um mesmo curso d água alterem-se no temporal e espacialmente. Por fim, as características das águas naturais influenciam o metabolismo dos organismos aquáticos e são também influenciadas por ele, conferindo estreita interação entre esses seres vivos e o meio ambiente (LIBÂNIO, 2005). Diferentemente de outros seres vivos, a relação do ser humano com a água vai muito além da simples dependência fisiológica, ultrapassando esse conceito e se constituindo num importante elemento da base de sustentação sobre a qual a sociedade humana cresceu, prosperou e se desenvolveu. A água possui um importante papel como fator de consumo nas atividades humanas. No Brasil, consome-se em média, 246 m 3 /habitante/ano, considerando todos os usos da água, inclusive para a agricultura e indústria. Como fator de produção de bens, a larga utilização na indústria e notadamente na agricultura mostra a importância desse recurso natural (BASSOI & GUAZELLI, 2004). Em todo o mundo, a agricultura consome cerca de 69% da água captada, sendo 23% utilizados na indústria e os 8% restantes destinados ao consumo doméstico. Em termos globais pode se considerar a água como abundante, no entanto, quase sempre ela é má distribuída na superfície da Terra. Mesmo no Brasil, que é o país com a maior disponibilidade hídrica do planeta, com cerca de 13,8% do deflúvio mundial (5.744 km 3 /ano), essa situação não é diferente, visto que 68,5% dos recursos hídricos estão localizados na região Norte, na qual habitam cerca de 7% da população brasileira; 6% estão na região Sudeste, com quase 43% da população e pouco mais de 3% estão na região Nordeste, na qual habitam 29% da população. Agravando o problema da distribuição geográfica da água soma-se a questão da distribuição da água nos seus estados físicos (sólido, líquido e gasoso). O volume total 57

82 de água na Terra é de aproximadamente 1,4 bilhões de km 3, dos quais apenas 2,5%, ou cerca de 35 milhões de km 3, correspondem a água doce. A maior parte da água doce se apresenta em forma de gelo ou neve permanente, armazenada na Antártida e na Groenlândia, ou em aqüíferos de águas subterrâneas profundas. As principais fontes de água para uso humano são lagos, rios, a umidade do solo e bacias de águas subterrâneas relativamente pouco profundas. A parte aproveitável dessas fontes é de apenas 200 mil km 3 de água menos de 1% de toda a água doce e somente 0,01% de toda a água da Terra. Grande parte dessa água disponível está localizada longe de populações humanas, dificultando ainda mais sua utilização (PNUMA, 2002). A reposição da água depende da evaporação da superfície dos oceanos. Aproximadamente 505 mil km 3, ou uma camada de 1,4 metro de espessura, evaporam dos oceanos a cada ano. Outros 72 mil km 3 evaporam da terra. Cerca de 80% do total de precipitações, o equivalente a 458 mil km 3 /ano, cai sobre os oceanos, e os 119 mil km 3 /ano restantes, sobre a terra. A diferença entre a precipitação sobre as superfícies de terra e a evaporação dessas superfícies (119 mil km 3 menos 72 mil km 3 por ano) corresponde a escoamentos e reposição de águas subterrâneas aproximadamente 47 mil km 3 por ano. 58

83 Tabela 6 Quadro sobre a distribuição da água no mundo. Fonte: Global Environmental Outlook 3 realizado pelo PNUMA. Segundo estimativas, por volta de 2025, mais de 3 bilhões de pessoas poderão viver em países sujeitos a pressão sobre os recursos hídricos e 14 países vão passar de uma situação de pressão sobre os recursos hídricos para uma de escassez efetiva. Países densamente povoados, como a China e a Índia, integrarão o clube mundial dos ameaçados por falta de água. Essas estimativas sobre o futuro trazem a tona grandes preocupações relacionadas a qualidade de vida, saúde e segurança das pessoas que vivem em vários países, pois se atualmente não se consegue atender as demandas básicas da maioria da população, o que se dirá daqui há alguns anos quando a população, segundo projeções demográficas, for ainda maior (PNUD, 2006). Em seu estudo intitulado Watersheds of the World (Bacias Hidrográficas do Mundo) o World Resource Institute (WRI) faz uma análise de diversos parâmetros (Ex: uso da terra, biodiversidade local, densidade populacional, cobertura florestal e etc.) em

84 bacias hidrográficas espalhadas pelo mundo. Dentre as várias informações relevantes geradas pelo estudo, um dos resultados mais interessantes é o mapa global sobre escassez hídrica nas diversas regiões do globo terrestre. No mapa abaixo, várias regiões são classificadas segundo a sua disponibilidade hídrica, sendo que para isso foi criado o indicador de stress hídrico cuja função é medir a proporção entre a demanda de água em relação à quantidade disponível para uso humano. A água disponível para o uso humano é a quantidade da produção da bacia hidrográfica menos o uso estimado da demanda do meio ambiente local (a água necessária para que os ecossistemas permaneçam íntegros). Bacias hidrográficas com indicador de stress hídrico acima de 0,4 são consideradas, da perspectiva ambiental, como áreas sobre stress ambiental. Bacias com indicadores de stress hídrico maiores que 0,8 (áreas laranjas ou vermelhas no mapa) são consideradas como altamente estressadas. Fonte: Estudo estudo Watersheds of the World, WRI (2006). Figura 4 Mapa global e as áreas sob stress hídrico. O Indicador de Stress Hídrico varia de <0,3 (baixo stress, cor cinza) até >1 (alto stress, cor vermelha). 60

85 Neste estudo são identificados três exemplos reais onde as grandes explorações das bacias hidrográficas geram sérios problemas não só ao ecossistema local, mas também para as pessoas que vivem ali e dependem dos serviços ambientais providos pelas bacias. A primeira delas é a Bacia de Murray-Darling na Austrália, a segunda é a Bacia de Huang He na China e a terceira é a Bacia do Rio Laranja no Sudeste do continente Africano. Tanto a Bacia Murray-Darling quanto a Huang He tem indicador de stress hídrico maior que 1, enquanto que a Bacia do Rio Laranja tem indicador de stress entre 0,8 e 0,9. A Bacia do Rio Huang He é considerada um caso extremo de escassez de água para atendimento ao uso humano e do ecossistema. Esse rio esteve próximo de alcançar o nível completo de exploração dos seus recursos hídricos, sendo que a duração dos períodos de baixa vazão aumentaram de quarenta dias no começo de 1990 para duzentos dias em Isto causa sérios problemas aos mais de 100 milhões de habitantes daquela bacia, pois o cultivo de plantações é prejudicado e espécies aquáticas com suas perda de habitat têm suas populações diminuídas. No estudo Challenges to International Waters Regional Assesment in a Global Perspective (Desafios para as Águas Internacionais Avaliações Regionais em uma Perspectiva Global) da associação Global International Water Assesment (GIWA) faz uma avaliação sobre o estado das águas em várias regiões do mundo. Os numerosos problemas detectados em relação à questão da água são agrupados em quatro grandes grupos: o Escassez de água doce: a causa desse problema é atribuída principalmente ao setor agrícola, devido ao uso de águas subterrâneas para a irrigação de culturas, desmatamento, drenagem de terras úmidas para implantação de lavouras e práticas inadequadas de uso da terra para cultivo. Agravando esse problema, a salinização das águas tem se tornado bastante freqüente nas regiões com escassez de águas, devido à diminuição do fluxo dos rios e as práticas inapropriadas de irrigação que deterioram a qualidade da água e a torna de baixa qualidade. 61

86 o Poluição d água: no estudo são considerados vários impactos sobre as águas. (i) Sólidos suspensos, (ii) Eutrofização, (iii) Poluição química, (iv) Resíduos sólidos, (v) Derrames de óleos, (vi) Radionuclídeos e (vii) Poluição térmica. o Pesca excessiva e outras ameaças à sobrevivência de recursos aquáticos: esse problema é considerado mais grave nas regiões asiáticas onde o consumo do pescado é mais tradicional. Como práticas mais inadequadas da pesca predatória citam-se o uso de explosivos, biocidas e pesca com uso de arraste de rede. o Modificação de habitats: causa a redução da biodiversidade e alteração na estrutura das comunidades aquáticas. Ela é causada principalmente pelas modificações geradas pela mudança no uso do solo (desmatamento de florestas para uso agrícola), práticas agrícolas inadequadas, construção de barragens para geração de energia elétrica, uso da água para irrigação e outras práticas que alterem o fluxo e/ou a quantidade de água em rios, lagos ou aqüíferos. Outra grande causa para o problema citado neste item é a introdução de espécies exóticas o que em muitos casos muda a estrutura das comunidades nativas da região. Em uma segunda parte desse estudo, a GIWA enumera as principais causas desses problemas. A primeira delas é o crescimento demográfico que gera um aumento no consumo de água para abastecimento público e de pescado. Para atender a demanda de uma população maior, consequentemente ocorre uma pressão sobre o setor agrícola, como segundo problema, que gera mais desmatamento para implantação de culturas e uso de água na irrigação. Como terceiro problema cita-se as falhas de mercado, devido ao fato das empresas se eximirem de práticas ambientais corretas afim de não aumentar o preço do produto tornando-o competitivo. Outro problema citado como falha de mercado é a falta de cobrança pelo uso da água que acaba sendo usada indiscriminadamente e desperdiçada. A quarta causa citada é a falta de conscientização pública a respeito dos problemas relacionados ao uso e gestão das águas. Por último, alega-se problemas relacionados à formulação de políticas públicas que lidem adequadamente com a prevenção e solução dos impasses relacionados a administração dos recursos hídricos. 62

87 Outra publicação que faz uma avaliação global dos problemas relacionados a água é a Environmental Global Outlook 3 (GEO3) do PNUMA. Assim como o parecer da GIWA, considera-se as atividades de irrigação para agricultura como a grande responsável pelo consumo dos recursos hídricos. A estimativa aproximada é de que 70% da água potável consumida no mundo seja utilizada na produção agrícola. O International Food Policy Research Institute (IFPRI) em seu estudo World Water and Food to 2025: Dealing with Scarcity, avalia através de modelos econométricos a capacidade da humanidade em atender a crescente demanda por alimentos. Isto é feito através do relacionamento entre a produção agrícola e a disponibilidade de água, permitindo que se façam várias projeções até o ano de O modelo utilizado no estudo foi denominado IMPACT-WATER e faz correlação entre variáveis ambientais, hídricas e de produção de alimento. Utilizam-se dados sobre a produção agrícola, preços dos produtos, crescimento populacional, taxas de impostos e realiza-se uma correlação com dados relacionados à disponibilidade de água na bacia hidrográfica, demanda de água pela irrigação, dentre outros. Feito isso, procura-se predizer o efeito de políticas agrícolas, investimentos em pesquisa para aumento da produtividade de culturas, taxas de impostos e crescimento populacional sobre a demanda de alimentos e segurança alimentar. Para avaliar o cenário mundial da relação disponibilidade de água versus a produção de alimentos, são simuladas três situações diferentes: uma primeira em que se mantém as atuais políticas de incentivo agrícola e conservação de bacias hidrográficas ( Business as Usual ), uma segunda em que ocorreria a diminuição dos incentivos para produção agrícola e produção de água nas bacias hidrográficas ( Water Crisis ) e uma terceira e última situação onde ocorreria um aumento na política de incentivos a produtividade agrícola e conservação de água ( Sustainable Water Scenario ). 63

88 Fonte: World Water and Food to 2025: Dealing with Scarcity (IFPRI). Figura 5- Consumo de água em km 3 em países desenvolvidos (developed countries), países em desenvolvimento (developing countries) e no mundo (world) de acordo com os vários cenários de simulação: negócios como habitual (business as usual), crise da água (water crisis) e cenário de uso sustentável da água (sustainable water scenario). Fonte: World Water and Food to 2025: Dealing with Scarcity (IFPRI). Figura 6- Produção de cereais em milhões de toneladas em países desenvolvidos (developed countries), países em desenvolvimento (developing countries) e no mundo (world) de acordo com os vários cenários de simulação: negócios como habitual (business as usual), crise da água (water crisis) e cenário de uso sustentável da água (sustainable water scenario). 64

89 Dentre os três cenários apresentados, o uso sustentável da água (Sustainable Water Scenario) apresenta grandes vantagens em relação aos demais como se pode observar em ambos os gráficos. A produção agrícola mundial é bem semelhante tanto na projeção do cenário atual (Business as Usual) quanto na projeção de uso sustentável da água, porém, o consumo de água é consideravelmente menor, em torno de 20% menos. Essa economia pode resultar em grandes benefícios, especialmente em países em desenvolvimento que tem a atividade agrícola como base de sua economia. Investimentos do governo em pesquisa agrícola, mudanças tecnológicas, reformas na gestão de recursos hídricos (ex: aumento do preço cobrado no uso da água), desenvolvimento de políticas de investimento em infra-estrutura rural (ex: transporte, portos, armazéns...) são alguns dos fatores que podem levar o cenário real progredir em direção ao cenário de uso sustentável da água (Sustainable Water Scenario). Além deste problema da demanda de água para a produção de alimentos, este precioso recurso natural tem sido alvo de diversos conflitos e tensões entre países de todo o mundo através de sucessivos anos. Para se ter idéia do potencial gerador de conflito que tem a escassez da água, 145 países situam-se em bacias hidrográficas partilhadas, englobando mais de 90% da população mundial. WWIUMA (2005) afirma que as disputas por recursos hídricos datam desde a revolução Neolítica, entre e A.C. quando a humanidade começou a cultivar alimentos. Ainda segundo o autor, a nossa própria língua reflete essas raízes antigas, aonde a palavra rivalidade vem do Latim rivallis que significa aquele que usa o mesmo rio que outrem. O alto número de rios compartilhados combinados com os problemas de escassez hídrica de populações cada vez maiores têm sido responsáveis pela ocorrência de diversos conflitos ao longo da história e tem potencial para se tornar o principal incentivador destes problemas. Um bom exemplo disso foram os conflitos entre Israel e Síria em e cujo estopim foi o projeto sírio que previa o desvio do Rio Jordão e que acabou culminando na guerra de 1967 entre os dois países. 65

90 Outros tipos de conflitos hídricos são os que ocorrem internamente dentro de um mesmo país e acabam levando a confrontos entre usuários a montante e a jusante de um rio. Um bom exemplo é a disputa em 1991 do Rio Cauvery, na Índia, surgindo da alocação de água entre o estado a jusante de Tamil Nadu, que vinha utilizando a água para irrigação, e o estado a montante de Karnataka, que desejava incrementar a agricultura irrigada. As partes não aceitaram adjudicação judicial da disputa, levando à violência e mortes ao longo do rio. Outro exemplo ocorreu na província chinesa de Shandong, onde milhares de agricultores entraram em choque com a polícia em julho de 2000, devido ao projeto do governo de desviar a água de irrigação da agricultura para as cidades e indústrias (WWIUMA; 2005). Um terceiro tipo de conflito pode ser causado pela má prestação de serviços públicos de abastecimento de água. O exemplo mais típico é o caso das manifestações em Cochabamba, terceira maior cidade da Bolívia, no ano de 2000 que há muito tempo vinha sofrendo escassez de água e um fornecimento insuficiente e irregular. Na expectativa de melhoria dos serviços e ampliação das ligações domiciliares, o Governo da Bolívia assinou, em setembro de 1999, um contrato de concessão de 40 anos com um consórcio internacional privado. Em janeiro de 2000, a tarifa sofreu um aumento drástico; alguns domicílios tiveram que pagar uma parcela significativa de renda familiar mensal para seu abastecimento. Os consumidores, sentindo que estavam simplesmente pagando mais para o mesmo serviço ruim, reagiram com greves, bloqueio de ruas e outras formas de manifestação que paralisaram a cidade durante quatro dias, sendo que a ordem só foi restabelecida depois que o governo cancelou a concessão e devolveu a gestão do abastecimento de água para a prefeitura municipal. Hendrix & Glaser (2005) realizaram uma pesquisa correlacionando variáveis climáticas (Ex: médias anuais de precipitação, umidade e temperatura) e ambientais (ex: desertificação e degradação de solos) com a ocorrência de conflitos civis na África Sub- Saariana. O resultado das análises estatísticas demonstraram forte correlação entre os conflitos civis e as más condições climáticas e ambientais. Climas mais temperados nesta região, favorecem a cultura agrícola local que é extremamente dependente do regime anual de chuvas e diminuem a probabilidade da ocorrência de conflitos. Nos 66

91 anos em que se observou uma baixa média de precipitação anual, foi verificado, no ano posterior, um aumento na probabilidade de conflitos na região. Portanto, como se pôde observar, a água apresenta um papel chave para o futuro da humanidade cuja população cresce em ritmo acelerado. Muitas medidas têm sido tomadas para resolver os problemas ligados à escassez e qualidade dos recursos hídricos, entretanto, a resolução destas questões tem ocorrido em um ritmo lento que não é suficiente para atender a demanda social Águas de Abastecimento e Saúde Pública Segundo dados do Relatório do Desenvolvimento Humano 2006 (RDH2006) elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) cerca de 2,6 bilhões de pessoas, metade da população do mundo em desenvolvimento, não têm acesso a serviços de saneamento básico. Dessa quantidade, cerca de 1,1 bilhões de pessoas não têm disponível o limite mínimo de água diário que é de 20 litros por pessoa, utilizando em média cerca de 5 litros por pessoa diariamente. Enquanto um habitante de Moçambique usa, em média, menos de 10 litros de água por dia, um europeu consome entre 200 e 300, e um norte-americano, 575 (em Phoenix, no Arizona, o volume ultrapassa 1 mil). No Reino Unido, um cidadão médio usa mais de 50 litros de água por dia dando a descarga mais de dez vezes o volume disponível para as pessoas que não têm acesso a uma fonte de água potável na maior parte da zona rural da África Subsaariana. Um norte-americano usa mais água em um banho de cinco minutos do que um morador de favela de país em desenvolvimento usa num dia inteiro, compara o relatório RDH

92 Fonte: Relatório do Desenvolvimento Humano 2006 do PNUD. Figura 7- Gráficos sobre a distribuição de pessoas por continente que não tem acessos a uma fonte de água melhorada (com qualidade adequada ao consumo humano) e ao saneamento básico até o ano de Os efeitos destes problemas, conseqüentemente, recaem mais sobre os que têm menor renda. Sobretudo por falta de água potável e saneamento, são registrados anualmente 5 bilhões de casos de diarréia nos países em desenvolvimento. Anualmente, essa doença tira a vida de cerca de 1,8 milhões de crianças menores de 5 anos ou por dia o que corresponde a uma criança morta a cada 19 segundos. É a segunda principal causa de morte na infância, só atrás de infecções respiratórias. Ainda que possa ser evitada com medidas simples, a diarréia mata mais do que tuberculose e malária, seis vezes mais que os conflitos armados e, entre as crianças, cinco vezes mais que a Aids. A falta de água e esgoto tem impacto em uma área vital do desenvolvimento humano, a educação um dos pilares do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Infecções parasitárias transmitidas pela água ou pelas más condições de saneamento atrasam a aprendizagem de 150 milhões de crianças, um contingente superior à população do Japão. Uma saúde débil reduz o potencial cognitivo e acaba por, indiretamente, prejudicar a conjuntura educacional, acarretando a falta de atenção e abandono escolar prematuro. Em razão dessas doenças, são registradas 443 milhões de faltas escolares por ano, informa o PNUD. 68

93 Portanto, como se observa, a existência ou não de água potável e de saneamento básico pode promover ou, pelo contrário, impedir o desenvolvimento humano. São fatores determinantes do que as pessoas podem ou não fazer, ou daquilo em que podem vir a se tornar, em suma, para as suas capacidades de realização. O acesso à água não constitui somente um direito humano fundamental e um importante indicador do progresso dos povos. Também constitui a base para outros direitos humanos e é condição necessária para que se atinjam metas de desenvolvimento humano mais exigentes. Ludwig et al (1999) num estudo sobre a ocorrência de parasitoses na população de Assis, São Paulo, estabeleceu a correlação entre as condições de saneamento básico, expressas pelo número de ligações de água e esgoto e a freqüência de parasitoses. Como resultado os autores observaram que houve uma queda na freqüência de parasitoses coincidindo com o aumento do número de ligações de água e esgoto. Martins et al (2002) também fizeram correlações entre saneamento e saúde pública. No estudo, suas estimativas de valores per capita indicaram que gastos da ordem de U$2,26 em saneamento básico corresponderam à redução de investimentos de U$2,63 per capita na prevenção de Doenças Infecciosas Intestinais e Helmintíases. Subtraindo-se do valor economizado na prevenção de doenças o valor investido no saneamento, chega-se à um saldo positivo de U$0,37 por habitante. Numa população de habitantes, esse saldo economizado por ano teria o valor de U$ ,00. Mendonça & Motta (2005) desenvolveram modelo econométrico para estimar o gasto necessário para a diminuição da mortalidade infantil. Dentre as variáveis avaliadas analisou-se as relacionadas aos serviços de saneamento (água tratada e coleta de esgoto) e educação (analfabetismo da população feminina) que têm em comum o caráter preventivo, e também analisaram-se medidas corretivas ligadas a gastos com saúde e leitos hospitalares para as internações. Com o modelo estimado foi possível então calcular a contribuição de cada um desses serviços na redução da mortalidade infantil em número de mortes evitadas ante um cenário de aumento de acesso a esses serviços. Também foi estimado o custo econômico desse aumento de acesso que, dividido pelo número de mortes evitadas, 69

94 resultou numa dimensão do custo médio de morte evitada para cada serviço. Dessa forma, analisou-se o custo-efetividade dos serviços de saneamento ante outros serviços analisados no modelo. Tabela 7 Estimativa dos custos das alternativas para redução de mortalidade infantil em Nota- Mortalidade de 0-4 anos em 2000: 3521 casos. Fonte: Mendonça & Motta (2005) Uma variação marginal equivalente a estender os serviços de esgotamento sanitário a mais 1% da população reduziria em 216 o número de mortes pelas doenças analisadas pelo modelo. Já o mesmo incremento marginal nos serviços de água reduziria em 108 os casos de morte. Da mesma forma, a redução de 1% no analfabetismo em mulheres maiores de 15 anos diminuiria em 162 o total de óbitos. Quando se trata de acesso a serviços de saúde, o aumento de 1% nos gastos com saúde evitaria 415 mortes, enquanto o aumento de 1% do número de leitos salvaria outras 27 vidas. Dentre os custos médios por morte evitada, o valor mais baixo é de R$ 63 mil e seria obtido com a redução do analfabetismo das mães com mais de 15 anos. Próximo a esse resultado estariam os gastos hospitalares de oferta de mais leitos, que somaram R$ 72,4 mil. Os valores mais altos seriam os R$ 282 mil em gastos totais em saúde. Em seguida estariam os serviços de saneamento, com R$ 241 mil na coleta de esgoto e R$ 168 mil em tratamento de água. 70

95 Os resultados indicam que, somando os custos de melhoria por vida salva dos dois serviços de saneamento, haveria um montante de R$ 409 mil e somando esses mesmos custos para os serviços de saúde o valor seria de R$ 354 mil. Pode-se admitir, então, que a ação conjunta de cada par de serviço, saneamento e saúde, respectivamente, seria suficiente para salvar duas vidas. Se assim for, para a mesma redução de mortalidade, encontra-se apenas uma diferença de 15% maior para o saneamento. Considerando que o acesso aos serviços de saneamento são medidas preventivas que, além das externalidades positivas ao meio ambiente aqui não contabilizadas, evitam os riscos e desconfortos das doenças, os resultados sugerem que as ações preventivas de saneamento, em particular no tratamento da água, seriam mais justificáveis economicamente para a contínua redução da mortalidade infantil do que os gastos corretivos nos serviços de saúde Cobertura de Serviços de Água no Brasil No Brasil, segundo a Pesquisa Nacional de Domicílios (2005) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos moradores nas áreas urbanas cerca de 91,94% eram atendidos com rede de água tratada, 54,27% com rede de esgoto e 22,95% com fossa séptica. Já nas áreas rurais, dos moradores, 26,75% eram atendidos com rede de água, 61,69% tinham acesso a uma fonte de água segura para consumo, 4,08% tinham rede de esgoto e 14,35% utilizavam fossa séptica. No meio urbano, observa-se uma boa taxa de cobertura com rede de água (91,94%) o que não necessariamente implica na boa qualidade da água fornecida, já no meio rural esse tipo de serviço possui um nível de atendimento menor até mesmo devido ao custo de se implantar uma rede de distribuição em locais com pequena densidade populacional o que geraria um pequeno custo benefício. O grande problema observado tanto no meio urbano quanto no meio rural é relativo a cobertura por esgoto que ainda apresenta níveis muito baixos em torno de 77,23% (rede de esgoto + fossa séptica) no meio urbano e 18,43% (rede de esgoto + fossa séptica) no 71

96 meio rural. Essa questão ainda é preocupante no país e a falta de coleta pela rede ou de fossa séptica, piora as condições de higiene dos locais próximos aos domicílios gerando focos de animais e insetos transmissores de parasitoses ou ainda contaminando a água utilizada para consumo o que causa diversas doenças de veiculação hídrica que atingem principalmente crianças com idade inferior aos 5 anos. Outro fator considerado determinante na cobertura por serviços de saneamento é a renda mensal familiar onde se observa uma relação diretamente proporcional entre renda e acesso aos serviços de saneamento, ou seja, quanto maior a renda, maior o acesso. Para se ter uma idéia dessa diferença, nos domicílios onde a renda é de até 1 salário mínimo, a cobertura de água atendia a 85,16% das pessoas dessa classe, enquanto que nos domicílios cuja renda era superior a 20 salário mínimos a cobertura chegava a 96,43% das pessoas dessa categoria. Entretanto, é na cobertura por serviços de esgoto (coleta de rede + fossa séptica) que essa diferença entre pobres e ricos aumenta significativamente. Nos domicílios com renda até 1 salário mínimo a cobertura é de 54,53%, já nos domicílios com renda superior a 20 salários mínimos a cobertura é de 96,23%. Em outro trabalho do IBGE, a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000 (PNSB), observa-se uma boa cobertura dos municípios com serviços de água tratada. Em 1989, existiam no Brasil municípios sendo que 95,9% recebiam água tratada, já no ano de 2000, o número de municípios aumentou para e ainda assim, a porcentagem de cobertura também aumentou para 97,9%. Neste levantamento, foi avaliada apenas a presença ou ausência do serviço de água tratada, mas nenhum parâmetro sobre a qualidade. 72

97 Tabela 8- Número de municípios com serviços de abastecimento de água segundo as grandes regiões do Brasil. Fonte: Pesquisa Nacional do Saneamento Básico. IBGE (2002). A abrangência do abastecimento de água também varia com o tamanho populacional dos municípios. Os menores municípios apresentam maior deficiência nos serviços, e apenas 46% dos domicílios situados em municípios com até habitantes contam com abastecimento de água por rede geral. Em contrapartida, nos municípios com mais de habitantes é superada a marca de 75% de economias residenciais abastecidas. Em todas as regiões, o mesmo comportamento em relação ao porte populacional pode ser verificado: as proporções de domicílios abastecidos aumentam quanto mais populosos forem os municípios. Os municípios de maior porte populacional são aqueles situados nas regiões com maior desenvolvimento socioeconômico onde as demandas da população são mais freqüentes e, conseqüentemente, com maiores investimentos público e privado no setor. 73

98 Tabela 9 Total de domicílios e economias abastecidas e respectivas distribuições percentuais segundo estratos populacionais até o ano de Fonte: Pesquisa Nacional do Saneamento Básico. IBGE (2002). Uma das formas de se avaliar a eficiência do atendimento à população é examinar o volume diário per capita da água distribuída por rede geral. No ano de 2000 foram distribuídos diariamente, no conjunto do País, 0,26 m 3 (ou 260 litros) por pessoa, média que variou bastante entre as regiões. Na Região Sudeste o volume distribuído alcançou os 0,36 m 3 per capita, enquanto no Nordeste ele não chegou à metade desta marca, apresentando uma média de 0,17 m 3 per capita (IBGE; 2002). Fonte: Pesquisa Nacional do Saneamento Básico. IBGE (2002). Figura 8 Água distribuída, em m 3 per capita, segundo as grandes regiões do Brasil. Retirado da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000 realizada pelo IBGE. 74

99 O Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto 2005 elaborado pelo Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) constata que no período de 2002 a 2005 houve um crescimento significativo dos números relativos aos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário. Três informações, segundo o estudo, comprovam este crescimento: a quantidade de ligações ativas, a extensão da rede e o volume de água produzido. No período , a quantidade de ligações ativas de água aumentou em 12,1% e a extensão de rede de água em 12,8%. Considerando a evolução, ano a ano, verificaramse os seguintes resultados: o Quantidade de ligações ativas de água: em ,9 milhões; em ,0 milhões (crescimento de 3,8%); em ,1 milhões (crescimento de 3,6%); e em ,4 milhões (crescimento de 4,2%); resultando em uma taxa média de crescimento anual de 3,9% para o período ; o Extensão da rede de água: em ,8 mil quilômetros; em ,1 mil quilômetros (crescimento de 3,4%); em ,2 mil quilômetros (crescimento de 5,1%); e em ,2 mil quilômetros (crescimento de 3,8%); resultando em uma taxa média de crescimento anual de 4,1% para o período ; Uma análise similar, agora para o volume de água produzido, mostrou que nos últimos quatro anos a produção de água dos prestadores na amostra SNIS apresentou incremento de 8,9%. Esse incremento foi inferior ao da quantidade de ligações de água. Ainda assim, o consumo médio per capita de água para a amostra SNIS, em 2005, foi de 145,7 l/hab.dia, maior que o mesmo consumo em 2002, igual a 142,6 l/hab.dia. Um dos fatores que pode explicar esta situação, segundo os autores, é a queda no índice médio de perdas de água que reduziu de 40,6% em 2002 para 39,0% em Em relação ao volume de água produzido observam-se os seguintes resultados: em ,3 bilhões de m3 de água; em ,6 bilhões de m3 de água (acréscimo de 2,4%); em ,8 bilhões de m3 de água (acréscimo de 1,6%) e em ,4 75

100 bilhões de m 3 de água (acréscimo de 4,7%); resultando em uma taxa média de crescimento anual de 2,9% para o período Cobertura de Serviços de Água em Minas Gerais O Centro de Estatísticas e Informações (CEI) da Fundação João Pinheiro (FJP) realizou um trabalho de detalhamento de informações sobre a situação do saneamento básico nos 853 municípios de Minas Gerais no ano 2000 baseando-se na Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) realizada pelo IBGE e que se constitui em uma das mais completas pesquisas sobre saneamento nas cidades mineiras. No tema relacionado ao abastecimento de água foram avaliados os seguintes itens: o nível de cobertura urbana, a entidade prestadora do serviço, a existência ou não de cobrança de tarifa, forma de captação, existência de tratamento, controle de qualidade na captação, controle de qualidade do tratamento, controle de qualidade na distribuição, existência de racionamento com sua freqüência e motivos, existência de micro e macromedição e existência de investimentos em melhorias ou ampliação. A cobertura urbana dos serviços de abastecimento de água, através do número de ligações à rede geral, alcançou 96,6% dos domicílios permanentes localizados em cidades e vilas mineiras, sendo que 92,8% possuíam canalização interna no domicílio. Os percentuais de atendimento são também elevados na maioria dos municípios mineiros. Os números apontam que em 821 dos 853 municípios, 80% ou mais dos domicílios urbanos estavam ligados à rede geral de abastecimento de água. Percentuais iguais ou superiores a 95% ocorreram em 621 cidades, enquanto em apenas oito municípios os indicadores eram inferiores a 50%. Entre os que apresentavam os mais baixos percentuais de domicílios abastecidos de água proveniente de rede geral a maior parte está localizada na região de planejamento Rio Doce. 76

101 Fonte: Fundação João Pinheiro (2007) Figura 9 Percentual dos domicílios urbanos atendidos por rede geral de abastecimento de água, segundo municípios e bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano de Em relação à captação da água, no estado de Minas Gerais, predominam as fontes de águas superficiais e os poços profundos, sendo comum em um município haver mais de uma forma de captação. De fato, 346 cidades informaram esse tipo de situação, enquanto que 341 têm abastecimento exclusivo por águas superficiais e 155 por poços profundos. Esses últimos sobressaem na bacia do Rio São Francisco, onde em muitos municípios é a única forma de captação, havendo grande número deles também nas bacias do Rio Doce e Rio Pardo. A captação de água através das águas superficiais é essencial em grande parte da bacia dos rios Jequitinhonha, Mucuri, São Mateus e parte da Bacia do Rio Doce, de onde provém a totalidade das águas distribuídas na maioria dos municípios nelas localizados. 77

102 Fonte: Fundação João Pinheiro (2007). Figura 10 Formas de captação, segundo municípios e bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano de Quanto ao controle de qualidade na captação das águas, ele é inexistente em 115 cidades que captam água superficial e em 121 com água de poço profundo e/ou raso. No grupo de cidades que controlam a qualidade das águas captadas superficialmente, as análises tendem a ser feitas com periodicidade diária ou semanal, enquanto no grupo abastecido por águas de poço predomina um controle mais esporádico, sendo freqüentes análises semestrais ou mesmo anuais. Em termos do tratamento da água são poucos os distritos-sede que declararam não distribuir água tratada, apenas 152 cidades. A grande maioria tem tratamento de tipo convencional, o que significa que a água bruta passa por tratamento completo em estação de tratamento de água (ETA): 649 cidades. Entre as sedes que declararam ter água tratada 26 utilizam mais de um tipo de tratamento. Existe, ainda, um rigoroso controle de qualidade desse processo, com os municípios declarando a existência de análises feitas quase que diariamente (405 cidades) ou semanalmente (169 cidades). Duzentos e nove (209) municípios declararam realizar controle de qualidade em todas 78

103 as freqüências estabelecidas na pesquisa (diária, semanal, quinzenal, mensal, semestral e anual). São poucos os municípios que reportaram problemas de racionamento de água, ligados quase que exclusivamente à seca e estiagem. Foram notificados casos esporádicos em todas as bacias hidrográficas do Estado, com maior concentração nas bacias do Rio Pardo, Rio Jequitinhonha, e nos municípios da bacia do Rio São Francisco localizados mais ao norte do Estado. São as áreas que historicamente apresentam sérios problemas de seca, integrantes das regiões de planejamento Norte de Minas e Jequitinhonha/Mucuri. Em relação aos instrumentos de medição, é elevado no Estado o percentual de ligações hidrometradas. Em 516 cidades esses percentuais são iguais ou superiores a 90%. Em outras, no entanto, eles são bem menos expressivos: em 219 não chegam a 20%, sendo que deste número, 210 municípios não apresentam qualquer tipo de hidrometração. Observa-se que os mais baixos percentuais estão em grande número de cidades das regiões de planejamento Norte de Minas e Mata, e em áreas localizadas das regiões Sul de Minas e Central. É interessante notar que a presença da COPASA condiciona os elevados percentuais de ligações hidrometradas em cidades das regiões Jequitinhonha/Mucuri e Rio Doce, além das regiões Centro-Oeste de Minas, Triângulo, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2007) Companhias de Abastecimento de Água Modelos de Gestão Segundo Parsekian (1998), as companhias de abastecimento público de água podem ter diversas constituições jurídicas, como segue abaixo. o O Departamento é uma instituição que depende da prefeitura, pois não tem autonomia financeira. As receitas entram para o caixa único do tesouro municipal e os servidores são regidos pelo regime jurídico único sendo contratados por concurso público. Não é permitida a apropriação de custos do 79

104 sistema e nem a avaliação se o serviço é auto-sustentável pelas tarifas. O departamento não é ágil administrativamente. o A Autarquia possui maior autonomia administrativa e financeira em relação aos Departamentos. Os servidores são regidos pelo regime jurídico único. Este tipo de instituição garante maior controle externo sobre o balanço financeiro. o A Empresa de Economia Mista exige resultado financeiro positivo como empresa privada e permite efetivo controle sobre o desempenho econômicofinanceiro. Seus servidores são regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mas são admitidos por concurso público, sendo que os encargos sociais são maiores do que sobre as autarquias. Dos tipos de constituições jurídicas citadas, duas são mais comuns em se tratando de companhias de abastecimento de água que são a autarquia e a empresa de economia mista, sendo que esta última pode ser constituída também, desde que em porção minoritária, por capital privado diferentemente da autarquia que deve ser composta exclusivamente por capital público. Um outro modelo de gestão de companhias de abastecimento de água é o das empresas privadas, cuja participação no setor de saneamento ainda é pouco efetiva, porém percebe-se que sua participação tende a aumentar gradualmente devido a Parceria Público-Privada que tem sido estimulada pelo atual governo e regulamentada pela lei n o de 30 de dezembro de 2004 (MELLO, 2005). Em relação aos números sobre a participação das entidades prestadoras de serviço segundo a sua constituição jurídica, a principal e mais completa fonte de dados a respeito é a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) realizada em 2000 pelo IBGE. No Brasil, dos distritos avaliados na PNSB do IBGE a respeito da constituição jurídica das entidades prestadoras de serviços de abastecimento de água, estão sob administração direta do poder público; 923 sob autarquias; sob empresas com participação majoritária do poder público também conhecidas como economias mistas; 80

105 496 sob empresas privadas; e sobre outro tipo de administração. Uma observação a ser feita a respeito das informações citadas anteriormente é que um mesmo distrito pode apresentar mais de um tipo de constituição jurídica das entidades prestadoras de serviço de abastecimento de água, daí o porquê da soma dos valores ser maior que o total de distritos avaliados. No estado de Minas Gerais (MG), a distribuição das companhias de abastecimento de água segundo a sua constituição jurídica se assemelha à do Brasil, onde se observa um predomínio das economias mistas, seguidas pelas administrações diretas do poder público, autarquias e empresas privadas. Na quadro abaixo, é apresentada a distribuição encontrada em MG. Tabela 10 Entidade prestadora do serviço de abastecimento de água e existência de cobrança pelo serviço segundo os distritos-sede dos municípios de Minas Gerais. Nota: Um mesmo distrito pode apresentar mais de um tipo de constituição jurídica das entidades prestadoras de serviço de abastecimento de água. DISTRITO- SEDE ENTIDADE PRESTADORA DO SERVIÇO COPA- PREFEITURA PARTI- SA CULAR Autarquia Adm. direta COBRANÇA PELO SERVIÇO Sim Não Sem declaração Total de distritos Fonte: Fundação João Pinheiro (2007). O grande responsável pela distribuição da água é o governo estadual através da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), que esteve presente em 503 cidades. As prefeituras, através de administração direta ou de autarquias, atuavam em 437, muitas delas atendidas também pela COPASA. São ao todo 95 os municípios que apresentam atendimento misto, por vezes com a presença simultânea da COPASA, de entidade municipal e de empresa particular. A atuação da COPASA é disseminada por todo o território mineiro, marcando presença em todas as regiões de planejamento, em algumas de forma mais acentuada. Pode-se destacar a região Jequitinhonha/Mucuri, uma vez que na maioria dos municípios é a única responsável pela distribuição de água. Em vários municípios divide essa responsabilidade com as prefeituras, como acontece nas regiões Norte de Minas e Noroeste de Minas. A administração direta municipal é a 81

106 única prestadora dos serviços de distribuição de água em grande número de cidades das regiões de planejamento Mata, Central e Sul de Minas. Além dos distritos-sede, onde estão localizadas as cidades, há em Minas Gerais outros 715 distritos, dos quais 669 declararam contar com a prestação de serviços de abastecimento de água. A COPASA atuava em 105 destes distritos, sendo que desta quantia 23 estão localizados na região metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). No mapa abaixo é apresentada a distribuição das entidades prestadoras de serviços de abastecimento de água em MG. A distribuição é diferente da apresentada no quadro de distritos citada anteriormente, pois é relativa aos municípios onde cada um pode conter mais de um distrito. Dos 853 municípios mineiros, 342 têm serviços de abastecimento de água administrados pela prefeitura (40%) através da administração direta ou pela autarquia, 413 têm serviços realizados pela COPASA (48,5%), 3 têm serviços realizados por empresa privada (0,3%) e 95 são servidos por mais de uma empresa (11,2%). Fonte: Fundação João Pinheiro (2007) Figura 11 Entidades prestadoras de serviços de abastecimento de água, segundo municípios e bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais no ano de

107 O predomínio da COPASA em relação às prefeituras na prestação de serviços de água, é um reflexo do favorecimento desta companhia pelo Plano Nacional de Saneamento (Planasa) instituído na década de 70 e que tinha a finalidade de aumentar a cobertura dos serviços de saneamento em todo o país. O Planasa utilizava recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) que por sua vez, era administrado pelo Banco Nacional de Habitação (BNH). Juntos estes três órgão formavam o Sistema Nacional de Saneamento (SNS) que foi responsável por grande crescimento do setor de saneamento. Com o Planasa, foram criadas as Companhias Estaduais de Saneamento Básico (CESBs), dentre as quais encontra-se a COPASA, em cada um dos estados da federação. Até 1985, apenas estas empresas públicas podiam obter financiamentos junto ao BNH para instalação de sistemas de água e esgoto em regime de monopólio, sendo responsáveis pela construção, operação e manutenção das operações. Somando-se à este benefício exclusivo, as CESBs se valeram do comportamento favorável da economia, da abrangência do sistema montado, do volume de recursos destinados ao setor, da prática de subsídios cruzados no interior das companhias estaduais e dos empréstimos a taxas de juros subsidiadas o que permitiu sua efetiva expansão por todo o país (ARRETCHE, 2007). Nem todos os municípios aderiram ao Planasa. Alguns se mantiveram efetivamente autônomos, operando com empresas municipais, isto é, com o controle acionário do município e a administração municipal responsabilizando-se integralmente pelo serviço através de um órgão da administração direta ou de uma entidade autônoma que durante a vigência do Planasa, foram discriminados através da falta de acesso aos recursos financeiros do FGTS. Outros municípios mantiveram uma autonomia parcial, mantendo-se conveniados a um órgão do Ministério da Saúde, a atual Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). Operam de acordo com o modelo de saneamento implantado pelo Serviço Especial de Saúde Pública, criado há mais de 40 anos. Os serviços são operados por uma autarquia municipal, com autonomia administrativa técnica e financeira, porém administrados com marcante influência da FUNASA, cujas funções abrangem desde administração até a assistência técnica. 83

108 As primeiras concessões dos serviços de água e esgoto a operadores privados surgiram antes da promulgação da Lei de Concessões n o de 13 de fevereiro de Em São Carlos (SP), o primeiro contrato de concessão de água a uma companhia privada foi firmado em 1994 (MARINHO, 2006). Atualmente, segundo a Associação Brasileira de Concessionários Privados dos Serviços de Águas e Esgotos (ABCON), o Brasil possui 65 concessões privadas de serviços de água e esgoto em operação, que atendem a de habitantes nas regiões de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Paraná, Pará e Amazonas (ABCON, 2007). Dentre as leis que regulam a concessão para prestação de serviços em abastecimento de água estão o artigo n o 175 da Constituição Federal de 1988 e a lei n o 8987 de 13 de fevereiro de Na constituição federal brasileira é instituído que cabe ao Poder Público a prestação de serviços públicos por meio da sua administração direta ou pelo regime de concessão. Já a lei n o 8987 regulamenta o regime de concessão onde é determinado que: o o processo deverá ocorrer por licitação que será vencido pela empresa que apresentar a menor tarifa de prestação de serviço, maior oferta pela outorga da concessão e melhor proposta técnica; o o serviço prestado deverá ser adequado às necessidades dos usuários; o haverá fiscalização por parte do Poder Público sobre a qualidade do serviço prestado; o o contrato de concessão deve estabelecer o período das concessões, os encargos, as condições para intervenção do poder público na prestação do serviço e as que invalidam o contrato. Recentemente, foi aprovada a Lei Nacional de Saneamento n o de 05 de fevereiro de 2007 que se constitui em um importante marco regulatório para o setor através do estabelecimento de diretrizes para o seu desenvolvimento. Dentre os principais destaques está a regulamentação de diretrizes para prestação de serviços de saneamento, 84

109 regulação da prestação regionalizada, normas para elaboração de planos de prestação de serviços de saneamento básico, instruções para cobranças dos serviços prestados através das tarifas, a alocação de recursos federais no setor, dentre outras coisas. Outros regulamentos legais relativos à prestação de serviço público no abastecimento de água são listados a seguir: o Lei n o 8.036, de 11 de maio de Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Em seu art. 9 o, 2 o define que os recursos do FGTS deverão ser aplicados em habitação, saneamento básico e infra-estrutura urbana. o Lei n o 8.666, de 21 de junho de Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. o Lei n o 9.433, de 8 de janeiro de 1997 Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Em seu art. 12, inciso I, estabelece que estão sujeitos a outorga pelo Poder Público os direitos de usos de recursos hídricos com derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo. o Portaria n o 518, de 25 de março de 2004 Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. o Lei n o , de 6 de abril de 2005 Dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos. São estabelecidas regras para elaboração de contratos que visem a concessão de serviços públicos, dentre eles o abastecimento de água, à empresas públicas ou de direito privado. Uma última questão a ser discutida nesta parte, refere-se à comparação do nível de desempenho dos diferentes modelos organizacionais utilizados em empresas de saneamento. Heller et al (2006), em um trabalho inédito, faz a comparação entre os três 85

110 modelos de gestão: autarquias, economias mistas (representada pela COPASA) e departamentos das prefeituras. Foram avaliados 600 dos 853 municípios do estado de Minas Gerais, avaliando-se os seguintes itens: cobertura por água, cobertura por esgoto, volume dos reservatórios por ligação domiciliar, número de funcionários na operação e manutenção por ligação de água, número de funcionários na administração por ligação de água, despesa de energia elétrica por economia de água, volume de água micromedido por volume tratado. Constatou-se que as autarquias oferecem o maior nível de atendimento de água tratada para a população. Sendo que a economia mista (COPASA) apresentou níveis semelhantes ao das autarquias. Já as prefeituras, apresentaram o menor nível de atendimento dos três tipos. Os municípios atendidos pela COPASA, caracterizaram-se pela maior hidrometração, menor alocação de pessoal nas atividades operacionais e maior alocação nas atividades administrativas. Por contraste, as famílias que vivem nos municípios sob administração da COPASA têm maior parte da sua renda comprometida, devido às tarifas cobradas pelos serviços. No item consumo de energia a COPASA foi mais eficiente que os demais modelos de gestão avaliados. Em linhas gerais o trabalho conclui que as autarquias e a COPASA prestam um serviço mais universalizado caracterizado pelo amplo nível de atendimento no abastecimento de água tratada para a população. A COPASA, em consonância com o seu caráter de empresa parcialmente privada, apresenta os melhores níveis de eficiência no uso da energia elétrica, menor quantidade de pessoal contratado para execução dos serviços e maiores tarifas. Os departamentos de prefeitura apresentam os piores níveis de desempenho dos três modelos avaliados Sistemas de Qualidade em Companhias de Abastecimento de Água Em face aos atuais problemas de degradação dos recursos hídricos e maiores exigências relativas à qualidade da água tratada e ao aumento do nível de cobertura dos serviços, 86

111 muitas das empresas de saneamento têm optado por adequar seus atuais sistemas aos diversos modelos desenvolvidos em empresas privadas com o objetivo de aumentar a sua eficiência operacional, diminuir custos e aumentar a receita a fim de reformar, ampliar e modernizar os sistemas de tratamento. A qualidade se tornou, nos últimos anos, o grande diferencial das organizações que buscam manter-se competitivas. Para avaliar seu sistema de gestão e alavancar a excelência em seus produtos e serviços, empresas de saneamento estão, cada vez mais, aplicando critérios que visam à organização como um todo. O setor de saneamento brasileiro vem passando por substanciais modificações em suas estruturas funcionais e operacionais. A evolução tecnológica, a globalização e principalmente a privatização levaram o setor a repensar sua forma de condução gerencial (FERREIRA, 2002). Reflexos dessa mudança de paradigma no gerenciamento de companhias de abastecimento de água podem ser exemplificados pela iniciativa da Associação Brasileira em Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) na promoção do Prêmio Nacional de Qualidade em Saneamento (PNQS) e por diversos casos de companhias que estão optando pela implantação de sistemas de gestão de qualidade (SGQ) baseados na ISO A ABES através do seu Comitê Nacional de Qualidade instituiu o PNQS com a finalidade de estimular práticas de gestão compatíveis com tendências internacionais, reconhecendo as organizações que se destacam e promovendo eventos de capacitação gerencial para as organizações envolvidas com o setor de saneamento ambiental no país. A concorrência ao PNQS é dividida em três categorias (I,II e III) com as pontuações respectivas de 250, 500 e 750 pontos. O nível I seria para empresas que tenham implantado um SGQ recentemente, o II para empresas com SGQs de nível intermediário e o III para as que possuem um sistema de gestão avançado. Além destas três, existe uma quarta categoria que é a de Inovação da Gestão em Saneamento (IGS) que avalia uma prática de gestão específica introduzida em determinada empresa e que se destaque servindo como exemplo para as demais empresas do setor de saneamento (PNQS, 2007). 87

112 O PNQS se constitui hoje num importante instrumento de benchmarking para o setor de saneamento, onde as empresas vencedoras nas diversas categorias servem como bom exemplo para as demais companhias. Assim, através de diversos seminários realizados por todo o país e divulgação dos estudos de caso, ocorre a permuta de informações entre as diversas empresas que compõem o setor de saneamento o que contribui para a evolução geral da qualidade nos serviços prestados a população. Outra solução adotada pelas empresas de saneamento têm sido a adoção de sistemas de SGQs baseados na ISO Loenert (2003) analisou os benefícios advindos da implantação de um SGQ, verificando que o investimento em qualidade traz várias vantagens para as empresas do setor de saneamento, principalmente com a redução nos custos de produção, melhor utilização dos recursos disponíveis, redução dos retrabalhos, maior envolvimento dos empregados em relação a qualidade, com redução do percentual de erros e principalmente atendendo as necessidades dos clientes. O mesmo autor indica os principais fatores responsáveis por este aumento de desempenho: padronização de processos, realização de auditorias internas, ações corretivas e preventivas e análise crítica como base para melhoria contínua do sistema. Brevilieri & Cunha (2006) descrevem o processo de implantação do SGQ na Companhia de Saneamento de Diadema (SANED). As principais atividades realizadas foram o mapeamento dos processos através da identificação dos fluxos de entrada e saída e de fatores que intervém neste balanço; disponibilização de recursos; critérios e métodos para assegurar a eficácia dos processos; monitoramento, mensuração e análise dos resultados; e promoção da qualidade contínua. Dentre os principais benefícios advindos da implementação do SGQ, os autores citam a promoção de uma filosofia de trabalho voltada para a gestão por resultados onde os indicadores de qualidade são divulgados mensalmente dentro da empresa. Outro benefício é a conscientização de cada um dos funcionários a respeito da sua própria influência na qualidade dos serviços prestados e como eles podem melhorar o nível de satisfação dos clientes. 88

113 Apesar desses exemplos, a realidade do setor de saneamento no Brasil ainda apresenta grande déficit na área de gestão da qualidade, o que pode ser explicado pela própria história das empresas de saneamento que trabalham sob um regime de concessão que exige a aplicação de tarifas mínimas na cobrança pelos serviços. Consequentemente, os recursos financeiros são escassos, para a maioria das empresas do setor, o que impossibilita o investimento na melhoria do sistema e na sua adequação às novas exigências do mercado consumidor moderno. Um outro fator que pode explicar isso é a ausência de critérios específicos referentes a qualidade na legislação que determina o modo como serão realizadas as concessões de serviços, predominando os requisitos de menor tarifação e valor de oferta pela outorga. Além disso, os contratos para os serviços de saneamento são longos, variando entre 20 a 30 anos o que de certa forma gera um imobilismo das empresas de saneamento que acabam não sendo estimuladas pela concorrência que é um elemento catalisador para a melhora dos serviços prestados. Parsekian (1998) em avaliação feita em onze ETAs do estado de São Paulo retrata bem a situação descrita anteriormente. Em seu trabalho, detectou que o sistema de gerenciamento adotado é voltado unicamente a fim de se organizar operações e processos que produzam água com qualidade que atenda à legislação. No entanto, a autora destaca a importância da existência de um programa de gerenciamento que vise não só produzir água de qualidade do ponto de vista sanitário, mas que organize a produção com menor custo possível através do aumento da eficiência dos processos e controle riscos ambientais e ergonômicos derivados das atividades desenvolvidas nas ETAs Estação de Tratamento de Água (ETA) Tipos de Tratamento de Água Diferentemente de uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) que se utiliza de processos biológicos para tratar o afluente, uma ETA vale-se de métodos de purificação 89

114 baseados em princípios físico-químicos e que podem assumir diversas conformações das mais simples até as mais complexas dependendo, principalmente, da qualidade da água bruta a ser tratada. O conjunto de operações e processos adotados para purificar a água para consumo humano deverá apresentar valores relacionados à eficiência na purificação da água e de baixo custo de implantação e manutenção do tratamento. Richter & Netto (1991) afirmam que para uma ETA ter um desempenho considerado satisfatório, ela deverá apresentar eficiência na potabilização da água, custo módico no seu projeto, operação econômica, ser simples e de fácil operação, apresentar facilidade de reparos e reposição de partes, e ser capaz de atender ao aumento da demanda de água decorrente do crescimento populacional urbano. Montgomery (apud Libânio, 2005, p. 99) considera que a definição da tecnologia a ser empregada no tratamento de água deve-se pautar nas seguintes premissas: características da água bruta; custos de implantação, manutenção e operação; manuseio e confiabilidade dos equipamentos; flexibilidade operacional; localização geográfica e características da comunidade; disposição final do lodo. A resolução CONAMA n o 357, de 17 de março de 2005 separa os tratamentos de água em três tipos: simplificado, convencional e avançado. O primeiro é baseado na clarificação através do processo de filtração e, quando necessárias, a utilização de desinfecção e correção de ph. O segundo método utiliza a coagulação e floculação, seguida de decantação, filtração, desinfecção e correção de ph. O terceiro e último, baseia-se em técnicas de remoção e/ou inativação de constituintes refratários aos processos convencionais de tratamento, os quais podem conferir a água características relacionadas a cor, odor, sabor, atividade tóxica ou patogênica. Exemplos destes tipos de tecnologias avançadas no tratamento de água são a micro e ultrafiltração, osmose reversa, eletrodiálise reversa, eletrodeionização, e POA (processos oxidativos avançados), dentre outras. Libânio (2005) divide as tecnologias de tratamento de água entre as que utilizam ou não a coagulação química. Neste segundo caso, inevitavelmente ocorre o processo de filtração lenta com ou sem unidades de pré-tratamento. Com o emprego da coagulação 90

115 química, as tecnologias de tratamento passam a apresentar, associadas a filtração rápida, variantes básicas dependentes da unidade de decantação precedendo a de filtração. Quando não há unidade de sedimentação, o processo é denominado de filtração direta que se subdivide em filtração direta em linha (ausência de floculação) e filtração direta (com floculação). Coagulação Filtração de escoamento: - Ascendente - Descendente Desinfecção Correção de ph Fluoretação Fonte: Libânio (2005). Figura 12 Fluxograma típico da tecnologia de filtração direta em linha. Coagulação Floculação Filtração de escoamento: - Ascendente - Descendente Desinfecção Correção de ph Fluoretação Fonte: Libânio (2005) Figura 13 Fluxograma típico da tecnologia de filtração direta. Nos casos em que ocorre a unidade de sedimentação o tratamento é denominado convencional ou de ciclo completo. Decantação Coagulação Floculação Filtração de escoamento: - Ascendente - Descendente Desinfecção Correção de ph Flotação Fonte: Libânio (2005) Figura 14 Fluxograma típico da tecnologia de tratamento convencional. Outra classificação que divide as tecnologias de tratamento de água é proposta por Di Bernardo et al (2002). No fluxograma abaixo os autores consideram somente os tratamentos de água que envolvem a coagulação química, sem pré-tratamento. 91

116 Qualidade da água do manancial Coagulação química Floculação Decantação ou flotação Filtração rápida descendente Floculação Flotação Filtração rápida descendente Floculação Filtração rápida descendente Filtração direta ascendente Filtração rápida descendente Tratamento em ciclo completo Flotofiltração Filtração direta descendente Filtração direta ascendente Dupla filtração Fonte: Di Bernardo et al (2002). Figura 15 Tecnologia de tratamento de água quimicamente coagulada com uso da filtração rápida. Ainda que não descritas na figura 15, fazem parte de cada um dos fluxos de tratamento a desinfecção, fluoretação e correção de ph. À seguir são descritas resumidamente cada uma das tecnologias de tratamento: o Tratamento em ciclo completo geralmente a água é coagulada com sais de alumínio ou ferro e posteriormente sofre agitação lenta até que os flocos adquiram massa específica suficiente para que sejam removidos por sedimentação nos decantadores ou por flotação nos flotadores. A água clarificada pelos decantadores ou flotadores é finalmente filtrada por unidades de escoamento descendente, contendo materiais granulares (Ex: cascalho, areia e antracito). o Floto-filtração a água coagulada é direcionada para câmaras de flotação que liberam pequenas bolhas responsáveis por provocar a ascensão dos flocos que irão se agregar na superfície do tanque e serão recolhidos por uma canaleta lateral. A água clarificada é então direcionada para a filtração. o Filtração direta descendente a água coagulada é levada diretamente a um filtro de fluxo descendente. 92

117 o Filtração direta ascendente a água bruta coagulada é introduzida na parte inferior da unidade filtrante que deve possuir fundo e sistema de drenagem apropriados, camada de pedregulho adequada e meio filtrante constituído unicamente de areia. o Dupla filtração neste sistema, associam-se as filtrações ascendente e descendente. Nos dois filtros é utilizado meio filtrante constituído unicamente de areia, com a diferença de que a areia no filtro ascendente possui grãos maiores do que quando se utiliza somente filtração ascendente. Em uma comparação sobre os métodos de tratamento utilizados em todas as cidades do Brasil que recebem água tratada, a PNSB do IBGE constatou que a grande maioria representada pela proporção de 75% utiliza o tratamento do tipo convencional ou de ciclo completo que inclui as etapas de coagulação, floculação, sedimentação, filtração para a clarificação da água, seguida de correção de ph, desinfecção e em alguns casos, fluoretação. Vale observar que esse tipo de tratamento é utilizado para águas de baixa qualidade, onde a simples desinfecção ou um tratamento simples (desinfecção + filtração) não são suficientes. Fonte: Pesquisa Nacional do Saneamento Básico. IBGE (2000). Figura 16 Proporção de água tratada distribuída por dia, por tipo de tratamento utilizado, segundo as grandes regiões. Retirado da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000 realizada pelo IBGE. Outra medida interessante é a proporção de volume de água tratada, por tipo de tratamento, segundo o tamanho populacional dos municípios, onde se observa uma clara correlação. Na PNSB do IBGE, observa-se que quanto maior a população, maior a 93

118 proporção de volume diário de água tratada pelo método convencional. Os municípios com mais de habitantes tratam de forma convencional 85,7% do volume de água distribuído. Já as localidades com menos de habitantes tratam 52,6% do volume de água de forma convencional, o que reflete uma melhor qualidade de água. Grandes municípios, além de uma maior concentração industrial cujos efluentes degradam a qualidade das águas, apresentam uma grande pressão sobre os recursos hídricos locais através de uma maior quantidade de despejo de esgoto sanitário nos mananciais. Fonte: Pesquisa Nacional do Saneamento Básico. IBGE (2000). Figura 17 Proporção de volume diário de água tratada e distribuída, por tipo de tratamento, segundo os estratos populacionais dos municípios. Retirado da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000 realizada pelo IBGE. Conseqüentemente com a diminuição da qualidade da água, ocorre um aumento nos custos de tratamento da água. O gasto com produtos químicos, segundo o Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto 2005 do SNIS, representa entre 3% e 4% do total da receita de despesas de uma companhia de abastecimento de água. Próximo das despesas com pessoal (39%) e energia elétrica (19%), as despesas com produtos químicos podem parecer pequenas, entretanto isso não deixa de ser um ônus importante principalmente se observarmos o crescimento deste tipo de gasto. Em reportagem do Jornal da Folha de São Paulo de 25/07/2004, noticiou-se que os gastos com produtos químicos praticamente dobrou no período de em alguns sistemas que abastecem a 94

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