NATAÇÃO X AUTISMO: BENEFICIOS DA NATAÇÃO PARA O AUTISMO.
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- Malu Neto Caldas
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1 ÁREA TEMÁTICA: ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( x ) SAÚDE ( ) TRABALHO ( ) TECNOLOGIA NATAÇÃO X AUTISMO: BENEFICIOS DA NATAÇÃO PARA O AUTISMO. SCHUINK, Elisiana¹ GABRIEL, Bruno José². JÚNIOR, Miguel Archanjo de Freitas.³ Resumo O presente estudo refere-se ao projeto de extensão Escola da Bola- Centro de Formação e Detecção de Talentos Esportivos, realizado nas dependências da UEPG, Uvaranas, Bloco G, Educação Física o qual atende cerca de 300 escolares de ambos os sexos com idade de sete a dezesseis anos, em contra turno escolar. Na qual são ofertadas diversas modalidades de pratica, com as mais diferenciadas clientelas, diante do cenário que se configurou, em agosto um aluno com características do autismo iniciou na modalidade de natação. A partir de sua entrada surgiu o tema para a realização deste estudo de caso, que tem como objetivo analisar os possíveis benefícios que a natação proporciona aos indivíduos com características do autismo ou síndrome de Asperger. A metodologia utilizada para o desenvolvimento do estudo foi à pesquisa-ação, por meio da qual se pode refletir sobre atuação docente dos diversos estagiários atuantes do projeto, analisando e comparando a pratica do aluno autista com as teorias literárias. Com base no diário de campo e nas teorias observadas, percebeu-se que a natação para pessoas com autismo é de extrema valia no âmbito bio-psico-social, no estudo em questão a melhora foi visível na comunicação, no desenvolvimento cognitivo, na coordenação e na resistência física. Palavras-chaves: projeto de extensão, mudança de comportamento e atividade física. 1.Aluno de graduação, bolsista de extensão, elisianaschuink@hotmail.com. 2.Aluno de graduação, bolsista de iniciação, bruninho_piu10@hotmail.com. 3.Doutor, professor, mfreitasjr72@ibest.com.br.
2 Introdução O presente estudo refere-se ao projeto de extensão Escola da Bola Centro de Formação e Detecção de Talentos Esportivos, iniciado em março de 2010 na Universidade Estadual de Ponta Grossa. O projeto Escola da Bola UEPG coordenado pelo Dr. Miguel Archanjo de Freitas Jr. atende a cerca de 300 escolares de ambos os sexos, com idade entre sete e dezesseis anos, que residem em comunidades localizadas no entorno do Campus Universitário da UEPG. Inicialmente as modalidades ofertadas de segunda quinta foram futebol, futsal, voleibol, basquetebol, dança, atletismo, luta e natação, todas em contra turno escolar. Para participar legalmente das atividades os alunos assumem o compromisso de frequentar regularmente as aulas, além é claro do bom desempenho, todos os aspectos devidamente monitorados pela coordenação do projeto. Diante deste cenário que se configurou iniciei minhas atividades sendo coordenadora da modalidade natação. Em Agosto de 2010, um aluno com característica de autismo efetuou sua inscrição nesta modalidade. Primeiramente tentou-se integrá-lo a uma turma respectiva a sua faixa etária, para trabalhar fatores cognitivos, sociais e culturais (elementos importantes para o desenvolvimento da criança). [...] O desenvolvimento motor representa um aspecto do processo desenvolvimentista total e está intrinsecamente inter-relacionado às áreas cognitivas e afetivas do comportamento humano, sendo influenciado por muitos fatores. A importância do desenvolvimento motor ideal não deve ser minimizada ou considerada como secundária em relação a outras áreas do desenvolvimento. Portanto, o processo do desenvolvimento motor revela-se basicamente por alterações no comportamento motor, do bebê ao adulto, é um envolvido no processo permanente de aprender a mover-se eficientemente, em reação ao que enfrentamos diariamente em um mundo em constante modificação (GALLAHUE; OZMUN, 2002, apud BALBÉ, 2004). Através das observações constatou-se que haveria a necessidade de um trabalho individualizado, fato este que despertou a curiosidade em realizar um estudo de caso, devido à ampla discussão dessa temática. Estudo de caso consiste em uma pesquisa de campo, com objetivos investigar, descrever analisar diferentes situações proporcionando uma possível melhora a aquela problemática. Realizando um diário de campo descrevendo e refletindo as atitudes e comportamentos nos setores cognitivo, social e afetivo. Objetivos Este projeto de pesquisa tem por objetivo analisar os benefícios que a natação proporciona ao aluno que possui as características do autismo, verificando a possibilidade de melhorar a sociabilização do aluno autista, assim podendo integrá-lo futuramente com os demais alunos. Caminhos Metodológicos Para a consumação deste artigo foi realizado uma pesquisa exploratória, etnográfica, pesquisa-ação. A cada aula descrevo seu comportamento, suas atitudes nas mais diversas situações. Também foi necessário um embasamento teórico para uma parcial resposta ao meu problema. Nas quais com maior dificuldade em obras literárias e sendo como uma base referencial em sites eletrônicos, monografias acadêmicas. No inicio foi trabalhado a parte de adaptação ao meio liquido, com jogos e brincadeiras para um desenvolvimento do cognitivo, podendo constatar que o aluno apresentava uma coordenação em déficit, uma comunicação restrita, e dificuldade de mudanças de rotinas.na sequencia foi aplicado exercícios básicos para propulsões de pernas
3 com o auxilio de espaguetes e pranchas, na quais ele prestava mais atenção nos objetos do que no que eu estava ensinando. No decorrer fundamentos básicos para nado crawl, respiração, flutuação e mergulho. Nesta fase com duração de em cerca dois meses ele apresentava uma maior desenvoltura corpórea, interesse por algo diversificado e maior persistência. Após o retorno das férias ele voltou animado para as atividades, e um tanto agitado. E iniciemos com exercícios de flutuação mais complexos, e primeiros princípios do nado peito. Apresentou uma resistência à mudança, mas após umas aulas se adequou. Ao perceber que sua mãe estava observando ele realizar as atividades ele apresentava um exibicionismo, e queria fazer o melhor que ele conseguia, e em outras vezes um tanto de teimosia por se sentir mais protegido. Resultados A natação é uma pratica que melhora além do físico, o cognitivo e muitas patologias pautadas como social, portanto a natação é considerada um esporte completo, de extrema valia para quem possui a característica do autismo. Em agosto um aluno com características da síndrome de Asperger ou mais conhecido como autismo, iniciou no projeto, e inscreveu-se na modalidade de natação, na qual eu estava lecionando. No principio foi trabalhado o aluno autista no âmbito integrativo, sendo aplicadas as mesmas atividades, porém foi constatado que havia uma necessidade de um trabalho individualizado. Logo após as aulas individuais iniciaram, percebesse que o aluno adquire uma maior satisfação pela modalidade. Nas primeiras aulas ensinei adaptação ao meio aquático, molhando os pés, aplicando regras que eram difíceis ele seguirem, e um trabalho da parte respiratória dando ênfase na concentração e calma. A adaptação definido por LIMA (2009) cita que a adaptação tem por objetivos adaptar o aluno à escola, estrutura da piscina (comprimento, largura, profundidade), aos professores, funcionários. Indivíduos com características do autismo ou síndrome de Asperger, geralmente apresentam alterações do humor e os exercícios aquáticos vêm com a função de melhorar esta alteração, com ganhos na qualidade de vida. O aluno autista apresentava uma inquietação nas atividades, nas quais era difícil realizar movimentos repetidos, propulsões das pernas eram descoordenadas, propulsão dos braços eram imaturas. De acordo com o medico austríaco Leo Kanner as pessoas com essas características usam as pessoas como objetos e assim podendo-as manipula-las, portanto era necessária uma maior atenção e paciência para a aplicação das atividades e a forma de tratalo respeitando suas limitações. Bosa (2002 apud Tsutminu) cita que [...]a concepção do autismo passa pela própria concepção de cada profissional sobre a relação entre desenvolvimento e psicopatologia; em um nível ainda mais básico, incide pela eterna discussão sobre a relação corpo-mente, e requer como atitude do profissional ou professor que estará com estes indivíduos, modéstia, humildade e cautela, que são cuidados inexoráveis para o trato com o autismo, por toda a história construída desta deficiência, pela sua abrangência enquanto sujeito e meio, e principalmente, por permitir esta interpretação inexata do que é o autismo (p.22). No decorrer de umas três ou quatro semanas pude perceber que a interação com o meio liquido havia melhorado consideravelmente, sua capacidade de reação estava mais aguçada, podendo assim intervir a algumas situações indesejadas. Após seus primeiros meses de participação das aulas, possíveis resultados começaram a ficar explicito, como seu comportamento motor já apresentava uma maior coordenação ao realizar propulsões de braços e pernas. Sua respiração mais empregada, e sua capacidade de cognição mais elevada diante de situações diversas. No decorrer do período que realizei a pesquisa pôde perceber que houve um progresso em relação ao aluno autista, pois ao iniciar, seu comportamento era agressivo,
4 exercícios era realizados incorretamente, de forma descoordenada sua comunicação era extremamente restrita. No desenvolver das aulas a coordenação no meio aquático, apresentou uma melhora, sua resistência apresenta uma elevação, houve um maior interesse nas atividades vistas como difíceis por ele, e no campo afetivo seu grau de irritabilidade apresentava um déficit, pois de acordo com a prática de exercícios aquáticos aumenta a capacidade física, proporcionando desempenho menos estressante em tarefas diárias e maior independência funcional. Levando em consideração o fator comunicativo e sociológico, no qual quando o aluno autista realizava as atividades aquáticas em conjunto com os demais indivíduos iguais ou diferentes a ele, estava de uma forma direta ou indireta estabelecendo vínculos e como cita SHEPHARD (1991)apud TSUTSUMI et al (2004) criando novas amizades e de certa forma aumentando sua autoestima e, por conseguinte sua melhor qualidade de vida. As atividades motoras em meio líquido visam o desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional e social, sendo mencionadas como um excelente meio de execução motora, favorecendo o desenvolvimento global do indivíduo portador de deficiência física. (TSUTSUMI, 2004). Considerações Finais Através do presente estudo foi possível constatar que a natação para pessoas com características do autismo proporciona uma infinidade de benefícios, considerados importantes para o individuo seja na realização da modalidade ou nos exercícios diários. A natação desenvolve coordenação, condicionamento aeróbio, reduz a espasticidade, e resulta em menos fadiga que outras atividades. Além disso, traz grandes contribuições para o processo de reabilitação e pode reduzir o grau de fraqueza e de complicações. Em especial para pessoas com algum tipo de deficiência, a natação tem valor terapêutico, recreativo proporcionando maior sociabilidade e integração entre os mais diferentes indivíduos. Podemos concluir que o envolvimento do indivíduo portador de deficiência física com a natação traz benefícios não só para sua melhora física como também para seu estado emocional e por consecutiva melhora de sua qualidade de vida. Embora dando continuidade a este trabalho ficasses claro que seja qual for a limitação do individuo primeiramente é necessário ter coragem e força de vontade para vencer suas circunscrições e poder vencer as barreiras que lhe são propostas.
5 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS. BALBÉ, Giovane Pereira. et al. Educação Fisica e suas contribuições para o desenvolvimento motor e na educação infantil. Buenos Aires: Efdesportes, Disponivel em: < Acessado em 05 de maio de GONÇALVES. Fernanda. Natação para autistas. Mato Grosso: A tribuna, Disponível em: < acessado dia 7/9/2010>. Acessado em 09 de março de LIMA, Willian Urizzi de. Ensinando natação. 4.ed. São Paulo: Phorte, p. TSUTSUMI, Olivia; et al. Os Benefícios da Natação Adaptada em Indivíduos com Lesões Neurológicas. São Paulo: Revista Neurociências Disponível em < Acessado em 27 de abril de 2011.
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