HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento - Mateus, vol. 02. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2010, p

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1 O REINO DE DEUS A consumação do Reino de Deus - O Juízo Final Mateus 25:31-46 Valdir Stephanini 1 Palavras Iniciais Depois de 46 semanas refletindo sobre o Reino de Deus chegamos neste domingo ao final desta maravilhosa série de estudos que tanto nos abençoou, edificou e instruiu, renovando a nossa fé, esperança e amor que temos pelo Deus Trino e pelos seus planos para nossas vidas, relacionados com o seu Reino. Nas últimas três semanas estudamos sobre a consumação do Reino de Deus como ensinado por Jesus Cristo no Monte das Oliveiras, pouco antes de passar pelo sacrifício na cruz, ressurreição e ascensão aos céus, conforme está registrado em Mateus 24 e 25. Hoje estudaremos sobre o Juízo Final, baseados no texto exclusivo de Mateus 25:31-46, em que Jesus fala diretamente sobre o assunto, um dos temas mais mencionados e menos compreendidos pela humanidade ao longo dos milênios, mas que é intrigante e extremamente relevante pois menciona o desfecho final da história da humanidade e a nossa inserção definitiva na eternidade. 1. A VOLTA TRIUNFAL E GLORIOSA DE JESUS CRISTO (v. 31) Jesus terminou, dizendo: Quando o Filho do Homem vier como Rei, com todos os anjos, ele se sentará no seu trono real. (v.31 NTLH) 2 Quando, pois, vier o Filho do homem na sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória. (v.31 VR) 3 Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos, assentar-se-á em seu trono na glória celestial. (v.31 NVI) 4 Os exegetas defendem que o texto em questão não é uma parábola, embora apresente elementos parabólicos 5 como o pastor, as ovelhas, os bodes. 6 Trata-se de uma descrição dramática e cheia de simbologias que tratam da segunda vinda de Cristo e os acontecimentos que daí se seguirão. Todas as profecias relacionadas a primeira vinda de Cristo se cumpriram em detalhes, incluindo o cenário humilde que se desenhou para seu nascimento, vida, morte e ascensão (Isaías 53:2,3, Filipenses 2:5-8). Agora a expectativa recai sobre sua segunda e derradeira vinda, desta vez em esplendor e glória que mal nossa imaginação alcança. Um exército de anjos acompanhando o Filho do Homem se unirá aos remidos do Senhor que serão arrebatados nas nuvens para encontrar o Cristo nos ares (I Tessalonicenses 4:17) e acompanhá-lo à terra, a fim de que ocorra o juízo final. O Senhor, cercado de glória e de esplendor, virá e se assentará no seu trono de glória a fim de dar início ao julgamento de toda a humanidade. Jesus já havia dito que o Filho do Homem será visto descendo 1 Pastor Presidente da Primeira igreja Batista da Cidade da Serra, Graduado em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e Universidade Presbiteriana Mackenzie, Licenciado em Pedagogia pela Universidade Federal do Espírito Santo, Mestrado em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e Escola Superior de Teologia de São Leopoldo, Doutorando em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Autor do livro Assim Nasce uma Igreja. 2 Nova Tradução na Linguagem de Hoje. 3 Versão Revisada. 4 Nova Versão Internacional. 5 HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento - Mateus, vol. 02. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2010, p CARSON, O comentário de Mateus. São Paulo: Shedd Publicações. 2010, p.600.

2 sobre as nuvens do céu com poder e grande glória (24:30). O apóstolo Paulo descreve o evento final como glorioso e glorificador (I Tessalonicenses 4:16, II Tessalonicenses 1:10, Colossenses 3:4). Cristo voltará como o glorioso conquistador, o Juiz de tudo, o redentor de toda a criação, o Rei dos reis e Senhor dos Senhores (Apocalipse 19:16) 7. Uma discussão que se arrasta em torno da volta de Cristo é se acontecerá num evento único ou desdobrado em mais momentos. Embora existam posicionamentos diferentes em relação a este assunto, acredito que a segunda vinda de Cristo será um evento único 8. Há que se dizer ainda que a volta de Cristo será de caráter pessoal e visível conforme afirmam as Escrituras em Atos 1:11 e Apocalipse 1:7 e noutros textos, de tal forma que todo o olho o verá. Entretanto, como vimos nos estudos anteriores, ninguém, a não ser o Pai, sabe o dia e a hora em que isto vai se concretizar (Mateus 24:36) o que por si só já é motivo suficiente para nos encher de expectativa e vigilância (Mateus 24:42). Será uma volta triunfal, que desencadeará os acontecimentos finais como ressurreição dos mortos, transformação dos que estiverem vivos, juízo final e o estabelecimento de novos céus e nova terra em que não haverá mais pecado, nem choro, nem morte, nem dor, nem sofrimento (Apocalipse 21:1-8). 2. A REALIDADE DO JUÍZO FINAL - TODA A HUMANIDADE DIANTE DO TRONO DE DEUS (v.32) Todos os povos da terra se reunirão diante dele, e ele separará as pessoas umas das outras, assim como o pastor separa as ovelhas das cabras (v.32 NTLH). [...] e diante dele serão reunidas todas as nações; e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos (v.32 VR). Todas as nações serão reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes (v. 32 NVI) Com relação ao Juízo Final também há diferentes opiniões sobre a cronologia dos fatos, quantos julgamentos haverá, quem será julgado quando, etc. Entretanto, todos os cristãos creem piamente que todos os seres humanos terão que passar pelo juízo final. De acordo com o texto que estamos estudando, compreendo que na ocasião descrita pelo Mestre, toda a humanidade, de todos os tempos, tanto crentes como incrédulos, independente de gênero, religião ou nacionalidade, estará diante de Deus para o julgamento e a definição de onde cada um passará a eternidade. Embora haja um julgamento que acontece já no presente, pela resposta dada a Cristo (João 3:18, 3:36 e 5:24), 9 a Bíblia deixa muito claro que haverá um último julgamento no fim da história, no qual todos os seres humanos terão que comparecer diante do trono de Deus para serem julgados, quer tenham eles crido em Cristo ou não. O juízo final é uma necessidade teológica e moral diante das muitas injustiças que ocorrem na sociedade em que vivemos, muitas delas praticadas por pessoas que deveriam ser guardiães da justiça. É necessário também pelas inúmeras coisas que acontecem sem uma explicação plausível que se possa dar como tragédias, sofrimentos, etc. Mas por mais estranho que possa parecer, é bom que se diga que [...] na ocasião do juízo final o destino final de todos os que tiverem vivido ou ainda estiverem vivendo na terra já terá sido 7 HOEKEMA, Anthony. A bíblia e o futuro: a doutrina bíblica das últimas coisas. São Paulo: Editora Cultura Cristã. 2001, p HOEKEMA, 2001, p HOEKEMA, 2001, p.298.

3 determinado. 10 Deus não precisa proceder uma investigação nas vidas das pessoas para determinar quem será salvo e quem não o será pois já sabe disso antes mesmo da fundação do mundo (Efésios 1:4). Trata-se da soberania e da presciência de Deus. Diante disso, qual será o propósito do juízo final então? Hoekema 11 menciona pelo menos três propósitos para o Juízo Final: O primeiro é mostrar a soberania da glória de Deus, pois o que é central no dia do juízo não é o destino dos indivíduos, mas sim a glória de Deus na consumação do seu Reino. O segundo propósito do Juízo Final é o de revelar o grau de punição que cada um deverá receber, de acordo com a vida que as pessoas viveram entendendo que haverá tanto graus diferentes de punição como também de galardões. Um terceiro propósito é o de executar o julgamento de Deus sobre cada pessoa. Agora Deus designará o lugar em que cada pessoa passará a eternidade, com Ele, na glória eterna ou longe dele, no sofrimento eterno. Parece que é este terceiro propósito que Jesus destaca em seu ensino final. 3. OS CRITÉRIOS DO JUIZ E AS SUAS JUSTIFICATIVAS (v.33-45) O versículo 33 introduz as ações do juiz, comparando-o como um pastor que separa as ovelhas dos cabritos: Ele porá os bons à sua direita e os outros, à esquerda (NTLH). E porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda (VR). E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda (NVI). A partir daí temos uma narrativa interessante e surpreendente. As ovelhas, (próbata é a palavra no original grego) que estarão à direita, receberão o bem-vindo do Rei (v. 34) para desfrutarem do reino que lhes foi preparado desde, ou antes, da fundação do mundo, como afirma Hendriksen 12 ser recebidos à íntima, amorável e permanente comunhão com seu Salvador, Juiz e Rei. Não é possível imaginar-se uma bênção maior. Eles são aqueles que foram e, como subentende o tempo do verbo, são perenemente benditos do Pai, que lhes outorgou a salvação, isto é, que os libertou do mal maior, o pecado e todas as suas consequências e lhes deu a posse do bem maior, o direito de estar diante dele e de tudo o que se acha implícito. Eles ouvem as palavras de júbilo: recebam por herança o reino. Visto que é o dia do juízo, o reino em sua fase final está subentendido aqui. Esses benditos, que já eram herdeiros por direito, agora também se tornam herdeiros de fato, e isso no pleno sentido do termo. Todas as promessas de salvação plena e gratuita estão agora por se concretizarem neles eternamente e de forma sempre progressiva; tudo isso é em e através de Cristo (Romanos 8:17). O beneplácito do Deus Trino, sua graça soberana, é o fundamento da salvação deles. Suas boas obras são o fruto da graça, não a raiz dela. Isso precisa estar presente ao longo do estudo dos versículos 35 e 36. A Deus tão somente seja a glória. A partir daí Jesus menciona ações simples do cotidiano de seus/suas discípulos/as que evidenciam relacionamento, compromisso com Ele e com os valores do seu Reino. Seis ações são mencionadas: dar de comer aos famintos, beber aos sedentos, hospedar os peregrinos, vestir os nus, cuidar dos doentes e visitar os presos. É importante que nada se diz aqui de rituais religiosos, nem de ações mirabolantes como fazer orações miraculosas, expulsar demônios, etc. Na verdade Jesus vai mencionar aqui o que Ele mesmo enfatizou em seu ministério 10 HOEKEMA, 2001, p HOEKEMA, 2001, p HENDRIKSEN, p.465.

4 de implantação do Reino de Deus com obras de amor, misericórdia e solidariedade. Muito embora a salvação seja exclusivamente pela graça de Deus, mediante a fé, as boas obras, ainda que simples e cotidianas, fazem parte da vida de um/a verdadeiro/a e frutífero/a discípulo/a de Jesus Cristo. As obras provam a autenticidade do discipulado cristão de maneira concreta e não apenas ditas em palavras (I João 3:16-18). A razão pela qual a Bíblia ensina que o juízo final será segundo as obras, mesmo que a salvação venha pela fé em Cristo e nunca seja conquistada por obras, é a conexão íntima entre fé e obras. A fé tem de revelar a si própria nas obras, e as obras, por sua vez, são a evidência da verdadeira fé. 13 Tiago chega a dizer que a fé sem obras é morta (Tiago 2:26) o que nos leva a crer que a fé genuína, verdadeira, no Deus vivo, necessariamente virá acompanhada de obras como evidência de sua legitimidade (Efésios 2:8-10). Notemos que o evangelista chama estas pessoas de bons NTLH, justos - VR, (v.37, 46), que nós entendemos serem os justificados pela fé em Jesus Cristo conforme Romanos 1:17 e 4:1-5:2. Importante ressaltar a reação das ovelhas de Jesus diante das palavras do Mestre (v.37-39). Essas pessoas são completamente inconscientes de haver praticado alguma boa obra e isso foi exatamente o que fez que essas obras fossem tão boas! Parece-lhes estranho que tivessem realizado tão pouco, e agora recebam um tão elevado elogio, uma expressão de louvor pronunciada por aquele que era seu Senhor e Rei [...]. O espanto expresso por esses seguidores do Senhor consistia em que haviam feito um serviço espontâneo, alegre, agradecido, humilde e então esquecido completamente. 14 Jesus dá uma explicação simples e maravilhosa como se vê no versículo 40, afirmando que tudo o que fazemos às pessoas que nos cercam o fazemos, na verdade, ao próprio Jesus Cristo (Ver o que Jesus disse em Mateus 10:42). A referência é ao pequeno favor feito a um dos pequenos de Cristo, a alguém que jamais será mencionado nas manchetes, pequeno favor que quase instantaneamente é esquecido pelo autor, mas que pelo Senhor e Salvador será lembrado ao longo de todas as eras futuras, e será mencionado no dia do juízo final. Maravilhoso. 15 Maravilhoso e intrigante também. A morte não zera a nossa vida, não apaga nossas ações, tenham sido elas boas ou más. Pelo contrário. Há uma continuidade entre esta vida e a que viveremos depois da morte e do juízo final, como se pode ver claramente no texto em estudo e noutros com como Apocalipse 14:13: Então ouvi uma voz do céu, que dizia? Escreve: Bem aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os acompanham (VR). O Deus que servimos é um Deus justo. Nada do que fazemos em benefício do nosso próximo, nem em favor da sua Obra, ficará sem recompensa. Como você tem reagido às necessidades das pessoas que o/a cercam? Você tem sido fiel ao Senhor e se engajado em sua obra de corpo e alma, de maneira comprometida? Isso não determinará onde você vai passar a eternidade, mas certamente será levado em conta no dia do juízo final. O mesmo critério é utilizado com os cabritos/bodes (erífon é a palavra grega) para aqueles que estão à sua esquerda, que não evidenciaram, ao longo de sua vida, um compromisso genuíno com Cristo nem com os valores do seu Reino. O que é dito nos versículos é tremendo e muitos preferem ignorar ou interpretar à sua maneira, alegorizando, espiritualizando ou metaforizando. Mas o fato é que a eternidade será uma realidade, tanto para os salvos como também para os perdidos. Eternidade longe de Deus para aqueles que, embora muitas 13 HOEKEMA, 2001, p HENDRIKSEN, 2010, p HENDRIKSEN, 2010, p.467.

5 vezes conhecendo o caminho, não andaram por ele, embora conhecendo o plano de Deus para a sua salvação concretizado na vida e obra de Jesus Cristo não creram nele nem a Ele se entregaram. Situação terrível e irreversível. E como afirma Hendriksen 16, inferno significa separação (afastem-se de mim, malditos) que é o oposto de comunhão (vinde, benditos). Significa também associação, a mais repugnante de todas as companhias (preparado para o Diabo e os seus anjos). Os perdidos habitarão para sempre com o Diabo e seus anjos, para quem o fogo eterno foi preparado. Significa um lugar de fogo eterno, de chamas. Esta é a linguagem de toda a Escritura e não apenas desta passagem como pode ser conferido em Isaías 33:14; 66:24; Mateus 3:12; 5:22; 13:40, 42, 50; 18:8, 9; Marcos 9:43-48; Lucas 3:17; 16:19-31; Judas 7; Apocalipse 14:10; 19:20; 20:10, 14, 15; 21:8. A mesma indagação feita pelos crentes o será pelos incrédulos que obterão a mesma resposta do Rei, porém na negativa. Dá para imaginarmos a grande decepção e desespero que estas pessoas terão naquele dia, porém uma decepção definitiva, sem volta, sem possibilidade de arrependimento, sem segunda chance, totalmente sem esperança de mudança de condição. Como temos visto nos últimos domingos, o fator de suma importância, para determinar o destino eterno do ser humano é sua relação pessoal com Jesus Cristo. Cabe aqui uma pergunta pessoal e sincera. Você já nasceu de novo? Já é um/a discípulo/a de Jesus Cristo? Conhece e é conhecido por Jesus? Tem um relacionamento pessoal e real com o Salvador e Senhor Jesus Cristo? A hipocrisia não resistirá o juízo de Deus (Mateus 7:21-23). O julgamento se fundamentará no que os atos da pessoa revelam sobre seu verdadeiro estado espiritual, não no que cada um alega com suas palavras. 17. Muitos naquele dia haverão de argumentar mencionando coisas que fizeram ou deixaram de fazer, porém o que vai fazer a diferença é se você passou pela experiência do novo nascimento, arrependeu-se genuinamente de seus pecados e creu na suficiência do sacrifício de Cristo na cruz do Calvário, se desenvolveu um relacionamento pessoal e íntimo com o Senhor ou apenas fez de conta que era crente e enganouse a si mesmo/a e aos outros. 4. DOIS DESTINOS ETERNOS (v. 46) E Jesus terminou assim: Portanto, estes irão para o castigo eterno, mas os bons irão para a vida eterna (NTLH). E irão estes para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna (VR). É importante notar que o versículo 46 coloca lado a lado a vida eterna e o castigo eterno. Em ambos os casos, o conceito eterno contém a ideia de sem fim. Está para haver uma separação permanente. O castigo e a vida são eternos. Não haverá mudanças [...]. Vida, na expressão vida eterna, significa salvação plena, gratuita. Ao contrário, castigo, na frase castigo eterno, significa condenação com tudo o que isso implica. 18 A separação final de ovelhas e bodes é um tema recorrente no Novo Testamento. Ainda que tenham se levantado pessoas ao longo da história da Igreja Cristã tentando amenizar a questão da punição eterna dos ímpios, afirmando que eles serão aniquilados ou exterminados, que simplesmente desaparecerão, que um Deus de amor jamais criaria um lugar de tormento eterno, não é o que Jesus nos ensina neste texto, nem é o que a Palavra de Deus ensina 16 HENDRIKSEN, 2010, p Bíblia de Estudo do Discípulo. Santo André - SP: Geográfica Editora, 2010, p HENDRIKSEN, 2010, p.468.

6 desde o Gênesis até o Apocalipse. Podemos raciocinar ponderando na negativa: Se não existe a punição eterna, não existe também a felicidade eterna. Se não existe o inferno também não existe o céu. E então entramos no que o apóstolo Paulo afirma escrevendo sua primeira carta aos Coríntios 15:19: Se a nossa esperança em Cristo só vale para esta vida, nós somos as pessoas mais infelizes deste mundo (NTLH) ou Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima (VR). O fato é que Jesus deixa muito claro e sem sombra de dúvidas que haverá uma eternidade feliz para suas ovelhas, para aqueles que creram em Jesus Cristo, se converteram a Ele, tendo por isso se tornado justos ou justificados e também haverá um sofrimento eterno para aqueles que não creram em Cristo. Os dois destinos são eternos e irrevogáveis. A ideia central de Jesus é que o juízo final de Deus resultará em separação eterna entre justos e ímpios. 19 Como vimos em estudo anterior, a porta da graça continua aberta, mas chegará o dia em que vai se fechar definitivamente. Por isso, enquanto temos oportunidade de fazer escolhas, é preciso escolher a quem servir, em quem crer e a partir daí viver uma vida que glorifique o nome do Pai e abençoe a vida do próximo. Palavras Finais Com este estudo chegamos ao final de uma longa jornada de estudos sobre o Reino de Deus. Não poderia ser diferente, finalizamos com o tema que vai inserir toda a humanidade de todos os tempos na eternidade, onde não haverá mais tempo, nem relógio, nem segunda chance. Mas, enquanto é tempo, temos oportunidade de escolher servir a Jesus Cristo e viver uma vida que agrade e glorifique a Deus, o Criador, Sustentador, Salvador e Senhor das nossas vidas. Claro que não abordamos sobre o Reino de Deus nem tampouco sobre a sua consumação de maneira plena, final e última. Apenas levantamos questões de extrema importância que devemos continuar estudando, ir cada vez mais fundo. Entretanto, desde a abordagem sobre as definições sobre o Reino de Deus, feitas em Janeiro deste ano em nossos aulões, até a consumação do Reino, feitas nas últimas quatro semanas, procuramos desenvolver uma abordagem coerente, praticando uma exegese compatível com os melhores princípios hermenêuticos e da maneira mais sincera e coerente com o que cremos sobre Deus e Sua Palavra. O desafio continua na certeza de que há muito mais para aprendermos sobre o Reino de Deus e na esperança de que Deus, que começou esse bom trabalho na vida de vocês, vai continuá-lo até que ele esteja completo no Dia de Cristo Jesus (Filipenses 1:6). A LIÇÃO NA VIDA 1. A maneira como vivemos neste mundo está diretamente relacionada com o que cremos em relação ao Reino de Deus, seus valores e sua consumação. Só quem já entrou no Reino de Deus através do novo nascimento consegue entender e aceitar a vontade de Deus para a sua vida. Você já nasceu de novo? 2. O que já experimentamos em Cristo Jesus, a partir do momento em que nos convertemos a Ele é maravilhoso. Entretanto, nossa esperança vai muito além das fronteiras do tempo e do espaço. Como o apóstolo Paulo afirmou: As coisas 19 Bíblia de Estudo do Discípulo, 2010, p.1213.

7 que os olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam (I Coríntios 2:9 - VR). Você ama a Deus? Como tem demonstrado isso? 3. De tudo o que estudamos sobre a consumação do Reino de Deus fica uma lição que devemos lembrar cada manhã: Será hoje o dia da volta do Senhor e consequente Juízo Final? Em função disso é indispensável que estejamos vigilantes e atentos, nos preparando para a grande festa de casamento do noivo, Jesus Cristo, com a sua Igreja, que somos nós. REFERÊNCIAS BÍBLIA SAGRADA. NTLH. Nova Tradução da Linguagem de Hoje. Barueri SP: Sociedade Bíblica Brasileira, p. BÍBLIA SAGRADA. NVI. Nova Versão Internacional. São Paulo: Vida, 2003, 2424p. BÍBLIA SAGRADA. VR. Versão Revisada. Bíblia de Estudo do Discípulo. Santo André-SP: Geográfica Editora, 2010, 1929p. CARSON, O comentário de Mateus. São Paulo: Shedd Publicações. 2010, 693p. HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento - Mateus, vol. 02. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2010, 622p. HOEKEMA, Anthony. A bíblia e o futuro: a doutrina bíblica das últimas coisas. São Paulo: Editora Cultura Cristã. 2001, 413p.