TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA DIRETORIA DE CONTROLE DE LICITAÇÕES E CONTRATAÇÕES

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1 TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA DIRETORIA DE CONTROLE DE LICITAÇÕES E CONTRATAÇÕES PROCESSO Nº: UNIDADE GESTORA: RESPONSÁVEIS: INTERESSADO: ASSUNTO: RELATÓRIO DE INSTRUÇÃO DESPACHO: TCE-09/ Prefeitura Municipal de Florianópolis Aloysio Machado Filho, Augusto Cezar Hinckel, Beyondpar Assessoria e Marketing Ltda., Dário Elias Berger e Mario Roberto Cavallazzi Palcosul Eventos Ltda Tomada de Contas Especial - Conversão do Processo n. LCC-09/ Inexigibilidade de Licitação n. 385/2009 e Contrato n. 942/2009 (Objeto: Show do Maestro Italiano Andrea Bocelli) DLC - 306/ INTRODUÇÃO Trata-se de Tomada de Contas Especial - Conversão do Processo n. LCC-09/ Inexigibilidade de Licitação n. 385/2009 e Contrato n. 942/2009 (Objeto: Show do Maestro Italiano Andrea Bocelli), previsto para 28/12/2009, em Florianópolis, que não se realizou. Como introdução ao presente Relatório, faz-se necessário rever alguns atos processuais relevantes ao devido prosseguimento da instrução. Lembre-se que esta área técnica já havia elaborado sua sugestão de voto conclusiva, por ocasião da elaboração do Relatório de Reinstrução n DLC 687/2011 (fls a 1808), em 07 de outubro de Sinale-se que a intervenção processual através do pedido de vistas do Exmo. Conselheiro Salomão Ribas Junior culminou na elaboração do Relatório nº 506/2012 (fls a 1896), objetivando, segundo sua lavra, tecer algumas considerações a este Egrégio Plenário. Após abordar a cronologia dos fatos e questões diretamente relacionadas ao caso em questão, o Exmo. Conselheiro concluiu pelo levantamento de questões preliminares, assim relacionadas: 1. À empresa Beyondpar (Beyondpar Assessoria e Marketing Lta. Rua Jerônimo Monteiro, 73 Sala 101 Leblon Rio de Janeiro RJ e/ou Avenida das Américas, 700, Bloco 6, Salas 137 a 139, Bairro Barra da Tijuca, Rio de Janeiro RJ, CEP ) para que apresente comprovação de quanto, efetivamente, havia gasto até então na 1

2 execução do show e quanto há, em caixa, atualmente, para possibilitar o reagendamento da data do show; 2. À empresa Pentagon, situada na Irlanda (Pentagon Music Management Limited 41 Central Chambers, DAme Court, Dublin 2, Ireland), para que esclareça quanto recebeu a título do Show que se realizaria em Florianópolis SC, no dia , e se haveria a possibilidade de reagendar a data; 3. Ao Governo do Estado de Santa Catarina e à Prefeitura Municipal de Florianópolis para que comprove se o Município de Florianópolis devolveu ao Estado de Santa Catarina as outras 9 (nove) parcelas de R$ ,00 (duzentos e cinquenta mil reais); 4. Reexame da responsabilidade de Aloysio Machado Filho. Sinale-se ainda, que por ocasião do Relatório nº 506/2012 (fls a 1896) do Exmo. Conselheiro Salomão Ribas Junior a utilidade das diligências relacionadas nos itens 1 e 2, acima transcritos, tinha como objetivo pelo menos para definir se apenas pagou-se caro demais ou se houve desvio de recursos. Acompanhando, portanto, a sugestão do Exmo. Conselheiro, o Tribunal Pleno lavrou a Decisão nº 4072/2012 (fl ), nos termos então propostos. Decorrido o lapso temporal para atendimento das determinações contidas na Decisão nº 4072/2012 (fls ), retornaram os autos para esta Diretoria de Controle, onde restou lavrado o Relatório de Instrução nº 163/2013 (fls a 1.998), concluído nos seguintes termos: 3. CONCLUSÃO Diante do exposto, a Diretoria de Controle de Licitações e Contratações informa à Exma. Sra. Relatora: 3.1. Que, em relação às atribuições desta área técnica, entende-se como mantida na íntegra a sugestão de voto ao Exmo. Conselheiro Relator, nos termos da Conclusão do Relatório de Reinstrução nº 687/2011 (fls a 1807); 3.2. Que se entende como concretizado o encaminhamento descrito na alínea a do subitem da Decisão nº 4072/2012, informando-se que restou realizada diligência à empresa Beyondpar Assessoria e Marketing Ltda., para que apresentasse a comprovação de quanto, efetivamente, havia gasto até então na execução do show e quanto há, em caixa, atualmente, para possibililitar o reagendamento da data do show (item 2.1 do presente Relatório); 3.3. Que se entende como frustrada a diligência da empresa Pentagon, com sede na Irlanda, em atenção ao encaminhamento descrito na alínea b do item da Decisão nº 4072/2012 (item 2.2 do presente Relatório); 3.4. Que entende como devidamente respondida a diligência contida na alínea c do item da Decisão nº 4072/2012 (item 2.3 do presente Relatório); 3.5. Que procedeu ao reexame da responsabilidade do Sr. Aloysio Machado Filho, frente às restrições que lhes foram imputadas, por ocasião do Relatório de Reinstrução nº 687/2011 (fls a 1807), concluindo pela manutenção integral da responsabilização (item 2.4 do presente relatório); 2

3 Analisadas as preliminares fixadas na Decisão nº 4072/2012 (fl e verso), SUBMETE-SE o presente processo à Exma. Auditora Relatora, para as providências que entender necessárias. É o Relatório. Antes do pronunciamento pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, restou apresentado pela empresa Beyondpar Assessoria e Marketing Ltda. esclarecimento acerca da ausência da devida ciência à empresa sobre a Decisão nº 4072/2012 (fls a 1.962), de 22/08/2012, que propôs a Diligência à empresa Beyondpar para que apresentasse a comprovação de quanto, efetivamente, havia gasto até então na execução do show e quanto há, em caixa, atualmente, para possibilitar o reagendamento do show, nos termos da alínea a item daquela decisão. Considerando a lacuna processual aventada pela referida empresa, a Exma. Relatora Sabrina Nunes Iocken despachou incidentalmente ao requerimento, concedendo o prazo de 30 (trinta) dias para manifestação. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas manifestou-se, por sua vez, pela remessa dos autos à Diretoria de Controle de Licitações e Contratações DLC, para continuação da instrução processual (fls e 2.003). Usufruindo, portanto, do prazo novamente concedido, a empresa Beyondpar Assessoria e Marketing Ltda. juntou seus esclarecimentos (fls e 2005), bem como a documentação aludida na Decisão nº 4072/2012 (fls a 2.132). Através de despacho, a Exma. Relatora determinou o retorno dos autos a esta Diretoria, para que fosse verificado se o conteúdo das novas informações e documentos interfere nas conclusões dos relatórios técnicos já emitidos. Antes que os autos efetivamente retornassem a esta Diretoria, restou colacionada aos autos manifestação do Sr. Mário Roberto Cavallazzi (fls a 2.137), Secretário Municipal de Turismo à época, bem como juntada documentação pertinente (fls a 2.155). Diante, portanto, das manifestações da empresa Beyondpar e do Sr. Mário Roberto Cavallazzi, e considerando a determinação da Exma. Auditora para análise dos documentos então aportados aos autos, passa-se à análise. 3

4 2. ANÁLISE Diante do contexto em que os autos retornaram a esta Diretoria de Controle, conclui-se que a presente análise deva recair, essencialmente, sobre os seguintes aspectos: a) Verificação sobre o conteúdo das novas informações e documentos juntados aos autos, sendo então avaliado se os mesmos interferem nas conclusões dos relatórios técnicos já emitidos, conforme sugestão da Exma. Relatora; b) Atendimento à determinação contida na alínea a item da Decisão nº 4072/2012 (fls ), que propôs a Diligência à empresa Beyondpar para que apresentasse a comprovação de quanto, efetivamente, havia gasto até então na execução do show e quanto há, em caixa, atualmente, para possibilitar o reagendamento do show Da justificativa e documentação apresentada pela empresa Beyondpar Assessoria e Marketing Ltda. (fls a 2.131), e da verificação de atendimento à determinação contida na alínea a item da Decisão nº 4072/2012 (fls ): Sanando a lacuna identificada por ocasião da elaboração do Relatório DLC nº 163/2013, já que não haviam sido apresentados quaisquer documentos e/ou justificativas pela empresa Beyondpar em atendimento à Decisão nº 4072/2012, a empresa colacionou aos autos suas justificativas (fls e 2.005), bem como vasta documentação comprobatória de suas despesas (fls a 2.132). Em suas justificativas sustentou, sucintamente, que gastou R$ ,54 (dois milhões quinhentos e quarenta e cinco mil, cento e noventa reais e cinquenta e quatro centavos) no cumprimento das atividades concernentes ao evento, tais como: transporte do artista e de sua equipe, hospedagem, seguro, remuneração do empresário exclusivo, projeto visual, dentre outras. 4

5 2160. Sinalizou que as despesas correspondem a 84% (oitenta e quatro por cento) do total do valor por ela estimado, e contratado, ou seja, R$ ,00 (três milhões de reais). Ressaltou que do valor despendido, U$ ,00 (duzentos mil dólares) restaram depositados em favor do Maestro Andréa Bocelli, conforme confissão do próprio artista. Afirmou ainda que todos os impostos incidentes foram devidamente recolhidos e, ao final, postulou o acolhimento de seus argumentos, especialmente no que concerne à inocorrência do enriquecimento ilícito da empresa contratada. Compulsando-se a documentação apresentada (fls a 2.132), verificam-se indícios de correlação entre as despesas realizadas e o evento objeto da Inexigibilidade de Licitação nº 385/2009, objeto da presente demanda. Entretanto, a documentação apresentada não permite aferir com precisão sobre o que foi efetivamente gasto com as despesas de pré-evento pela empresa Beyondpar, relacionadas diretamente ao evento contratado Show com o maestro Italiano Andréa Bocelli. Ainda que se possa aventar a possibilidade de afastamento da responsabilidade solidária da empresa Beyondpar ao pagamento do valor integral do débito apurado, ou seja, R$ ,00, a documentação ora acostada pela empresa (fls a 2.132), não permite tal isenção. Ademais, cabe salientar que a documentação ora colacionada já integrava os presentes autos, somada ainda a outros documentos probatórios, por ocasião da juntada dos documentos que integram a Ação Civil Pública nº ( ) (fls. 585 a 1.669) e, pelo que se infere de tal processo, mesmo diante das provas acostadas, o juiz de Direito da Unidade da Fazenda Pública da Comarca da Capital Luiz Antônio Zanini Fornerolli, não só decidiu pela imputação de responsabilidade à empresa Beyondpar, bem como determinou a indisponibilidade dos bens da empresa, como forma de garantia até o limite efetivo do dano, apurado em R$ ,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). Sendo assim, no que se refere à alçada desta Corte de Contas e extensão probatória contida nos autos, não se encontram elementos suficientes ao afastamento da responsabilidade atribuída à empresa Beyondpar, já que, ainda que haja verossimilhança nas alegações e possível correlação dos 5

6 documentos com despesas relacionadas ao evento contratado, não restou demonstrada qualquer contrapartida dos supostos beneficiários dos recursos transferidos via Transferências Financeiras para o exterior (fls a 2019), bem como vinculação dos beneficiários das passagens aéreas e diárias na rede hoteleira (fls a e a 2.119) com o evento em questão. Ainda, não resta comprovada a real contratação e desembolso de valores com a suposta seguradora (fls e 2.069); bem como a vinculação entre as despesas realizadas com serviços de assessoria jurídica (fls ) e o evento então contratado Das justificativas e documentação apresentadas pelo Sr. Mário Roberto Cavallazzi (fls a 2.137): Mesmo já tendo exercido o devido direito ao contraditório e à ampla defesa, o Sr. Mário Roberto Cavallazzi apresentou novas justificativas, que permeiam os fatos analisados no presente processo. Inicialmente asseverou que o cancelamento do show foi promovido pelo Procurador Geral do município, mediante notificação extrajudicial enviada a empresa Beyoncomm, e que à época não mais compunha a estrutura da Prefeitura Municipal de Florianópolis. Informa que apenas foi subscritor de um ofício requerendo a suspensão do evento e solicitando a prorrogação do espetáculo para outra data, sustentando, entretanto, que a determinação partiu do chefe do poder executivo à época, ou seja, de Dário Elias Berger então Prefeito Municipal. Em relação à exclusividade da empresa Beyondcomm, sustentou que a mesma detinha a exclusividade, reiterando que somente através da empresa Pentagon se estabelece contato com o Maestro Andrea Bocelli. Sobre este aspecto, conclui que a escolha pelo Maestro partiu de iniciativa do governo estadual, e que o procedimento de inexigibilidade de licitação era o único correto e viável para se estabelecer a contratação. Em relação aos contratos firmados, informa que os procedimentos seguiram a forma e o trâmite de tantas outras contratações de artistas, e que questões financeiras entre a intermediadora e o Maestro, transcendem a competência da Prefeitura Municipal de Florianópolis. 6

7 2161. Referiu-se ao depoimento do Maestro Andrea Bocelli, no final do ano de 2012, inclusive sustentando ter anexado aos autos a tradução juramentada, onde o Tenor, explicitamente, diz que recebeu 200 mil dólares diretamente, que sua empresa e agenciadora Pentagon recebeu 50 mil dólares, que as empresas responsáveis pelo técnicos e locação do jato receberam e que sabe que a empresa local executora do show pagou as despesas locais para realização do evento. No que tange aos pagamentos dos contratos, asseverou que a empresa Beyondcomm apresentou documentos que comprovam o pagamento dos contratos, afirmando que todos foram feitos pelo BACEN, com o devido detalhamento; assim, sustentou não entender o que fundamenta os questionamentos sobre o destino dos recursos, afirmando que o evento foi pago. Por fim, em relação à realização do show, sustentou que a empresa Beyondcomm ainda estava diligenciando uma nova data para prorrogação do espetáculo, e que o Tenor Andrea Bocelli honraria o contrato, mas o Prefeito à época cancelou o show e não mais tentou realizá-lo. Passa-se à análise. No que se refere a responsabilidade direta pelo cancelamento do show, cabe salientar que a conclusão pela atribuição da responsabilidade solidária, decorre do conjunto de ações que culminaram no cancelamento do show, e consequente inexecução do contrato, bem como do ônus decorrente das funções então exercidas. Dentre elas a ação do Sr. Mário Roberto Cavallazzi, que conforme próprio testemunho foi subscritor de um ofício requerendo a suspensão do evento, bem como à época exercia o cargo de Secretario de Turismo, Cultura e Esportes do Município de Florianópolis, ou seja, diretamente responsável pela contratação, conforme documentação juntada aos autos (subscritor do ato de Inexigibilidade - fls. 07 a 55; subscritor do contrato - fls. 98 a 103; entre outros atos). Quanto à suposta controvérsia sobre a exclusividade da empresa Beyondcomm, bem como da empresa Pentagon, entende-se que a matéria não restou arrolada como irregularidade pela Diretoria Técnica, por ocasião de suas intervenções processuais, assim como a escolha pela Inexigibilidade de Licitação, 7

8 de forma que a análise de mérito sobre estes aspectos mostra-se irrelevante neste momento. Em relação à suposta confissão do Maestro Andrea Bocelli do recebimento da quantia de U$ ,00 (duzentos mil dólares) diretamente, e da declaração de que sua empresa e agenciadora Pentagon recebeu U$50.000,00 (cinquenta mil dólares), bem como sobre a existência de outras despesas supostamente relacionadas com o evento, tais fatos não têm o condão de eximir a responsabilidade dos gestores pela inexecução do contrato. Por outro lado, assim como abordado no presente relatório, diante da documentação apresentada pela empresa Beyonpar, no que se refere à alçada desta Corte de Contas e extensão probatória contida nos autos, não se encontram elementos suficientes ao afastamento da responsabilidade atribuída à empresa Beyondpar, já que, ainda que haja verossimilhança nas alegações e possível correlação dos documentos com despesas relacionadas ao evento contratado, não restou demonstrada qualquer contrapartida dos supostos beneficiários dos recursos transferidos via Transferências Financeiras para o exterior (fls a 2019), bem como vinculação dos beneficiários das passagens aéreas e diárias na rede hoteleira (fls a e a 2.119), com o evento em questão. 3. CONCLUSÃO Considerando a manifestação da empresa Beyondpar Assessoria e Marketing Ltda. (fls e 2005), bem como a juntada de documentação (fls a 2.132); Considerando a manifestação do Sr. Mário Roberto Cavallazzzi (fls a 2.137), Secretário Municipal de Turismo, à época, bem como juntada documentação pertinente (fls a 2.155); Considerando o despacho da Exma. Auditora Sabrina Nunes Iocken (fls ) que determinou o retorno dos autos à DLC para verificar se o conteúdo das novas informações e documentos interferem nas conclusões dos relatórios técnicos já emitidos; 8

9 2162. Diante do exposto, a Diretoria de Controle de Licitações e Contratações informa à Exmo. Sra. Relatora: 3.1. Que as novas informações e documentos não interferem nas conclusões dos relatórios técnicos já emitidos, que devem ser mantidos na integralidade, dentre os quais se destacam o Relatório nº 687/2011 (fls a 1.808), que contém a sugestão de decisão definitiva ao Egrégio Plenário; e o Relatório nº 163/2013 (fls a 1.998), que se propôs ao saneamento de questões preliminares É o Relatório. Diretoria de Controle de Licitações e Contratações, em 07 de junho de GUSTAVO PICCOLI PFITSCHER AUDITOR FISCAL DE CONTROLE EXTERNO De acordo: ANTONIO CARLOS BOSCARDIN FILHO CHEFE DA DIVISÃO DENISE REGINA STRUECKER COORDENADORA FLAVIA LETICIA FERNANDES BAESSO MARTINS DIRETORA 9