PARTICIPAÇÃO POPULAR NO PLANO DE MOBILIDADE URBANA E A LEI /12 EM VOLTA REDONDA
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1 . Barra Mansa RJ, Brasil. 26, 27 e 28 de agosto de 2015 ISSN: PARTICIPAÇÃO POPULAR NO PLANO DE MOBILIDADE URBANA E A LEI /12 EM VOLTA REDONDA GT I: Evolução e Concretização dos Direitos Humanos e Fundamentais na América Latina. Letícia Duarte de Oliveira 1 Marcelo Polegario Lima Maria Cristina Alves Delgado de Ávila 2 RESUMO A presente pesquisa objetiva verificar as evoluções que ocorreram no município de Volta Redonda em relação ao tema hoje em foco que é o Plano de Mobilidade Urbana, sob a visão da participação da sociedade volta redondense nesse processo, partindo-se da análise legislativa em relação ao tema e de pesquisa de campo junto aos atores sociais envolvidos. Embora a Lei n /12 tenha estabelecido que os municípios obrigados amelaborar o Plano de Mobilidade Urbana deveriam fazê-lo até abril deste ano, verifica-se que Volta Redonda, tardiamente, começou a adotar as providências cabíveis. Das duas audiências públicas até agora realizadas, apenas uma foi de iniciativa da municipalidade, sendo que, conquanto seja um avanço, a participação popular no evento não foi significativa quando comparada com a densidade demográfica da cidade, o que pode ser justificado tanto pela ausência de ampla divulgação, como pela limitada capacidade do local escolhido, entre outros fatores. Da mesma forma, percebe-se a ausência de um canal de diálogo público entre o cidadão e o Poder Executivo municipal, sendo as informações disponibilizadas no sítio eletrônico insuficientes para permitir a efetiva participação ou acompanhamento do cidadão. Essas constatações, ainda que sanáveis, acabam por obstar o exercício do direito à participação e criam sérios 1 Discentes do Curso de Direito do Centro Universitário de Barra Mansa. Pesquisadores do NUPED. 2 Mestre em Biodireito, Ética e Cidadania. Professora do Centro Universitário de Barra Mansa - UBM. Pesquisadora do NUPED Núcleo de pesquisa do curso de Direito. cristina.delgado@uol.com.br 1
2 entraves à compatibilidade entre a política pública de mobilidade urbana que se pretende instituir e as reais necessidades e anseios da sociedade. Palavras-chave: Participação popular. Plano de mobilidade urbana. Lei /2012. Volta Redonda. 1. INTRODUÇÃO A mobilidade urbana tem sido tema frequente em vários veículos de informação, seja pelo crescente aumento da população urbana, seja pela exposição do País como sede de importantes eventos mundiais. Nesse sentido, o presente estudo objetiva fomentar a discussão da mobilidade urbana como um direito fundamental e analisar a efetividade da participação da população de Volta Redonda na elaboração de seu Plano de Mobilidade Urbana, nos termos da Lei n , de 3 de janeiro de 2012, condição necessária ao atendimento efetivo das demandas do cidadão relacionadas ao seu bem-estar urbano. 2. OBJETIVOS O objetivo principal deste trabalho é verificar quais as evoluções que ocorreram no último semestre em relação à elaboração do Plano de Mobilidade Urbana no município de Volta Redonda sob a perspectiva da participação da sociedade nesse processo. Dessa forma, para alcançar essa pretensão, serão analisados: (i) a disciplina normativa acerca do Plano de Mobilidade Urbana; (ii) os mecanismos, bem como a efetividade ou não, da participação popular nesse contexto; e (iii) os avanços e dificuldades observados no processo de elaboração desse importante instrumento da política urbana no município de Volta Redonda, tendo em vista que o prazo 2
3 previsto na Lei n /2012 para apresentação do plano terminou em abril de METODOLOGIA Para desenvolvimento desta pesquisa serão utilizadas: (i) pesquisa teórica, por meio de revisão bibliográfica e análise da legislação; e (ii) pesquisa de campo junto aos Poderes Executivo e Legislativo de Volta Redonda, bem como Ministério Público e organizações da sociedade civil. 4. DISCUSSÃO 4.1. O Direito à mobilidade urbana na CRFB/1988 A importância das cidades como espaços de desenvolvimento e consolidação dos direitos do cidadão encontra respaldo no texto constitucional, porquanto além de incluir o município como ente da Federação, conforme previsão dos artigos 1, caput, 18, caput, e 29 a 31, dedicou capítulo especifico à política urbana. Além disso, a Emenda Constitucional n. 82, de 16 de julho de 2014, ao acrescentar o parágrafo 10 ao artigo 144, fez expressa menção ao direito à mobilidade urbana, tornando-o explícito no texto constitucional. Logo, a interdependência existente entre a mobilidade urbana e outros direitos fundamentais liberdade, saúde, educação, meio ambiente ecologicamente equilibrado etc. bem como a dignidade da pessoa humana (art. 1, III, CF/88) permitem identificá-la como um direito fundamental A participação social na política urbana A participação social, também chamada de participação popular ou participação cidadã, decorre da própria opção política pelo regime democrático. A CRFB de 1988, nesse sentido, trouxe vários dispositivos que ratificam a participação popular no bojo da Administração Pública. 3
4 No âmbito da política urbana, e ao encontro dos ditames constitucionais, a Lei n /2001, conhecida como Estatuto da Cidade, previu a gestão democrática como vetor a ser observado (art. 2, II, e 43 a 45). Mais recentemente, a Lei n /2012, que instituiu as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, evidenciou a participação social como uma conditio sine qua non para a gestão das cidades A elaboração do Plano de Mobilidade Urbana em Volta Redonda Primeiras Impressões O município de Volta Redonda detém posição de destaque no contexto socioeconômico da Região Sul Fluminense. No que se refere à mobilidade urbana, dados de 2013 apontam que a cidade possuía veículos, uma proporção de 1 veículo para cada 2,2 pessoas. Dada essa conjuntura, em 2012, foi promulgada a Lei n , que instituiu a bicicleta como modal de transporte regular. Por outro lado, a Lei n , de 3/01/2012, ao determinar a obrigatoriedade para os municípios com mais de habitantes de elaborar, de modo integrado e compatível com o Plano Diretor, o denominado Plano de Mobilidade Urbana - PMU, reforçou a urgência e a relevância do assunto ora tratado. Uma das diretrizes da lei é a participação da sociedade civil no planejamento, fiscalização e avaliação da Política Nacional de Mobilidade Urbana (art. 15, caput). Assim, tendo em vista que a inclusão de Volta Redonda no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2 Mobilidade Urbana Cidades Médias - garantiu ao município, por meio de financiamento junto à Caixa Econômica Federal, o aporte de R$ ,00 para realização de obras viárias, cujo processo licitatório está sendo discutido na Justiça por meio de ação civil pública pelo Ministério Público Federal, percebeu-se maior interesse social sobre o tema, em especial a real adequação das referidas obras com o que se tem por mobilidade urbana. Com isso, o Poder Executivo Municipal tem adotado medidas administrativas a fim de realizar certame licitatório objetivando materializar o PMU. Nesse diapasão, foi criado, por meio do Decreto n , de 23/02/2015, um 4
5 Grupo de Trabalho destinado a "levantar os elementos técnicos básicos, necessários para a elaboração do Termo de Referência que antecederá a contratação do PMU do Município de Volta Redonda, e, posteriormente, para acompanhar o processo licitatório", cujos registros de reunião encontram-se disponibilizados no sítio Já o Poder Legislativo, em 15/4/2015, realizou a primeira audiência pública para tratar, junto com a sociedade civil, da mobilidade urbana. O evento, realizado no plenário da Câmara Municipal de Vereadores, contou com a participação de aproximadamente 300 pessoas, sendo que os cidadãos que se manifestaram, salvo poucas exceções, destacaram a necessidade de construção de ciclovias e a conclusão da Rodovia do Contorno. Pari passu, considerando a existência de inquérito civil público instaurado para acompanhar o projeto, o Ministério Público Federal realizou, em 22/6/2015, outra audiência pública com o objetivo de fomentar a discussão, com a participação de entidades da sociedade civil e dos Poderes Executivo e Legislativo do município. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. 7. ed. rev. e ampl. São Paulo: Paz eterra, 2000; BRASIL. Lei n , de 10 de julho de Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. Disponível em Acesso em 19 Jun.2015;. Ministério das Cidades. Conheça o anteprojeto da lei da política nacional de mobilidade urbana! Mobilidade urbana é desenvolvimento urbano! Disponível em Acesso em 10 Jun 2015;. Ministério Público Federal. Procuradoria da República no estado do Rio dejaneiro. MPF e sociedade civil questionam obras para a mobilidade urbana. 5
6 Disponível em Acesso em 24 Jun 2015; CÂMARA MUNICIPAL DE VOLTA REDONDA. Mobilidade Urbana. 2015, 17 p.; FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Estatuto da Cidade Comentado Lei /2001 Lei do Meio Ambiente Artificial. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2005; MUKAI, Toshio. Direito Urbano-Ambiental Brasileiro. 2. ed. rev. atual. e amp. (de acordo com o Estatuto da Cidade Lei n /01 e com o Novo Código Civil Lei n /02). São Paulo: Dialética, 2002; PREFEITURA MUNICIPAL DE VOLTA REDONDA. Mobilidade Urbana. Disponível em Acesso em 18 Jun 2015; SCHIER, Adriana da Costa Ricardo. A participação popular na administração pública: o direito de reclamação. Rio de Janeiro: Renovar, 2002; SILVA, José Afonso da. Comentário contextual à Constituição. 6. ed. atual. até a Emenda Constitucional 57, de São Paulo: Malheiros, 2009;. Curso de Direito Constitucional Positivo. 24. ed. rev. atual. Nos termos da Reforma Constitucional (até a Emenda Constitucional n. 45, de , publicada em ). São Paulo: Malheiros, 2005; TENÓRIO, Fernando G. Cidadania e desenvolvimento local. Rio de Janeiro: FGV; Ijuí: Ed. Unijuí,
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