RECURSO ESPECIAL Nº RJ (2003/ )

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1 RECURSO ESPECIAL Nº RJ (2003/ ) RELATOR RECORRENTE RECORRIDO : MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO : AUTO VIAÇÃO 1001 LTDA : VICTOR SILVA COURI E OUTROS : MARIA JOSÉ CLER DA SILVA : ALESSANDRO SANTOS PINTO E OUTRO EMENTA Transporte coletivo. Assalto à mão armada no interior do ônibus. Precedente da Segunda Seção. 1. A Segunda Seção já assentou ser excludente da responsabilidade da empresa transportadora o fato inteiramente estranho ao transporte em si, como é o assalto ocorrido no interior do coletivo (REsp nº /RJ, Relator o Ministro Barros Monteiro, DJ de 12/5/03, Segunda Seção). 2. Recurso especial conhecido e provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conhecer do recurso especial e dar-lhe provimento. Os Srs. Ministros Nancy Andrighi e Castro Filho votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausentes, ocasionalmente, os Srs. Ministros Antônio de Pádua Ribeiro e Humberto Gomes de Barros. Brasília (DF), 7 de dezembro de 2004 (data do julgamento). MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site Certificado- DJ: 18/04/2005 Página 1 de 6

2 RECURSO ESPECIAL Nº RJ (2003/ ) RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO: Auto Viação 1001 Ltda. interpõe recurso especial com fundamento na alínea "a" do permissivo constitucional, contra acórdão da Décima Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, assim ementado: "RESPONSABILIDADE CIVIL - TRANSPORTE INTERESTADUAL DE PASSAGEIROS - COLETIVO - ROUBO PRATICADO POR INDIVÍDUOS QUE INGRESSARAM NO ÔNIBUS NA CONDIÇÃO DE PASSAGEIROS - FORTUITO INTERNO EVIDENCIADO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA QUE REMANESCE INCÓLUME - PRELIMINAR DE NULIDADE RECHAÇADA ANTE A DESINFLUÊNCIA DA PROVA ORAL, AFASTADO O CERCEAMENTO DE DEFESA - DESPROVIMENTO DO APELO" (fl. 204). Argúi a recorrente violação dos artigos 14, 3º, inciso II, da Lei nº 8.078/90 e 1.058, parágrafo único, do Código Civil de 1916 aduzindo que "o evento ocorrido com a recorrida além de não estar relacionado com a execução do transporte em si, não pode ser evitado pela recorrente, visto que o dever de proporcionar segurança ostensiva e repressiva contra eventos desta natureza, não se inclui no contrato de transporte" (fl. 212). Sustenta que está caracterizado "o caso fortuito externo, defendido em todas as etapas processuais, uma vez que o fato de um roubo à mão armada é totalmente estranho ao negócio, configurando-se fato imprevisível, inevitável, irresistível e indefensável" (fl. 219). Aponta dissídio jurisprudencial, trazendo à colação julgados, também, desta Corte. Contra-arrazoado (fls. 265 a 278), o recurso especial (fls. 209 a 221) foi admitido (fls. 280 a 285). Houve recurso extraordinário (fls. 225 a 243), não admitido (fls. 280 a Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site Certificado- DJ: 18/04/2005 Página 2 de 6

3 285), decisão contra a qual não foi interposto agravo de instrumento (fl. 286/verso). É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site Certificado- DJ: 18/04/2005 Página 3 de 6

4 RECURSO ESPECIAL Nº RJ (2003/ ) EMENTA Transporte coletivo. Assalto à mão armada no interior do ônibus. Precedente da Segunda Seção. 1. A Segunda Seção já assentou ser excludente da responsabilidade da empresa transportadora o fato inteiramente estranho ao transporte em si, como é o assalto ocorrido no interior do coletivo (REsp nº /RJ, Relator o Ministro Barros Monteiro, DJ de 12/5/03, Segunda Seção). 2. Recurso especial conhecido e provido. VOTO O EXMO. SR. MINISTRO CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO: A recorrida ajuizou ação de indenização alegando que em 14/9/01 contratou serviço de transporte no trajeto Rio de Janeiro/Carangola; que durante a viagem ocorreu assalto à mão armada, efetuado por passageiros admitidos na própria rodoviária, sendo o motorista coagido para fora da estrada, roubados os passageiros; que no assalto os bandidos levaram mala com roupas, aliança de ouro, telefone celular e R$ 90,00 em dinheiro; que a ré não adotou medida de segurança; que a responsabilidade é objetiva. A sentença afastou a denunciação à lide do Estado e julgou procedente o pedido para condenar a ré no pagamento de R$ 1.035,02, acrescido de juros da data da citação e correção monetária do evento, como danos materiais, e o equivalente a 100 salários mínimos como danos morais. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro desproveu a apelação. Afastou o Tribunal de origem o alegado cerceamento de defesa, posto que sendo a hipótese de responsabilidade objetiva os argumentos utilizados não colhem resultado porque seria absurdo provar a culpa exclusiva da apelada por via de debates, bem como não há que se falar em possível desistência da ação ou renúncia à pretensão, eis que antagônicos ao contido no âmbito da ação (fl. 205). Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site Certificado- DJ: 18/04/2005 Página 4 de 6

5 Sobre a transação, afirmou o acórdão que nenhum prejuízo redundou o julgamento de plano porque não há dúvida da impossibilidade de acordo como assinalado a fl. 105, onde expressamente a apelada manifesta sua intenção de não fazer acordo (fl. 205). Entendeu o Tribunal de origem que ficou caracterizado o fortuito interno, haja vista que a relação entre as partes é de consumo e nela se alberga a cláusula geral de segurança como consta do bilhete de passagem (fls. 205/206). Pretende a empresa configurar a excludente de responsabilidade do art. 14, 3º, II, do Código de Defesa do Consumidor. Sustenta que o assalto foi realizado por meliantes que ingressaram no ônibus na rodoviária com passagens compradas, não guardando conexidade com o transporte de pessoas, fato imprevisível, inevitável e estranho à organização do negócio, tratando-se, portanto, de fortuito externo. Sem dúvida, a jurisprudência da Corte tem entendido que o assalto à mão armada no interior do ônibus tem o contorno da excludente de responsabilidade (REsp nº /RJ, de minha relatoria, DJ de 1º/10/01; REsp nº /SP, Relator o Ministro Eduardo Ribeiro, DJ de 4/10/03; REsp nº /SP, Relator o Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ de 21/9/98; REsp nº /RJ, Relator o Ministro Barros Monteiro, DJ de 21/3/94; REsp nº /SP, de minha relatoria, DJ de 25/8/03; REsp nº /RJ, Relator o Ministro Barros Monteiro, DJ de 12/5/03, Segunda Seção). Vê-se, assim, que a jurisprudência da Segunda Seção está consolidada na direção do especial. Conheço do recurso e lhe dou provimento para julgar improcedente o pedido. Custas e honorários de 10% sobre o valor atualizado da causa pela vencida. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site Certificado- DJ: 18/04/2005 Página 5 de 6

6 CERTIDÃO DE JULGAMENTO TERCEIRA TURMA Número Registro: 2003/ RESP / RJ Número Origem: PAUTA: 04/11/2004 JULGADO: 07/12/2004 Relator Exmo. Sr. Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO Presidenta da Sessão Exma. Sra. Ministra NANCY ANDRIGHI Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. PEDRO HENRIQUE TÁVORA NIESS Secretária Bela. SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO RECORRENTE RECORRIDO AUTUAÇÃO : AUTO VIAÇÃO 1001 LTDA : VICTOR SILVA COURI E OUTROS : MARIA JOSÉ CLER DA SILVA : ALESSANDRO SANTOS PINTO E OUTRO ASSUNTO: Civil - Responsabilidade Civil - Indenização CERTIDÃO Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, conheceu do recurso especial e deu-lhe provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator." Os Srs. Ministros Nancy Andrighi e Castro Filho votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausentes, ocasionalmente, os Srs. Ministros Antônio de Pádua Ribeiro e Humberto Gomes de Barros. Brasília, 07 de dezembro de 2004 SOLANGE ROSA DOS SANTOS VELOSO Secretária Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site Certificado- DJ: 18/04/2005 Página 6 de 6