ANO VII NÚMERO 20 Dezembro 2014 Monitoramento do Câncer no Grupo Hospitalar Conceição
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- Bernadete Gama Schmidt
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1 Boletim Epidemiológico Núcleo Hospitalar de Epidemiologia HNSC ANO VII NÚMERO 2 Dezembro 214 Monitoramento do Câncer no Grupo Hospitalar Conceição Ivana R. Santos Varella, Pediatra, Doutora em Epidemiologia Patricia Fisch, Infectologista, Doutoranda em Epidemiologia EDITORIAL N o Brasil, em 21, as neoplasias ocuparam a terceira posição entre as principais causas de óbito, conforme os capítulos da CID-1 e foi observado um aumento da proporção dos óbitos por neoplasias. Diante deste cenário epidemiológico uma das ações estabelecidas para assegurar o acesso e a qualidade da assistência ao paciente com neoplasia maligna foi o decreto da Lei , em 22 de Novembro de 212, que dispõe sobre o primeiro tratamento de paciente com neoplasia maligna comprovada e estabelece prazo de 6 dias para seu início. Para a implementação das ações de prevenção e controle do Câncer tornase necessária a existência de ferramentas de monitoramento da situação epidemiológica do Câncer em Serviços de Saúde. O Registro Hospitalar do Câncer desenvolvido pelo INCA tem sido fundamental nesta política. Entretanto, os hospitais devem qualificar as ferramentas para o monitoramento de indicadores e avaliação do seu desempenho. Assim, O NHE/HNSC-HCC foi responsável pelo projeto da Vigilância Epidemiológica do Câncer entre as ações do Planejamento Estratégico do GHC, deste ano. Portanto, realizamos uma análise da situação das hospitalizações, segundo capítulos da CID-1, ocorridas em hospitais do GHC. Apresentamos a seguir os resultados desta análise com o objetivo de conhecermos um pouco mais a realidade destes hospitais com ênfase nos diagnósticos de neoplasias. Ivana Varella, Responsável técnica Núcleo Hospitalar de Epidemiologia/HNSC-HCC INTRODUÇÃO No Brasil, em 21, houve óbitos dos quais as principais causas, segundo os capítulos da CID-1, foram causas externas (27,6%), doenças do aparelho circulatório (2%) e neoplasias (16,4%). Paralelamente a isso ocorreu um aumento da proporção dos óbitos por neoplasias (de 12,1% em 1996 para 16,4% em 21). Em mulheres, entre 2 e 59 anos, as 1
2 doenças cerebrovasculares, as doenças isquêmicas do coração e a neoplasia maligna da mama feminina, em ordem de freqüência, foram as principais causas de morte (1). Com base nesta tendência, o Ministério da Saúde incluiu as ações de controle do agravo entre os 16 Objetivos Estratégicos para o período Entre elas destacam-se as ações de redução da prevalência do tabagismo e de ampliação de acesso, diagnóstico e tratamento em tempo oportuno dos cânceres de mama e do colo do útero, assim como a publicação da nova Política Nacional de Prevenção e Controle de Câncer na Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas (PNPCC-RAS) (2,3). Uma das ações que visam assegurar o acesso e a qualidade da assistência ao paciente com neoplasia maligna está a Lei , decretada em 22 de Novembro de 212, que entrou em vigor em 23 de maio de 213. A lei dispõe que o paciente com neoplasia maligna tem direito de se submeter ao primeiro tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS), no prazo de até 6 (sessenta) dias contados a partir do dia em que for firmado o diagnóstico em laudo patológico ou em prazo menor, conforme a necessidade terapêutica do caso, registrada em prontuário único. Consta que, para efeito do cumprimento do prazo estipulado, considerar-se-á efetivamente iniciado o primeiro tratamento da neoplasia maligna, com a realização de terapia cirúrgica ou com o início de radioterapia ou de quimioterapia, conforme a necessidade terapêutica do caso (4). Para o monitoramento destas estratégias, destaca-se entre os sistemas de informações relacionados aos casos de câncer no país o Registro Hospitalar do Câncer (RHC) e o Sistema de Informação de Câncer (SISCAN) no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O Registro Hospitalar do Câncer e Sistema de Informações do Câncer (Siscan) Desde 1993, o funcionamento dos RHC no Brasil é amparado por consistente base legal, inicialmente com base na Portaria nº 171 do Ministério da Saúde, que classificou os hospitais de atendimento oncológico do SUS no Sistema de Informação de Procedimentos de Alta Complexidade (SIPAC), considerando imperativa a existência de RHC para melhorar a qualidade da informação hospitalar (2). Posteriormente novas portarias reforçaram o seu papel, reafirmando que as Unidades e Centros devem dispor e manter em funcionamento o RHC informatizado, segundo os critérios técnicooperacionais estabelecidos pelo INCA (2,5). O propósito de um Registro Hospitalar é o de atender às necessidades da administração do hospital, do programa de controle do câncer nele desenvolvido e, sobretudo, do paciente em particular. Sua principal função é clínica, sendo valioso recurso para acompanhar e avaliar a qualidade do trabalho realizado nesses hospitais, com um importante papel a cumprir, na monitoração e avaliação dos cuidados prestados aos pacientes com câncer (5). A Portaria Nº 3.394, de 3 de Dezembro de 213 institui o Sistema de Informação de Câncer (SICAN) no âmbito do SUS (6). O SISCAN tem por finalidade permitir o monitoramento das ações relacionadas à detecção precoce, à confirmação diagnóstica e ao início do tratamento de neoplasias malignas. O SISCAN deve ser obrigatoriamente implantado em estabelecimentos de saúde, públicos ou privados que atuam de forma complementar ao SUS (7). 2
3 Situação epidemiológica de casos de câncer registrados no mundo O câncer é uma das principais causas de morte no mundo, atingindo 8,2 milhões de mortes em 212, representando 22% de todas as causas de morte neste ano (8). A ocorrência de óbito é mais comum nas seguintes topologias de câncer: pulmão (1,59 milhões de mortes), fígado (745. de mortes), estômago (723. mortes), colorretal (694. mortes), mama (521. mortes) e esôfago (4. mortes) (9). Os cinco tipos de câncer mais comuns que causam óbito em homens por ordem de freqüência são pulmão, estômago, fígado, colorretal e esôfago. Em mulheres esta ordem é câncer de mama, pulmão, estômago, colorretal e cervical (8). Mais de 3% das mortes por câncer são preveníveis modificando ou evitando cinco principais fatores de risco incluindo o tabaco, obesidade ou sobrepeso, dieta com baixa ingestão de frutas e vegetais, falta de atividade física e uso de álcool. O fator de risco isolado mais importante é o tabaco causando mais de 2% das mortes por câncer e cerca de 7% das mortes por câncer de pulmão no mundo. Mais de 6% do total anual de novos casos ocorrem na África, Ásia, América Central e América do Sul, responsáveis por 7% dos casos de mortes por câncer no mundo (9). No mundo a localização mais freqüente de câncer é no pulmão, seguido da mama, cólon e reto, próstata, estômago e fígado (figura 1). Em homens as localizações mais comuns são pulmão, próstata, cólon e reto, estômago e fígado (figura 2). Enquanto em mulheres a ordem de frequência é mama, cólon e reto, pulmão, cérvice uterina, estômago e corpo uterino (figura 3) (1). Figura 1. Incidência e Mortalidade de câncer em ambos os sexos, todas as idades, segundo localização primária, por 1. habitantes, no mundo,
4 Figura 2. Incidência e Mortalidade de câncer em homens, todas as idades, segundo localização primária, por 1. habitantes, no mundo, 212. Figura 3. Incidência e Mortalidade de câncer em mulheres, todas as idades, segundo localização primária, por 1. habitantes, h no mundo,
5 Situação epidemiológica de casos de câncer registrados no Brasil Em 214 estima-se o registro de casos novos de câncer no Brasil, casos novos no Rio Grande do Sul e 7.71 casos novos em Porto Alegre. O estado de São Paulo apresenta o maior número de casos novos estimados de câncer (152.2 casos), seguido do Rio de Janeiro (73.68 casos), Minas Gerais (61.53 casos) e Rio Grande do Sul (51.41 casos) (2). A região Sul apresenta a maior incidência estimada de casos novos de câncer, exceto pele não melanoma, por 1 mil habitantes, em 214, para homens (313,63) e mulheres (254,94), seguida da região Sudeste. A distribuição proporcional dos casos estimados no Brasil está na figura 4 (2). Na região Sul, o Rio Grande do Sul apresenta a maior incidência estimada tanto para homens como para mulheres (figura 5). A distribuição dos casos novos estimados para este estado e capital, por localização primária, está na tabela 1. Figura 4. Distribuição proporcional dos dez tipos t de câncer mais incidentes estimados para 214 por sexo, exceto pele não melanoma. Brasil. Figura 5. Taxas brutas de incidência estimadas para 214 por sexo, Rio Grande do Sul e Porto Alegre. 5
6 Tabela 1 - Estimativas para o ano 214 das taxas brutas de d incidência de neoplasias malignas, exceto pele não melanoma, por 1 mil habitantes, e do número de casos novos de câncer, segundo sexo e localização primária, Rio Grande do Sul e Porto Alegre. SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DAS HOSPITALIZAÇÕES POR CÂNCER NO GHC Metodologia Foi realizado um estudo descritivo das características das hospitalizações ocorridas no Hospital Nossa Senhora da Conceição, Hospital da Criança Conceição e Hospital Femina, entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 213. Para avaliarmos o perfil de hospitalizações ocorridas nos hospitais do GHC, em 213, utilizamos o relatório de hospitalizações por período disponível no prontuário eletrônico do GHC e obtido em 4/11/214. A Classificação Internacional de Doenças CID-1, foi utilizada para agruparmos as patologias informadas no momento da alta hospitalar, por capítulos de I a XXI (Quadro 1). No banco de dados do HNSC foram excluídas as hospitalizações nos serviços Programa de Atenção Domiciliar (441 hospitalizações) e Odontologia Programada (1 hospitalização). A análise dos dados foi realizada no programa Statistical Package for the Social Sciences versão 15. (SPSS v15.). Quadro 1 Descrição das patologias conforme capítulos da CID-1. CAPÍTULO I Algumas Doenças Infecciosas e Parasitárias (A-B99) CAPÍTULO II Neoplasias (C-D48) CAPÍTULO III Doenças do Sangue e dos Órgãos Hematopoiéticos e Alguns Transtornos Imunitários (D5-D89) CAPÍTULO IV Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas (E-E88) 6
7 Continuação quadro 1. CAPÍTULO V Transtornos Mentais e Comportamentais (F1-F99) CAPÍTULO VI Doenças do Sistema Nervoso (G-G98) CAPÍTULO VII Doenças do Olho e Anexos (H-H57) CAPÍTULO VIII Doenças do Ouvido e Apófise Mastóide (H6-H93) CAPÍTULO IX Doenças do Aparelho Circulatório (I-I99) CAPÍTULO X Doenças do Aparelho Respiratório (J-J98 E U4=SARS) CAPÍTULO XI Doenças do Aparelho Digestivo (K-K92) CAPÍTULO XII Doenças da Pele e do Tecido Subcutâneo (L-L98) CAPÍTULO XIII Doenças do Sistema Osteomuscular e do tecido Conjuntivo (M-M99) CAPÍTULO XIV Doenças do Aparelho Geniturinário (N-N98) CAPÍTULO XV Gravidez, Parto e Puerpério (O-O99) CAPÍTULO XVI Algumas Afecções Originadas no Período Perinatal (P-P96) CAPÍTULO XVII Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (Q-Q99) CAPÍTULO XVIII Sintomas, Sinais e Achados Anormais de Exame Clínico e de Laboratório classificados (R-R99) em outra parte CAPÍTULO XIX E Lesões, envenenamentos E Causas Externas de Morbidade e de Mortalidade (S-T98 E V1-Y89) XX CAPÍTULO XXI Fatores que influenciam o estado de saúde (Z-Z99) HOSPITAL FEMINA Em 213 houve hospitalizações no Hospital Femina, e foram de pacientes do sexo feminino (96,6%). Entre o total de hospitalizações houve predomínio da faixa etária entre 2 e 29 anos (31,1%), seguida da faixa entre 3 e 39 anos (22,5%) (figura 6). Nº ,1 22,5 11,9 12,3 5,8 7,4 8,5,6 < 1 1 a a 19 2 a 29 3 a 39 4 a 49 5 a 59 6 ou mais Faixa etária % F M % Figura 6. Número de hospitalizações por sexo e faixa etária e distribuição das hospitalizações por faixa etária (%). Hospital Femina, 213. Os três principais motivos de hospitalização foram gravidez, parto e puerpério (52,1%), neoplasias (18,6%) e doenças do aparelho genitourinário (14,3%) (figura 7). Não houve descrição do CID principal em 319 hospitalizações (2,4%), e foram excluídas do cálculo da distribuição das doenças. 7
8 Nº ,1 18,6 14,3 4,8 3,9 1,7 1,1,9,9,5,3 2,3,2,2,1,1,1 XV II XIV XVI XXI XVIII I XI IX XII XVII XIX e XX Capítulos de CID-1 IV X XIII III VI V % 2 1 Nº % Figura 7. Número e distribuição (%) de hospitalizações por CID-1 principal. Hospital Femina, 213. Entre as 2.39 hospitalizações por neoplasias, conforme a CID-1 dos agrupamentos amplos C a D48, houve 579 hospitalizações por neoplasias benignas (D1-D36) (24,2%), 376 por neoplasias de comportamento incerto (D37-D48) (15,7%) 28 por neoplasia in situ (D-D9) (8,7%) e hospitalizações por neoplasias malignas (51,3%). As cinco topologias de neoplasias malignas mais frequentes foram mama (62,9%), colo do útero (24,2%), corpo do útero (5,5%), vulva ou vagina (5,3%) e ovário (4,9%). As demais foram classificadas como localização mal definida (16 hospitalizações), de outros órgãos genitais femininos ou placenta (9 hospitalizações), do tecido linfático (1), da pele (1), estômago (1) e fígado (1). Identificamos uma maior frequência de hospitalizações com o aumento da idade, observada em todos os principais tipos de neoplasias malignas (figura 8). Nº Mama Colo do útero Corpo do útero Vulva ou vagina Ovário 6 ou mais Figura 8. Número de hospitalizações por neoplasias malignas principais, por faixa etária, Hospital Femina,
9 HOSPITAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO Entre 21.4 hospitalizações, foram de pacientes do sexo feminino (63,%). Observamos predomínio da faixa etária de 5 a 59 anos e 6 anos ou mais acumulando 48,2% do total de hospitalizações (figura 9). Os três principais motivos identificados foram gravidez, parto e puerpério (19,1%), neoplasias (16,3%) e doenças do aparelho digestivo (13,6%) e sem descrição em 71 hospitalizações (3,3%) (figura 11) Nº , 16,2 15, 16,2 13,3 6,7,6 5 a 9 1 a a 19 2 a 29 3 a 39 4 a 49 5 a 59 6 ou mais Faixa etária 35, 3 25, 2 % 15, 1 5, F M % Figura 9. Número de hospitalizações por sexo e faixa etária e distribuição das hospitalizações por faixa etária (%). Hospital Nossa Senhora da Conceição, ,1 16, Nº ,6 13, 8, 7,7 6,3 5, ,2 1,5 1,2 1,1,9,8,6,6,3,2,1,1,1 XV II XI IX XIV I 25, 2 15, % 1 5, X XVIII IV VI XXI XII V XIII III XIX e XX XVIII VIII Outros VII XVI Nº % Figura 1. Número e distribuição (%) de hospitalizações por CID-1 principal. Hospital Nossa Senhora da Conceição, 213. Ao selecionarmos apenas as hospitalizações por neoplasias, conforme a CID-1 dos agrupamentos amplos C a D48, houve 288 hospitalizações por neoplasias benignas (D1-D36) (8,7%), 388 hospitalizações por neoplasias de comportamento incerto ou desconhecido (D37-D48) (11,7%), 78 9
10 hospitalizações por neoplasia in situ (D-D9) (2,4%) e 2.56 hospitalizações por neoplasias malignas (77,2%). As cinco topologias de neoplasias malignas mais freqüentes, foram cólon e reto (15,5%), tecido linfático, hematopoiético e correlatos (12,9%), mama (12,4%), pulmões e brônquios (8,1%) e lábio, cavidade oral e faringe (5,7%). As demais foram do trato urinário (5,%), do esôfago (4,4%), da tireóide e outras glândulas (3,9%), do estômago (3,7%), da próstata (3,2%), do aparelho respiratório, exceto pulmão (3,%), do fígado (2,7%), do pâncreas (2,3%), de outros órgãos genitais masculinos (2,%), do colo do útero (1,7%), da pele (1,7%), do ovário (1,4%), tecido mesotelial e tecidos moles (1,3%), vesícula biliar (,9%), do corpo do útero (,7%), vulva ou vagina (,6%), outros órgãos genitais femininos (,6%) e outros (,7%). Na avaliação de hospitalizações pelas principais neoplasias malignas identificadas no HNSC, em 213, conforme as faixas etárias, houve maior freqüência de hospitalizações com o aumento da idade. Porém, este achado não foi tão marcado como observado no Hospital Femina onde houve uma proporção bem maior de neoplasia maligna de mama. Além disso, a segunda topologia mais freqüente de neoplasia maligna no HNSC foi de tecido linfático, hematopoiético e correlatos, onde houve predomínio de hospitalizações na faixa etária abaixo de 5 anos (figura 11). Entretanto, não foi possível avaliarmos a faixa etária da detecção do diagnóstico, nem incidência da doença com esta ferramenta (CID-1 da causa principal de hospitalização). Entre os homens houve proporção maior de hospitalizações, por neoplasia maligna de cólon e reto, de tecido linfático, hematopoiético e correlatos, de lábio, cavidade oral e faringe, e de pulmões e brônquios. Entre as mulheres foram mais freqüentes as hospitalizações por neoplasia maligna de mama, de cólon e reto, de tecido linfático, hematopoiético e correlatos e de pulmões e brônquios (figura 12). Nº Cólon e reto Tec. linfático, hematopoiético Mama Pulmões e brônquios Lábio, cavidade oral e faringe 6 ou mais Figura 11. Número de hospitalizações por neoplasias malignas s principais, conforme faixa etária. Hospital Nossa Senhora da Conceição,
11 2 15, 1 5, 5, 1 15, 2 25, 3 % C ól on e r e t o Te c. l i nf át i c o, he ma t opoi ét i c o Lábio, cavidade oral e f aringe P ul mões e br ônqui os Esôf a go Tr a t o U r i nár i o P r óst a t a Est ôma go Localiz ações mal def inidas Ap. resp., excet o pulmões Out r os ór gãos ge ni t a i s Fí ga do P e l e P ânc r e a s Tireóide e out ras glândulas Tec. Mesot elial e t ec. Moles Vesi cul a bi li ar ou vi as bi li ar e s I nt e st i no de l ga do Out r os ór gãos di ge st i v os S ist ema Nervoso M a ma Colo do út ero Ov ár i o Corpo do út ero Vulva ou vagina Ossos e cart ilagens art iculares 14,9 13,8 1,3 9, 7,3 6,8 6,6 5,5 5,3 5,2 4,1 3, 2,2 1,9 1,5 1,1,5,4,1,1,5 1,4 1,7 3,3 2,,8 1,1 2,4 1,2 2,8 1,4 1,2,2,2,3 1,3 1,2,2 3,3 2,7 6, 6,1 7,3 12, 16,1 23,6 Homens Mulheres Figura 12. Distribuição das hospitalizações por neoplasias malignas por sexo. HNSC, 213. HOSPITAL DA CRIANÇA CONCEIÇÃO Em 213 houve hospitalizações no HCC, e 6.5 foram de pacientes do sexo masculino (56,3%). Observamos predomínio da faixa etária abaixo de 5 anos (66,6%), sendo que 37,5% foram de menores de um ano de idade (mediana = 2,2 anos; amplitude = 15 anos) (figura 13). Os três principais motivos de hospitalizações foram as doenças do aparelho respiratório (35,1%), as doenças infecciosas e parasitárias (11,4%) e do aparelho digestivo (11,2%). Estas foram seguidas por afeccções originadas no período perinatal (9,6%), sinais e sintomas classificados em outra parte (6,6%), neoplasias (4,2%), malformações congênitas (3,3%), doenças do sistema nervoso (3,1%), doenças da pele e subcutâneo (2,9%), doenças do aparelho genitourinário (2,9%), doenças do sangue e dos órgãos hematopoiéticos (2,6%), doenças endócrinas (2,1%), lesões, envenenamentos e causas externas (1,8%), doenças do ouvido (1,2%) e outras classificadas em outra parte (,7%) e em 49 hospitalizações (,4%) não houve descrição do motivo da hospitalização (figura 16). 11
12 Nº < 1 1 a 4 5 a 9 1 a a 19 F M % 37,5 29,1 2,1 13,2 4 35, 3 25, 2 % 15, 1 5, Figura 13. Número de hospitalizações por sexo e faixa etária e distribuição das hospitalizações por faixa etária (%) (n=11.546). Hospital da Criança Conceição, 213. Nº X 35,1 11,411,2 9,6 6,6 4,2 3,3 3,1 2,9 2,9 2,6 2,1 1,8 1,2,6,5,5,3,1,1 I XI XVI XVIII II XVII VI XII XIV III IV XIX e XX VIII XXI XIII IX V VII XV Outro 4 35, 3 25, 2 15, 1 5, Nº % Figura 14. Número e distribuição (%) de hospitalizações por CID-1 principal (n=11.497). Hospital da Criança Conceição, 213. Ao selecionarmos apenas as 487 hospitalizações por neoplasias, conforme a CID-1 dos agrupamentos amplos C a D48, houve 44 hospitalizações por neoplasias benignas (D1-D36) (9,%), 35 hospitalizações por neoplasias de comportamento incerto ou desconhecido (D37-D48) (7,2%), 14 hospitalizações por neoplasia in situ (D-D9) (2,9%) e 394 hospitalizações por neoplasias malignas (8,9%). As cinco topologias de neoplasias malignas mais frequentes, foram de tecido linfático, hematopoiético e correlatos (4,7%), neoplasia maligna de tecido mesotelial e tecidos moles (1,8%), neoplasia maligna da tireóide e outras glândulas (9,1%), neoplasia maligna do trato urinário (8,8%) e de outros órgãos genitais masculinos (7,8%). As demais foram do sistema nervoso (4,4%), do fígado (3,9%), dos ossos e cartilagens articulares (2,2%), de localizações mal definidas (2,2%), do ovário (1,5%), do cólon 12
13 e reto (1,2%), do lábio, cavidade oral ou faringe (1,%), do estômago (,7%), do intestino delgado (,7%), do esôfago (,5%), dos pulmões e brônquios (,5%) e do aparelho respiratório e outros órgãos intratorácicos, exceto pulmões e outros (,5%). Houve predomínio de hospitalizações por neoplasias malignas nas faixas etárias entre 5 a 9 anos (35,8%) e entre 1 a 4 anos (34,8%), seguidas de 1 a 14 anos (23,1%) e de menores de 1 ano de idade (6,3%). Na avaliação de hospitalizações conforme as principais neoplasias malignas identificadas no HCC, identificamos que a maioria das hospitalizações de neoplasias do tecido linfático, hematopoiético e correlatos, do sistema nervoso, do trato urinário e de órgãos genitais masculinos ocorreram em hospitalizações da faixa etária entre 5 e 9 anos. Enquanto que a maioria das hospitalizações por neoplasia maligna de tireóide e outras glândulas e de tecido mesotelial e tecidos moles ocorreram entre 1 e 4 anos de idade (figura 17). Entretanto, não é possível avaliarmos a faixa etária da detecção do diagnóstico com esta ferramenta (CID-1 da causa principal de hospitalização), nem incidência da doença Nº 1 5 Tec. linfático, hematopoiético Tec. mesotelial e moles Tireóide e outras glândulas Trato urinário Órgãos genitais masculinos Sistema nervoso 1 a a a < Figura 15. Número de hospitalizações por neoplasias malignas principais, conforme faixa etária. Hospital da Criança Conceição, 213. Entre as hospitalizações do sexo masculino houve predomínio das neoplasias malignas de tecido linfático, hematopoiético e correlatos, de outros órgãos genitais masculinos, trato urinário e fígado. No sexo feminino houve predomínio das neoplasias malignas de tecido linfático, hematopoiético e correlatos, de tecido mesotelial e tecidos moles, de tireóide e outras glândulas e do trato urinário (figura 16). 13
14 T ec. linf át ico, hemat o p o iét ico 43,9 39,8 T ec. M eso t elial e t ec. M o les 1,8 24,1 Tireóide e out ras glândulas 6,6 13,3 Trat o urinário 9,2 9, Out ro s órg ão s g enit ais 13,6,6 Sist ema nervoso 5,3 3,6 F íg ad o 7, Ossos e cart ilagens art iculares 3,1 1,2 % Localizações mal def inidas 3,1 1,2 Ovário 3,6 C ólo n e ret o,9 1,8 Láb io, cav. o ral e f aring e 1,3,6 Est ômago,9,6 Int est ino delgado,9,6 Pulmões e brônquios,9 Ap. resp. excet o pulmão,9 Esôf ago,9 Masculino Feminino Figura 16. Distribuição das hospitalizações por neoplasias malignas, conforme sexo. Hospital da Criança Conceição, 213. DISCUSSÃO E CONCLUSÃO Estima-se que o número anual de casos de câncer no mundo aumente de 14 milhões em 212 para 22 milhões nas próximas duas décadas (9). No GHC, a partir da avaliação de número de hospitalizações por neoplasias malignas conforme a CID principal estimamos elevada frequência de neoplasias malignas no HNSC (2.56 hospitalizações/ano),no Femina (1.227 hospitalizações/ano), no HCC (394 hospitalizações/ano) atingindo hospitalizações pela doença nestes hospitais do GHC. É imperativo que os serviços de saúde monitorem o desempenho da assistência aos pacientes com câncer, para viabilizar as ações para a prevenção, da detecção precoce do agravo e tratamento em tempo oportuno, respeitando as especificidades de cada tipo de neoplasia maligna. A análise das hospitalizações no GHC permite conhecer o perfil das hospitalizações por neoplasias malignas, mas não possibilita avaliarmos a taxa de detecção do diagnóstico. O Registro Hospitalar do Câncer (RHC) é uma das principais ferramentas para avaliar a situação epidemiológica dos casos de câncer atendidos no Grupo 14
15 Hospitalar Conceição, entretanto é necessário qualificar o monitoramento dos casos incidentes e, a consequente avaliação das estratégias no âmbito hospitalar. Para otimizar a sistematização dos dados de câncer no GHC outras ferramentas foram desenvolvidas pela Gerência de Informática do GHC o Monitoramento Diagnóstico Neoplasia que identifica todos os exames anátomo-patológicos (AP) realizados de pacientes atendidos em ambulatórios ou hospitalizados no GHC. Este instrumento é de extrema importância para a detecção dos casos novos a partir do laudo dos exames AP. Uma das suas limitações é a impossibilidade de identificar toda a população de pacientes atendidos por neoplasia maligna no GHC, uma vez que identifica apenas aqueles com realização de AP na instituição. Assim, para o monitoramento do Câncer no GHC é necessário aplicar os processos da vigilância epidemiológica incluindo a detecção, investigação, consolidação, análise e divulgação dos resultados, bem como a recomendação de estratégias para prevenção e controle utilizando os sistemas existentes e agregar outras ferramentas. E esta é uma das competências dos Núcleos Hospitalares de Epidemiologia, subsistemas de vigilância epidemiológica instituídos pelo Ministério da Saúde. Tanto a equipe de saúde que participa diretamente da atenção aos pacientes quanto os gestores do GHC necessitam de informações sobre os casos novos diagnosticados de câncer entre os hospitais do GHC (incidência) e sobre as mortes atribuídas ao câncer (letalidade e mortalidade), periodicamente, para compreender e abordar a carga do câncer nas instituições e acompanhar as tendências do perfil epidemiológico dos pacientes atendidos por esta doença. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Saúde Brasil 211 : uma análise da situação de saúde e a vigilância da saúde da mulher / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise de Situação de Saúde. Brasília : Editora do Ministério da Saúde, p. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 214. Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro. Disponível em Acesso em 29 Out Ministério da Saúde. Portaria Nº 874, de 16 de Maio de 213. Disponível em: Acesso em 29 Out Brasil. Brasília. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei Disponível em: Acesso em 21 de Outubro Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Registros Hospitalares de Câncer. Planejamento e Gestão. 2ª edição revisada e atualizada. Rio de Janeiro, Ministério da Saúde. Portaria Nº 3.394, de 3 de Dezembro de 213. Disponível em: Acesso em 21 Outubro Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Sistema de Informação do Câncer. Manual Preliminar de Apoio à Implantação. Rio de Janeiro, p. 8. World Health Organization. Ten Facts on cancer. Disponível em: Acesso em 21 Outubro World Health Organization. Fact sheet N 297. Updated February 214. Disponível em Acesso em 29 Outubro World Health Organization. International Agency for Research on Cancer. Globocan 212: Estimated Cancer Incidence, Mortality and Prevalence Worldwide in 212. Incidence/Mortality > Multi-bar chart: Cancers by population. Disponível em: Acesso em 29 Outubro
16 Diretoria do GHC Diretor-Superintendente Carlos Eduardo Nery Paes Diretor Administrativo e Financeiro - Gilberto Barichello Diretor Técnico - Paulo Ricardo Bobek Gerência de Internação do HNSC Elisabete Storck Duarte Equipe do NHE/HNSC N HE/HNSC-HCC HCC Ivana R. S. Varella (Pediatra e Epidemiologista), responsável técnica Patricia Fisch (Médica Infectologista, Mestre em Epidemiologia) Carina Guedes Ramos (Médica Infectologista, Mestre em Epidemiologia) Ângela Piccoli Ziegler (Médica Infectologista) Maria da Glória Accioly Sirena (Médica de Família e Comunidade) Andréia Rejane Stippe da Rosa (Enfermeira) Ângela dos Santos Trindade (Auxiliar de Enfermagem) Angela Cristina Amaral dos Santos (Técnica de Enfermagem) Eidryan Denisieski Vieira (Técnico de Enfermagem); Fábio Dias Misturini (Enfermeiro) Ilda Maria Germano Martins (Técnica de Enfermagem) Eder Junior Silva dos Santos (Auxiliar Administrativo) Paulina Rosa de Marco Crestani (Técnica de Enfermagem); Raquel Carara (Técnica de Enfermagem) Estagiárias do Curso de Bacharelado em Saúde Coletiva, Análise de Políticas em Sistemas de Saúde, UFRGS Ingrit Medeiros Seehaber Marcela Silvestre Para obter fichas de notificação no prontuário eletrônico repositório de documentos do GHC vigilância epidemiológica Núcleo Hospitalar de Epidemiologia fichas de notificação Núcleo Hospitalar de Epidemiologia HNSC-HCC: Fones: ou 2744 nhepidemio@ghc.com.br 16
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