dagoogle Glass. Testámos os óculos high-tech armazenamento, acesso a internet e comandos de voz. Estes são os óculos inteligentes da Google

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1 Glass. Testámos os óculos high-tech dagoogle Um ecrã minúsculo, 16 gigas de armazenamento, acesso a internet e comandos de voz. Estes são os óculos inteligentes da Google Texto: Ana Rita Guerra É impossível não parecer um cromo com um par de óculos na cara que em vez de lentes têm um miniecrl que mais ninguém consegue ver. A situação piora quando se começa a interagir com o aparelho: "Ok Glass", diz-se, tentando imitar o sotaque norte-americano. "Takea Picture", e num segundo a ação é concretizada. "Share", e a foto é enviada para a nossa conta. A alternativa a falar para o ar é bater com os dedos no sensor lateral dos óculos, navegando pelos menus. Se os Glass forem o sucesso que a Google espera, isto será um cenário frequente em breve: pessoas a baterem ou deslizarem os dedos na haste dos óculos no meio da rua, no comboio ou no supermercado. Médicos a darem consultas com o aparelho na cara, polícias a pedirem informações aos óculos no aeroporto e empregadores a fazerem entrevistas de trabalho enquanto vêem informação sobre o candidato ao emprego. É isto que os Glass trazem: um potencial enorme de aplicações, que entusiasma e assusta ao mesmo tempo ONLINE Veja o vídeo da reportagem com os Google Glass em RICARDO CABRAL Estudante de doutoramento do programa CMU Portugal Como se usam À primeira vista, o design pareceu- -me pouco atrativo, mas os pouco mais de mil exemplares que há no mundo ainda são protótipos - não chegámos à versão estilizada tipo Exterminador Implacável. O conceito é que é o mesmo: os dados aparecem no ecrã de forma instantânea. É a "realidade aumentada" no seu esplendor. Quando peguei nos óculos fiquei espantada: são muito mais leves do que esperado. Têm apoios para assentar no nariz e encaixam bem, o que os torna surpreendente-

2 mente confortáveis. O pequeno ecrã está instalado no lado direito e não dá para mudar para o olho es- a querdo; quem sofre de astigmatismo poderá ter dificuldades em focar a imagem, mesmo com lentes de contacto. A câmara é pequena, mas não me cansou os olhos - explica-me João Martins, que está a fazer a sua tese de Mestrado no Técnico com uma aplicação para os Glass, que a câmara foi desenhada para ser vista de um ângulo específico, que emula o posicionamento de um ecrã à distância. Os óculos têm 16 gigas de armazenamento e áudio, o que permite gravar vídeo e responder comandos de voz, algo que funcionou na perfeição durante o teste. "É um aparelho extremamente não invasivo para o utilizador, na medida em que não ocupa as mãos, é a evolução do wearable computing", explica João Martins. "Depois há o ecrã: hoje em dia não é realmente possível uma pessoa estar a olhar para um ecrã para o qual mais ninguém possa estar a olhar." Como surgiram A tecnologia por detrás do conceito dos Glass não é, de todo, pioneira. Há mais de 30 anos que o investigador canadiano Steve Mann trabalha em óculos inteligentes e tecnologia que dá para usar no corpo (fundou a EyeTap e criou o Digital Eye Glass, inicialmente com a intenção de ajudar as pessoas a verem melhor). O que não havia antes era o ecossistema. E nisto, a Google acertou em cheio. "A Google aparece com a coisa certa no tempo certo. Atrás do Glass há toda a infraestrutura Google", resume o professor João Pau- A repórter de tecnologia do Dinheiro Vivo, Ania Rita Guerra, Para que serve "Tirar uma fotografia com o tele- testou os óculos que chegam ao mercado em foto: diana quintela lo Costeiro, que está a liderar os móvel é completamente diferente projetos relacionados com os óculos no Instituto Superior Técnico. mo ponto de visão que os olhos", de ter uma câmara que está no mes- Assim que os Glass se ligam, todos afirma Ricardo Cabral, o estudante os serviços da Google ficam dis- português que conseguiu um par de Glass no concurso da Google. O poníveis - pensemos no Google Search, Google Maps, Gmail, YouTube, Drive, Play. Este suporte é a chave para a massificação dos óculos inteligentes, que a Forrester Research já considera "tão revolucionários como o iphone foi em 2007". Os Glass chegam ao mercado no próximo ano e deverão custar cerca de 400 euros. No ano passado, foram considerados uma das melhores invenções. estudante de tecnologias de visão por computador está a tirar um grau dual entre o Instituto Superior Técnico e a Carnegie Mellon, em Pittsburgo (no âmbito do programa CMU Portugal), e deixou os óculos no laboratório do IST para investigação. "Temos um projeto em que podemos detetar se a pessoa está distraída, por exemplo, dentro do carro, podemos ver se a pessoa está a adormecer e acordá-la", explica. "Podemos detetar se está a ter um ataque epilético ou um ataque car-

3 díaco, e dado que os óculos estão ligados ao telemóvel, podem ligar de imediato ao 112 para pedir auxílio, com as coordenadas geográficas da localização da pessoa." Enquanto Ricardo continua o doutoramento em Pittsburgo, João Martins está em Lisboa a criar um algoritmo para diagnóstico automático de melanomas da pele, com recurso aos óculos. "A ideia é que um dermatologista que esteja a usar o Glass tire uma foto à lesão na pele. Comunica com os nossos servidores no Técnico que correm um algoritmo para tentar diagnosticar automaticamente se é cancerígeno. A resposta é enviada para o Glass e aparece como sugestão ao médico." Tudo em tempo real. No IST, o professor João Paulo Costeira lançou há 15 dias uma plataforma online para abrir os Glass à comunidade científica. "É uma plataforma em que uma pessoa que seja leiga, mas com uma ideia brilhante, tenha um recurso que permita testar se a ideia é boa e pô-la em prática rapidamente e com poucos recursos." O site, disponível em /glassist, já recebeu mais de 60 contactos desde que foi lançado. "As empresas que usarem o Glass comprometem-se também a deixar um contributo, sob a forma de software, que pode ser incorporado para a seguinte usar." Privacidade Esta é uma questão central que terá de ser abordada com cuidado pela Google, visto que vários legisladores já expressaram a intenção de banir os Glass em algumas situações - no Reino Unido, o Governo quer proibi-los ao volante, e nos EUA o congresso questionou a Google sobre como vai lidar com a proteção da privacidade das pessoas. Há um bar em Seattle que já os proibiu - e ainda nem estão no mercado. "O Glass tem muitos problemas associados a privacidade, mas é como tudo. É uma tecnologia que permite fazer muita coisa", diz o professor. "A invasão de privacidade não vai chegar a níveis novos. Vai manter-se nos níveis atuais", diz João Martins. o Os Glass estão em teste em todo o mundo, o Foram criados no laboratório secreto Google X, também responsável pelos carros que se guiam sozinhos, Cada par custa cerca de 1500 dólares, o Há pouco mais de mil pares atribuídos pela Google no mundo, o o preço no retalho deverá rondar os 300 a 400 euros. o o sistema corre Android. o o lançamento no mercado poderá acontecer em 2014.

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