JOGO LÚDICO DE QUÍMICA: UMA FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO
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- Leila Molinari Klettenberg
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1 INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ - IFCE MAYARA MESQUITA SANTIAGO DANIEL OLIVEIRA JOGO LÚDICO DE QUÍMICA: UMA FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO PROJETO DE PESQUISA MARACANAÚ 2013
2 MAYARA MESQUITA SANTIAGO DANIEL OLIVEIRA JOGO LÚDICO DE QUÍMICA: UMA FERRAMENTA DE APRENDIZAGEM E INCLUSÃO MAYARA MESQUITA SANTIAGO ( IFCE- CAMPUS MARACANAÚ, mayara.daquimica@gmail.com) DANIEL OLIVEIRA ( IFCE- CAMPUS MARACANAÚ, danieldorest@gmail.com) MARACANAÚ 2013
3 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO APLICAÇÃO Como jogar Quimi Especificação das cartas Detalhe das cartas principais do jogo RESULTADOS ESPERADOS CONSIDERAÇÕES FINAIS BIBLIOGRAFIA... 10
4 RESUMO: RESUMO: Mesmo sendo a inclusão escolar garantida por lei, existem controvérsias: profissionais da educação reclamam das condições de trabalho, da falta de formação adequada, do número elevado de alunos por turma e etc. Em turmas inclusivas com deficientes auditivos é necessária a presença de um profissional que conheça a Língua Brasileira de Sinais LIBRAS, bem como de um professor formado na área que atua, para que possam desenvolver metodologias alternativas que facilitem o ensino-aprendizagem. O presente trabalho tem como objetivo geral propor um método alternativo para o ensino de Química, tendo o lúdico como subsídio diferenciado para a inclusão de alunos com deficiência auditiva ao restante da turma regular. Os jogos didáticos são elementos facilitadores do processo de ensino aprendizagem. No caso da disciplina de química, os jogos apresentam um caráter ainda mais especial, porque se tornam ferramentas fundamentais para estimular a participação, interação, competências e habilidades dos educandos. Para tanto, o trabalho consistiu em pesquisa-ação, como projeto de intervenção a partir de jogos. Sendo assim, foi elaborado o jogo de cartas QUIMI, que é semelhante ao jogo UNO, e tem por finalidade apresentar aos alunos jogadores do ensino médio tendências principais da tabela periódica como, por exemplo; orbitais, numero atômico, períodos, grupos, elementos da mesma e suas divisões. O referencial teve por base os autores a seguir: Silva (2004); Cunha (2000); Antunes (1998). A função educativa do jogo foi facilmente observada durante sua aplicação ao se verificar a apropriação e aquisição de conhecimento tanto dos alunos surdos como dos alunos ouvintes, de aprender química jogando. PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO INCLUSIVA; JOGO DIDÁTICO; QUÍMICA.
5 1 1 INTRODUÇÃO A aprendizagem sobre a tabela periódica é a principal via de acesso à Química, que permitiu ao ser humano identificar, experimentar e utilizar cada elemento químico de acordo com suas propriedades e aplicações práticas (FELTRE, 2005, p. 79). O presente ensaio tem como objetivo geral estimular nossos educandos, tanto os alunos especiais, bem como os demais estudantes para desenvolver suas capacidades cognitivas por meio de um jogo lúdico sobre a tabela periódica, levando os alunos: Conhecer e reconhecer os principais elementos da tabela periódica (famílias, numero atômico, períodos, suas divisões entre semi-metais, gases nobres, metais, ametais etc.) em um contexto de aprendizagem significativa. Analisar como os alunos que estão incluídos no ensino regular, interagem nesta técnica de ensino; Observar como os demais estudantes se posicionam no jogo e como iria acontece a interação entre os sujeitos envolvidos; Estimular as dimensões de saber ser/conviver/fazer entre os participantes. A atual política educacional enfatiza a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais nas classes comuns nos níveis de ensino, na perspectiva de abolir as práticas segregacionistas, garantindo a todos, um espaço de acolhimento à diversidade humana e de aceitação das diferenças individuais, além do esforço coletivo na equiparação de oportunidades de desenvolvimento, com qualidade, em todas as dimensões da vida (BRANDÃO, 2009). A inclusão remete pensar as questões do acesso e da qualidade na educação, lidar com a diferença é um tabu que tem que ser quebrado. Figueiredo enfatiza que as diferenças são inerentes ao gênero humano (2002, p. 68), explicando que é as diferenças que fazem do ser humano um ser único, porém as semelhanças são os itens que nos aproximam uns dos outros. Deste modo, o autor ainda afirma que é preciso reconhecer o valor das diferenças como elemento de crescimento dos sujeitos e dos grupos sociais. (2002, p. 69). Os jogos, de modo geral, sempre foram uma atividade inerente do ser humano. O lúdico, de origem latina ludere (ilusão) é adjetivo que qualifica tudo o que se relaciona com o jogo, com a brincadeira e com o brinquedo, podendo e devendo, assim, ser
6 2 encarado como um meio, devido às inúmeras possibilidades de desenvolvimento pessoal, e um direito, pois acriança passa a conhecer-se e compreender o mundo que a cerca. Brincando, a criança aprende a se constituir como um ser pertencente a um grupo social, construindo assim a sua identidade cultural (WAJSKOP, 2001). Segundo Vygotsky (1989), os jogos estimulam a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança; aprimoram o desenvolvimento de habilidades linguísticas, mentais e de concentração e exercitam interações sociais e trabalho em equipe. A estratégia de utilizar o jogo de cartas UNO como base, foi pensado graças a sua popularização no Brasil e especialmente por ser um dos passatempos mais jogado ultimamente. 2 APLICAÇÃO A observação dos alunos e aplicação do jogo didático foi realizada no Colégio Estadual, Luiz Girão, localizado na cidade de Maranguape, no Estado do Ceará, com alunos da terceira série do ensino médio do turno matutino. O processo de realização deste trabalho foi dividido em duas etapas. A primeira foi à confecção do jogo feito no editor de texto Word. Um segundo momento ocorreu com a aplicação do jogo QUIMI, que a princípio, efetuou-se uma aula explicando o conteúdo de tabela periódica, procurando sanar as dúvidas dos alunos. Logo após foi realizado a apresentação do jogo em que foram expostas as regras e estratégias que eram semelhantes às regras do ONU. O QUIMI consiste em eliminar as cartas da mão seguindo a regra de que a carta a ser descartada tem que ter alguma característica comum cor, período, grupo, orbital e grifo (símbolo grego do elemento) com a outra já jogada. Vence a partida aquele que eliminar todas as cartas. O número de jogadores pode variar entre dois a dez alunos. 2.1COMO JOGAR QUIMI. Para iniciar a primeira rodada cada jogador pega uma carta. Aquele que sair com a carta de maior número atômico inicia o jogo. Caso o jogador saia com alguma carta coringa, este terá valor zero. O jogo sempre começará no sentido horário.
7 3 O jogador que iniciará a partida deverá misturar as cartas e distribuí-las, sendo sete cartas para cada jogador. Após distribuir, o jogador inicial deverá virar uma carta do monte. Esta carta é a carta inicial. Para descartar uma carta é necessário que esta tenha algum dado em comum - cor, orbital, grupo, período, grifo (símbolo grego do elemento) com a outra previamente jogada. O jogo continuará com base na carta inicial. Se esta for uma carta negra catiônica ou aniônica, o jogador primário deverá jogar outra carta negra ou então será punido de acordo coma carta que sair. Sendo uma carta neutra, o jogador primário ganhara o direito de escolher a cor que deseja jogar. Caso seja uma carta bloqueio, o próximo jogador ira perder a vez. Para a carta reverte o sentido do jogo será mudado. No caso da carta Gás nobre, o ultimo que colocar a mão sobre a carta será punido puxando uma carta do baralho. Quando um jogador for descartar a sua penúltima carta, ele deverá dizer QUIMI, caso esqueça, outro jogador poderá dizer RODOU e punir o jogador desatento com duas cartas. Após descartar a última carta o jogador que está por vencer deverá ficar atento, pois o mesmo pode ser colocado no jogo de volta através: Das cartas negras, caso a ultima a ser jogada termine no mesmo; Pela carta gás nobre, caso coloque a mão por ultimo na carta; Vence o jogo aquele jogador que conseguir descartar todas as suas cartas e não retornar depois de uma rodada completa, sendo que esta rodada termine no mesmo. A partir do momento que os jogadores têm um pequeno conhecimento da Química ele pode começar a jogar sem ter que usar as instruções já descritas, desde que fique atendo com os gases e outras coisas que diferenciam as cartas umas das outras além das cores.
8 4 2.2 ESPECIFICAÇÃO DAS CARTAS: As cartas desse jogo seguem basicamente o modelo da (figura 1), e são em um total de 108 cartas. Sendo 19 cartas de cada cor, dando um total de 76 cartas básicas. Oito cartas catiônicas 2+ e quatro cartas catiônicas 4+ (figura 2). Quatro cartas coringas (figura 3). Oito cartas reverte (figura 4), sendo duas de cada cor e Oito cartas bloqueio (figura 5), sendo também duas de cada cor. Figura 1: Representação das cartas básicas. FONTE: Santiago (2013) 2.3 DETALHE DAS CARTAS PRINCIPAIS DO JOGO: Figura 2: Representação das cartas catiônicas. FONTE: Santiago (2013)
9 5 Carta Catiônica (figura 3), quando sair o jogador seguinte deve jogar outra da mesma ou uma carta negra coringa, se não tiver será punido de acordo com a carta que sair. Figura 3: Representação da carta coringa. FONTE: Santiago (2013) Essa é a carta negra coringa (figura 4), ela da ao jogador o direito de escolher a cor da carta que o próximo devera jogar. Figura4: Representação da carta reverte. FONTE: Santiago (2013) Carta Reverte (figura 4), Com a carta reverte o jogador pode determinar o sentido anti-horário do jogo juntamente com a mudança de cor.
10 6 Figura5: Representação da carta bloqueio. FONTE: Santiago (2013) Com essa carta bloqueia (figura 5), o próximo jogador ira perder a vez. 3 RESULTADOS ESPERADOS As proposições expostas e discutidas nesse trabalho acadêmico ressalta a importância de se buscar métodos alternativos de inclusão educacional. Assim, várias reflexões quanto a mudanças de ações no ambiente escolar que inferem diretamente na construção da Inclusão de alunos com alguma deficiência, no caso auditivo, nas Escolas da Rede Pública de Educação, foram trabalhadas dentre as principais questões estão: 1- A capacidade de proporcionar uma inclusão efetiva dos deficientes auditivos nas Escolas da Rede Pública de Educação, com a real possibilidade de aprendizagem e acompanhamento do currículo escolar; 2- A importância de profissionais Intérpretes/Tradutores em Língua de Sinais que não só acompanhem o processo de aprendizagem dos alunos Surdos, mas que estejam inseridos na Comunidade Surda e se possível que tenham formação acadêmica; 3-A utilização da Língua Brasileira de Sinais deve ser praticada de forma constante nas escolas, não só pelo Professor ou Instrutor/Monitor/Assistente Educacionais especializados, mas se possível também pelos demais alunos e servidores da escola;
11 7 4-Realização de eventos, dinâmicas e formas alternativas de ensino que possibilitem a interação e aproximação dos alunos sem limitações dos alunos com deficiência. Isso proporciona uma relação mais íntima e de confiança entre as duas partes, além de estimular o deficiente a interagir e aprender aumentando sua alto estima; 5- Valorização da Cultura Surda. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A proposta deste trabalho acadêmico foi alcançada de forma satisfatória e proporcionou uma experiência eficaz de inclusão. Com o auxílio de um intérprete, se conseguiu observar uma interação positiva e construtiva entre os alunos ouvintes e os deficientes auditivos. Além disso, no ponto de vista de aprendizagem a ferramenta utilizada (jogo adaptado) apresentou ser um ótimo exemplo de passar o conhecimento de forma alternativa para ambos. Quanto aos alunos com as limitações, participaram de forma ativa perguntando, interagindo, rindo e aprendendo mostrando que é possível exercer uma aprendizagem o mais igualitária possível. Diante do observado, percebemos que realmente a inclusão dos alunos com deficiência auditiva nas escolas regulares da rede pública de educação pode ser vistas como um novo paradigma. No entanto, inicialmente é necessário que haja uma conscientização de respeito às diferenças fator esse fundamental para se conseguir os demais objetivos e enfim conseguir uma relação harmoniosa entre o educar e o incluir. Finalizando, podemos concluir que os novos embates e debates, agora, à luz de uma Escola Inclusiva que pressupõe uma Sociedade Inclusiva, não poderão mais ficar em dualismos maniqueístas: ouvintes x surdos, Escola Ensino Regular x Escola e Ensino Especial, Escola de Surdos x Escola de Ouvintes, que subjazem uma ideologia conservadora. ( FELIPE-2003)
12 8 FOTOGRAFIA 1: Fonte: Santiago (2013) Na fotografia 1 apresenta o registro dos alunos do colégio Estadual, Luiz Girão, localizado em Maranguape, da terceira série do ensino médio do turno matutino. O trabalho foi realizado com duas alunas com deficiência auditiva, três alunos (dois homens e uma mulher) sem nenhuma deficiência e um intérprete. FOTOGRAFIA 2 Fonte: Santiago (2013)
13 9 Na fotografia 2 se encontra o interprete e as duas alunas com deficiência auditiva. FOTOGRAFIA 3 Fonte: Santiago (2013) Na figura 3 o interprete está explicando para as meninas com deficiência o jogo
14 10 5 BIBLIOGRAFIA BUENO, José Geraldo Silveira. Surdez, linguagem e cultura. São Paulo: Edu/PUC, CAMPELLO, A.R de S. Pedagogia Visual/Sinal na Educação dos Surdos. In: QUADROS, FELIPE, T.A. A função do Intérprete na escolarização do Surdo, Anais do Congresso Surdez e Escolaridade: Desafios e Reflexões- Congresso Internacional do INES, setembro/2003, Rio de Janeiro. FELTRE, Ricardo. Química Geral. 6. ed. São Paulo: Moderna, FIGUEIREDO, R. V. Políticas de inclusão: escola-gestão da aprendizagem na diversidade in ROSA de E. G. e SOUZA V. C. (org.) Políticas organizativas e curriculares, educação inclusiva e formação de professores. Rio de Janeiro: DP&A Editora, FREITAS, Maria Teresa de Assunção. Vygotsky um século depois. Juiz de Fora: EDUFJF, LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. A inclusão escolar de alunos surdos: o que dizem alunos, professores e intérpretes sobre esta experiência. São Paulo, Campinas. Cadernos Cedes, vol. 26, n. 69, p , maio/ago LORENZETTI, Maria Lúcia. A inclusão do aluno surdo no ensino regular: a voz das professoras. Revista Espaço. Disponível em<htpp:// Acessado em 21/08/2010. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, Portaria nº 555/2007, prorrogada pela Portaria nº 948/2007, Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, Brasília 07/01/2008. MONTEIRO, Mariângela da Silva. A educação especial na perspectiva de Vygotsky. In: MOURA, Maria Cecília de. O surdo: caminhos para uma nova identidade. São Paulo: PUC, tese de doutoramento, PEDREIRA, Sílvia Maria Fangueiro. Porque a Palavra não adianta: Um Estudo das Relações entre Surdos/as e Ouvintes em uma Escola Inclusiva na perspectiva intercultural. Rio de Janeiro: INES WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. São Paulo: Cortez, 2001.
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