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1 0 ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA MAURO BARBOSA SIQUEIRA PODER AEROESPACIAL BRASILEIRO: dissuasão e segurança, coerção militar e defesa Rio de Janeiro 2012

2 1 MAURO BARBOSA SIQUEIRA PODER AEROESPACIAL BRASILEIRO: dissuasão e segurança, coerção militar e defesa Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Coronel Aviador R1 Carlos Frederico Affonso Sampaio Rio de Janeiro 2012

3 2 C2012 ESG Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG Assinatura do autor Biblioteca General Cordeiro de Farias Siqueira, Mauro Barbosa Poder Aeroespacial Brasileiro: dissuasão e segurança, coerção militar e defesa / Coronel Aviador Mauro Barbosa Siqueira - Rio de Janeiro: ESG, f.: il. Orientador: Coronel Aviador R1 Carlos Frederico Affonso Sampaio Trabalho de Conclusão de Curso Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), Segurança Nacional. 2. Defesa Nacional. 3. Poder. I. Título.

4 3 Dedico este trabalho, in memoriam, a Alfredo Siqueira, meu pai, que não pôde presenciar a minha conquista profissional devido à vontade de Deus, sem o qual este trabalho de conclusão não teria existido. Ao Grande Arquiteto do Universo, que é Deus Todo Poderoso, o qual me concedeu a vida e a inteligência. Aos meus filhos Mikhael e Victoria, como forma de registrar um reconhecimento especial pela compreensão, nos constantes momentos de ausência, em que me dediquei às atividades acadêmicas. À minha esposa que, ao longo do corrente ano letivo, soube aceitar as ocasiões de distância e de reclusão. À minha querida mãe Lacy, que tanto me incentiva e me ama. Aos Corpos Docente e Discente da ESG que cooperaram comigo com companheirismo, profissionalismo e incentivo incomensurável.

5 4 AGRADECIMENTOS Ao meu orientador, pela maneira como me incentivou nas pesquisas e me conduziu à maturidade de ter que aperfeiçoar constantemente o saber e a lógica. Aos professores da banca, por representarem o ato solene de coroação da minha formação acadêmica e do meu aprendizado ao longo deste ano letivo. Aos colegas da Turma PROANTAR (CAEPE 2012), pelo convívio harmonioso de todas as horas e pelo companheirismo constante. Aos funcionários da Biblioteca e da Gráfica da ESG, pela cooperação técnica nos difíceis momentos finais de aperfeiçoamento deste trabalho. Aos professores e palestrantes do CAEPE 2012, pelos ensinamentos que me fizeram refletir, com incomensurável profundidade, acerca da relevância de se pensar o Brasil, em termos de Defesa e Segurança Nacionais, do modo adequado e no foro competente: num Instituto Acadêmico onde se comunguem os pensamentos de civis, policiais e militares das três Forças Armadas Brasileiras.

6 5 EPÍGRAFE [...] o modo mais seguro de atingir um inimigo é infligir-lhe o que se sabe que ele mais teme; [...] pois é natural que cada homem conheça mais acuradamente os perigos que o ameaçam e por isso os tema. Tucídides Some things a country wants it can take, and some things it has it can keep, by sheer strength, skill and ingenuity. [ ] Forcibly a country can repel and expel, penetrate and occupy, seize, exterminate, disarm and disable, confine, deny access, and directly frustrate intrusion or attack. It can, that is, if has enough strength. Enough depends on how much an opponent has. Schelling

7 6 RESUMO Este estudo visou a averiguar como o Poder Aeroespacial Brasileiro pode importar à Defesa Nacional, pelo uso da coerção militar, e à Segurança Nacional, por meio da dissuasão. O trabalho abordou o emprego eficaz do poder aéreo como ferramenta político-estratégica. Perfez-se por uma pesquisa exploratória, bibliográfica e documental, que se delimitou a examinar as ideias de Robert Pape e de John Warden III, sob a lógica de estratégias dissuasórias e coercitivas, a vigente Política de Defesa Nacional e a Estratégia Nacional de Defesa. Buscou inferir as inerentes consequências doutrinário-conceituais, advindas dessa Estratégia Nacional, à Doutrina Militar de Defesa e, no âmbito da Aeronáutica, à Doutrina Básica da Força Aérea Brasileira. Os resultados se referiram às implicações da Estratégia Nacional de Defesa para a sociedade brasileira e no Planejamento Estratégico de mais alto nível do Estado, impondo ao Brasil estar preparado para defender-se, na atual moldura mundial, de agressões e de ameaças. Concluiu-se que a Força Aérea Brasileira pode contribuir, por meio de instrumentos dissuasórios e por intermédio do emprego de ferramentas da coerção militar, como forma eficaz à prevenção de conflitos armados e de guerras convencionais e à resolução de crises internacionais político-estratégicas. Palavras-chave: Defesa Nacional. Segurança Nacional. Política de Defesa Nacional. Poder Aeroespacial. Ciências Aeroespaciais.

8 7 ABSTRACT The aim of this study was expound the importance and the efficacious of the Brazilian Aerospace Power employment as political and strategic tool. It refers to its coercive use in National Defense and deterrence as Security basement. The work starts by identifying essential concepts present in the current edition of National Defense Policy, Defense Military Doctrine and in the Brazilian National Strategy of Defense. Hence, the conceptions of Robert Pape and John Warden III concerning to coercive air power value were analyzed. It focalized the main purpose of war, regarding to the Clausewitz s thought, in which war becomes incorporated as a mere instrument of politics, a continuation of political intercourse, carried on with other means. The research presented the mathematic model descried by Pape for the air power coercive employment. The main conclusion attained with the study includes the reference to application of the Brazilian Aerospace Power by coercion and deterrence, in modern warfare, with prevalence of the strategic and political fields upon the tactical and operational ones. Keywords: National Defense. National Security. National Defense Policy. Aerospace Power. Aerospace Sciences.

9 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES QUADRO 1 Correlação entre níveis de segurança e instrumentos de defesa...27 FIGURA 1 Espectro dos Conflitos...28 FIGURA 2 Modelo básico da Teoria dos Cinco Anéis de John Warden III...37 FIGURA 3 Modelo dos seis anéis com a inserção da connectivity...38 FIGURA 4 Os efeitos indiretos do ataque em paralelo...39 FIGURA 5 Os Centros de Gravidade de acordo com a DCA QUADRO 2 Modelo esquemático e comparativo da Teoria dos Cinco Anéis...41 QUADRO 3 Histórico sucinto de emprego do poder aéreo coercitivo...47

10 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AFDD Air Force Doctrine Document (Documento de Doutrina da Força Aérea dos EUA) AFDD 1 Air Force Basic Doctrine (Doutrina Básica da Força Aérea dos EUA) AFDD 1-2 Air Force Glossary (Glossário da Força Aérea dos EUA) ARP Aeronave Remotamente Pilotada ASPJ Air and Space Power Journal (Periódico sobre Poder Aéreo e Espacial) C² Comando e Controle CG Centro de Gravidade COMAER Comando da Aeronáutica COMGAP Comando Geral de Apoio COMGAR Comando Geral de Operações Aéreas DBFAB Doutrina Básica da Força Aérea Brasileira DCA Diretriz do Comando da Aeronáutica DCA 1-1 Doutrina Básica da FAB DICA Direito Internacional dos Conflitos Armados DMD Doutrina Militar de Defesa EB Exército Brasileiro ECEME Escola de Comando e Estado-Maior do Exército EMAER Estado-Maior da Aeronáutica EMiAer Estratégia Militar da Aeronáutica EMiD Estratégia Militar de Defesa END Estratégia Nacional de Defesa EUA Estados Unidos da América FA Forças Armadas FAB Força Aérea Brasileira FAC Força Aérea Componente HE Hipóteses de Emprego LBDN Livro Branco de Defesa Nacional MB Marinha do Brasil MD Ministério da Defesa

11 10 MRE ONU PAC PAED PDN PEB PED PEMAER PMA PMD PNAE PND PNID PPC PROANTAR PRODE RCO RH RI SISBRAV SISCEAB SISDABRA SisDefAAe SISFRON SISPED TO URSS USA USAF VANT VLS Ministério das Relações Exteriores Organização das Nações Unidas Programa de Aceleração do Crescimento Plano de Articulação e Equipamento de Defesa Política de Defesa Nacional Programa Espacial Brasileiro Produto Estratégico de Defesa Plano Estratégico Militar da Aeronáutica Política Militar Aeronáutica Política Militar de Defesa Programa Nacional de Atividades Espaciais Política Nacional de Defesa Política Nacional da Indústria de Defesa Processo de Planejamento de Comando Programa Antártico Brasileiro Produto de Defesa Recuperação da Capacidade Operacional Recursos Humanos Relações Internacionais Sistema Brasileiro de Vigilância Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro Sistema de Defesa Aéreo Brasileiro Sistemas de Defesa Antiaérea Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras Sistema de Planejamento Estratégico de Defesa Teatro de Operações União das Repúblicas Socialistas Soviéticas United States of America (Estados Unidos da América) United States Air Force (Força Aérea dos Estados Unidos) Veículo Aéreo Não-Tripulado Veículo Lançador de Satélite

12 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO A DINÂMICA METODOLÓGICA DA PESQUISA O PROBLEMA DE PESQUISA A JUSTIFICATIVA DA RELEVÂNCIA DA PESQUISA EMBASAMENTO TEÓRICO E REVISÃO DE LITERATURA A METODOLOGIA DA PESQUISA FUNDAMENTAÇÃO CONCEITUAL A PARALISIA ESTRATÉGICA E A TEORIA DOS CINCO ANÉIS DE WARDEN O PODER AÉREO COERCITIVO EMPREGO ESTRATÉGICO DO PODER AÉREO COERCITIVO: UMA EFICAZ FERRAMENTA POLÍTICA DA COERÇÃO MILITAR APRESENTAÇÃO DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS COLETA E ANÁLISE DOS DADOS INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS Interpretação dos resultados da pesquisa documental Interpretação dos resultados da pesquisa bibliográfica O MODELO TEÓRICO DE ANÁLISE DA EFETIVIDADE DO PODER AÉREO CONCLUSÃO REFERÊNCIAS GLOSSÁRIO ANEXO A - MENSAGEM DA PRESIDENTE DILMA SOBRE O LBDN... 69

13 12 1 INTRODUÇÃO Nenhuma nação pode denominar-se grande a menos que seu poder aéreo esteja apropriadamente organizado e provido para isso [...] Major-General William Billy Mitchell. À época da Guerra Fria, Seversky (1950) afirmou que os Estados Unidos da América (EUA) e a então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) possuíam bombardeiros estratégicos e frisou que essas aeronaves podiam carregar armamentos atômicos e a dissuasão nuclear dessas duas potências. Na Paz Armada, surgiram os mísseis balísticos de longo alcance, que potencializaram a capacidade dissuasória (e de retaliação) nuclear desses países. Esse Equilíbrio do Terror redundou na latência da ameaça nuclear notada na Crise dos Mísseis de Cuba, em 1962, que se fundamentava na política de contenção. Na era da Cold War, houve casos concretos de uso limitado da força armada por intermédio da coerção militar. O ataque israelense à usina nuclear de Osirak, em 1981, no Iraque, constitui-se num exemplo típico da opção estratégica coercitiva. No espectro de uso da força, a coerção se insere pelas opções estratégicas coercitivas possíveis: negação, risco, punição e decapitação. A eficácia da estratégia de coerção se comunica com questões de Diplomacia e de Política Externa. Ao se analisarem os elementos substantivos dessa estratégia militar, ressaltam os objetivos fundamentais da soberania e da integridade territorial e patrimonial. Vislumbrar a moldura da Nova Ordem Mundial impõe a análise de questões como dissuasão 1, correlacionada à Segurança Nacional, e como coerção militar, afeta à Defesa Nacional, a fim de se apreender o escopo deste trabalho. Como ponto de partida para se apreender o valor atual do estudo, faz-se uma inferência sob a visão realista nas Relações Internacionais. O Realpolitik enfatiza que o jogo de interesses e a busca incessante por mais poder pertence às relações estratégico-diplomáticas entre estados-nação soberanos pós-modernos. Em contrapartida, o ideário de resolução pacífica de controvérsias pode aproximar as nações ao fortalecer outras teorias de Relações Internacionais como a idealista-kantiana da possível paz perpétua 2 (KANT, 2008). Na esfera do Idealismo Político, esse processo se perfaz dinâmico e requer um conjunto de ações 1 A dissuasão (nomeada de deterrência) é uma tradução do termo deterrence, assimilado da Língua Inglesa, e pode ser compreendida como a ameaça do emprego (uso) da força (armada ou militar). 2 Em 1795, Immanuel Kant ( ) publicou, na Alemanha, o original de À paz perpétua.

14 13 recíprocas. Com esse escopo idealista, medidas são aplicadas para amortizar a probabilidade de conflitos armados e a escalada da violência numa situação de crise. Esse procedimento valoriza a dissuasão e tende a zero a beligerância. Essas ações podem representar essencial instrumento na resolução de contenciosos entre estados soberanos, na moldura da atual Sociedade Anárquica (BULL, 2002). Esse processo pode-se desenvolver por ações recíprocas entre os estados, as quais se destinam a promover a abertura e a transparência mútua. Um dos objetivos dessas ações consiste em dirimir as percepções difusas e as discórdias existentes, entre os estados, pela revelação das intenções políticas e da competência de cada estado para programar essas ações. A consequência desse processo se constitui no benefício mútuo para estados entre os quais, outrora, havia interesses conflitantes. Podem-se incrementar, assim, as condições propícias a um ambiente de paz e segurança globais no bojo das Relações Internacionais (RI). Portanto, a implantação dessas medidas de cunho veementemente idealista poderia lançar as bases para um ambiente de deferência diplomática, integração, dependência recíproca, cooperação e confiança mútua. Esses pressupostos podem favorecer a criação e a manutenção de um sistema de segurança global, em face de moldura idealista-kantiana, sem comprometer a soberania dos estados. As perspectivas para o século vigente vislumbram ameaças à Segurança Mundial que podem ser comuns a todos os estados como a Guerra de Quarta Geração, Terrorismo Internacional, crimes transnacionais e pressões externas de ordem ambiental (como na Amazônia Brasileira). Portanto, o foco da questão retorna ao jogo de interesses, à ânsia por poder e não-cooperação entre as nações. O jogo de interesses pode ser conflitante e ratificar a Política de Poder que se insere no contexto da Realpolitik 3. As controvérsias entre atores de RI podem não se resolver por meios pacíficos (diplomacia, negociação, arbitragem, mediação etc). Esses antagonismos entre estados nacionais soberanos podem gerar crises internacionais político-estratégicas e conflitos armados. Nesse sentido, a coerção de toda ordem (militar, econômica etc) pode ser uma opção estratégica e inteligente de se evitar um enfrentamento bélico em grau extremo e em grandes proporções. 3 Inserir-se no campo das Relações Internacionais (RI) requer efetuar duas escolhas elementares, diametralmente opostas, que se constituem em: o Realismo Político e o Idealismo (Internacionalismo Liberal ou Liberalismo Utópico). Há outras opções no Institucionalismo, na Escola Inglesa (ou da Organização Internacional), etc. Em face da profundidade colimada neste trabalho, optou-se por delimitá-lo, a priori, apenas à visão realista Realpolitik.

15 14 Em 2008, o ex-ministro de Estado da Defesa, Doutor Nelson Jobim, afirmou que o Brasil precisa possuir instrumentos militares com capacidade (s) de poder defender nossas riquezas naturais como o petróleo na Plataforma Continental e os mananciais da Região Amazônica e Pantanal (BRASIL, 2008a, informação verbal) 4. Provavelmente, a realidade enfrentada pelas Forças Armadas (FA) do Brasil pode não condizer com a estatura político-estratégica e econômica que o Brasil começa a angariar no alvorecer do século XXI. Possuir capacidade dissuasória e poder de coerção, no campo militar, torna-se imprescindível à ação diplomática e é mandatório a uma potência regional, cujo status o Estado Brasileiro alcançou. A inquietação promotora da pesquisa advém da lógica permeada pela ideia de Segurança Nacional relacionada com a capacidade dissuasória do Estado Brasileiro e de Defesa Nacional com relação ao emprego de forças armadas sob a égide do monopólio do uso da violência organizada (emprego de força militar). A inquietude que deu luz à formulação do problema de pesquisa emergiu, também, da ótica de Teorias do Poder Aéreo, dos conceitos de dissuasão e de coerção como opções de estratégia militar. Desse modo, surgiu a questão fulcral de como pode ser o emprego estratégico da arma aérea nas óticas específicas da dissuasão estratégica (de ordem convencional) e da coerção militar. Portanto, essa inquietação ensejou o seguinte problema fulcral: como o Poder Aeroespacial Brasileiro pode produzir, nos âmbitos de Segurança e de Defesa Nacionais, efeitos eficazes às estratégias militares da dissuasão e da coerção? Assim, o propósito final descrito neste trabalho se baseou na inquietação originária da pesquisa e na questão norteadora do estudo proposto. Dessa forma, o objetivo geral da pesquisa se configura em analisar de que maneira o Poder Aeroespacial Brasileiro pode contribuir, eficazmente, às estratégias militares da dissuasão e da coerção militar nos âmbitos de Segurança e de Defesa Nacionais. Por esse enfoque, o trabalho teve como objetivos específicos: enumerar conceitos fundamentais, ao estudo proposto, à luz da Doutrina Militar Brasileira e do Pensamento da Escola Superior de Guerra (ESG); correlacionar os conceitos de Segurança Nacional à estratégia da dissuasão e de Defesa Nacional à estratégia militar de coerção; identificar concepções e ideias oriundas de pensadores teóricos da arma aérea; inferir a real eficácia estratégica do emprego de um poder aéreo 4 Declaração fornecida pelo Doutor Nelson Jobim, no VIII Ciclo de Estudos Estratégicos da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), no Rio de Janeiro, junho de 2008.

16 15 coercitivo; avaliar a eficácia do poder aéreo como arma dissuasória à disposição da Política e da Diplomacia; constatar a capacidade dissuasória e coercitiva do Poder Aeroespacial Brasileiro, a fim de elaborar um modelo teórico genérico de análise. Para Evera (1997, p. 9), hipótese seria uma espécie de relação conjetural entre dois fenômenos distintos, porém inter-relacionados. Hipóteses podem ser de dois tipos: causal (conjetura-se que A causa B) e não-causal (conjetura-se que A e B são causados por C; desde que A e B são correlatos, mas nenhum causa o outro). Optou-se por elaborar hipótese causal, onde A é há valor estratégico no poder aéreo e B é o Poder Aeroespacial Brasileiro produz efeitos dissuasórios e coercitivos. Quanto à questão da coerção, perscruta-se uma hipótese condicional: se o poder aéreo possui um real valor estratégico, então não existe uma única e melhor estratégia que englobe o uso do poder aéreo, para todo e qualquer caso, pois o ideal é combinar estratégias, visando à consecução dos objetivos políticos fixados. O trabalho se organizou em capítulos. No capítulo dois, salientou-se a dinâmica metodológica da pesquisa científica por uma abordagem ao quadro teórico consistente com o problema de pesquisa, à justificativa da importância do estudo, à revisão de literatura e aos procedimentos metodológicos do processo de realização da pesquisa. No capítulo três, aludiu-se à conceituação julgada fundamental, que focou em ideias como poder, dissuasão, segurança, defesa etc. No quarto capítulo, abordou-se a concepção teórica de John Warden III, que idealizou a Teoria dos Cinco Anéis como uma opção estratégica coercitiva. No capítulo cinco, mostraramse as concepções básicas referentes à opção estratégica da coerção militar. No capítulo seis, estudou-se o caráter estratégico do poder aéreo coercitivo. No sétimo capítulo, analisaram-se os dados advindos das ideias desenvolvidas na pesquisa e se interpretaram os resultados obtidos. Apresentou-se um modelo teórico de análise para o entendimento generalizado da real eficácia do poder aéreo perante a dissuasão e sob a ótica da coerção militar. Na conclusão, os principais aspectos abordados foram repassados e as ações estratégicas a empreender foram listadas. Essa contextualização inicial abordou os elementos essenciais ao capítulo introdutório do trabalho. O quadro teórico do estudo se configurou por intermédio da análise de teorias oriundas de pensadores da arma aérea. No entanto, as condições para se desenvolverem as ideias balizadoras do estudo perpassam a aplicação, à base teórica, de conceitos de metodologia da pesquisa científica.

17 16 2 A DINÂMICA METODOLÓGICA DA PESQUISA Nem o talento, por maior que seja, poderá dispensar-se de qualquer método; nem o método, por mais perfeito que seja, poderá suprir o talento. Contudo, se for preciso escolher, deverá preferir-se um pouco menos de talento com um pouco mais de método. René Descartes. 2.1 O PROBLEMA DE PESQUISA A inquietude promotora do trabalho enfatiza a estratégia militar dissuasória, que advém da mera ameaça do emprego da força e se relaciona à segurança. Salienta ainda o uso da força de forma limitada na prevenção de conflitos armados. Questiona-se, na inquietação originária do estudo, qual seria, na ótica das Teorias do Poder Aéreo, o eficaz emprego estratégico da arma aérea por intermédio da coerção militar. A inquietude que deu causa à pesquisa faz-se permeada da indagação acerca da instrumentalização do Poder Aeroespacial Brasileiro como ferramenta viável à Política (ao decisor político e ao decisor estratégico). Portanto, essas inquietações ensejaram o seguinte questionamento: Como o Poder Aeroespacial Brasileiro pode produzir efeitos dissuasórios no âmbito da Segurança Nacional e efeitos coercitivos na esfera da Defesa Nacional? 2.2 A JUSTIFICATIVA DA RELEVÂNCIA DA PESQUISA Primeiro, frise-se que a viabilidade dimensional do presente estudo acarretou delimitadores ao problema específico desta pesquisa. Consequentemente, essas limitações foram de ordem conceitual, temporal e espacial. O trabalho se limitou à questão da dissuasão convencional (não-nuclear). O estudo de caso ficou adstrito às esferas específicas da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Poder Aeroespacial Brasileiro. Não foram particularizados os aspectos de inteligência, logística, comando e controle (C²), opinião pública, Direito Internacional dos Conflitos Armados (DICA). A pesquisa se delimitou a examinar as acepções teóricas de Robert Pape e de John Warden III. Não se exploraram os pensamentos teóricos de outros advogados do poder aéreo como Giulio Douhet, Billy Mitchell, Hugh Trenchard, John Slessor, Arthur Tedder e John Boyd. A pesquisa tem relevância e se perfaz justificada à medida que se fizeram interpretações críticas à Estratégia Nacional de Defesa (END). O estudo remontou à

18 17 Doutrina Militar de Defesa (DMD) e à Política de Defesa Nacional (PDN) em vigor. No âmbito da Aeronáutica, o trabalho conduziu à análise da Doutrina Básica da FAB (a DCA 1-1 de 2005 e a atual DBFAB) sob a ótica da dissuasão e da coerção militar. A vigente Política de Defesa Nacional enfatiza a vertente preventiva da Defesa Nacional e valoriza a capacidade estratégica dissuasória como a principal estratégia a ser observada pelas FA, cuja postura estratégica deve ser baseada na existência de capacidade militar com credibilidade, apta a gerar efeito dissuasório (BRASIL, 2005, p. 5). Torna-se evidente, portanto, que a vigente PDN ratifica o caráter pacífico, preventivo e dissuasório da Defesa no Brasil. Pode-se concluir que, se há reais necessidades de formação de recursos humanos (RH) aptos ao pleno entendimento desse contexto estratégico (dissuasão e coerção militar) da guerra hodierna e de se angariarem meios dissuasórios à Força Aérea Brasileira, então o estudo proposto pode permitir aos tomadores de decisão estabelecerem estratégias adequadas à atual realidade do Sistema Internacional. Sob essa ótica, o estudo abordou o emprego eficaz do poder aéreo como ferramenta estratégica à disposição do poder (e do decisor) político. Averiguou como o Poder Aeroespacial Brasileiro pode importar à Defesa Nacional (pelo uso da coerção militar) e ter valor, também, à Segurança Nacional por meio da dissuasão. Quanto ao planejamento estratégico de mais alto nível do estado, a END impõe ao Brasil estar preparado para se defender, na atual moldura mundial, de agressões e de ameaças (BRASIL, 2008). Dessa forma, o estudo buscou investigar e concluir se a Força Aérea Brasileira pode contribuir, por meio de instrumentos dissuasórios e por intermédio do emprego da coerção militar, como forma eficaz à prevenção de conflitos armados e de guerras convencionais e à resolução de crises internacionais político-estratégicas. Há ênfase à limitação espacial da Sul América. A pesquisa é relevante ao mundo acadêmico (às áreas de Defesa e de Segurança), a Organizações Internacionais que abordem estudos da Guerra Aérea, para órgãos do Governo Federal (como o Ministério da Defesa, a Secretaria de Assuntos Estratégicos, o Ministério das Relações Exteriores, o Gabinete Segurança Institucional, a Agência Brasileira de Inteligência) e às Forças Armadas Brasileiras (os Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica), porque lida com problemas afetos à Segurança Nacional com prováveis repercussões à Defesa Nacional e a questões no escopo de Segurança Internacional como as estratégias

19 18 militares de dissuasão (delimitada à análise da dissuasão não nuclear) e de coerção (em quatro tipos: decapitação, punição, negação e risco). Frise-se, que a devida relação custo-benefício da pesquisa, cujo objeto de estudo pôde remontar à análise da eficácia do poder aéreo, justifica-se pela veemência em reproduzir um fenômeno complexo como a guerra. À luz de termos técnicos da investigação, fez-se um estudo específico acerca da guerra aérea sob uma abordagem inédita no âmbito acadêmico brasileiro. Na medida em que pôde contribuir para o surgimento de conhecimento novo na área de estudo, a pesquisa se tornou, em tese, uma contribuição original, assim como pode ser considerada inédita, no campo da Defesa e da Segurança Nacionais. No estudo realizado, realizaram-se as abordagens teórico-conceitual, doutrináriamilitar e na esfera da Ciência Política. 2.3 EMBASAMENTO TEÓRICO E REVISÃO DE LITERATURA Os marcos teóricos para a realização da pesquisa consistiram numa multidisciplinaridade e se perfizeram coerentes com o seguinte quadro teórico: a) Sob a ótica das RI: Realismo Político (clássico e neoclássico); b) À luz de Teorias do Poder Aéreo: Robert Pape e John Warden III; c) No âmbito conceitual da dissuasão: Thomas Schelling; d) No campo da estratégia militar: Carl von Clausewitz; e e) Na esfera doutrinária de Segurança e de Defesa Nacionais: no pensamento estratégico contido nos manuais da ESG. O tema levantado, ao se formular o problema da pesquisa, aduz ao arcabouço cognitivo que se comunica com a dissuasão e a coerção militar. Essas duas opções estratégicas podem se constituir em escolhas do decisor político (ou estratégico) em face às ameaças ou aos inimigos declarados e reais. Atualmente, os estudos similares à pesquisa ora realizada se limitam a descrever, isoladamente, os conceitos de dissuasão, coerção e poder aéreo. Nos EUA, há Robert Pape (1996), cientista político da Universidade de Chicago, que realizou pesquisa, por seis anos durante a elaboração de tese de doutoramento, sobre a eficácia do poder aéreo. Esses estudos redundaram num livro intitulado Bombing to win: air power and coercion in war, no qual o autor se aprofunda nos

20 19 pormenores do emprego coercitivo da arma aérea, dos primórdios do nascimento do poder aéreo até a Guerra do Golfo de 1990, como um dos instrumentos da Política. Entretanto, não se tem conhecimento de que haja, no âmbito acadêmico brasileiro, um trabalho de cunho científico (tese, dissertação ou monográfico), relacionando os conceitos apresentados no problema formulado neste estudo e elaborando um genérico modelo teórico de análise empírica. Siqueira (2008) publicou artigo científico, na Revista da Universidade da Força Aérea (UNIFA), intitulado Poder Aeroespacial Brasileiro: Dissuasão como Sentimento de Segurança, Coerção como Medida Eficaz à Defesa Nacional. limitouse a um estudo conceitual e doutrinário do tema. O autor não se aprofundou em questões empíricas e, àquela época, não propôs um modelo teórico de análise, que pudesse proporcionar um entendimento mais generalizado de como o Poder Aéreo produz, no nível estratégico, efeitos dissuasórios e coercitivos. No escopo da pesquisa documental, a DMD aprofunda o conceito de dissuasão apresentado na Estratégia Militar de Defesa (EmiD) e ventilado como o efeito dissuasório, nas orientações estratégicas da PDN, dentro das opções da vertente preventiva da Defesa Nacional Brasileira. A partir da Estratégia Nacional de Defesa (END) renova a ideia da como fomentadora de capacidade dissuasória e de credibilidade perante os demais países do mundo. Todos os documentos supracitados comentam de modo genérico às três Forças Armadas Brasileiras e não especificam em termos de uma determinada força armada singular. No âmbito da FAB, a DCA 1-1 (2005) se restringia a citar, ao abordar o sigilo no capítulo dos princípios de guerra, que há informações possivelmente divulgáveis por constituírem ação dissuasória. Para Schelling (1976), trata-se do atributo da comunicabilidade, que se constitui em fator intrínseco à estratégia da dissuasão. No entanto, o conceito de coerção (militar) aparece citado tão somente na PDN vigente de A concepção de que um determinado estado soberano pode optar pela preferência ao emprego coercitivo dos meios que possuir, a fim de resolver conflitos, litígios e controvérsias, se encontra relacionada ao monopólio legítimo de uso da força atribuído ao estado-nação westfaliano desde Sob essa ótica, tem-se uma clarificadora investigação, no campo da Ciência Política, na qual se aspira à preocupação intrínseca com o fenômeno da guerra. Na esfera da estratégia militar, concebe-se a possibilidade do emprego de força bruta para o atendimento dos fins políticos. A intensidade e o grau desse uso podem

21 20 variar desde a ameaça do emprego da força armada (dissuasão) até a forma clausewitziana da guerra absoluta. Há, entre esses dois extremos, a coerção, a persuasão, a ação indireta etc., que se conformam numa miríade de opções. O estudo referencia-se na teoria de Clausewitz (1984, p. 87), cuja definição do acontecimento bélico exprime a concepção que a guerra não é meramente um ato político, mas um verdadeiro instrumento da política, a continuação das relações políticas, levadas adiante com o intercurso de outros meios. Há outras ferramentas nessa entremistura de meios: diplomacia, economia, retaliação, bloqueio comercial, soft power (ou poder brando ), a persuasão das lideranças etc. Este trabalho aborda dois instrumentos da política: estratégias da dissuasão e da coerção militar. 2.4 A METODOLOGIA DA PESQUISA No que tange ao método que indica os meios técnicos de investigação, o trabalho empregou o método monográfico por meio de um estudo de caso adstrito à FAB. Quanto ao delineamento da pesquisa, realizou-se uma abordagem documental, cuja apreciação de documentos oriundos do Ministério da Defesa (MD) foi fulcral. Análises da DMD, da PDN e da END balizaram os estudos documentais. Nesse tipo de abordagem metodológica, foi válido se aprofundar o estudo em conceitos trazidos de manuais da ESG. Em complemento à análise, realizou-se uma pesquisa bibliográfica sobre dissuasão e coerção. O estudo foi qualitativo e quantitativo. A análise qualitativa focou-se na exploração das expressões dissuasão e coerção, bem como na relação existente entre esses dois termos e os conceitos de Segurança e de Defesa Nacionais. A abordagem quantitativa visou à generalização da capacidade de contribuição efetiva do Poder Aeroespacial em termos de Segurança e de Defesa. Apresentou-se a inserção de um modelo teórico de análise, que se coadunou às estratégias militares da dissuasão e da coerção (independente do tipo de ameaça ou do inimigo). Para a consecução desse intuito, a fórmula elaborada por Pape (1996, p. 16) acerca da lógica coercitiva, serviu de embasamento teórico para se idealizarem os dois modelos apresentados na conclusão deste trabalho. Fez-se pesquisa-participante, em que houve proximidade com o objeto de investigação, pois se incluiu o autor como observador-participante. A pesquisa se perfez sob a ótica de estratégias militares dissuasórias e coercitivas, que demonstraram ser necessária uma abordagem conceitual inicial.

22 21 3 FUNDAMENTAÇÃO CONCEITUAL Nas profundezas da arte da guerra repousa a doutrina. Esta representa as convicções centrais para se empreender a guerra, a fim de se obter a vitória. Gen Curtis Lemay No que tange à questão central deste trabalho, esclarecer apenas significados ou expor somente ideias acerca do poder não clarificam seus atributos essenciais. A relevância de um estudo sobre as teorias do poder advém das características muito complexas desse instrumento central da ciência política: o exercício do poder para se atingir determinados objetivos e se preservar interesses. Em sua acepção mais genérica, o poder significa, na análise de Bobbio (2007, p. 933), a capacidade ou a possibilidade de agir, de produzir efeitos. Ademais, o poder pode abarcar muitas significações e matizes: permear desde processos naturais até fenômenos político-sociais e de artefatos bélicos coercitivos a recursos humanos com capacidades intangíveis. Na visão da Escola Superior de Guerra (2009, p. 30), o poder personifica-se: Como uma conjugação interdependente de vontades e meios, voltada para o alcance de uma finalidade. A vontade, por ser um elemento imprescindível na manifestação do Poder, torna-o um fenômeno essencialmente humano, característico de um indivíduo ou de um grupamento de indivíduos. A Vontade Nacional não é, meramente, a vontade de indivíduos ou de coletividades não representativas do hodierno Estado Brasileiro. Essa Vontade Nacional deve ser unívoca e se encontrar aliada à capacidade do Poder Nacional. Para Russell (1979, p. 24), o poder pode ser definido como a produção dos resultados pretendidos. É, pois, um conceito quantitativo. Sob essa ótica, o poder pode ser mensurado e delineado por quantificações determinísticas. Bobbio (2007, p. 940) define uma maneira de se medir o poder por meio de determinar as diversas dimensões que pode ter o comportamento em causa. Portanto, Norberto Bobbio acusa, sucintamente, que o poder possui o caráter do dimensionamento, do qual proveem a sua aplicação à realidade de uma sociedade multifacetada e, por conseguinte, se denota a existência de relações de poder. Por sua vez, Max Weber (1999, p. 33) assevera que o termo poder se constitui em conceito sociologicamente amorfo e pode designar toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade.

23 22 Para Bobbio (2007, p. 940), há um caráter antagônico das relações de poder, que faz emergir uma reflexão de que o poder tem caráter dialético. O General Carl von Clausewitz definiu a guerra como uma dialética de vontades, que se perfaz num antagonismo entre dois oponentes com objetivos contrários, apesar de comuns, pois ambos visam à vitória derrotar o inimigo 5. Pelo enfoque conceitual de Bobbio (2007, p. 940), observa-se que a área do conhecimento na qual o poder incorpora seu papel mais importante é a da política. De fato, o arcabouço conceitual da ciência política se fundamenta nas relações de poder com intuitos definidos pra determinado ente (estatal ou não). Por sua vez, Darc Costa (2002, p. 100) fornece conceitos atinentes à política, à estratégia e ao poder que se perfazem condizentes com esta pesquisa: Política, estratégia e poder estão sempre conjugadas em qualquer ação humana. A política é a arte de estabelecer objetivos. A estratégia é a arte de se empregar o poder para se alcançar os objetivos colocados pela política. O poder é a conjunção dos meios que se dispõe para se atingir os objetivos. O poder não é senão uma forte influência. Uma influência tão vigorosa, que aquele sobre a qual ela se aplica, comporta-se da maneira desejada por quem a aplicou. Uma demonstração de poder visa a convencer os adversários, de não ser possível eles impedirem aquele (sic) que o demonstrou, de alcançar seus objetivos. Se o poder retrata a revelação de um grupo e, por si só, constitui-se numa combinação de partes coordenadas para formar um conjunto, então, pode-se admitir que haja uma divisão nesse poder para fins didáticos. A análise dos efeitos advindos de um efetivo emprego desse poder em muitos estamentos da sociedade corrobora essa ideia. Porém, o Poder Nacional perfaz-se como um todo unívoco e indivisível. Segundo Luciano Gruppi, a vontade nacional impulsiona o povo à implantação e à manutenção da sobrevivência do ente político estatal: A Nação recomenda, ao se organizar politicamente, um modo de condensar, propagar, empregar e concentrar o seu poder de maneira mais eficaz, mediante a criação de uma macroinstituição ímpar o Estado a quem delega a faculdade de instituir e pôr em execução o processo políticojurídico, a coordenação da vontade coletiva e a aplicação de parte substancial de seu poder político. (GRUPPI, 1980, p. 7). 5 Em O conceito do político, Carl Schmitt (1992), pensador e cientista político germânico, assevera que há uma relação intrínseca (e criteriosa) entre o conceito do político e as noções de amigo e de inimigo. Acerca da noção de inimigo, enfatiza que este ente se difere de adversário, de competidor (que ele denomina concorrente ) ou de ameaça. A ideia de inimigo se relaciona com a capacidade de extermínio e impõe a possibilidade de aniquilação da existência de outrem.

24 23 Morgenthau (2003) percebe um jogo de interesses entre os Estados em termos de ânsia constante por mais poder. Para Bull (2002), a luta pelo e para o poder, no âmbito da Sociedade Internacional Anárquica, envolveria a busca pela designada hegemonia mundial em contraposição ao Equilíbrio de Poder. À semelhança de Morgenthau, Mearsheimer (2001) afirma que uma grande potência pode defender, na busca por mais poder, o equilíbrio de poder em seu favor e que grandes potências estão, de certa forma, sempre preparadas para a ofensiva. Por sua vez, Gruppi (1980, p. 7) incorpora, no início de sua obra, uma importada definição de estado, que se coaduna com o ponto focal deste estudo: Na Enciclopédia Treccani se lê: Com a palavra Estado, indica-se modernamente a maior organização política que a humanidade conhece; ela se refere quer ao complexo territorial e demográfico sobre o qual se exerce a dominação (isto é, o poder político), quer à relação de coexistência e de coesão das leis e dos órgãos que dominam sobre esse complexo. Os instrumentos bélicos encontram-se a serviço do Poder Político, quando esse opta pelo uso da força bruta, que pode ser sinônimo de força armada. O poder militar constitui-se em uma das subdivisões do poder e costuma ser chamado de Expressão Militar do Poder Nacional e, ele mesmo, pode também ser dividido. As teorias dos Poderes Terrestre, Naval e Aéreo, como elementos constitutivos do Poder Militar de um estado, somente constituem foco central da Política quando tratam dos aspectos geoestratégicos desses poderes. Nesse sentido, essas foram as acepções idealizadas por Alfred Mahan e Julian Corbett para o Poder Naval; por Mackinder, Spykman e por geopolíticos germãnicos para o Poder Terrestre; e por Giulio Douhet, Sir Hugh Trenchard, William Billy Mitchell e Alexander De Seversky para o Poder Aéreo. Há cerca de cem anos, o advento das aeronaves mais pesadas do que o ar extrapolou os limites das conformações conservadoras, no fenômeno guerra, para os ares sobrejacentes à superfície em que interagiam os Exércitos e as Marinhas. A partir de então, esse novo cenário de guerra, no qual os homens do ar 6 passaram a atuar, configurou-se em campo para pensadores recém-incorporados à arma aérea. As definições de Poder Aéreo evoluíram desde o surgimento do avião, recentemente há uma centena de anos, e o desenvolvimento bélico da arma aérea. 6 Vid Air and Space Power Journal, em português, quarto trimestre de 2004, p. 3, para averiguar a tradução apresentada pelo Sr Almerisio Braga Lopes, editor daquele periódico, para o termo airmen.

25 24 Não há conceitos unívocos que ofereçam consenso para se poder definir o termo com perfeição ou achar a ideia mais correta a ser considerada como a mais correta. O Poder Aéreo 7, expressão difundida e mais usada para representar o centenário fenômeno da beligerância aérea, carece de amplo arcabouço de teorias ou, até mesmo, de mais estratégias que lhe capturem a essência e o seu indiscutível valor. Torna-se notória a parca quantidade de teorias, principalmente, quando se efetua uma comparação com os outros dois poderes militares: o terrestre e o naval. David MacIsaac (2003, p. 211) faz referência ao poder aéreo como um termo genérico adotado para identificar esse fenômeno recente da guerra moderna; e, decorrida somente uma centena de anos, sua influência tem sido limitada num campo onde os efeitos da tecnologia e as proezas dos agentes têm, desde o início, desempenhado maior papel do que despertado ideias. Apesar de as teorias serem modestas, em número e em adeptos, o seu valor, de fato, não diminui, tampouco sua importância se degrada, na prática, aos homens do ar (airmen). Armitage e Mason (1985, p. 2) esquadrinharam definição de poder aéreo, a qual pode se coadunar com o presente estudo: a habilidade de projetar força militar por ou de uma plataforma, na terceira dimensão, acima da superfície da Terra. Para Santos (1989, p. 161), a Doutrina Básica da Força Aérea Brasileira de 1958 apresentava uma conceituação deveras bem formulada de poder aéreo: [...] definição clara do emprego da aviação militar e conceitua o Poder Aéreo em seus múltiplos aspectos [...] que abrange toda a capacidade aeronáutica nacional, é conceituado na Doutrina como a capacidade de controlar e utilizar o espaço aéreo com propósitos definidos. O General Estadunidense Hap Arnold entendia, já à época da Segunda Guerra, o Poder Aéreo como muito mais do que apenas aeronaves de caça usadas em combate. De fato, constitui-se em um sistema que engloba desde tecnologia à infraestrutura, de recursos humanos especializados à indústria aeroespacial. 7 Pode-se definir poder aéreo em dois sentidos: stricto sensu trata-se da potencialidade de uma nação para a efetiva e eficaz exploração do seu espaço aéreo, compreendendo um conjunto de elementos que são as componentes do poder aéreo; lato sensu constitui-se na capacidade de uso do ambiente aéreo e no emprego de meios aéreos de combate e apoio imediato. Resumidamente, seriam todos os meios (materiais e humanos) que pudessem aumentar a capacidade de conquistar e assegurar a liberdade de ação, ou seja, a liberdade de utilizar-se seu próprio espaço aéreo em detrimento do adversário, que seria privado de operar com total liberdade de ação, e de tornar impossível ou limitar os movimentos de superfície por parte desse oponente. Esses meios são os elementos-chave ao poder aéreo: força aérea, aviação civil, infraestrutura aeroportuária, indústria aeronáutica e espacial; ciência e tecnologia e sua investigação científica em aeronáutica; e recursos humanos (RH) especializados em aeronáutica e espaço.

26 25 Faz-se mister conceituar o termo Poder Aeroespacial 8 para se abstrair, de uma definição, o real significado dessa expressão às Ciências Aeroespaciais. De fato, o objeto de estudo das teorias do poder aéreo careceria, ainda, de um acertado estado de definição. O Poder Aeroespacial compõe-se de elementos suficientes e necessários, os quais interagem para compor um conjunto unívoco. O componente militar do Poder Aeroespacial constitui-se na Força Aérea Brasileira (FAB). Esta possui peculiaridades gerais quanto às inerentes concepções doutrinárias, que visam ao emprego, na paz e no combate, em operações militares. Aproveitar eficazmente o potencial da FAB, como aparelho de coerção ou de dissuasão, depende, em virtude das aspirações nacionais do Estado Brasileiro, de decisões políticas. O emprego efetivo de força armada e, no caso em apreço, da força aérea está subordinado aos devidos preceitos legais e ao Ministro da Defesa. A destinação constitucional dos meios militares rege-se por princípios listados no preâmbulo e no artigo 142 da Carta Magna vigente, além dos concernentes à concepção brasileira de Defesa e às Relações Internacionais. Essas apreciações não são exageradas ao se analisar o braço armado do Poder Aeroespacial. A concepção separada de um Poder Espacial do Poder Aéreo é complexa e diz respeito à capacidade pragmática de se evidenciar esses poderes separadamente. Hodiernamente, os Estados Unidos 9 e, recentemente, a Rússia têm capacidade real de separação desses dois poderes para fins teóricos e práticos. Por essa razão, este estudo fez o exame das concepções clássicas e modernas de pensadores teoréticos, que originaram a formulação do atual arcabouço de teorias do poder aéreo e as associa às ideias dos seus principais formuladores 10, dentro da cronologia dos fatos históricos e da influência da evolução tecnológica principalmente na doutrina e das ciências aplicadas à guerra. A Política de Defesa Nacional (PDN) aborda, fundamentalmente, ameaças externas. Constitui-se no instrumento jurídico, de mais alto nível, que condiciona o 8 Segundo preconiza o Glossário da Aeronáutica, Poder Aeroespacial é a capacidade resultante da integração dos recursos de que dispõe a nação para a utilização do espaço aéreo e do espaço exterior, quer como instrumento de ação política e militar, quer como fator de desenvolvimento econômico e social, visando conquistar e manter os objetivos nacionais. Segundo a Política Militar Aeronáutica (2008b, p ), os elementos constituintes do Poder Aeroespacial são a Força Aérea Brasileira, a Aviação Civil, a Infraestrutura Aeroespacial, a Indústria Aeroespacial e de Defesa, o Complexo Científico-Tecnológico Aeroespacial e recursos humanos especializados. 9 Para detalhes, veja-se 10 Os principais sinônimos encontrados, na literatura especializada em assuntos de aeronáutica e de poder aéreo, para os idealizadores do poder aéreo, diz respeito a: pensadores, profetas, teóricos (tradução para o termo da língua inglesa theorists), advogados, formuladores, etc.

27 26 planejamento de defesa e visa a determinar as finalidades e as diretrizes para o preparo e para o emprego da capacidade nacional, com o intuito primordial de englobar os âmbitos militar e civil, em todas as expressões do Poder Nacional: político, econômico, psicossocial, militar e C&T (esta poderia incluir a Inovação). O estado-nação moderno constitui-se em ente político-jurídico e seus elementos integrantes são, essencialmente, o território, o povo, o ordenamento legal, o governo próprio e a capacidade de tomar decisões independentes (e soberanas) nas relações externas. Esse último elemento reflete-se na condição precípua de possuir uma política externa própria e uma instituição que a processe com eficácia. No Brasil, o Ministério das Relações Exteriores (MRE o Itamaraty, como também se conhece) representa esse órgão estatal consultivo do Comandante Supremo (CS) das Forças Armadas Brasileiras o Presidente da República. Segundo a Política de Defesa Nacional, o estado detém o monopólio legítimo dos meios de coerção 11 para fazer valer a lei e a ordem, estabelecidas democraticamente, provendo-lhes, também, a segurança. (BRASIL, 2005, p. 1, grifo nosso). Essa é a moldura mundial surgida na Paz de Westfália, finda a Guerra dos Trinta Anos em 1648, com a assinatura de Tratados entre as partes envolvidas. A PDN atribui à expressão segurança a ideia que um estado visa à preservação da soberania e da integridade territorial, realização dos seus interesses nacionais, livre de pressões e ameaças de qualquer natureza, e garantia aos cidadãos do exercício dos direitos e deveres constitucionais. (BRASIL, 2005, p. 2). Portanto, segurança pode ser concebida como um estado (condição), sensação, sentimento, intangível situação (ou algo além da mera expectativa de se concretizar essa percepção) e não se concretiza em medidas operativas ou se traduz em ações concretas e mensuráveis, como no caso da defesa, pois deve ser só percebida. O conceito de dissuasão se comunica com a ideia de Segurança Nacional. A concepção de dissuasão implica a ameaça do uso da força e abarca atributos como capacidade, comunicabilidade, credibilidade, comprometimento e racionalidade 12. A estratégia militar da dissuasão se caracteriza pela capacidade de se manterem 11 A coerção implica o uso limitado de força militar (ou armada) e pode ser interpretada, metaforicamente, pela expressão arm-twisting: constraint by force (constranger pela força); the act of compelling by force of authority (ato de compelir pela força ou pela autoridade); ou persuasion, suasion (ato de persuadir ou tentar persuadir pelo uso direto de pressão) O conceito weberiano de poder, citado neste estudo, abrange as noções de conflito (neste caso concreto, armado) e coerção. 12 Para detalhes, veja-se SCHELLING, Thomas C. Arms and influence. London: Yale University Press & New Haven and London, Principalmente, os três primeiros capítulos devem ser observados.

28 27 forças militares satisfatoriamente poderosas e prontas para emprego imediato. Essa capacidade (intrínseca e latente) pode desencorajar uma agressão. Dissuadir efetivamente implica evitar a guerra (conflito armado) e, inclusive, o uso da coerção. Assim, a capacidade da Expressão Militar do Poder Nacional e a disposição política de empregá-lo plenamente na Defesa Nacional, desde que sejam internacionalmente críveis, contribuem diretamente para esta estratégia. (DMD, 2007a, p. 36). No Brasil, há dissuasão convencional devido às capacidades adquiridas, pelo Exército Brasileiro, para cumprir ações militares de Guerra na Selva. A PDN vigente busca exprimir o termo Defesa Nacional pela concepção de um conjunto de medidas e de ações do Estado, com ênfase na expressão militar, para a defesa do território, da soberania e dos interesses nacionais contra ameaças preponderantemente externas [...]. (BRASIL, 2005, p. 2). Esse conjunto de atos pode ser comparado à concepção de segurança, de forma pictorial, por intermédio de conhecimento replicado da DMD: Quadro 1: Correlação entre níveis de segurança e instrumentos de defesa Fonte: Brasil (2007a, cap. II, p. 19). A Doutrina Militar de Defesa (DMD) divide-se em seis capítulos. Os três primeiros apresentam conceitos e considerações a respeito de conflitos, poder, segurança e Defesa Nacional. Os dois seguintes discorrem, sucessivamente, sobre crises internacionais político-estratégicas (CIPE), com foco na manobra (ou gerenciamento) de crises, e acerca dos fundamentos do emprego do Poder Militar: os princípios de guerra e as estratégias militares. O último capítulo descreve o emprego das forças armadas em ações de guerra e de não guerra. A palavra crise significa, de acordo com a vigente Doutrina Militar de Defesa, uma segunda fase no caso de possível escalada da violência:

29 28 Um conflito desencadeado ou agravado imediatamente após a ruptura do equilíbrio existente entre duas ou mais partes envolvidas em um contencioso. Caracteriza-se por um estado de grandes tensões, com elevada probabilidade de agravamento (escalada) e risco de guerra, não permitindo que se anteveja com clareza o curso de sua evolução. (BRASIL, 2007a, cap III, p. 22). Infere-se, assim, que a crise constitui-se em uma espécie de conflito estabelecido entre a paz e a guerra. A crise impõe uma administração (manobra ou gerenciamento), a fim de encaminhar-se essa situação conflituosa, possivelmente vivenciada, à evolução que se coadune com os interesses nacionais em pauta na mesa mundial de negociações diplomáticas. Na lógica natural de um crescente espectro de controvérsias consolidadas, há a observância, em essência e magnitude, de situações conflituosas. No ambiente externo ou interno de uma nação, caracterizam-se os estados de paz, de crise 13, de guerra (ou conflito armado), que se apreendem, pictorialmente, na figura abaixo: Figura 1: Espectro dos Conflitos. Fonte: Brasil (2007a, cap. III, p. 21). A ilustração pode servir para reflexões intelectuais sobre o uso da força, da negociação (soluções pacíficas de controvérsias) e da persuasão. Não obstante a riqueza de assunções advindas do quadro e a profundidade cognitiva que o 13 Se a situação de crise pode ser uma ameaça aos interesses supremos da nação, então deve demandar gerenciamento que se encaminhe à conclusão adequada do conflito em favor desses interesses (em tese, potencialmente ameaçados). Ademais, a responsabilidade por gerenciar essas situações conflituosas deve recair sob a esfera máxima de decisão política do poder legitimamente constituído, pois poderá haver escalada de violência para a guerra. Essa manobra de crise é coordenada, normalmente, pelo Presidente da República, que considera a consultoria de conselhos legalmente instituídos, entidades estatais, especialistas no tema e de outros órgãos. Forma-se, assim, um Gabinete de Crise para assessoria à decisão do (da) Comandante Supremo (a).

30 29 legislador empregou ao construí-lo, este estudo se limita a pontuar, nessa figura, a relação entre povo, governo, diplomatas e militares. A Defesa Nacional se caracteriza por englobar três importantes esferas de atuação estatal: o poder político, a diplomacia e o poder militar (MENEZES, 1997, p. 121). Esse triunvirato do estado está a serviço da população e pode ser complementado pela trindade clausewitziana, que abarca o povo, o governo e o general e seus exércitos (CLAUSEWITZ, 1996, p ; original 1832). Para Clausewitz, o primeiro dos três aspectos diz respeito ao povo e suas ardentes paixões; o segundo ao comandante e às forças armadas; o terceiro ao governo e à racionalidade. Os sentimentos que devem ser inflamados na guerra já devem estar presentes no povo; o alcance que a coragem e o talento terão no campo das probabilidades e do acaso depende do caráter particular do líder-militar e do emprego da força bruta (nomeada também de violência organizada ou uso de força armada); os fins políticos são província peculiar do governo. Quanto ao diplomata, Aron (2002, p. 60) diz que a diplomacia se articula com a política pela estratégia: "a distinção entre diplomacia e estratégia é relativa. Os dois termos denotam aspectos complementares da arte única da política a arte de dirigir o intercâmbio com os outros estados em benefício do interesse nacional.". Em Diplomacia e Meios Militares, Raymond Aron (2002, pp ) afiança: "o intercâmbio entre as nações é contínuo; a diplomacia e a guerra não passam de modalidades complementares desse diálogo. Ora domina uma, ora a outra, sem que nenhuma jamais se retire inteiramente [...]". É a relação entre os pactos e a espada. Em situações reais, ações diplomáticas e estratégicas são usadas de forma coordenada pelo Poder Político do Estado, reforçando-se mutuamente. Tendo em vista os objetivos deste trabalho, a análise se limita apenas às ações estratégicas e à Defesa, o que não significa, de forma alguma, desconhecer a importância da simultaneidade da aplicação de ações diplomáticas ainda em épocas pacíficas. Esse crescente espectral de violência apresenta como primeiro degrau lógico o estado de paz, em cuja situação há um equilíbrio e, sob a ótica da DMD, implica ausência de lutas, violências ou graves perturbações, no âmbito de um Estado ou no âmbito de suas relações internacionais. Os conflitos existentes não comprometem os interesses da nação.. (BRASIL, 2007a, p. 21). Inserindo-se no contexto dessa fase pacífica, não se impõe, ainda, o emprego coercitivo do poder militar. Mesmo nessa fase, a dissuasão ocorre e visa a

31 30 manter um status quo, ou seja, objetiva a manutenção do estado de equilíbrio. Dissuadir demanda agir de acordo com critérios de capacidade (de uso), credibilidade (da ação), comunicabilidade e transparência entre as partes. A responsabilidade pelo gerenciamento de crises, no âmbito do Estado Brasileiro, cabe à expressão política do Poder Nacional, coordenada pelo Presidente da República, considerando a consultoria do Conselho de Defesa Nacional (CDN) e de outros órgãos (BRASIL, 2007a, p. 22). Concernente à essa tipologia, uma determinada crise pode ser classificada como interna ou externa. A crise do tipo interno pode assumir um caráter político, econômico, social, militar, científico-tecnológico ou multifacetado. A crise de características eminentemente externas é nomeada, na DMD, como uma crise internacional, podendo possuir, ou não, um caráter político-estratégico. A estratégia a ser articulada depende de espaço de manobra, adversário e seus aliados, interesses em jogo e da própria política. Por sua vez, as forças armadas participam, sempre, com o cunho específico de respaldo à ação política (interna ou externa) do governo do país. Visando ao controle das ações bélicas, são estabelecidas regras de comportamento e de engajamento das forças militares envolvidas, em consonância com a condução política da situação-crise (interna ou externa) ou conflito armado (guerra). Sob esse contexto, a END demonstra estar atualizada com o que há de mais contemporâneo no pensamento estratégico militar ao listar a mister diretriz da capacidade de alternar a concentração e a desconcentração de forças com o propósito de dissuadir e combater a ameaça. (BRASIL, 2008c, p. 5, grifo nosso). Quanto aos cenários estratégicos de prospectiva, a END aponta que devido à incerteza das ameaças ao Estado, o preparo das Forças Armadas deve ser orientado para atuar no cumprimento de variadas missões, em diferentes áreas e cenários, para respaldar a ação política do Estado. (BRASIL, 2008c, p. 39). Setenta anos depois do pioneirismo de Douhet, o Coronel estadunidense John Warden III teorizou acerca do uso do poder aéreo ao elaborar a Teoria dos Cinco Anéis, que foi aplicada, na prática, na primeira Guerra do Golfo de Esse teórico valorizou a estratégia coercitiva da Decapitação, pois enfatizou que o anel (ou círculo) do comando (o líder político ou comandante militar) se constitui no mais importante, na guerra contemporânea, a afetar, a neutralizar ou a paralisar.

32 31 4 A PARALISIA ESTRATÉGICA E A TEORIA DOS CINCO ANÉIS DE WARDEN O estrategista deve pensar em termos de paralisar, não de destruir. Liddell Hart Liddell Hart (1999) faz uma descrição diferente daquela oriunda do pensar clausewitziano do século XVIII e similar às ideias dos homens do ar. Analogamente, a citação difere da concepção clausewitziana de recontro 14, e de guerra absoluta e se aplica à atual guerra aeroestratégica. Para entendê-la é necessário pensar dedutivamente, ou seja, usar as ferramentas do método dedutivo de prova citado por Popper (1978, p. 30). Popper induz a se raciocinar do cenário mais amplo para o mais estreito, em vez do pensamento indutivo usado ao se inserir no nível tático ou no campo da arte operacional, significa comportar-se estrategicamente. O filósofo grego Heráclito pode ser considerado o mais eminente pensador pré-socrático. Numa série de aforismos, enfatizou o caráter mutável da realidade. Para Heráclito (2005, p, 25), a noção de fluxo universal tornou-se um mote: tu não podes descer duas vezes no mesmo rio, porque novas águas correm sempre sobre ti. Resumidamente, o pensamento heraclítico entende que a essência é a mudança. Heráclito de Éfeso tornou-se célebre por fundamentar suas ideias filosóficas numa lei racional que ditaria o movimento ininterrupto do mundo. Ele estabeleceu a existência do Logos: uma lei universal e fixa. Lei regedora de todos os acontecimentos particulares. Fundamento da harmonia universal, o Lógos seria feito de tensões. O Lógos traz a ideia de que nenhum termo ou expressão é capaz de exaurir a totalidade de mudanças sucessivas que a realidade prestaria à experiência humana. Portanto, o Lógos constitui-se, para Heráclito, na razão universal ou no próprio pensamento, elemento dinâmico capaz de harmonizar a fluidez das alterações da realidade dando a elas uma atitude não aleatória. Há, conforme o axioma basilar de Heráclito (2005), um princípio universal, o qual, em verdade, resume todas as coisas. Tem-se exemplo dessa concepção: Platão ainda diz de Heráclito: `Ele compara as coisas com a corrente de um rio que não se pode entrar duas vezes na mesma corrente`. Porquanto não se pode 14 Recontro não se constitui em termo unânime, pois na língua inglesa tem-se a palavra Engagement. Em algumas traduções se observam os termos engajamento, combate e enfrentamento. Em resumo, seria uma idéia clausewitziana para o encontro entre dois inimigos, que abarcasse suas tropas militares e seus equipamentos de guerra, ou seja, os meios humanos e os materiais. O recontro é um elemento de natureza tática e sofre a influência dos objetivos imediatos em cada diferente situação.

33 32 banhar duas vezes jamais no mesmo rio ou, como seus sucessores diziam, nele nem se pode mesmo entrar, deve-se reconhecer a existência do devir de Heráclito. As águas provêem a ideia de constante mudança, a cuja essência depara-se a humanidade: um mundo fluido. Para Friedman (2007), trata-se do mundo plano. Em face dessa planificação, estudos têm-se baseado na observação de frações da realidade com o escopo de torná-las passíveis de generalização. Nesta forma oposta ao pensar heraclítico, evidencia-se um pensamento puramente indutivo, que ao estrategista não se torna tão útil quanto o raciocínio dedutivo. Há, essencialmente, duas possibilidades de pensamento: a indutiva e a dedutiva. A primeira consiste em reunir muitos dados menores para se chegar ao todo. A segunda começa com a totalidade, a partir da qual se podem apreender as minúcias. Portanto, a primeira maneira de pensar é tática, a segunda, é estratégica. Porém, o treinamento inicial de pilotos militares envolve, normalmente, processos indutivos de pensar. Entretanto, para que se tornem gerentes da Arte Operacional e estrategistas eficazes, devem apreender a pensar dedutivamente. Para Warden (1995, p ), esse fenômeno ocorre, na mesma dimensão, no campo das Ciências Militares, concernente ao estrategista militar: O Coronel Warden 15 A guerra estratégica é um animal diferente da guerra que conhecemos através da história. Não é fácil entender porque temos que lançar fora muitas das nossas ideias acerca da guerra. Além disso, para processá-la é necessário pensar do geral para o particular - pensar do cenário mais amplo para o mais estreito -, em vez do pensamento do particular para o geral que nos serve tão bem quando tratamos de questões táticas. Há basicamente duas maneiras de pensar: a indutiva e a dedutiva. A primeira consiste em reunir muitos fatos pequenos para ver o que se pode fazer com eles. A segunda começa com princípios gerais a partir dos quais podem-se aprender as minúcias. O primeiro é tático, o segundo, estratégico. Na Força Aérea, a maior parte de nosso treinamento inicial nos envolve com processos indutivos. Entretanto, para que nos tornemos bons artífices operacionais e estrategistas, temos que aprender a pensar dedutivamente. Um exemplo, tirado do mundo civil, é comparar entre arquitetos e pedreiros. e sua equipe de trabalho arquitetaram toda a campanha aérea na guerra contra o Iraque em Idealizou a Teoria dos Cinco Anéis 16 para explicar e fundamentar que se deve distinguir todo e qualquer inimigo como um sistema composto de elementos menores os subsistemas: 15 O piloto de caça da USAF John A. Warden III chefiou a Checkmate Division do Pentágono na campanha aérea que guiou os esforços aliados durante a Operação Tempestade no Deserto. 16 Trata-se de uma obra literária anterior à eclosão da Gulf War I, sendo fruto de uma tese de Warden no curso da National War College. A Five Rings Theory somente foi exposta em 1995.

34 33 Para pensar de maneira estratégica, devemos pensar o inimigo como um sistema composto de muitos subsistemas. Pensar o inimigo em termos de um sistema, nos dá uma chance muito melhor de forçá-lo ou de induzi-lo a fazer de nossos objetivos os objetivos dele e fazer isso com um esforço mínimo e uma probabilidade de sucesso máxima. (WARDEN, 1995, p. 46) Para Clausewitz, o elemento principal da guerra seria o recontro (o atritivo enfrentamento de dois exércitos). Ao retomar a ideia clausewitziana, Warden (1995, p. 46) frisa: como estrategistas e artífices operacionais, precisamos nos livrar da ideia de que a característica central da guerra é o embate de forças militares. Uma opção estratégica pode se constituir em forçar um conflito armado, mas nem sempre o confronto de forças militares faz-se sábio. O confronto bélico total pode ser evitado por ação da coerção militar ao se optar pelo emprego limitado da força armada. Sob esse enfoque, tem-se que a guerra se perfaz em mero instrumento para um objetivo maior, geralmente político, e não um fim em si mesma. O Coronel Warden enfatiza a eficácia política e o valor estratégico da arma aérea: Os objetivos são fundamentais para o sucesso na guerra estratégica. Indo à guerra com um Estado ou com qualquer ente estratégico 17, precisamos (ou, certamente, deveríamos) ter objetivos, e esses objetivos, para terem utilidade, têm que estar muito além de coisas como meramente vencer o inimigo ou estragar suas forças militares. (Não há duvida que esta última coisa pode ser, exatamente, o que não queremos fazer. Lembre-se que a guerra no nível estratégico não é o mesmo que no nível tático, em que a derrota das forças táticas do inimigo é exigida quase que por definição.) Afinal, não se vai à guerra apenas para ter um bom combate; vamos à guerra para conseguir algo que é politicamente valioso para nossa organização. (WARDEN, 1995, p. 47) Portanto, o que se colima alcançar pode ser tão extremo quanto a aniquilação de um Estado ou colonizá-lo. Em contrapartida, pode-se querer que o inimigo não nos aniquile. Entre esses extremos há um espectro enorme de possibilidades, como a seguinte: na Guerra do Golfo os Estados Unidos queriam que o Iraque saísse do Kuwait e que o poder iraquiano diminuísse a um nível em que não fosse mais uma ameaça para seus vizinhos no Oriente Médio. 17 Um ente estratégico é qualquer organização que pode operar de um modo autônomo; que dirige a si própria e que se sustenta. Um estado é um ente estratégico. Nem um exército nem uma força aérea, ao contrário, são entes estratégicos porque nem dirigem a si próprios nem se sustentam. Esta é uma diferença essencialmente importante. Os centros de gravidade estratégicos e da guerra estratégica aplicam-se tanto a organizações guerrilheiras quanto aos estados industriais modernos.

35 34 No nível estratégico, atingir os objetivos é produzir as mudanças em uma ou em mais partes do sistema material inimigo. Pela persuasão ou pela coerção, o oponente decide adotar nossos objetivos. Pela paralisia estratégica, torna-se materialmente impossível para o inimigo opor-se ao adversário. A isso se denomina seleção utilitarista de alvos. No entanto, resta a pergunta: que itens do sistema inimigo serão atacados? Warden anota, a seguir, o lado moral. Na ideia de Warden, depende de quais sejam nossos objetivos, de quanto o inimigo queira resistir a nós, de quão capaz disso ele seja e de quanto esforço sejamos nós capazes de exercitar, dos pontos de vista material, moral e político. Com respeito à relação entre aspectos morais e materiais, também enfocada por Clausewitz, Warden afirma que: O advento do poder aéreo e de armamento preciso tornou possível destruir o lado material do inimigo. Isto não quer dizer que, moral, atrito e nebulosidade tenham desaparecido. Quer dizer, porém, que agora podemos colocá-los numa categoria distinta, separada do material. Em conseqüência, podemos pensar, em termos gerais, na seguinte forma de equação para a guerra: (material) x (moral) = resultado. (WARDEN, 1995, p. 47) Na ciência do Targeting, faz-se identificação, análise, avaliação e seleção de alvos fornecidos pelos estrategistas aos pilotos de aviões. São etapas essenciais nas campanhas aéreas modernas, pois ditam a eficácia do emprego do poder aéreo. Por isso que o Modelo dos Cinco Anéis foi idealizado por John Warden III. Para tornar inteligível a ideia do sistema do inimigo e facilitar o entendimento da teoria, Warden (1995, p. 48) afiança que os melhores modelos no nível estratégico são os que nos dão a representação mais simples possível do quadro geral. Entretanto, desenvolvem-se porções do modelo, à medida que se precisa de maior minúcia, de modo que se possam perceber aspectos cada vez mais refinados. É importante, porém, que, ao construir o modelo e ao usá-lo, comece-se sempre do geral e se trabalhe, dedutivamente, para obter o particular. Para Warden (1995, p. 51), seria capital para se obter sucesso a consciência de que os estrategistas e os artífices operacionais começam com o ente amplo - o sistema inimigo - e então vão trabalhando para compreender os aspectos menores à medida que isso se exige. A essência da guerra estratégica é forçar o Estado ou a organização inimigo a fazer o que se quer que ele faça. No extremo, a ênfase pode chegar a ser uma guerra para destruir o estado ou a organização.

36 35 Entretanto, é o sistema todo que é o alvo, não somente suas forças militares. Por exemplo, se a ação sobre o sistema for adequada, suas forças militares ficarão como um apêndice inútil, já não mais apoiadas pela liderança, pelos elementos orgânicos essenciais, pela infraestrutura ou pela população (civil ou povo). Para Warden (1995, p. 52), isso não quer dizer que não se pense em como derrotar diretamente as forças militares do inimigo. Não há dúvida que há ocasiões em que a derrota delas é o único modo de privar os centros estratégicos de seus guardas. Há casos em que não há a opção de infringir danos em pontos estratégicos do opositor. Na avaliação de Warden (1995, p. 52), a ideia clausewitziana de centro de gravidade (CG) é um conceito simples, mas como ele mesmo afirmava, de difícil aplicação. Ao importar esse conceito clausewitziano para elaborar a teoria, Warden (1989, p. 7) define centro de gravidade de modo distinto: ponto onde o inimigo é mais vulnerável e o ponto onde um ataque terá a maior chance de ser decisivo. Lembre-se que Clausewitz descreveu a guerra como uma trindade esquisita. Formada de violência primordial, ódio e inimizade, que podem ser tratados como uma força natural, cega; do jogo do acaso e de probabilidades, onde o espírito criativo pode enveredar livremente; e do elemento de subordinação aos objetivos políticos, de instrumento político, que a faz subordinada só à razão. Portanto, o primeiro dos três aspectos diz respeito, principalmente, ao povo e suas ardentes paixões; o segundo ao comandante e às forças armadas; o terceiro ao governo e à racionalidade. Os sentimentos que devem ser inflamados na guerra já devem estar presentes no povo; o alcance que a coragem e o talento 18 terão no campo das probabilidades e do acaso depende do caráter particular do líder-militar e do emprego da força bruta; os fins políticos são província peculiar do governo. O entendimento da guerra como trindade esquisita permite se compreender que o objetivo da guerra necessário para o propósito político, correspondente à vitória na guerra, pode não estar contido nas forças do inimigo. Pode-se apreender que o recontro é um choque de forças morais e físicas por intermédio destas últimas. O ponto é golpear no alvo que mais afete a coesão e a vontade do inimigo. As forças morais (axiológicas) devem ser atingidas, tanto quanto as forças físicas (materiais). Há Centros de Gravidade (CG), que para Clausewitz (1984, p 595) são pontos ótimos de aplicação da força, que correspondem aos núcleos de poder e 18 Raymond Aron (1986), um estudioso de Clausewitz, lembra que o melhor termo seria o gênio do líder. Faz alusão ao coup d oeil (termo que designa o olhar rápido; golpe de vista) do líder militar.

37 36 movimento, coesão e direção de que tudo depende, cuja compreensão advém da trindade. Ela permite conceber que, embora a destruição das FA do inimigo seja um início e tenha influência no desenrolar da campanha, é possível identificar CG do esforço de combate em outros pontos que não pertencem apenas ao poder militar. O Centro de Gravidade pode estar na força principal, ou na força de um aliado mais poderoso, ou na capital, ou, como no caso de movimentos guerrilheiros, em sua liderança. O fator crucial é afetar o equilíbrio das forças inimigas de modo que esse efeito não possa ser revertido. A correta identificação dos CG do inimigo é uma das mais importantes tarefas de um comandante, tanto no nível estratégico quanto no operacional, pois sinaliza a direção geral dos esforços em prol de um resultado final pretendido. Os centros de gravidade apenas podem se relacionar indiretamente com a capacidade do inimigo de conduzir operações militares reais. Segundo assevera Warden (1995, p. 48), a exigência mais importante do ataque estratégico é entender o sistema inimigo. Entendido o sistema, o problema seguinte se torna ser o de como submetê-lo no nível desejado, ou como paralisá-lo se isto for exigido. Inicia-se a ideia de ataque em paralelo ou Guerra Paralela. Então, como se conduz a estratégia da paralisia estratégica? Na concepção de Warden (1995, p. 48), o ataque em paralelo será normalmente o tratamento preferido, a menos que haja uma razão cogente para prolongar a guerra. Compare-se o ataque em paralelo com o ataque em série, no qual só um ou dois alvos são atacados num determinado dia (ou até por mais tempo). O inimigo pode minorar os efeitos de ataques em série pela dispersão no tempo, aumentando as defesas dos alvos que têm probabilidade de serem atacados, concentrando seus recursos para reparar os danos de ataques singulares e pelas contra-ofensivas. O ataque em paralelo o priva da capacidade de responder eficazmente, e quanto maior a percentagem de alvos golpeados num único ataque, mais a resposta do inimigo se torna praticamente impossível. O ataque paralelo não foi possível, em qualquer escala apreciável, no passado, porque o comandante tinha que concentrar suas forças a fim de prevalecer contra uma parte única vulnerável das forças do inimigo. Se ele vencesse, poderia reconcentrar-se e deslocar-se para atacar outro ponto nas defesas do inimigo. Esse processo é entendido quando designado de guerra em série e permitia manobra e contramanobra, ataque e contra-ataque, versus ataque.

38 37 A guerra serial cedeu ao fenômeno nomeado por Clausewitz (1984) como ponto culminante da batalha equilíbrio e, repentinamente, com o esforço correto de qualquer um dos lados pode haver um efeito significativo e decisivo na ação final. A clássica noção da guerra enxergavaa moderna capacidade de executar a guerra paralela (ou ataque em paralelo), torna o pensamento dos pensadores clássicos, em parte, obsoleto e um paradigma. A batalha decisiva da estratégia de aniquilação concertava princípios de guerra com a intuição de Napoleão. Combinados, esses princípios e a intuição napoleônica forneciam os instrumentos necessários e suficientes para as esmagadoras vitórias de Bonaparte. Assemelhavam-se, em muito, às concepções de Clausewitz sobre o embate total de exércitos inimigos. As máximas de Napoleão denotam que a estratégia de aniquilação era, na arte da guerra, a opção estratégica, assim como na mecânica, o tempo é o grande elemento entre o peso e a força. Na consecução da estratégia de paralisia, os alvos vitais dos estados, no nível estratégico, tendem a ser pequenos, muito caros, ter pouca possibilidade de reposição e ser de difícil reparo. Se uma percentagem significativa for atingida em paralelo, o dano se torna irrecuperável. Para importar juízos teóricos e para elaborar uma teoria aplicada à guerra aérea, Warden se apropria do pensar clausewitziano: Direção ou Liderança central Elementos orgânicos essenciais Infra-estrutura População Forças militares em campo Figura 2: Modelo básico da Teoria dos Cinco Anéis de John Warden III (adaptado pelo autor). Fonte: Warden III (1995, p. 51).

39 38 Para ele, em cada anel há um ou mais de um centro de gravidade, dos quais tudo depende. Sob esses pontos (para o general prussiano seriam pontos focais ) do inimigo que se deveria infringir força máxima (se possível, usar golpe único). No Modelo dos Cinco Anéis, Warden hierarquiza os itens em ordem de importância, cuja sequência decrescente é: as lideranças (em primeiríssimo lugar; é o anel capital), os elementos orgânicos essenciais, a infraestrutura, a população civil e, por último lugar, as forças militares em campo de batalha (figura dois). Os sistemas apresentam, por essência, apropriadas e coerentes peculiaridades de vinculação e influência de valor relativo entre seus elementos componentes. Nos sistemas sociais ou abertos (organizações, estados etc), os sistemas podem interagir e se interconectar entre si por alianças (figura três). A AFDD 2-1, Air Warfare Doctrine, doutrina da USAF, apresenta um modelo evoluído, da Teoria de Warden III, com seis anéis (círculos). Há a inclusão do anel da conectividade (ou interação). Trata-se do anel mais externo e indica a interação entre várias nações, grupos ou outros atores, que poderiam ser interpretados como os prováveis aliados ou alianças políticas de determinado ente estratégico. Figura 3: Modelo dos seis anéis com a inserção da connectivity (interação ou conectividade). Fonte: Estados Unidos da América (2000, p. 99). A par da inovação feita pela USAF, ressalte-se que Clausewitz já admitia, no Da Guerra, os aliados políticos (ou alianças) como um provável centro de gravidade. O Modelo dos Cinco Anéis segue o mesmo rumo, pois Warden explica o esquema inicial passível de transformações, por exemplo, convertendo os círculos em elipses.

40 39 No entanto, essas modificações auxiliam-nos a desvendar que o modelo concebe sistemas dinâmicos de natureza não-linear e que nem sempre existe a mesma inter-relação concêntrica entre os cinco anéis e seus subsistemas (fig. 4). A causa disso repousa na interdependência e/ou preponderância que possa desempenhar um anel sobre o outro. Esse fenômeno está em função de variáveis internas e/ou externas ao sistema. Têm-se as variáveis conexas: a tecnologia do inimigo, sua capacidade industrial, quantidade de reservas de combustíveis, matriz energética, infraestruturas (estradas, portos e aeroportos), tamanho, aprestamento e adestramento de suas forças armadas, o moral de sua população, opinião pública interna e internacional favorável ou não, apoio militar externo, alianças políticas, etc. De fato, a alta tecnologia (high tech) tornou possível o ataque quase simultâneo a toda vulnerabilidade do inimigo nos níveis estratégico e operacional. A Guerra em Paralelo efetiva a clausewitziana forma ideal de guerra do ataque concomitante e em todo lugar vital ao esforço de guerra inimigo. Há Centros de Gravidade em cada um dos anéis do modelo. Segundo Warden, a melhor solução seria acometer, ao mesmo tempo e em paralelo, diversos anéis (ou círculos) e múltiplos CG para majorar o efeito sinérgico da paralisia estratégica. EFEITOS INDIRETOS Figura 4: Os efeitos indiretos do ataque em paralelo (adaptado pelo autor). Fonte: Warden III (1995, p. 52).

41 40 A atual Doutrina Básica da Força Aérea Brasileira traz cinco tipos de CG: forças posicionadas; população; infraestrutura nacional; funções vitais; e lideranças. Logo, induz-se à conclusão de que a vigente Doutrina Básica da Força Aérea Brasileira (FAB) incorporou as concepções teórico-estratégicas de Warden (fig. 5). Há ideias contrárias, no âmago da FAB, que contestam a eficácia da teoria de John Warden III devido ao aparato necessário para a consecução da paralisia. Figura 5: Os Centros de Gravidade de acordo com a DCA 1-1. Fonte: Brasil (2005a, p.13). O Método Conexionista (ou Método Axiológico), de autoria de Narcelio Ramos Ribeiro, pode ser mais apropriado à FAB. O modelo conexionista de planejamento segue uma linha axiológica, por ser mais adequada às forças que não possuem muitos recursos e não podem arcar com altos custos operacionais. Clausewitz (1984) aborda importante aspecto sobre os centros de gravidade: a correta identificação dos CG do inimigo é uma das mais importantes tarefas de um comandante no nível estratégico, pois sinaliza a direção geral dos esforços em prol de resultados pretendidos, que podem ser estratégicos, operacionais ou táticos: A guerra em geral e o comandante em qualquer instância específica, tem o direito de solicitar que a tendência e os projetos da política não sejam inconsistentes com esses meios. Esta não é uma demanda trivial; mas por mais que possa afetar os objetivos políticos num determinado caso, nunca irá mais longe do que apenas modificá-los. O objetivo político é o fim, a guerra é o meio de se obtê-lo, e o meio nunca pode ser considerado de forma isolada de seu fim. (CLAUSEWITZ, 1992, p. 87).

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