SEQUENCIA DIDÁTICA INTERATIVA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES Maria Marly de Oliveira Editora Vozes, Quinto capitulo (p.
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- Nicolas Soares Azenha
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1 SEQUENCIA DIDÁTICA INTERATIVA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES Maria Marly de Oliveira Editora Vozes, 2013 Quinto capitulo (p.192) O ENSINO DE CIÊNCIAS NO PROJETO CHAPÉU DE PALHA POR MEIO DA UTILIZAÇÃO DE CÍRCULOS DE CULTURA Ana Rita Franco Rêgo 1 INTRODUÇÃO O Projeto Chapéu de Palha foi criado no Estado de Pernambuco pelo seu exgovernador Miguel Arraes, com o objetivo de atender, durante a entressafra da cana de açúcar, os trabalhadores rurais e suas famílias. Inicialmente, este projeto foi desenvolvido para atendendo aos trabalhadores na zona da mata norte e sul do Estado. Em 18 de abril de 2007, o então governador Eduardo Campos, resgatou o Chapéu de Palha através do Decreto Governamental nº , e pela Lei de 12 de junho de 2007 regulamentou o Programa Chapéu de Palha atendendo não só os trabalhadores da cana-de-açúcar na zona da mata como também a partir de 2009 os trabalhadores da fruticultura irrigada do sertão pernambucano. Com esse Decreto, o Programa Chapéu de Palha passa a ser desenvolvido anualmente sob a coordenação da Secretaria de Planejamento e Gestão, que realiza um trabalho articulado junto às Secretarias Estaduais, como a Secretaria de Educação, Agricultura e Reforma Agrária, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Saúde, Desenvolvimento Econômico, Mulher, Trabalho, Empreendedorismo e Qualificação, Casa Civil e da Procuradoria Geral do Estado. Os trabalhadores cadastrados no Programa recebem o pagamento de um beneficio por 1 Mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela UFRPE. Professora da Rede Estadual de Educação de Pernambuco.
2 participarem de atividades diversas como reflorestamento, emissão de documentos, atividades culturais e de saúde além da consolidação da alfabetização. Nesse contexto, a Secretaria de Educação através dos Círculos de Cultura desenvolve um trabalho que busca consolidar a alfabetização a partir de temas geradores do dia a dia dos canavieiros, problematizando a prática social e a cultura inserida nas comunidades. Sendo assim, e considerando que a Ciência deve ser estudada, na contemporaneidade, situada em seu contexto histórico, social, político e cultural, reconhecemos a dialogicidade que os Círculos de Cultura proporcionam com um espaço ideal para refletir com os trabalhadores da cana-de-açúcar, o saber que eles adquiriram ao logo da vida e fundamentar este saber cientificamente. Nessa perspectiva e de acordo com Cachapuz, (2004) reconhecemos que no ensino de Ciências é importante as problemáticas estudadas apresentarem a marca da contemporaneidade, visto que Educação em Ciência para a cidadania tem de prever o estudo de problemas atuais relacionando os conteúdos com o contexto dos educandos. O objetivo maior é promover uma melhor compreensão dos conteúdos relacionados com a vida dos educandos, levando em consideração que nos ensina Freire quanto à realização de Círculos de Cultura, informando ser esta técnica é o lugar em que o encontro de homens que não são nem ignorantes nem sábios absolutos, mas que em comunhão buscam saber e compreender e compartilhar temas relacionados com a vida. No Projeto Chapéu de Palha/PE, os Círculos de Cultura apresentam como objetivo, possibilitar a partir do diálogo, da troca de experiências, do respeito, da leitura e releitura do mundo, a compreensão do ensino de Ciências como instrumento que possibilitará ao aprendente estabelecer conexões entre os saberes adquiridos ao longo da vida e os conceitos científicos. Os professores mediadores nos Círculos de Cultura, em momentos de formação continuada refletiram o sentido freireano de ler o mundo, aquele que nos humaniza, nos religa ao outro e ao universo, valorizando a leitura de mundo que os canavieiros transportavam para esses círculos, possibilitando a inventividade por exigir a criação da trama textual como expressão histórica e social que muda a face do mundo, desfazendo certezas e instaurando novos modos de perceber o real (RÊGO e AZEVEDO, 2009). E dessa forma, no diálogo dos círculos foi possível promover a compreensão sobre a realidade em sua volta na expectativa de melhorar a vida de todos, a partir da necessidade em integrar os trabalhadores rurais às necessidades de uma sociedade democrática, plural, participativa, solidária e integradora, educando para a vida, na busca da superação das desigualdades sociais.
3 O QUE É O PROGRAMA CHAPÉU DE PALHA? O Chapéu de Palha foi criado pelo ex-governador Miguel Arraes com o objetivo da atender a família de canavieiros durante a entressafra da cana de açúcar. E, através de Decreto Governamental nº , de 18 de abril de 2007 e regulamentado pela Lei de 12 de junho de 2007, o estado de Pernambuco resgatou e passou a desenvolver anualmente na zona da mata canavieira de Pernambuco, o Projeto Chapéu de Palha com o mesmo objetivo inicial de atender aos canavieiros no período da entressafra. Em 2007, o Programa atendeu trabalhadores da agricultura da cana de açúcar. Em 2008, teve ações desenvolvidas no período de julho a setembro, por meio da implementação de 304 Círculos de Educação e Cultura implantados em 52 municípios da Zona da Mata e parte da Região Metropolitana, atendendo educandos. Em 2009, apresentou-se em duas versões: Cana de Açúcar - Zona da Mata e parte da Região Metropolitana mil inscritos; envolveu 52 municípios e Fruticultura Irrigada Sertão - criado pela Lei de 08 de maio de 2009 atendeu inscritos e envolveu 07 municípios. Em 2010 atendeu a trabalhadores da Fruticultura Irrigada e na Zona da Mata. Para a Secretaria de Educação, o principal objetivo do Projeto Chapéu de Palha é atender, no período da entressafra, jovens e adultos trabalhadores inseridos em atividades da agricultura da cana de açúcar e da fruticultura irrigada. Esse objetivo visa consolidar processos de alfabetização, letramento e elevação do nível de escolaridade, possibilitando aos trabalhadores, o pleno exercício de cidadania e a sua maior inserção no mercado de trabalho. (SECRETARIA DE EDUCAÇÃO/PE, 2010). Em 2010, 52 municípios foram atendidos pelo Programa que desenvolve através da Secretaria de Educação, a partir da implantação dos Círculos de Educação e Cultura, ações que visam consolidar a alfabetização, bem como também por parte de outras secretarias ações como: recuperação da mata ciliar, plantio de mudas retirada de documentos pessoais, cursos de capacitação (homens e mulheres), entre outros. Estes círculos acontecem em espaços cedidos por escolas, sindicatos, associações de moradores, clubes, etc. O QUE SÃO OS CÍRCULOS DE CULTURA?
4 São espaços que permitem o debate em grupo de questões relacionadas à cultura, cidadania, trabalho e outros, buscando ora o aclaramento de situações, ora em busca de ação mesma, decorrente do aclaramento das situações (FREIRE, 1974). Estes círculos surgiram no Recife, em maio de 1961, através do Movimento de Cultura Popular MCP, apresentando uma proposta político-pedagógica de democratização e de cultura (SECRETARIA DE EDUCAÇÃO/PE, 2010), representando um marco para o Recife e com sede no Sitio da Trindade. Rosas (1980), ao expressar-se sobre o MCP afirma: Movimento de Cultura Popular pretendeu vir a ser, no Recife, uma universidade popular, onde o saber seria construído a partir de um intercâmbio dinâmico entre forças complementares: intelectuais, estudantes, povo. As divergências ideológicas de seus componentes, inclusive de seus fundadores, eram encaradas como um desafio à parte e como uma oportunidade de reflexão sobre propostas antagônicas, porque originadas de diferentes filosofias do homem. Tudo isso levava a impasses por vezes quase intransponíveis. Mas, levava igualmente a uma constante elaboração intelectual e a um exercício fecundo de amadurecimento pessoal. De acordo com o pensamento de Rosas (1980), podemos constatar que o MCP congregou uma grande riqueza intelectual da qual destacamos a importância dos objetivos educacionais voltados a uma camada da sociedade que estava à margem do desenvolvimento social e humano. Buscando atender seus objetivos, o MCP no art. 1º de seu Estatuto diz: Promover e incentivar, com a ajuda de particulares e dos poderes públicos, a educação de crianças e adultos; Atender ao objetivo fundamental da educação que é o de desenvolver plenamente todas as virtualidades do ser humano, através de educação integral de base comunitária, que assegure, também, de acordo com a Constituição, o ensino religioso facultativo; Proporcionar a elevação do nível cultural do povo, preparando-o para a vida e para o trabalho;
5 Colaborar para a melhoria do nível material do povo, através de educação especializada; Formar quadros destinados a interpretar, sistematizar e transmitir os múltiplos aspectos da cultura popular ( ROSAS,1980). Diante da abertura para o diálogo que o MCP proporcionava, os Círculos de Cultura passaram a acontecer em todas as turmas. Em vez de colocar as pessoas em fila, as pessoas ficam sentadas uma ao lado da outra. As mulheres e os homens que iam aprender a ler começavam conversando sobre a vida delas, sobre o trabalho de todos os dias, sobre a maneira de ser e de se viver naquele lugar, o Professor Paulo Freire chamava esses encontros de Circulo de Cultura. Sendo assim, na perspectiva freireana de Círculo de Cultura, acreditamos ser possível aos participantes, no diálogo desses círculos, refletirem conteúdos de ciência relacionados ao universo dos trabalhadores da cana-de-açúcar, de maneira que eles compartilhem seus saberes com respeito ao outro, construindo um conhecimento verdadeiramente significativo que possibilite intervir no ambiente que estão inseridos. No dialogo dos Círculos de Cultura os canavieiros têm a liberdade de expressar seus sentimentos, compartilhar seus conhecimentos e dúvidas, buscando compreender o mundo a partir da releitura dos conteúdos que muitas vezes estavam separados do científico. Essa é a grandeza dos Círculos de Educação e Cultura no Projeto Chapéu de Palha: permitir aos canavieiros trilhar caminhos de aprendizagem para que se empoderassem de sua própria dignidade (BATISTA et al, 2007). Com este pensamento a Secretaria de Educação de PE, proporcionou, a partir da formação continuada aos atores sociais mediadores dos Circulos de Educação e Cultura, a oportunidade de debater a inserção dos conteúdos científicos no contexto social, bem como as suas inter-relações econômicas, ambientais, culturais, etc, conforme discutem Santos e Mortimer (1999). Fundamentados ainda na constatação de Cachapuz, Praia e Jorge (2004) que enfatiza a importância das problemáticas estudadas terem a marca da contemporaneidade, os professores como atores sociais mediadores do diálogo nesses círculos, possibilitariam nesses espaços a inserção social, solidária e o partilhar de experiências culturais (SANTIAGO, 2007) dos trabalhadores rurais canavieiros.
6 O ENSINO DE CIÊNCIAS NA CONTEMPORANEIDADE Quando os alunos vêm, é claro, eles trazem com eles, dentro deles, em seu corpo, em suas vidas, eles trazem suas esperanças, desespero, expectativas, conhecimento, que obtiveram vivendo, lutando ou se frustrando. Não há dúvida de que eles não vêm até aqui de mãos vazias. Chegam carregados de coisas. Na maioria dos casos, trazem consigo seu conhecimento em nível de senso comum e têm o direito de ir além desse nível de conhecimento (FREIRE, 2003, p.158). Como afirmou Freire (2003), os alunos canavieiros trazem ao debate dos Círculos as suas leituras de mundo, leituras estas que na maioria das vezes retrata o conhecimento do senso comum. Sendo assim, Cachapuz, Praia e Jorge (2002) ao afirmarem que o ensino de Ciências deve proporcionar uma aprendizagem voltada para ações relacionadas ao dia-a-dia dos aprendentes, fundamentam o pensamento de Rêgo (2009) ao assinalar em sua pesquisa que nem todos os cidadãos têm a intenção de aprofundar seus estudos de Ciências, mas todos estão inseridos em uma sociedade. E por assim ser, os canavieiros exercendo seu direito de cidadãos no dialogo dos círculos, tem a oportunidade de relacionar o conhecimento do senso comum ao conhecimento cientifico. Nesse sentido, os trabalhadores da cana-de-açúcar ao exercerem o direito de se fazer ouvir no debate dos Círculos de Educação e Cultura e considerando que a possibilidade apontada por Freire (2003) de que o pensamento do senso comum deve ser elevado ao conhecimento cientifico, vale salientar que aos atores sociais que ao mediarem o diálogo nos Círculos de Educação e Cultura não basta reconhecer as dificuldades dos aprendentes, mas sim buscar a conexão dos saberes, refletindo e compartilhando com os demais essas experiências. Nessa direção, os Círculos de Educação e Cultura são vistos como um ambiente favorável a estes momentos de construção partilhada do conhecimento. DESENHO METODOLÓGICO Ao propor avaliar a importância do desenvolvimento de conteúdos relacionados ao ensino de ciências, atribuída por alguns atores sociais mediadores dos Círculos de
7 Educação e Cultura do Programa Chapéu de Palha/PE, encontramos na Seqüência Didática Interativa SDI uma ferramenta didática que permite essa avaliação. A Sequência Didática Interativa (SDI) por ser uma técnica de trabalho em grupo que permite desenvolver um determinado tema/palavra chave segundo Oliveira(2010), foi utilizada nesta pesquisa com o objetivo de sistematizar o que dizem os atores sociais mediadores dos Círculos, no que se refere ao reconhecimento da importância em abordar conteúdos relacionados ao ensino de ciências. Desenvolvemos a SDI em um momento de formação continuada com 09 professores mediadores, realizando as seguintes etapas: 1º Os professores, denominados aqui por: P 1, P 2, P 3, P 4, P 5, P 6, P 7, P 8, P 9, responderam em uma ficha os seguintes questionamentos: O que entendem por Círculo de Cultura; Qual a importância atribuída ao ensino de ciências trabalhado nos círculos de educação e cultura? 2º Formamos 03 grupos com 03 professores cada: o G 1 com os professores P 1, P 2, P 3, o G 2 com os professores P 4, P 5, P 6 e o G 3 com os professores P 7, P 8, P 9. Esses grupos sistematizaram as repostas e elegeram cada um seu representante R 1, R 2 e R 3. 3º Os representantes, R 1, R 2 e R 3, formaram um novo grupo, o SP sistematizaram e elaboraram uma síntese/produto das duas questões. A síntese/produto das respostas foi apresentada ao grande grupo com possibilidade de alterações caso alguém não se sentisse totalmente contemplado. Após o debate, chegamos a uma definição de como esses atores compreendem o Círculo de Educação e Cultura e a importância que eles atribuem ao Ensino de Ciências nos Círculos. RESULTADOS E DISCUSSÃO
8 Ao propormos, por meio de uma SDI, refletir o entendimento que os professores demonstram de Círculo de Educação e Cultura e a importância por eles atribuída ao desenvolvimento de conteúdos de ciência nesses Círculos, definimos pela realização de um trabalho de caráter qualitativo. Esse tipo de trabalho, de acordo com Gaskell (2002), tem a finalidade real da exploração das mais diversas representações de opiniões referentes a um determinado tema. Ao analisarmos síntese/produto do primeiro questionamento da SDI, que propõem saber o que os atores sociais entendem por Círculo de e Cultura, observamos que eles definem os Círculos de Cultura como: Uma excelente oportunidade de fazer circular o conhecimento, as experiências, as impressões e as emoções/sentimentos individuais e coletivos acerca de tudo; [...] ensinando e aprendendo muito mais com cada um dos alunos [...];mergulhando no mundo do conhecimento e descobertas com todos os saberes que eles já possuem. Com a compreensão na visão freireana, os atores sociais mediadores dos Círculos demonstram, que estão em consonância com o pensamento de Brandão (2005) quando ele afirma que: [...] Assim, as pessoas iam pouco a pouco aprendendo e reaprendendo a ler o mundo. Iam descobrindo o que já sabiam e o que não sabiam ainda, para entender melhor como o nosso mundo é como ele poderia ser [...] (p. 69) O autor, ao se reportar aos Círculos de Cultua como um ambiente de possibilidades constantes, revela que é possível através das leituras de mundo que os canavieiros trazem ao debate, direcionar a releituras a partir do conhecimento cientifico presente nos conteúdos de ciências abordados no debate. Analisando síntese/produto SP, que questiona qual a importância atribuída ao Ensino de Ciências trabalhado nos Círculos de Educação e Cultura, os atores sociais revelam reconhecer a importância do Ensino de Ciências ao proporcionar uma aprendizagem voltada para ações relacionadas ao dia-a-dia dos aprendentes. Os atores sociais mediadores afirmam que:
9 O cidadão precisa ver o mundo de uma forma mais ampla, além do mundo que ele vive pois ele precisa conhecer as coisas dentro da realidade do mundo, sendo capaz de falar e pensar, relacionando os conteúdos poderá compreender a realidade que o cerca. Esse pensamento revela uma aceitação da proposta apresentada pela Secretaria de Educação em trabalhar conteúdos de ciências, na intenção de contribuir para a formação de um novo ser humano para uma nova sociedade, com uma visão de mundo que o leve a participar criticamente e efetivamente a intervir para a melhoria do ambiente em que vivem. Esses aspectos destacados na síntese/produto da SDI vão ao encontro tanto do pensamento freireano como ao direcionamento apontado pelo Ensino de Ciências contemporâneo, pois reconhece que é possível contribuir para a formação de cidadãos autônomos, solidários, com auto-estima elevada, reflexivos e críticos, capazes de intervir e transformar a realidade com respeito à individualidade de cada um, livre de preconceito, com liberdade de expressão e diálogo. O entendimento desses atores sociais do verdadeiro sentido dos Círculos de Educação e Cultura, na forma como surgiram no Movimento de Cultura Popular, possibilita o dialogo e nesse sentido a possibilidade de transformar o entendimento de senso comum dos conteúdos de ciências em conhecimento científico. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nossa intenção com este trabalho surgiu a partir do trabalho que desenvolvemos na formação continuada com os professores mediadores dos Círculos de Educação e Cultura no Programa Chapéu de Palha/PE. O nosso objetivo foi conhecer dois aspectos relacionados à compreensão dos atores sociais: 1- Como esses atores sociais compreendem o Círculo de Cultura e 2- Se eles reconheciam a importância de trabalhar nos círculos conteúdos do Ensino de Ciências. Para realizar a análise das respostas aos questionamentos propostos, utilizamos o procedimento de uma Sequência Didática Interativa SDI, aplicada durante a etapa da Formação Continuada dos professores mediadores dos Círculos de Educação e Cultua do Programa Chapéu de Palha/PE. Não encontramos na literatura nenhuma utilização de uma SDI em processo de formação continuada de
10 professores. Portanto, empregar esse instrumento em etapa de formação continuada foi um desafio gratificante, pois possibilitou a integração entre os atores sociais participantes bem como uma real análise do verdadeiro entendimento deles a respeito dos questionamentos. No que se refere ao primeiro aspecto observado e considerando que os Círculos de Educação e Cultura compreendem um espaço que torna possíveis encontros, diálogos e reflexão da realidade histórica e social, reconhecemos que a importância atribuída por nós é a mesma que os atores sociais demonstram e está em consonância com o pensamento freireano. Em relação ao segundo aspecto, nosso pensamento também se aproxima do que pensam os atores sociais. Eles destacam que o debate de conteúdos relacionados ao Ensino de Ciências nos Círculos são importantes, pois permite a renovação e troca de experiências, estudos para aprofundar conhecimentos e saberes e a utilização desses saberes no ambiente em que estão inseridos. Sendo assim, podemos considerar que os Círculos de Educação e Cultura no Projeto Chapéu de Palha/PE, promovem não apenas uma leitura de mundo mais ampla e complexa, mas também possibilita relações solidárias entre todos os envolvidos na experiência. REFERENCIAS BAUER, M. W.; GASKELL. G. (Ed.). Pesquisa qualitativa com texto, Imagem e som. Trad. Pedrinho A. Guareschi. Petropólis-RJ: Vozes, BATISTA, Clara; CAVALCANTE, Janaina; UYTDENBROEK,, Xavier.. O círculo de cultura: questões pedagógicas, políticas, epistemológicas e didáticas. In: Revista de Educação - AEC, Brasília: v. 36, n. 143, BRANDÂO, Carlos Rodrigues. Paulo Freire: o menino que lia o mundo. São Paulo. Editora UNESP, 2005.
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