uma lei de financiamento que sirva o Ensino Superior, nunca prejudicando os estudantes e as suas famílias;
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- Raphael Pacheco Rocha
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1 U M A N O D E E N S I N O S U P E R I O R - C A R T A A B E R T A A O M I N I S T É R I O D A C I Ê N C I A, T E C N O L O G I A E E N S I N O S U P E R I O R Exmºs Senhores, A Federação Académica do Porto (FAP) no estrito cumprimento da sua missão plasmada no seu lema Por uma Prioridade na Educação, tem cumprido, ao longo dos seus 17 anos de existência, uma actividade política alicerçada na análise e reflexão das transformações do Ensino Superior em Portugal. Inserida no coração da Invicta cidade, abraçando os seus associados dispersos pela Área Metropolitana do Porto, a FAP, por acção dos sucessivos corpos dirigentes, impôs-se no panorama regional e nacional como uma das pioneiras na luta por um Ensino Superior cada vez melhor e cada vez mais abrangente, justo e de excelência. Sempre fomos os vanguardistas no Movimento Associativo Estudantil Nacional, traduzindo a irreverência dos estudantes por nós representados. Ao longo destes anos, tendo como visão última, a existência de um Ensino Superior perfeito a todos os níveis, a FAP tem defendido e continua a defender: uma lei de financiamento que sirva o Ensino Superior, nunca prejudicando os estudantes e as suas famílias; exigência da atribuição de graus académicos em função do mérito das instituições concedendo aos Institutos Politécnicos de qualidade a possibilidade de concessão de todos os graus; exigência de maior investimento do Estado no Ensino Superior, que se traduza na atribuição de maiores verbas do Orçamento de Estado às Instituições de Ensino Superior e no fomento de uma cultura de boa gestão da coisa comum;
2 defesa de um sistema de Acção Social mais justo, nomeadamente, através da implementação da atribuição de bolsas por estrados contínuos e não descontínuos; a implementação de um sistema de empréstimos sociais não pode ser a evolução natural das actuais bolsas; discriminação positiva no apoio aos estudantes deslocados; exigência do reforço de acção social directa no subsistema Particular e Cooperativo, garantindo a estes estudantes o acesso aos equipamentos de Acção Social das Instituições públicas; exigência do financiamento integral, por parte do Estado, do 2º ciclo dos cursos adaptados à Declaração de Bolonha; a existência da paridade estudantil nos Órgãos de Gestão das Instituições; continuação da luta pela consagração da Avaliação Pedagógica dos Docentes e pela existência nas Instituições de Ensino Superior de uma maior aposta na formação pedagógica dos docentes; defesa de um Ensino Superior sem regime de prescrições até que estejam aferidas as verdadeiras causa do insucesso escolar sendo que um regime destes só pode ser aplicado nos casos em que este seja imputado aos estudantes; Durante toda a sua existência a FAP tem procurado posições de consenso em matérias de política educativa, através de diálogos concertados com os parceiros sociais da Educação. As figuras de comunicação tanto foram de prósperos diálogos com o Governo, como também de manifestações nas quais a nossa mensagem foi veiculada pelas massas estudantis que em torno de tão nobres ideais se reuniram com espírito reivindicativo. Revendo um documento, sempre presente decerto nas vossas secretárias, constam 4 finalidades essenciais para o Ensino Superior de 2005 a 2009 no Programa do XVII Governo Constitucional: garantir a qualificação dos portugueses no espaço Europeu, concretizando o chamado Processo de Bolonha; reforçar um sistema de Ensino Superior com instituições autónomas; promover a qualidade do sistema; promover a igualdade de oportunidades no acesso ao ensino superior. Neste Dia do Estudante que decorre pouco tempo depois de se celebrar a primeira
3 efeméride da tomada de posse do actual Governo, convém (re)lembrar o que foi prometido. A nível da primeira prioridade, o processo de alteração da Lei de Bases do Sistema Educativo, foi por demais, pouco ambiciosa, limitando-se a um trabalho de lifting adequando a lex portuguesa às exigências do Processo de Bolonha. Acrescentamos que à excepção dos mestrados integrados em todos os restantes cursos, o Estado demarca-se claramente da sua responsabilidade de financiador do conhecimento, dando azo ao elitismo e ao aprofundamento do fosso que separa as classes em Portugal. Neste ponto manifestamos desde sempre a nossa discordância com o facto de a alteração de Lei de Bases de Educação, contrariamente às promessas eleitorais e ao proposto no Programa de Governo, não conferir a possibilidade de atribuição de grau de doutoramento ao Ensino Superior Politécnico. Para além de ser reveladora da contínua discriminação de que este subsistema continua a ser alvo, esta opção contraria um certo princípio de valorização do mérito que deve presidir à implementação da Declaração de Bolonha. Nesta área, é compromisso do Governo promover a articulação com as Ordens profissionais e outras organizações representativas tendo em vista esclarecer as responsabilidades e competências e títulos em cada área e em cada ciclo ; tal parece uma miragem nos tempos que correm em que se degladiam Ordens e Associações Sindicais. É necessário ajustar o fulgor destas discussões para a promoção do Ensino Superior. Este Governo tem o ónus da (correcta) aplicação de Bolonha às Instituições de Ensino Superior lusas a transição de um sistema de ensino baseado na ideia da transmissão de conhecimentos para um sistema baseado no desenvolvimento de competências deverá ser sempre acompanhada de perto pelos nossos Governantes. Bolonha é sinónimo de mobilidade: este paradigma deve ser potenciado, facilitando a participação em intercâmbios europeus, quer de alunos, quer de professores; para tal são necessárias verbas especiais para que de novo Portugal crie navegadores nos Descobrimentos do Conhecimento.
4 A segunda prioridade do Governo era a reforma do sistema de governo das Instituições do Ensino Superior. Tal reforma deve obrigar a uma melhor e mais transparente gestão das Instituições de Ensino Superior, obrigando-as a auditorias e avaliações externas. O quadro de Avaliação das Instituições de Ensino Superior recentemente criado em parceria com a OCDE, deve ser cuidadosamente implementado, sob pena de perdermos uma óptima oportunidade de introduzirmos boas práticas nas instituições, tanto a nível pedagógico, como de gestão. Das promessas de reforma das leis de Autonomia Universitária e Politécnica e do Estatuto da Carreira Docente, ficaram apenas as intenções é necessário recuperar e trazer à ordem do dia estes temas, para que, fruto de reflexões estruturadas se proporcione um melhor Ensino. A nível do Estatuto da Carreira Docente, considera a FAP ser necessário preparar pedagogicamente os nossos Professores: nem sempre o maior expert numa determinada matéria, é o melhor a explicá-la na sua especificidade. Esta preparação pedagógica deve ser regulada, criando-se para tal, cursos de formação pedagógica obrigatórios, que teriam repercussão na progressão da carreira do docente. A FAP está convicta que tendo um docente pedagogicamente incompetente, este deve ser direccionado para a actividade exclusivamente científica, sob pena de se perder um grande cientista e se ganharem licenciados mal formados já dizia o nosso povo antes um pássaro na mão do que dois a voar. Verificada uma das mais baixas taxas de diplomação da Europa e (paradoxalmente) a existência de licenciados no desemprego, é necessário introduzir algum sentido estratégico na criação, reformulação e encerramento de cursos. Um observatório nacional do emprego que estude os ciclos económicos e sociais e que indique as necessidade formativas do país em consonância com a capacidade formativa das Instituições, poderia ser uma mais-valia no delinear do mapa do Ensino Superior. A terceira prioridade de V. Exas. é Promover um sistema nacional de garantia de qualidade. Já neste texto reforçamos a necessidade de uma cuidadosa implementação do sistema de avaliação criado em parceria com a OCDE. Este processo deverá ser alargado a todas Instituições de Ensino Superior, quer sejam públicas, privadas ou de âmbito concordatário. As conclusões destas avaliações devem ser tidas em conta por parte do Governo: deve-se premiar o mérito das
5 Instituições que melhor gerem os seus recursos e penalizar aquelas, que após avisos nesse sentido, não tomam medidas no sentido de alterar as suas gestões deficientes, que têm óbvias repercussões na qualidade do ensino leccionado, sendo que os estudantes são sempre os maiores prejudicados por essas gestões deficientes. A nível da promoção do acesso e da igualdade de oportunidades, consideramos que, apesar de já muito ter sido construído a nível da Acção Social, existe ainda um longo caminho a percorrer: é necessário aumentar os apoios a quem tem mais necessidades, implementar os tão propalados regimes de formação contínua e formação pós-secundária, nomeadamente através da regulamentação dos CET`s. Dentro deste quadro, consideramos ser primordial estudar os fenómenos de insucesso e abandono escolar. Só tendo conhecimento das causas destes fenómenos, poderemos implementar políticas estruturadas de combate a estas crescentes realidades. A FAP dispõe-se desde já a ser parceira no estudo desta área da pedagogia. A Federação Académica do Porto, conjugando as diferentes sensibilidades que a constituem, assume-se como parceira na melhoria do Ensino Superior. Para tal estaremos sempre disponíveis para a discussão de tudo quanto permita implementar uma prioridade no Ensino Superior e aproveitamos para no Dia do Estudante, data que faz apelo à memória das lutas estudantis da década de 60, estimular a memória daqueles a quem compete desenvolver o Ensino e afirmar que, tal como os estudantes do Porto, o Governo deve aproveitar este dia para reflectir sobre os desígnios da Educação. Federação Académica do Porto Porto, 24 de Março de 2006
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