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- Matilde Carreira Alcaide
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1 Em sede de razões recursais (fls. 181/185), árgumenta-se que as provas carreadas aos autos são concretas, apontando de forma estreme de dúvidas a autoria do delito em direção ao apelado, pelo que teria o Conselho de Sentença decidido n_( PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR JOÃO BENEDITO DA SILVA ACÓRDÃO APELAÇÃO CRIMINAL N /001 1 Vara da Comarca de Patos Relator : Exmo. Des. João Benedito da Silva Apelante : O representante do Ministério Público Apelado : Carlos Alberto da Conceição (Advogado: Aluizio Hilário de Sousa) PENAL - APELAÇÃO - TRIBUNAL DO JÚRI ABSOLVIÇÃO IRRESIGNAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO - CASSAÇÃO DA DECISÃO POR SER CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS INOCORRÊNCIA IMPROVIMENTO. Decisão manifestamente contrária à prova dos autos é aquela em que os jurados adotam uma tese absolutamente divorciada do conjunto fático-probatório apurado na instrução criminal e não quando tão-somente acolhem uma das teses possíveis do conjunto probatório. Proferida a decisão, pelo Conselho de Sentença, de acordo com o acervo probatório contido nos autos, adotando uma das teses levantadas pelas partes, não há que se falar em nulidade, devendose acatar o veredicto, sob pena de infringência à soberania do júri (artigo 5, inciso XXXVIII, alínea "c", CF). VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS acima identificados; os presentes autos ACORDA a Colenda Câmara Criminal do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em desarmonia com o parecer da douta Procuradoria de Justiça, negar provimento ao apelo, nos termos do voto do relator. Unânime. RELATÓRIO O representante do Ministério Público, inconformado com a decisão proferida pelo Conselho de Sentença (fls. 174/175) que absolveu Carlos Alberto da Conceição, vulgo "Riquecele", do delito de homicídio tentado (art. 121, capta, cic o art. 14,11 do Código Penal), interpôs recurso de Apelação, com fulcro no art. 593, III, "d", do CPP.
2 desacordo com o conjunto probatório, o que não é admissivel. A materialidade do delito está consubstanciada pelo Laudo de Exame de Constatação de Ferimento ou Ofensa Física de fls. 36. No que concerne à autoria imposta ao apelado, a vítima, ainda nos autos do Inquérito Policial, afirmou que o autor do crime foi o acusado. Todavia, Adenilson não chegou a ser ouvido em Juízo, pois foi assassinado antes disto (Certidão de óbito de fls. 25). Sua companheira à época do fato, Sandra, apesar de perante a autoridade policial ter afirmado que foi o recorrido o autor do crime (fls.51), perante o magistrado mudou o teor de seu depoimento, passando a afirmar que não viu -Riquecele", naquela fatídica madrugada, desferir os golpes em Adenilson. Apenas confirma que o acusado se aproximou deles, sem demonstrar portar nenhum tipo de arma, ocasião em que ela teria se ausentado para fumar e, quando voltou, a vítima já estava ferida (fls. 87). Na realidade, no arcabouço probatório produzido em Juízo não há nenhuma testemunha ocular do ocorrido, todas repetem que o informante da autoria do delito foi a própria vítima. Esta, por sua vez, não chegou a ser ouvida pelo Juiz a quo, uma vez que faleceu antes disto. Assim, a circunstância de os ferimentos produzidos na vítima terem sido efetivamente praticados pelo acusado não restou sobejamente comprovada nos autos, tanto mais que o ora recorrido negou veementemente, durante toda instrução, qualquer participação no delito que lhe foi imputado. Com efeito, como dito, não há testemunha presencial e o que pesa contra o réu é o fato dele possuir uma rixa anterior com Adenilson. Além disso, como também já visto, há apenas alguns indícios de que praticou o crime, pois teria estado com a vítima na noite do crime. Porém, o réu nega ter estado ali. E não logrou a acusação produzir nenhuma outra prova mais robusta para embasar suas suspeitas. A testemunha que podia desnudar a verdade, Sandra, apresentou depoimento contraditório em Juízo, mudando o teor de suas declarações prestadas na esfera policial. Diante de tais dúvidas, e da versão sustentada pela defesa do apelado de que não tivera participação alguma no delito em questão, a qual não foi, de forma irrefutável, ilidida pela acusação, preferiu o Conselho de Sentença acolher a tese da absolvição de Carlos Alberto. Extrai-se dos autos que a prova produzida pela acusação deixou dúvidas no corpo dos jurados, tanto que a decisão não foi unânime, consoante se infere do Termo de Votação de fls Portanto, se o Júri opta por uma das versões que razoavelmente se pode concluir da análise das provas, não pode o Tribunal ad quem cassar tal decisão. sob pena de afronta ao princípio constitucional da soberania do Tribunal Popular. Assim, estando a decisão apo'ada nos autos, não é possível cassála, tendo em vista a soberania assegurada i -1. C stituição da República ao Tribunal do Júri..1
3 desacordo com o conjunto probatório, o que não é admissivel. A materialidade do delito está consubstanciada pelo Laudo de Exame de Constatação de Ferimento ou Ofensa Física de fls. 36. No que concerne à autoria imposta ao apelado, a vítima, ainda nos autos do Inquérito Policial, afirmou que o autor do crime foi o acusado. Todavia. Adenilson não chegou a ser ouvido em Juízo, pois foi assassinado antes disto (Certidão de óbito de fls. 25). Sua companheira à época do fato, Sandra, apesar de perante a autoridade policial ter afirmado que foi o recorrido o autor do crime (fls.51). perante o magistrado mudou o teor de seu depoimento, passando a afirmar que não viu -Riquecele", naquela fatídica madrugada, desferir os golpes em Adenilson. Apenas confirma que o acusado se aproximou deles, sem demonstrar portar nenhum tipo de arma, ocasião em que ela teria se ausentado para fumar e, quando voltou, a vítima já estava ferida (fls. 87). Na realidade, no arcabouço probatório produzido em Juízo não há nenhuma testemunha ocular do ocorrido, todas repetem que o informante da autoria do delito foi a própria vítima. Esta, por sua vez, não chegou a ser ouvida pelo Juiz a titio, uma vez que faleceu antes disto. Assim, a circunstância de os ferimentos produzidos na vítima terem sido efetivamente praticados pelo acusado não restou sobejamente comprovada nos autos, tanto mais que o ora recorrido negou veementemente, durante toda instrução. qualquer participação no delito que lhe foi imputado. Com efeito, como dito, não há testemunha presencial e o que pesa contra o réu é o fato dele possuir uma rixa anterior com Adenilson. Além disso, como também já visto, há apenas alguns indícios de que praticou o crime, pois teria estado com a vítima na noite do crime. Porém, o réu nega ter estado ali. E não logrou a acusação produzir nenhuma outra prova mais robusta para embasar suas suspeitas. A testemunha que podia desnudar a verdade, Sandra, apresentou depoimento contraditório em Juízo, mudando o teor de suas declarações prestadas na esfera policial. Diante de tais dúvidas, e da versão sustentada pela defesa do apelado de que não tivera participação alguma no delito em questão, a qual não foi. de forma irrefutável, ilidida pela acusação, preferiu o Conselho de Sentença acolher a tese da absolvição de Carlos Alberto. Extrai-se dos autos que a prova produzida pela acusação deixou dúvidas no corpo dos jurados, tanto que a decisão não foi unânime, consoante se infere do Termo de Votação de fls Portanto, se o Júri opta por uma das versões que razoavelmente se pode concluir da análise das provas, não pode o Tribunal ad quem cassar tal decisão. sob pena de afronta ao princípio constitucional da soberania do Tribunal Popular. Assim, estando a decisão apo ada nos autos, não é possível cassála, tendo em vista a soberania assegurada ikel C stituição da República ao Tribunal do Júri.
4 Neste sentido, colacionam-se os seguintes julgados: "PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 121, 2, INCISOS I E IV DO CÓDIGO PENAL. ALEGAÇÃO DE TER SIDO A DECISÃO DO JÚRI CONTRÁRIA À PROM DOS AUTOS. INOCORRÊNCIA. 1- Não se qualca como manifestamente contrária à prova dos autos a decisão dos Jurados que se filia a uma das versões para o crime, em detrimento de outra, ambas apresentadas em Plenário, desde que a tese privilegiada esteja amparada em provas idôneas, como ocorreu na espécie (Precedentes).(...) III - Somente a decisão aberrante, manifestamente contrária à prova produzida, é que comporta anulação. Ordem denegada." (STJ. HC /RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 11/05/2010, DJe 31/05/2010) "APELAÇÃO CRIMINAL - JÚRI - HOMICÍDIO SIMPLES COMETIDO CONTRA IRMÃO - CASSAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - INTELIGÊNCIA DA SÚMULA N 28 DO GRUPO DE CÂMARAS CRIMINAIS DESTA EGRÉGIA CORTE - VERSÃO EXISTENTE NOS AUTOS - SOBERANIA CONSTITUCIONALMENTE ASSEGURADA -RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. A cassação do veredicto por notoriamente contrário à prova dos autos somente é possível quando a versão acatada não pode ser extraída dos elementos de prova constantes dos autos, sob pena de ofensa à soberania dos jurados, constitucionalmente assegurada." (TJMG. Número do processo: /001. Relator: MÁRCIA MILANEZ. Publicação: 22/08/2008). Ademais, como visto na jurisprudência supra transcrita, ressalte-se que a recente alteração do CPP (Lei /2008) veio reforçar ainda mais a soberania dos veredictos dos Jurados, garantida constitucionalmente pelo art. 5 0, XXXVIII. da q. CR/88. É o que acontece no caso em comento, pois o contexto probatório não desautoriza a interpretação dada pelo Conselho de Sentença. O fato é que pode o Conselho de Sentença absolver o réu, como o fez, apoiado em uma das versões apresentadas em plenário, desde que verossímil. Por isso, mantenho a decisão do Júri. Por tais razões, e em desarmonia com a douta Procuradoria de Justiça, voto pelo IMPROVIMENTO DO APELO, mantendo a decisão vergastada em todos os seus termos. É como voto.
5 Presidiu o julgamento o Exmo. Des. Joás de Brito Pereira Filho. Participaram ainda do julgamento o Exmo. Des. João Benedito da Silva, relator, o Exmo. Des. Luis Silvio Ramalho Junior e o Exmo. Dr. Carlos Martins Beltrão Filho, Juiz de Direito convocado até o preenchimento da vaga decorrente da aposentadoria do Exmo. Des. Leôncio Teixeira Câmara. Presente a sessão do julgamento o(a) Exmo(a). Dr(a). Maria Salete de Araújo Correia Porto, Promotor(a) de Justiça. Sala de Sessões-da grégia Câmara Criminal do Colendo Tribunal de Justiça do Estado d. aiba,' em ao ssoa, Capital, aos11 (onze) dias do mês de outubro do ano de Des. Joã ito da Silva elator
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