PODER JUDICIáRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO WILDO

Transcrição

1 AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº /PB ( ) AGRTE : MÁRIO CÉSAR CALIMAN ADV/PROC : LUCIANA PEREIRA ALMEIDA DINIZ AGRDO : CEF - CAIXA ECONÔMICA FEDERAL ADV/PROC : AURÉLIO HENRIQUE FERREIRA DE FIGUEIREDO E OUTROS ORIGEM : 3ª VARA FEDERAL DA PARAíBA (COMPETENTE P/ EXECUçõES PENAIS) - PB RELATOR : DES. FED. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO (Convocado) RELATÓRIO (Convocado): O Sr. Des. Fed. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO Cuida-se de agravo de instrumento manejado contra decisão proferida pela MMª Juíza Federal Substituta da 3ª Vara/PB que, nos curso do Processo nº (Alvará Judicial), declarou a incompetência absoluta da Justiça Federal, determinando, ato contínuo, a remessa do feito ao Juízo Estadual da 1ª Vara de Família da Comarca do Recife/PE. A douta julgadora monocrática entendeu que se a CEF não se opõe à liberação do saldo da conta de FGTS do autor, ora recorrente, retendo apenas 25% desse montante, por cautela administrativa, para resguardar direito de terceiros (filhos do requerente, destinatários de pensão alimentícia), a competência para exame e processamento do feito é do Juízo Estadual que prolatou a sentença fixadora dos alimentos, a quem competirá decidir sobre a possibilidade de incidência ou não da pensão alimentícia sobre a verba de FGTS. O agravante sustenta que, diversamente do que restou ponderado no ato judicial fustigado, o simples fato de a CEF não autorizar o saque do valor integral do saldo existente em sua conta vinculada configura resistência daquela empresa pública ao pleito formulado, o que destaca é suficiente a justificar a competência da Justiça Federal para o julgamento da demanda, nos termos do art. 109, I, da CF/88. Defende que, na ação revisional, restou-lhe fixada prestação de 25% apenas e tão-somente sobre seus vencimentos brutos para seus dois filhos, não se podendo, assim, incluir nesse conceito o valor referente aos depósitos existentes em sua conta vinculada de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, mormente porque tal verba possui caráter indenizatório, sabido não se apresentar como contraprestação à atividade laboral.

2 AGTR Nº /PB R-02 Acrescenta saltar aos olhos a competência da Justiça Federal na hipótese, pois, além de a Caixa Econômica Federal ser a única possível destinatária de ordem judicial para o levantamento do FGTS, a questão debatida nos autos em nada se relaciona com o direito de família. Colaciona precedentes da jurisprudência pátria que afirma ratificarem sua tese e requer, ao final, a concessão imediata de édito judicial que sobreste os efeitos advindos do decisum vergastado. Indeferido o efeito suspensivo reclamado (fls. 65/67). Não foram ofertadas contrarrazões (certidão de fl. 70). É o relatório.

3 AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº /PB ( ) AGRTE : MÁRIO CÉSAR CALIMAN ADV/PROC : LUCIANA PEREIRA ALMEIDA DINIZ AGRDO : CEF - CAIXA ECONÔMICA FEDERAL ADV/PROC : AURÉLIO HENRIQUE FERREIRA DE FIGUEIREDO E OUTROS ORIGEM : 3ª VARA FEDERAL DA PARAíBA (COMPETENTE P/ EXECUçõES PENAIS) - PB RELATOR : DES. FED. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO (Convocado) VOTO (Convocado): O Sr. Des. Fed. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO Ao apreciar o pedido de recebimento do recurso no efeito suspensivo, assim me manifestei (fls. 35/6): Não antevejo a plausibilidade das alegações vertidas pelo recorrente. Isso porque a Caixa Econômica Federal não se negou a efetuar o levantamento do montante atinente ao FGTS requerido, cuidando, ao contrário, apenas de reter 25% do saldo da conta visando a resguardar suposto direito dos filhos do requerente, aos quais foi garantida pensão alimentícia naquele percentual incidente sobre os vencimentos brutos do alimentante (fls. 39). A meu ver, aplica-se à hipótese o entendimento já sumulado do STJ (Súmula 82) segundo o qual, apenas quando há pretensão resistida, compete à Justiça Federal, processar e julgar os feitos relativos à movimentação do FGTS, afigurando-se, assim, competente para processamento do feito em debate o Juízo Estadual da 1ª Vara de Família da Comarca do Recife/PE, que, na condição de prolator da sentença fixadora dos alimentos, decidirá em definitivo se deve ser liberado o saldo residual postulado pelo ora recorrente. Essa foi, inclusive, a orientação seguida, à unanimidade, pela eg. Segunda Turma desta Corte Regional em feito de minha Relatoria, destaco - similar ao que se encontra em debate, in verbis: PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. FGTS. ALVARÁ LIBERATÓRIO. LEI 6.858/80. PACTO FIRMADO NA AÇÃO DE DIVÓRCIO HOMOLOGADA PERANTE A JUSTIÇA ESTADUAL. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. SÚMULA 161/STJ. APLICAÇÃO ANALÓGICA DA SÚMULA 161/STJ.

4 AGTR Nº /PB V A Primeira Seção do Superior Tribunal Federal já firmou o entendimento, no sentido de que, não havendo conflito de interesses, compete à Justiça Estadual autorizar o levantamento dos valores relativos ao FGTS nos procedimentos de jurisdição voluntária. Aplica-se, analogicamente, o disposto na Súmula 161/STJ: "É da competência da Justiça Estadual autorizar o levantamento dos valores relativos ao PIS/PASEP e FGTS, em decorrência do falecimento do titular da conta" (CC , DJE DATA:04/08/2008. Ministra DENISE ARRUDA). 2. Tratando-se de levantamento de valores referentes ao FGTS, objeto de Ação de Divórcio proposta perante a 11ª Vara de Família da Comarca da Capital Recife/PE, não há lide a ser solucionada perante a Justiça Federal. Cuida-se, na verdade, de medida de jurisdição voluntária com vistas à mera autorização judicial para o levantamento, pelos alimentandos, de valores a título de FGTS depositados em conta do titular responsável pelo sustento dos mesmos. Aplicabilidade da Súmula nº 161/STJ. 3. Desse modo, a Caixa Econômica Federal não é parte integrante da relação processual, mas mera destinatária do alvará judicial, razão por que deve ser afastada a competência da Justiça federal. 4. Apelação e remessa providas, para declarar a incompetência da Justiça Federal para processar e julgar o feito. (AC nº /PE, j. 05/10/2010, DJ 15/10/2010, Rel. Des. Fed. Conv. Rubens de Mendonça Canuto). Decerto, consoante muito bem advertiu a nobre magistrada a quo, a Caixa Econômica Federal atuará, no momento do levantamento, como mera destinatária do cumprimento de decisão judicial a ser prolatada pela Justiça Estadual, mais especificamente pelo Juízo Estadual da 1ª Vara de Família da Comarca do Recife/PE. Com essas considerações, indefiro o pedido de efeito suspensivo requestado. Adoto como razões de decidir os mesmos fundamentos expostos no ato judicial suso transcrito. É que após a prolação do decisum em referência não foi coligido aos autos qualquer elemento novo de convicção que justifique a mudança de orientação adotada por ocasião do exame liminar do recurso. Pelo exposto, nego provimento ao agravo de instrumento. É como voto.

5 AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº /PB ( ) AGRTE : MÁRIO CÉSAR CALIMAN ADV/PROC : LUCIANA PEREIRA ALMEIDA DINIZ AGRDO : CEF - CAIXA ECONÔMICA FEDERAL ADV/PROC : AURÉLIO HENRIQUE FERREIRA DE FIGUEIREDO E OUTROS ORIGEM : 3ª VARA FEDERAL DA PARAíBA (COMPETENTE P/ EXECUçõES PENAIS) - PB RELATOR : DES. FED. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO (Convocado) EMENTA PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. FGTS. ALVARÁ LIBERATÓRIO. RETENÇÃO DE 25% DO SALDO FUNDIÁRIO PARA ADIMPLEMENTO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA. INOCORRÊNCIA DE PRETENSÃO RESISTIDA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. IMPROVIMENTO. 1. Agravo de instrumento desafiado contra decisão que declarou a incompetência absoluta da Justiça Federal, determinando, ato contínuo, a remessa do feito ao Juízo Estadual da 1ª Vara de Família da Comarca do Recife/PE. 2. Consoante a Súmula nº 82 do STJ, a competência da Justiça Federal para processar e julgar os feitos relativos à movimentação do FGTS se verifica apenas quando há pretensão resistida por parte da CEF, o que não se verificou na espécie, pois a aludida instituição financeira não se negou a efetuar o levantamento dos depósitos fundiários, cuidando, apenas, de reter 25% do saldo da conta visando a resguardar suposto direito dos filhos do requerente, aos quais foi garantida pensão alimentícia naquele percentual incidente sobre os vencimentos brutos do alimentante. 3. No momento do levantamento dos valores, a CEF atuará como mera destinatária jurisdição voluntária - da decisão a ser prolatada pela Justiça Estadual. 4. Competência do Juízo Estadual da 1ª Vara de Família da Comarca do Recife/PE, que, na condição de prolator da sentença fixadora dos alimentos, decidirá em definitivo se deve ser liberado o saldo residual postulado pelo ora recorrente. 5. Agravo de instrumento improvido.

6 AGTR Nº /PB Ac-02 Vistos, etc. ACÓRDÃO Decide a Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por unanimidade, negar provimento ao agravo de instrumento, nos termos do Relatório, Voto e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Recife, 02 de agosto de (Data de julgamento) Des. Fed. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO Relator Convocado