XI Encontro de Pesquisa em Educação da Região Sudeste Reunião Regional da ANPEd Universidade Federal de São João Del Rei 12 a 15 de outubro 2014
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- Maria do Mar Veiga Gesser
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1 XI Encontro de Pesquisa em Educação da Região Sudeste Reunião Regional da ANPEd Universidade Federal de São João Del Rei 12 a 15 de outubro 2014 Título: Direito à Educação Superior: uma Política em execução na Unicamp Prof. Dr. Elisabete Monteiro de Aguiar Pereira Faculdade de Educação/Unicamp Dr. Ana Maria Carneiro Pesquisadora do Núcleo de Estudos em Políticas Públicas-NEPP/ Unicamp Eixo Temático: 4 - Pesquisa, Políticas Públicas e Direito à Educação Categoria: Comunicação Direito à Educação Superior: uma Política em execução na Unicamp 1. Novas direções na formação superior Nos últimos anos algumas universidades brasileiras vêm adotando ênfases curriculares que adotam a interdisciplinaridade e a formação geral como fundamento, estruturação e organização do seu ensino. Estas experiências iniciaram-se em 2005/2006 com o projeto da Universidade Federal do ABC, em Santo Amaro- SP e desde então outras 15 1 universidades federais oferecem os chamados Bacharelados Interdisciplinares. Além destas, há a experiência da USP-Leste e a da Unicamp com o Programa de Formação Interdisciplinar Superior- ProFIS, relacionadas à proposta de formação geral interdisciplinar, a qual representa uma inovação na cultura do ensino superior brasileiro. A formação geral interdisciplinar prevista por esses programas preocupam-se em preparar os estudantes com conhecimento amplo e não fragmentado, das questões da natureza, sociedade, cultura, arte, história, política, economia, onde o caráter instrumental e a ênfase na profissionalização não é o ponto central como acontece na tradição do ensino superior brasileiro. 1 As IEs federais que oferecem Bacharelado Interdisciplinares são: UFRJ; UFBA;UFRN; UFPE; UFJF; UFRB; UFSC; UFERSA; UFde Alfenas; UFFVJM;UF de São João Del Rey; UFOP; UFABC; Unifesp; UNILAB; UFSM.
2 Os cursos com ênfase na formação geral interdisciplinar vêm ao encontro da função social da universidade, particularmente das universidades públicas, de possibilitar que a compreensão dos fenômenos e a solução de problemas sociais envolvam uma reflexão intelectual mais ampla e um pensamento circular entre diferentes áreas, construindo soluções que situem a formação profissional em um horizonte de interesse humanístico e incentivem atividades acadêmicas de saberes transversais. Esses programas têm como princípio desenvolver a pessoa para a vida intelectual, social, profissional, cultural, política e econômica do que para uma específica habilidade técnica profissional para um determinado nicho do mercado de trabalho. São mais amplos do que apenas a formação especializada e visam o domínio de habilidade de comunicação efetiva, de capacidade lógico-analítica acurada, de autonomia na produção do conhecimento e de espírito crítico com sensibilidade social. Nas universidades federais estes programas foram incentivados pela política do REUNI e podem representar um primeiro passo para uma reformulação dos enfoques dos currículos do ensino superior brasileiro. Em algumas dessas universidades estes programas representam a única forma de ingresso para os estudantes, como é o caso da Universidade Federal do ABC. Os bacharelados interdisciplinares acompanham a reorganização do mundo do trabalho e valorizam competências sociais, antes desconsideradas nos ambientes acadêmico e produtivo. Acompanham também a reforma da educação superior que se processa nas universidades europeias por meio do Espaço Europeu de Educação Superior - EEES 2. O Programa de Formação Interdisciplinar Superior ProFIS da Unicamp, além de seguir essa tendência têm como princípio uma efetiva política de inclusão social e de permanência no ensino superior. Apresentamos a seguir a proposta do programa e dados do seu estágio atual de desenvolvimento. 2. Uma experiência para além da política de inclusão O ProFIS é um programa de formação geral e interdisciplinar voltado totalmente para alunos oriundos do ensino médio das 92 escolas públicas de Campinas, iniciado em É oferecido como um curso superior de formação específica, com destinação 2 O Espaço Europeu de Educação Superior é resultante do Processo de Bolonha e foi estabelecido em
3 coletiva, conforme o artigo 44, inciso I, da LDB 9394/96 e conduz a um diploma de Ensino Superior, por ser oferecido com carga horária de 1755 horas. É desenvolvido em tempo integral com duração de dois anos. São oferecidas 120 vagas/ano e a seleção é feita tendo por base os primeiros colocados dessas escolas no ENEM do ano da seleção de ingresso. A cada uma dessas escolas é garantida, no mínimo, uma vaga. O ProFIS foi elaborado para ultrapassar a ausência dos alunos das escolas públicas no vestibular da Unicamp, uma vez que o resultado dos aprovados no vestibular/ Unicamp em 2008/2009, apresentado pela Comissão de Vestibular da Unicamp Comvest informava que 55% das escolas públicas da cidade não tinham aluno matriculado em qualquer dos cursos. O ProFIS pretendeu criar condições de educação superior para os menos favorecidos econômica e escolarmente. O Programa responde a uma política de inclusão social e permanência e baseia-se no princípio de que o acesso ao ensino público de nível superior de qualidade representa um dos mais eficientes mecanismos para a diminuição da desigualdade social. Para a forma tradicional de ensino superior brasileiro, o programa apresenta um grande número de inovações tanto no contexto da Unicamp quanto no do ensino superior brasileiro em geral. O Programa resulta de um projeto planejado por uma equipe multidisciplinar de docentes oriundos de várias unidades da Unicamp e representa um pensamento plural sobre a formação geral e interdisciplinar. Para a sua efetivação foram feitas discussões em todas as unidades e órgãos institucionais da universidade. Seu desenvolvimento se dá pela oferta e desenvolvimento de atividades curriculares oferecidas por diversas unidades da Unicamp, o que dá sustentação ao cenário interdisciplinar da estruturação do conhecimento e do ensino desenvolvidos por ele. Após os dois anos do programa acontece a segunda parte da política de inclusão, quando os alunos recebem não só o Diploma do curso sequencial, como podem escolher uma vaga em praticamente 3 todos os cursos da universidade, dentre as 120 reservadas para o ProFIS (em média são oferecidas 2 vagas por curso). Esta seleção tem por base tanto a escolha dos alunos como o seu aproveitamento no curso. Para auxiliar os alunos quanto à escolha dos cursos, estes contam com o apoio do Serviço de Apoio ao Estudante SAE e com uma atividade curricular denominada Seminários sobre Profissões, oferecida pelo currículo e desenvolvida pelos profssionais do SAE. 3 O único curso que não oferece vaga é o de Ciências Sociais.
4 Além de efetivar uma política de inclusão por meio do oferecimento do curso, o ProFIS desenvolve uma política de permanência dos alunos no ensino superior, por meio de programas de bolsas de ensino, transporte e alimentação a todos os aprovados e contam com o serviço de apoio psicológico, assistência médica, odontológica e jurídica que são apoios oferecidos a todos os alunos da Unicamp. Ciente das carências escolares que alunos oriundos dessas escolas possuem, o ProFIS, em seu projeto e execução, tem atenção às suas dificuldades escolares e busca saná-las por meio de um programa de apoio pedagógico às dificuldades específicas de cada aluno, desenvolvido por pós-graduando de doutorado do Programa de Estágio Docente- PED). Estes dois pontos são normalmente apresentados na literatura como pontos de estrangulamentos às políticas de inclusão no ensino superior (NEVES e MONTE 2011; GRIDLY et all, 2010) Outra importante política de formação que está sendo desenvolvida no ProFIS é a proposta de uma formação geral e interdisciplinar. Os objetivos dessa proposta curricular são o desenvolvimento de habilidades básicas (capacidades de ler, escrever, lidar com números, saber pensar e resolver problemas, trabalhar em grupo) e a ampliação de conhecimentos nas áreas acadêmicas desenvolvidas nas Ciências Humanas e Ciências da Natureza de modo a possibilitar a abordagem de problemas científicos de modo integrado e a compreensão da ciência como um modo de olhar o mundo. O programa busca a formação de cidadãos críticos e preocupados com uma sociedade mais justa e ética. O desenvolvimento do conteúdo de conhecimentos busca possibilitar a abordagem de problemas científicos de modo integrado e a compreensão da ciência como um modo de olhar o mundo. Com o objetivo de formar o espírito investigativo e um processo de entendimento da produção do conhecimento pelos métodos de pesquisa quantitativos e/ou qualitativos, todos os alunos desenvolvem a Iniciação Científica por um ano, tendo orientadores oriundos de todas as unidades da Unicamp e contam para isso, com bolsa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC/CNPq). Esta atividade tem as mesmas regras de todos os demais alunos da universdiade inclusive com participação no envento anual Congresso de Iniciação Científica. Para conhecer e verificar o desenvolvimento do programa e seu efetivo alcance o projeto desenvolve uma política de avaliação contínua executado pelo Núcleo e Estudos de Políticas Públicas- NEPP. A sistemática de avaliação levanta dados com os elaboradores do projeto, os professores, coordenadores e alunos acompanhando estes últimos desde seu ingresso até a completa formação e inserção no mundo do 4
5 trabalho (está previsto o acompanhamento por um período de 10 anos). A metodologia de avaliação utilizada trabalha dados sobre o desenho do Programa, sua adequação aos objetivos, seu desenvolvimento metodológico, seu caráter de formação geral e intenção interdisciplinar, o aproveitamento dos alunos academicamente e na sua formação em humanidades. A avaliação contínua do programa é um dos aspectos de maior inovação em questões curriculares e visa auxiliar no aperfeiçoamento deste, na tomada de decisão nos níveis curricular e administrativo, no aprendizado desenvolvido pelo aluno e na identificação das necessidades para o replanejamento de suas partes ou do seu todo. 3. Resultados alcançados pelo ProFIS O ProFIS está totalmente implantado e no ano de 2014 teve entrada a sua quarta turma. Está estruturado com 28 disciplinas obrigatórias e 8 créditos em disciplinas eletivas, 115 créditos e 1755 horas. Das 22 unidades de ensino da Unicamp, 14 delas estão envolvidas com o curso, 33 professores e 55 pós-graduando do Programa de Estágio Docente (PED) e mais de 60 orientadores na atividade de Iniciação Científica. Com a seleção da primeira turma em 2011, o impacto em termos de representação das escolas públicas na Unicamp foi imediato, uma vez que os alunos dessas escolas não conseguem passar no vestibular altamente concorrido da Unicamp, ou deliberadamente se autoexcluem, isto é, não têm o ingresso na Unicamp em seus horizontes de formação. Os dados da Comvest (2012) demonstram que com o ProFIS, 98% das escolas públicas de Campinas estão representadas, e os dados do processo de avaliação desenvolvido pelo NEPP (2013) demonstram que a política de inclusão usado pelo ProFIS resultou na atração de alunos que são a primeira geração na família a frequentar o ensino superior - 73% dos ingressantes de 2011 e 80% dos de Também apresentam que o programa traz maior diversidade para Unicamp em termos de cor, origem escolar, escolaridade dos pais e renda familiar. Em termos de raça, os dados dos ingressantes em 2013 representam 36% de pretos, pardos e indígenas 4. A diferença da composição da clientela que entram no ProFIS já ficou evidente desde a primeira turma de 2011, com 40% dos estudantes não brancos (pardos e pretos), um percentual 2,7 vezes superior ao de matriculados através do indígenas. 4 Os dados do IBGE/2013 indicam que a cidade de Campinas tem 38% de pretos, pardos e
6 vestibular da Convest e ligeiramente acima da distribuição de raça/cor da população de 18 a 24 anos do estado de São Paulo (36% dados do IBGE/ 2010). Em relação à renda familiar per capita, apresentam uma renda média 3,6 vezes menor que da população naquela faixa etária do estado de São Paulo. Quanto ao ingresso nas vagas dos cursos de graduação da Unicamp, a turma de 2011 tem 64% dos alunos cursando graduação relativa à sua primeira opção, 21% em cursos de segunda opção, 9% na terceira, 4% em quarta e 2% em quinta opção (NEPP, 2013). Os dados demonstram que 92% dos egressos do ProFIS permanecem no ensino superior, sendo 87% na Unicamp. Em relação a ser um programa experimental da Unicamp, o ProFIS vem apresentando cada vez mais dados que reforçam a sua aceitação pela comunidade acadêmica, quer de professores, cursos e alunos. Um fato que comprova essa aceitação é o aumento do oferecimento de vagas nos cursos de graduação aos alunos concluintes do ProFIS. O curso de medicina ofereceu inicialmente 2 vagas e passou agora a oferecer 5. O Curso de economia de 2 vagas iniciais passou também para 5. O Instituto de Geografia que oferecia 3 vagas para o curso de geografia passou a oferecer também 2 vagas para o de geologia. O curso de engenharia de alimentos passou de 2 para 4 vagas e o curso de arquitetura que não oferecia passou a oferecer 1 vaga. Quanto ao desenvolvimento da Iniciação Científica, no ano de 2012 foram desenvolvidos 91 projetos sob a orientação de 65 professores/pesquisadores da Unicamp nas mais diversas áreas do conhecimento. Dados levantados pela avaliação desenvolvida pelo NEPP, por meio de questionário, com os alunos e professores de 2012 a respeito dos aspectos positivos relacionados à IC, dos 63 alunos respondentes, 55% apontaram explicitamente que a atividade foi de grande importância para o desenvolvimento de conhecimentos, práticas e métodos científicos. Dos 51 professores respondentes, para 40%, o aspecto positivo mais destacável da experiência foi o interesse e a participação dos alunos. Para os alunos, a IC contribuiu para a sua formação como cidadão, para desenvolver o pensamento investigativo, o senso crítico e para aprofundar o conhecimento em uma determinada área. Apontam também que aprenderam a desenvolver trabalhos científicos que tenham por objetivo melhorar a qualidade de vida das pessoas e utilidade para a sociedade, além da capacidade de pensar como se deve agir na vida profissional e despertar curiosidade e desejo de realizar outras pesquisas. 6
7 Quanto à formação geral e interdisciplinar os dados do NEPP (2012) relativos à turma 2011 apontam que os professores foram consultados sobre a contribuição de sua disciplina para o desenvolvimento das quatro habilidades previstas no projeto pedagógico do curso: a) Comunicação oral e escrita na língua materna e em língua estrangeira, leitura e interpretação das linguagens gráfica e computacional e de informações estatísticas; b) Raciocínio lógico, formal e abstrato, relacionado a aspectos de análise qualitativa e quantitativa de fenômenos do mundo real; c) Pensamento crítico e analítico sobre a diversidade cultural, a organização do mundo nas suas várias expressões literárias, filosóficas, sociológicas, históricas, artísticas e estéticas; d) compreensão das instituições sociais e das preocupações ambientais e éticas da sociedade contemporânea. As respostas quanto ao grau de contribuição das disciplinas foram transformadas em uma escala de 1 a 3, sendo 1 pequena contribuição, 2 - média contribuição e 3 grande contribuição, e ainda NA Não se aplica. Nos resultados os professores são de opinião de que, de forma geral, as habilidades foram cobertas, em maior ou menor grau pelas disciplinas consideradas. A habilidade trabalhada com maior ênfase foi a do raciocínio lógico, em parte devido à maior carga de disciplinas da área de exatas. É importante ressaltar que a habilidade de comunicação oral e escrita foi a única trabalhada de forma transversal em todas as disciplinas. A habilidade menos reforçada foi a da compreensão das instituições sociais, talvez pela ênfase ainda restrita ao aspecto conceitual e reflexivo e não de aplicação prática do curso. Ao abordar a opinião dos docentes sobre o caráter interdisciplinar do ProFIS, estes mencionaram vários dos elementos que o compõem, sendo o mais forte a adequação da estrutura curricular para esse aspecto. Outro aspecto mencionado foi a atuação da coordenação do curso com orientações claras e organização das condições necessárias para a interdisciplinaridade, como o espaço coletivo de discussão no início do semestre. Ainda foi mencionada as frequentes discussões entre os professores durante o semestre. Os professores reconhecem as tentativas, o aprendizado e o desafio de trabalhar interdisciplinarmente, no entanto, entendem que ainda há desafios a serem vencidos no decorrer do curso, para a efetivação da interdisciplinaridade. Quanto aos aspectos positivos que os professores veem no ProFIS, a interdisciplinaridade é apontado como um primeiro aspecto. Apontam também o trabalho com um público diferente do que a universidade esta acostumada a atender, o que traz um novo desafio ao trabalho acadêmico. Como aspecto negativo, apontam
8 que ainda falta articulação entre os professores e uma maior integração das disciplinas. Quanto aos mesmos aspectos, os alunos também apontaram como a contribuição mais frequente do ProFIS a formação geral e interdisciplinar (32%, turma 2011). Já para 28% deles, a maior contribuição foi o acesso aos cursos de graduação da Unicamp através das vagas reservadas para o ProFIS. Ainda quanto à formação geral, os dados de 2011 dos alunos, levantados por meio de questionário pelo NEPP, apontaram que estes entendem que o curso deu condições para uma atuação profissional em habilidades que poderão ser utilizadas em qualquer atividade profissional, uma vez que o ProFIS não trabalha habilidades de uma determinada profissão. Para um atuação com visão social, os alunos do ProFIS fazem uma boa avaliação para as condições oferecidas pelo curso - 38,9% considera que o curso oferece muita condição e a mesma porcentagem avalia que o curso oferece total condição. Para Pereira (2002) com uma nova visão do que é ser profissional, a responsabilidade pela formação do estudante se amplia da visão técnica e especializada para a aprendizagem de valores e atitudes sociais, humanas e afetivas daquele conhecimento. Quanto às condições oferecidas no curso para a atuação profissional pautada na ética e com valores humanos, os estudantes do ProFIS distribuem-se na mesma proporção em ambas. O grupo concentra-se principalmente na afirmação de que o curso ofereceu muita condição (40,3% em ambas as categorias), seguida da afirmação de que deu alguma condição 36,1% para atuação pautada na ética e 33,3% para atuação com base em valores humanos. A avaliação dos estudantes para os valores que abarcam interesses coletivos nos permite afirmar que o programa tem se esforçado para garantir que suas atividades formativas se voltem para o desenvolvimento de cidadãos que ajam como profissionais responsáveis, cotidianamente, de forma individual e coletiva e para a construção de uma sociedade globalmente melhor. Como diz Pereira (PEREIRA, 2002, p. 44) o que se pretende com a formação geral é uma educação de rosto humano Finalizando este trabalho deve ser ressaltado a visão dos professores sobre os alunos do ProFIS como perfil de estudantes universitários, uma vez que muito se fala da falta de condições escolares dos alunos oriundos das escolas públicas. Embora em geral esta visão corresponda a realidade medida pelos diferentes instrumentos de avaliação do ensino brasileiro como o ENEM e o SAEB, os professores vinculados ao 8
9 ProFIS apontaram que estes apresentam uma mudança de consciência no final do curso devido a toda estrutura e organização de suporte efetivo para o desenvolvimento do ProFIS. Isso demonstra que quando o ensino superior se volta para diferentes clientelas, políticas educacionais devem promover adequações curriculares, desenvolvê-las e avaliadas. Adequações curriculares se referem às atividades desenvolvidas intencionalmente para alcançar fins educacionais propostos. Estas avaliações merecem grande atenção, uma vez que no Brasil ainda há muito desentendimento sobre a interdisciplinaridade e a educação geral no ensino superior. Pelas avaliações feitas na turma de 2011, podemos entender que, na visão dos professores e dos alunos, estes dois aspectos fundamentais do Programa estão sendo alcançados gradativamente. A educação geral prevista pelo Programa preocupa-se em preparar os estudantes para que sejam capazes de fazer suas escolhas profissionais com maior conhecimento, senso crítico e maturidade, a partir da ampliação de seu conhecimento e cultura, o que, pelos resultados das avaliações parece estar sendo atingido. Visa também prepará-los para agirem de forma cívica e ética como um cidadão em qualquer das atividades que venha a desenvolver futuramente, o que foi apontado pelos alunos, na avaliação feita, como um aspecto alcançado. Os discentes do ProFIS podem ingressar na Unicamp ansiosos e receosos, num primeiro momento, mas à medida que passam a compartilhar suas dificuldades, experiências acadêmicas e a ter essas dificuldades atendidas, amadurecem nitidamente, assumindo posturas de universitários responsáveis e comprometidos com sua formação e com a continuidade desta em cursos posteriores. Por estarem num curso exclusivamente presencial, de desenvolvimento em tempo integral, com atendimento às suas necessidades econômicas e escolares, com professores de várias áreas, além de terem a oportunidade de cursarem disciplinas opcionais para além da sua grade curricular, os alunos vivenciam culturalmente a instituição universidade em todo o seu modo de vida acadêmica e nas suas relações institucionais e este parece ser o grande diferencial e desafio assumido do ProFIS enquanto como programa educacional em experiência na Unicamp. Referências CONVEST- Comissão Permanente para o Vestibular Unicamp. Dados internos, 2012.
10 GIDLEY J.M; HAMPSON G.P; WHEELER L. BEREDED-SAMUEL, E. From Access to Success: An Integrated Approach to Quality Higher Education informed by Social Inclusion Theory and Practice. Higher Education Policy. vol 23, nº.1, pp IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Disponível em Acesso em NEPP- Núcleo de Estudos em Políticas Públicas, Questionário de Acompanhamento da Avaliação Continuada do ProFIS, NEPP- Núcleo de Estudos em Políticas Públicas, Dados apresentados no Conselho Universitário, NEVES, C E, B e MONTE, B.- Políticas De Inclusão Social No Ensino Superior No Brasil: Políticas De Redistribuição De Oportunidades? Fóruns Permanentes Ciência e Tecnologia Avaliação Continuada de Educação Superior e CT&I, Unicamp, Disponível em: Acesso em abril PEREIRA, E. M. A. Reforma Curricular da Universidade Harvard: a centralidade da educação geral no século XXI. In PEREIRA, E.M. A Universidade e Currículo: perspectiva de Educação Geral. Campinas: Mercado de Letras,
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