Reforma Atrás das Grades Pressupostos e possibilidades do sistema prisional

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1 14 Pressupostos e possibilidades do sistema prisional Gilberto Mendes Calasans Gomes Jamerson Albuquerque Luisa Teresa Hedler Ferreira Nicolas Felipe Petrachin Wulk Conhecem-se todos os inconvenientes da prisão, e sabe-se que é perigosa, quando não inútil. E entretanto não vemos o que pôr em seu lugar. Ela é a detestável solução, de que não se pode abrir mão. Michel Foucault 1. Introdução 1 Atualmente, existem quase 10 milhões de pessoas em situação de prisão no mundo todo. Segundo o levantamento feito em 218 países pelo Centro Internacional de Estudos de Prisão, em comparação à totalidade da população mundial, a cada100 mil pessoas, 145 encontram-se em situação de prisão (WALMSLEY, 2008, p.1). Embora haja uma grande variação regional no número de pessoas presas em cada país, assim como há grandes diferenças entre sistemas de direito e, em especial, de direito penal, é notável que a prisão, como forma de lidar com a criminalidade, esteja presente em todos eles. Embora também seja amplamente utilizada para evitar fugas de pessoas que ainda aguardam julgamento (WALMSLEY, 2008), a prisão é primordialmente o local para o cumprimento de uma pena para as pessoas que cometeram um crime. Antes de prosseguir com uma análise do sistema prisional, é importante esclarecer alguns conceitos de Direito Penal utilizados, de grande importância para a compreensão do papel e da função das prisões: o crime e a pena. Quando algum comportamento humano contraria alguma norma jurídica, ele é chamado de ilícito, e a ele é atribuída uma sanção correspondente a esse ato, no texto da norma. Dentre as várias condutas ilícitas, a sociedade elege algumas que considera de especial gravidade, aplicando uma sanção especial chamada pena. Desta forma, o comportamento para o qual a sanção é Agradecemos a Valdirene Daufemback, integrante do Conselho Nacional de Política Criminal e Presidiária, por seu auxílio na revisão deste artigo.

2 436 uma pena, passa a chamar-se crime (BATISTA, 2007, p.43). Ou seja, o crime não é um conceito humano fixo, para o qual é aplicada uma pena mas é a própria pena que define o que é crime. Trata- -se, portanto, de uma construção de cada sociedade, que escolhe quais comportamentos deseja punir com maior ênfase. A pessoa considerada criminosa, portanto, é fruto de uma escolha política (FRADE, 2008, p.19). Há vários tipos de pena possíveis dentre elas a multa, a perda de direitos políticos, restrição da liberdade e, em alguns países, a aplicação de castigos corporais sendo que a pena de restrição da liberdade, seja ela temporária ou permanente, é cumprida, em geral, nas prisões. A definição da pena como uma forma de castigo é bastante presente no senso comum a respeito da figura da pessoa criminosa (FRADE, 2008) de prisão como um local de punição, em consequência de um atentado às regras da convivência social. Entretanto, a pena como castigo é apenas uma das possibilidades assumidas pela teoria da pena, campo de estudos do ramo penal do Direito. Tal visão é a que corrobora com a teoria retributiva da pena. Mas outras visões também são possíveis para a pena. São as teorias preventivas da pena, geral e especial. A teoria preventiva geral assume que, a partir do exemplo que o sistema penal dá ao punir um infrator, toda a sociedade estaria intimidada a não cometer crimes, a não violar bens jurídicos protegidos pelo Direito penal. A teoria preventiva especial é a que mais se aproxima da idéia de reabilitação, propagando que o indivíduo, uma vez apenado, estaria intimidado a não cometer novos crimes. Haveria, portanto, a extinção da reincidência. Segundo o estudo penal de Cesare Beccaria, no seu Dei Delitti e delle pene: O fim [das penas], (...) não é outro senão o de impedir o réu de fazer novos danos aos seus concidadãos e de dissuadir os outros de fazer o mesmo (BECCARIA, 1998, p.85). Assim, ao propósito de retribuição concernente à pena, é necessário agregar outros intuitos como a intimidação dos potenciais infratores, aumento da consciência jurídica da sociedade civil e a reintegração social do condenado (OLIVEIRA, 1997). E é exatamente considerando o objetivo de ressocializar o infrator, para evitar a reincidência do crime, que surge a preocupação acerca da eficiência do atual sistema prisional ao redor do mundo. Será a pena privativa da liberdade a opção mais apropriada para atingir esse objetivo? Ou poderiam as medidas alternativas ter uma implementação mais ampla, chegando a substituir a prisão como instituição central do sistema penal? Afinal, a prisão, embora configure uma modalidade de pena amplamente utilizada em diversos países, integrando, desde o séc XIX, o sistema penal ocidental, segundo Foucault: A forma-prisão preexiste à sua utilização sistemática nas leis penais Ela se constituiu fora do aparelho judiciário (...) A forma geral de uma aparelhagem para tornar os indivíduos dóceis e úteis, através de um trabalho preciso sobre seu corpo, criou a instituição-prisão, antes que a lei a definisse como a pena por excelência (FOUCAULT, 2010, p.217). A situação com a qual o sistema prisional se depara é singular: figurando como principal instituição de cumprimento de penas, passa constantemente, desde sua gênese, por questionamentos de sua justificativa e seus pressupostos (FOUCAULT, 2010) porém, concretamente, tem-se verificado um aumento vertiginoso no número de pessoas que são presas (WALMSLEY, 2008, p.1). Como se configurou tal situação? Quais as normas internacionais que atualmente regulam o sistema internacional, colocando-o em conformidade com os princípios dos Direitos Humanos? Essa conformidade é sequer possível? Quais são as possibilidades alternativas às prisões, e, principalmente, como é possível conciliar o uso da pena de prisão, as penas alternativas e a necessidade de combater, de forma humana e eficiente, o fenômeno da criminalidade? 2. Contextualização histórica e fundamentação sociológica para a pena privativa de liberdade 2.1. Contexto Histórico A utilização das prisões como meio punitivo existe desde a Antiguidade. Na Grécia Antiga e no Império Romano, as prisões existiam, porém se caracterizavam mais pela função de vigiar os culpados do que propriamente por reformar e punir os crimes que estes cometeram (COLLARD, 2011). Na Idade Média, com o advento do sistema feudal europeu e suas características sociais, culturais e ideológicas, como exemplos principais a descentralização política, a sociedade dividida em estamentos definidos a partir do nascimento, e o predomínio da Igreja Católica como principal viés ideológico, as prisões tiveram sua importância diminuída, pois a fragmentação política não permitia a unificação do sistema carcerário, deixando os critérios punitivos de acordo com a vontade de cada senhor feudal. A retomada das prisões como meio punitivo se deu a partir da expansão comercial 437

3 438 burguesa nas cidades italianas, onde as relações sociais demandaram a presença de critérios punitivos (GELTNER, 2008). Entretanto, o sistema penal entre os séculos XIV e XVIII (aproximadamente) era caracterizado majoritariamente por outros tipos de punição, sendo o suplício o mais notório exemplo. Em tais métodos, era explícita a vingança por parte da autoridade competente contra o criminoso; além do arrependimento do indivíduo e de sua professada culpa e sofrimento, a punição possuía, em geral, o mesmo grau de violência que o crime em si. As punições eram grandes eventos locais, que reuniam toda a população, e serviam como exemplo para ações futuras. Não havia critérios claros estabelecidos para a punição dos criminosos, sendo cada caso julgado pelo governante competente da maneira que este bem entendesse (FOUCAULT, 2010, p.13-20). Ao longo do tempo, as punições foram tornando-se mais brandas, adquirindo características mais humanistas, perdendo assim sua tendência violenta e adquirindo maior caráter corretivo e disciplinador. A ascensão da disciplina na esfera social marca tal aspecto, a partir do século XVIII, tendo grande impacto na organização do espaço e do tempo (FOUCAULT, 2010, p ). Os princípios advindos do Iluminismo, exaltados pela Revolução Francesa, tornaram o processo decisório acerca das penas mais racionais, positivadas e descritas claramente pelas leis. 2 Nos Estados Unidos, tal processo pode ser observado com maior clareza. Além das mudanças próprias da passagem de um sistema moderno para o contemporâneo, com seus princípios iluministas adquiridos, a expansão populacional do país fez com que as leis mais restritas não comportassem a demanda nacional por julgamentos dos mais diversos crimes. Desta maneira, desenvolveu-se um código penal que priorizava as prisões como principal tipo de punição, tanto como modo de retirar o indivíduo da sociedade para posterior recuperação, quanto para o bem-estar imediato da sociedade (MESKELL, 1999) Aspectos sociológicos e filosóficos As penitenciárias têm como base a privação da liberdade individual. Após ser afirmado formalmente na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) da Revolução Francesa ( ), a liberdade passou a ser designada e defendida como um direito comum a todos os homens, e privar o ser humano de tal direito indicaria um aspecto igualitário e justo no sistema penal. Por ser um direito de todos os homens, todos poderiam ser punidos perdendo-a, diferente de outras características e bens humanos, como a riqueza e o poder político, que variam conforme o indivíduo. (FOUCAULT, 2010, p.218). O crime leva à privação de liberdade que o soberano, no caso o Estado moderno, exerce como afirmação de seu poder para a manutenção da ordem social. Podemos observar o uso das privação da liberdade como método punitivo por duas formas distintas. Primeiro, quando esta é utilizada com o objetivo de deter o acusado, o que iria contra o direito natural, pois um homem não pode ser punido sem antes ser determinado culpado. Porém, a utilização mais correta da prisão caracteriza-se pela punição dos condenados como culpados por um crime. Por esta definição, a prisão seria composta por qualquer obstáculo, imposto por uma autoridade, ao direito de ir e vir do culpado (HOBBES, 2003, p.267). Para compreender a utilização massiva da prisão como método punitivo, podemos observar tanto as lógicas sociais quanto as justificativas das penas executadas. Pela primeira ótica, é possível identificar três lógicas predominantes. Primeiramente, o uso da prisões com o objetivo de excluir e afastar o delinquente de todo o resto da sociedade. Em segundo, pelo seu caráter reeducador, e por último apenas para afirmar uma relação de poder. Porém, é mais correto procurar entender a prisão como uma soma destes três fatores, tendo cada caso a predominância de algum destes fatores (FAUGERON apud REGO, 2004, p.229). Também é importante analisar as lógicas que perpassam a utilização da prisão como principal pena. Podemos citar 4 explicações. Primeiro, a retribuição ao preso ao mal que este causou à sociedade. A segunda seria a dissuasão, ou seja, mostrar a toda a sociedade como serão punidos os culpados. Em terceiro, para impedir que o criminoso continue a desobedecer a lei. E, por último, por conta da própria necessidade de reeducação dos presos (PI- RES apud REGO, 2004, p ). A partir destas visões, duas concepções diferentes de prisão para tal objetivo foram estabelecidas nos Estados Unidos ao final do século XVIII e começo do século XIX, como é descrito por Foucault (2010, p ). Primeiramente, o modelo de Auburn, que consiste em convivência social entre os presos durante o dia, nas refeições e no trabalho, porém com absoluto silêncio dentro da penitenciária, e reclusão individual no período da noite. A prisão constituiria um modelo ideal da sociedade, ensinando ao preso disciplina, regras e a auto- 2 Embora Foucault descreva que, no começo do século XIX a cadeia ainda consistia em um ritual festivo e tradicional, características marcantes do suplício (FOUCAULT, 2010, p ). 439

4 440 ridade. Por outro lado, o sistema adotado na Filadélfia, previa isolamento constante, sem trabalho ou visitas, com o estímulo ao arrependimento pela leitura da Bíblia (PIMENTEL, 1988, p.12), sendo explícita a clara tendência cristã deste. Os modelos geraram grande discussão, porém é marcante que, em ambos os casos, o poder do Estado sobre o indivíduo é máximo. Este tem seus horários, hábitos, preferências e até pensamentos condicionados pela ação carceral. Foucault (2010) também enumera sete princípios que devem permear a ação carcerária, e que, de uma maneira ou outra, se repetem na história como proposições fundamentais em tal questão. São eles: 1. Princípio da correção: as prisões devem buscar resgatar e corrigir as atitudes sociais dos indivíduos. 2. Princípio da classificação: os presos devem ser separados utilizando critérios morais, de sexo, personalidade, idade, etc. 3. Princípio da modulação das penas: o tempo e o tipo de punição devem ser avaliados e escolhidos considerando as diferenças entre os prisioneiros e os progressos obtidos no comportamento destes. 4. Princípio do trabalho como obrigação e como direito: o trabalho deve ser obrigatoriamente utilizado como fonte de socialização dos detentos. 5. Princípio da educação penitenciária: o indivíduo encarcerado deve ter acesso à educação. 6. Princípio do controle técnico da detenção: o sistema penitenciário deve ser administrado por pessoas com competência técnica para tal função. 7. Princípio das instituições anexas: outras instituições devem auxiliar o detento após sua saída da prisão, e não somente vigiá-lo. A revolta contra o sistema prisional e as discussões sobre sua reforma podem ser datadas juntamente à sua própria criação e utilização em massa. Seus princípios sociológicos de reintegração e alteração positiva do comportamento perante à sociedade podem ser questionados empiricamente, por exemplo, pelo fato de haver um aumento da criminalidade após sua adoção. Foucault (2010) também levanta tais questionamentos, ao citar como críticas recorrentes a reincidência na criminalidade, a criação de novos delinquentes e o status prejudicado do ex-detento na sociedade. O teórico anarquista Kropotkin (1987) afirma que o que move a criminalidade são problemas que consistem principalmente de questões antropológicas, e que o aprisionamento tende somente a piorá-los, mantendo-se contra as relações de poder advindas da prisão. Cabe, portanto, questionar se o objetivo descrito pelos idealizadores do sistema prisional é realmente alcançado 3, se o indivíduo que ali adentra, possui as condições e motivações para sair reformado e reestruturado, com sua consciência reformulada e mais disciplinado. Assim sendo, devemos analisar o caráter contemporâneo do sistema prisional, assim como suas alternativas e implicações. 3. Sistema(s) Prisional(is) Contemporâneo(s) Após esta análise histórica e sociológica da pena privativa de liberdade e, em específico, sobre as prisões, faz-se necessário o vislumbre dos diferentes modelos prisionais adotados contemporaneamente. Assim, como será visto, procederemos à exposição do sistema prisional progressivo e seus antecessores, tendo em vista ser esse o sistema predominante na atualidade. É possível observar, porém, duas formas possíveis de se proceder a essa análise. Uma que se contenta com aspectos técnicos legais da forma como o indivíduo em situação de prisão é abordado pelo sistema prisional; esta perspectiva é conhecida como visão técnica penitenciária. Outra que se propõe a analisar aspectos da prática penitenciária, questionando a efetividade da aplicação da legislação sobre o tema e a postura das autoridades legislativas e administrativas frente ao aprisionamento e aos problemas decorrentes deste. Como também será posteriormente apresentada, a segunda análise, focada em aspectos da prática penitenciária, tem um apelo comparativo maior que a primeira, já que, com um processo que envolve a adoção na III Convenção de Genebra das Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros por parte da Organização das Nações Unidas ONU em 1955, o sistema progressivo de aprisionamento tornou-se referência internacional predominante (ARÚS, 1972, p.301), não havendo grandes diferenças em relações às regras mínimas entre os sistemas. 3 Foucault também discorre sobre tais objetivos, e afirma que as prisões não possuem a função de impedir a criminalidade, mas sim de transformar a ilegalidade em delinquência, controlando esta e até mesmo a gerenciando com seus mecanismos (FOUCAULT, 2010, p ). 4 Fica claro aqui que os termos sistema prisional e sistema penitenciário são utilizados de forma cambiável. 5 Os regimes penitenciários são as formas de administração das prisões e os modos pelos quais se executam as penas, obedecendo a um complexo de preceitos legais ou regulamentares (PIMENTEL, 1988, p. 11). 441

5 Visão técnica penitenciária Ao iniciar uma explanação do sistema prisional contemporâneo, é necessário adotar uma definição de sistema prisional. Para os fins de uma análise que se atenha a aspectos técnicos legais, podemos adotar a conceituação de Pimentel (1988, p.11): Os sistemas penitenciários representam corpos de doutrinas que se realizam através de formas políticas e sociais constitutivas das prisões 4. Essa definição é imediatamente contrastada com a de regime penitenciário 5, conceito pertinente apenas em uma análise mais aprofundada do sistema progressivo Um breve histórico da prisão contemporânea O início de uma postura humanista frente à questão da prisão se dá com Montesinos Y Molina, na Espanha, em meados da década de A postura de Montesinos consistia em um sistema de trabalho remunerado, que suprimia castigos e estabelecia regras, resultando em baixo número de regras. É marcado pela máxima Aqui entra o homem, o delito ficou atrás da porta (PIMENTEL, 1988, p.13, tradução nossa). O sistema prisional posterior já é o sistema progressivo, em sua versão original de autoria de Alexander Maconochie, ainda no século XIX, na Inglaterra. Traduzia-se em um sistema de vales que eram dados aos prisioneiros por comportamentos tidos como positivos. Tais vales seriam utilizados para a progressão dos períodos da pena 6 (PIMENTEL, 1988, p.15). Percebe-se, portanto, que o sistema progressivo é a junção dos sistemas anteriores com a liberdade condicional como último estágio. A partir de seu nascimento, é o sistema prevalecente adotado internacionalmente, com numerosas variações O sistema progressivo Tendo em vista o que foi dito acima, nos basta para uma definição do sistema progressivo as palavras de Francisco Bueno Arús (1972, p.301): O essencial do sistema progressivo é distribuir o tempo de duração da condenação em diversos períodos, em cada um dos quais se vai acentuando o número de privilégios ou vantagens que pode desfrutar o recluso, paralelamente com sua boa conduta e o aproveitamento do tratamento reformador de que é objeto. Vale apresentar aqui crítica pertinente ao sistema progressivo. Tal crítica diz respeito à ressocialização do indivíduo em situação de prisão. Embora, principalmente depois das duas Grandes Guerras, seja assumido que um dos objetivos da prisão é preparar o criminoso para a vida em sociedade, o que se observa é uma socialização com o fim de se adaptar à situação de prisão. Observa-se que o bom comportamento não reflete uma mudança moral, mas sim uma atitude a fim de abreviar o tempo de clausura (PIMENTEL, 1988, p.14) Visão prática Uma categorização dos sistemas prisionais a partir de uma visão prática nos é dada por Andrew Coyle (2004, 2008), que divide os sistemas prisionais em cinco tipos: Em primeiro lugar, aquele que inclui países em desenvolvimento, a maioria antigas colônias. Não há, na maioria desses países, o desenvolvimento da idéia de aprisionamento, sendo estranha a noção de encarcerar corpos sadios que poderiam estar colaborando econômica e socialmente para a comunidade. É a situação predominante no continente africano. O segundo grupo é de países em que o sistema prisional está em colapso e onde as prisões são lugares de violência e abuso, sendo um lugar de perigo à maioria dos indivíduos em situação de encarceramento. A maior parte dos países na América Latina se encaixa nessa categoria. O terceiro grupo contém a maioria dos países da antiga União Soviética. Nele há o enfrentamento de problemas como superlotação e doenças nas prisões. Trata-se de países com mudanças estruturais recentes, que enxergam que uma reforma prisional passa por uma reforma do restante do sistema de justiça criminal; reforma essa já em andamento. Quarto grupo é o dos países que enxergam a prisão como última alternativa, a ser usada apenas para aqueles que cometeram os mais sérios crimes ou que se mostram como ameaça à segurança pública. Nos países deste grupo, principalmente os da Europa Ocidental, há a determinação de que o sistema criminal não pode ser usado para resolver problemas sociais. O último grupo é o dos países que apresentam pouca preocupação com o crescente número de pessoas em situação de encarceramento, como os Estados Unidos. Interessante é a frase colhida por Coyle (2008, p.2) junto à congressista estadunidense: Levou 6 Os períodos eram: período de prova (isolamento celular), período de trabalho conjunto silencioso e liberdade condicional. Trata-se, portanto, de versão embrionária, embora já bastante semelhante à atual, dos regimes penitenciários. 443

6 444 mais de 200 anos para a América aprisionar um milhão de prisioneiros ao mesmo tempo. Nós conseguimos encarcerar o segundo milhão apenas nos últimos 10 anos 7. Necessário, a guisa de conclusão, é afirmar que os cinco grupos acima citados não são mais que tipos-ideais 8, não correspondendo à única classificação possível. Um país pode possuir um sistema prisional que se enquadre em mais de uma das classificações, como usualmente acontece. Tomando o exemplo brasileiro, podemos enquadrá-lo no segundo, terceiro e quinto grupos, implementando ações a fim de se aproximar ao quarto. 4. Convenções sobre Tratamento de Prisioneiros A esquematização dos sistemas penais, tanto em seu aspecto técnico quanto em seu aspecto prático, leva a questionar quais são os esforços internacionais em direção a uma padronização da questão, a fim de se garantir um mínimo de direitos aos indivíduos em situação de prisão. Os principais tratados sobre o tratamento de prisioneiros são basicamente sete: as Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros 9 ; os Procedimentos para a Efetiva Implementação das Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros 10 ; o Corpo de Princípios para a Proteção de todas as Pessoas sob qualquer Forma de Detenção ou Aprisionamento 11 ; Princípios Básicos para o Tratamento de Prisioneiros 12 ; Declaração de Kampala sobre as Condições das Prisões na África 13 ; Situação de Cidadãos Estrangeiros em Procedimentos Criminais 14 ; e, finalmente, a Declaração de Arusha sobre as Boas Práticas Prisionais 15 (UNODC, 2006). Para fins deste trabalho, serão realizadas considerações apenas às Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros, documento primeiro e sobre o qual são baseados os demais documentos Regras Mínimas para o Tratamento de Prisioneiros Tal convenção, nascida a partir de esforço da Fundação Internacional Penal e Penitenciária, que fora constituída pela Assembleia Geral da ONU em 1951 para tal fim, entrou em vigor com a ocorrência do Primeiro Congresso das Nações Unidas sobre Prevenção do Crime e Tratamento de Delinqüentes 16 (PELUSO, 2009, p.1). A necessidade de tais regras mínimas é percebida no mesmo contexto histórico internacional que levou aos pactos internacionais de Direitos Civis e Políticos e Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, no período do pós-ii-gm (idem, idem). Assim, sua finalidade é a de (ARÚS, 1972, p.300): estabelecer, inspirando-se em conceitos geralmente admitidos em nosso tempo e nos elementos essenciais dos sistemas contemporâneos mais adequados, os princípios e as regras de uma boa organização penitenciária e de prática relativa ao tratamento dos reclusos. Dessa forma, ainda segundo Arús (1972, p.300), uma das virtudes de tais regras é a difusão de informes periódicos pelos Estados sobre a adequação entre as regras mínimas e a legislação do país em questão Principais questões As principais questões tratadas pelas Regras Mínimas podem ser vistas de duas formas. Uma, separando as regras entre meios de tratamento conservador e reeducador (ANTÓN apud ARÚS; 1972, p.306). Os primeiros atendem à conservação da vida e da saúde do recluso (alimentação, vestuário, assistência médica) e a evitar a ação corruptora das prisões (classificação e separação dos presos). Os meios educativos são aqueles que pretendem influir positivamente sobre a personalidade do recluso, como orientação religiosa e formação educacional e profissional (ARÚS, 1972 p.306). A segunda forma de se ver as questões tratadas, presente no debate sobre a atualização das regras mínimas presente no XII Congresso das Nações Unidas sobre Prevenção do Crime e Justiça Criminal, ocorrido em Salvador, é a de que a convenção abrange (PELUSO, 2010, p.3): 7 Tradução nossa. 8 A concepção de tipo ideal é um aspecto básico da doutrina epistemológica de Max Weber e refere-se a uma construção parcial da realidade em que o pesquisador seleciona um certo número de características, ressalta um ou vários elementos observados e constrói um todo inteligível, entre vários outros possíveis (SOUZA, s.d., p. 1) 9 Primeiro Congresso das Nações Unidas sobre Prevenção do Crime e Tratamento de Delinquentes, Genebra, 22 de agosto 3 de setembro de 1955: relatório preparado pelo Secretariado, anexo I.A; emendado pelo Conselho Econômico e Social em sua resolução 2076 (LXII) (adição à seção E, intitulada Pessoas detidas ou aprisionadas sem acusação ). 10 Resolução do Conselho Econômico e Social 1984/47, anexo. 11 Resolução da Assembleia Geral 43/173, anexo. 12 Resolução da Assembleia Geral 45/111, anexo. 13 Resolução do Conselho Econômico e Social 1997/36, anexo. 14 Resolução do Conselho Econômico e Social 1998/ Resolução do Conselho Econômico e Social 1999/27, anexo. 16 Ver nota de rodapé número

7 446 regras de natureza garantista e regras de natureza utilitária, porque, enquanto as primeiras guardam vocação universal, como produto de certo consenso sobre o valor da dignidade da pessoa humana enquanto fundamento último das tarefas normativas, as segundas consideram, entre outros aspectos, as variáveis regionais compreendidas pelas diferenças específicas de cultura e de outros fatores próprios. 5. Questionamento a respeito da efetividade do encarceramento e análise de penas alternativas Partindo das justificativas para a existência de sistemas prisionais e exemplos pertencentes a diversas partes do globo abordadas nas seções anteriores, pode-se iniciar uma análise mais específica em relação às deficiências da instituição penal e alternativas eficientes para tal. Nesse sentido, é necessário ter em mente que o Direito Penal existe justamente para reforçar as proibições e consequências do descumprimento das regras estabelecidas. Entretanto, mesmo com a possibilidade da pena, alguns indivíduos violam tais normas e por tal razão é justificada a aplicação da sanção anteriormente acordada. Assim, a punição teria um caráter retributivo intrínseco à natureza do sistema utilizado pelo Estado para coibir a criminalidade (OLIVEIRA, 1997). É nesse sentido, portanto, que essa seção explanará os benefícios da reforma do Sistema Prisional no tocante à aplicação de penas substitutivas. 5.1 O sistema de encarceramento e suas deficiências Atualmente, prisões estão instaladas em todos os países do mundo, ainda que o aprisionamento seja um fenômeno relativamente recente em alguns deles. Diante de tal fato, pode-se analisar a eficácia do sistema prisional a partir de algumas perspectivas. Do ponto de vista quantitativo, estudos do King s College em Londres atestaram que no ano de 2005 já havia mais de nove milhões de penitenciários ao redor do mundo e que esse número tendia ao crescimento (WALMSLEY, 2005). Considerando-se que a população encarcerada é em sua maioria pobre e oriunda de grupos sociais vulneráveis 17, é de extrema importância a análise a respeito de quem está sendo aprisionado e por quanto tempo tem ficado recluso. Segundo o Manual de princípios básicos e práticas promissoras em alternativas à prisão, produzido pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC), o encarceramento vem sendo usado com maior frequência e intensidade do que é considerado ideal pela organização - tanto no tocante tipo e grau de infração cometido pelo infrator quanto pelo quanto se considera que ele possa apresentar perigo à sociedade. Há de se considerar que ao retirar do convívio social, nos âmbitos familiar e profissional, um indivíduo que não representa grandes ameaças à sociedade, o Estado colabora para o aumento de gastos e diminuição da contribuição, inclusive tributária, que o condenado geraria através de seu trabalho se estivesse livre (UNODC, 2007). Os dados supracitados, referentes ao uso excessivo da pena de reclusão, implicam diversos ônus que vão desde a superlotação nos presídios aos custos financeiros gerados pela manutenção de uma quantidade tão expressiva de pessoas em cárcere. O cálculo exato do referido custo originado pelo sistema prisional no mundo é uma tarefa difícil, porém baseado em estatísticas de 1997 estima-se que são gastos em média US$ 62,5 bi por ano, considerando prováveis acréscimos até o presente momento (FARREL; CLARK, 2004). Nesse valor estão incluídas despesas diretas com a construção, administração e manutenção de presídios, excluindo-se os custos sociais indiretos ou decorrentes da convivência reclusa 18 (UNODC, 2007). Já qualitativamente, é possível analisar o sistema prisional a partir das Regras Mínimas de Tratamento, expostas na seção anterior, e da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), ambas produzidas pela ONU. Um possível exemplo é a liberdade individual um dos preceitos básicos dos direitos humanos cuja perda é inevitável, mesmo que temporariamente, no caso de uma pena de reclusão (UNODC, 2007). Há, ainda, problemas de alimentação e vestimentas inadequadas, condições precárias de higiene, alta vulnerabilidade a doenças e um tratamento médico - quando existente - de baixa qualidade. Às deficiências estruturais mencionadas pode-se adicionar, inclusive, a dificuldade em manter contato com os filhos, cônjuges e outros familiares, que gera um ambiente extremamente danoso aos presidiários. Foucault (2010) observa que o cárcere, em si, não diminui a taxa de criminalidade, podendo favorecer ainda a reincidência e a criação de uma organização hierarquizada entre os delinquentes Questão explorada na seção As prisões são incubadoras de doenças, como AIDS e tuberculose, principalmente quando estão em condições de superlotação. Quando os prisioneiros são libertos, eles podem cooperar para a disseminação de tais males. (UNODC, 2007) 19 O vocábulo delinquente está sendo usado na sinonímia de infrator sem tratar, portanto, pejorativamente o autor dos referidos delitos. 447

8 448 voltada à prática de futuros delitos. Tal consideração, somada às tantas dificuldades enfrentadas por esse sistema prisional não-funcional, torna ainda mais clara a necessidade de se considerar penas alternativas, não somente a utilização de multas - cujo valor muitas vezes impede sua ampla aplicabilidade - mas opções com um real sentido educativo que permitam o retorno do condenado ao convívio coletivo sem onerar o contribuinte (OLIVEIRA, 1997). Para além do cumprimento da lei deve-se, pois, buscar a interrupção dos ciclos de violência e a reconstrução das relações sociais afetadas pelo crime (FUNAG, 2010). Por conseguinte, fica a indagação: como o infrator recluso poderá ser reeducado para viver num mundo livre e honesto se a prisão, mantida pelo próprio Estado, consiste em um cativeiro que abriga um verdadeiro manancial de crimes? (MUAKAD, 1984) Nessa perspectiva, a eficiente implementação de penas substitutivas do aprisionamento poderá contribuir com a redução no número de detentos e, inclusive, auxiliar o Estado na garantia mínima de bem-estar aos presos que realmente necessitam ser apartados do convívio social. 5.2 Penas alternativas no mundo e suas peculiaridades Ao fazer uma explanação acerca das penas substitutivas à prisão, é preciso considerar as mais diversas alternativas utilizadas ao redor do globo, e suas adaptações às estruturas e culturas de cada região. Em Portugal, por exemplo, houve uma imposição normativa estabelecida no Código Penal que incentivou a implantação de penas não detentivas. Consequentemente, as estatísticas do Ministério da Justiça português mostram uma redução de mais de 20% na taxa de aplicação da pena de prisão entre os anos de 1990 e No entanto, mesmo esse país de tradição legislativo-penal encontra obstáculos para a aplicação de penas alternativas, claramente percebidos na relevante prevalência de sanções pecuniárias 20 que cresceram mais de 40% entre 1995 e , chegando a representar 71,7% do total das sanções. Já alternativas como admoestação 22, isenção de pena e serviço comunitário somadas não passavam de 3% do total de sanções em 2000 (LOPES, 2003). Desde 1975, iniciou-se a implantação de uma pena ligada ao trabalho comunitário não remunerado por um determinado número de horas por dia. Tal iniciativa primeiramente idealizada no País de Gales e Inglaterra tem gerado bons resultados em diversos outros países na Europa. Outra pena autônoma - a reparação ou indenização do dano causado à vítima - está geralmente atrelada também à carga horária da referida prestação de serviços comunitários (OLIVEIRA, 1997). O uso de vigilância eletrônica, a fim de substituir a prisão, também tem mostrado benefícios tanto para o condenado quanto para o sistema penal como um todo. Como destaca José Mouraz Lopes: A pessoa colocada sob vigilância pode evitar a prisão como forma de restrição da sua liberdade, como também pode continuar a exercer a sua atividade profissional (LOPES, 2003). Mesmo que haja delimitação de horários e locais permitidos, esse réu em liberdade condicional mantém o desenvolvimento de boa parte de suas tarefas. Tal sistema já é, inclusive, adotado parcialmente nos Estados Unidos, na Suécia, em Portugal (substituindo a execução de penas curtas de prisão) e na França 23. Já no Brasil, a jurisprudência humanitária de juízes e tribunais representa a tentativa de se aplicarem medidas substitutivas, já que o Poder Público tem se mostrado omisso à adequação das instituições penais existentes ou à construção de novas. Nesse sentido, as ações de desprisionalização dizem respeito quase somente à prisão domiciliar, cuja implementação se dá principalmente em decorrência da inexistência de vagas nas estruturas penais e não de uma reforma efetiva de todo o sistema (DOTTI, 2003). Em alguns países da Europa 24 e nos Estados Unidos, por exemplo, houve a defesa de sanções penais coercitivas por meio da publicação de listas de condenados por crimes cometidos na área dos abusos sexuais ou por maus tratos. Porém tal medida, além de violar os princípios da dignidade humana, expondo de forma pejorativa os delitos cometidos, não tangencia o objetivo primordial de reintegração do infrator, assumindo um papel de exclusão proeminente. 20 Relativa ao pagamento de multas. 21 Para uma análise estatística mais aprofundada a respeito da evolução das penas aplicadas em Portugal na década de 1990, veja J. Pedroso, Catarina Trincão e J.P. Dias: Por Caminho(s) da(s) reforma (s) da Justiça, Coimbra, 2003, p Declaração de culpa, seguida de advertência ao infrator adotada originalmente na França. 23 Uma explanação sobre a aplicação desta medida na França pode ser observada em José Mouraz Lopes, Garantia Judiciária no Processo Penal, Coimbra, 2000, p Recentemente o presidente da Comunidade Autónoma de Castilla-La Mancha em Espanha propôs que se publicassem a lista de condenados por maus tratos domésticos. Também nos EUA se aplicam, como estratégia punitiva para alguns crimes, as chamadas shameful sanctions, a fim de, envergonhando publicamente o infrator, se tornarem eficazes no âmbito preventivo. Essa frase aqui ficou com muita vírgula e isso dificulta a leitura. Sobre esta matéria, leia Juan Luis Pérez Triviño, «Penas y Vergüenza», Anuario del Derecho penal y ciencias Penales, Tomo LIII, 2000, p (LOPES, 2003). 449

9 450 No tocante à África, embora no ano de 1989 tenha sido criado, com apoio da ONU, o Instituto das Nações Unidas Africanas para a Prevenção do Crime e Tratamento do Delinquente (UNAFRI), a prática de penas alternativas ainda se mostra pouco difundida. Todavia, alguns países já introduziram em seus códigos penais medidas substitutivas semelhantes às europeias como Tunísia, Nigéria, África do Sul e Etiópia (OLIVEIRA, 1997). Nesses países, o acusado que não se enquadra nos casos de crimes de consequências graves 25 podem ser favorecidos com sanções de multa ou reparação do prejuízo causado à vítima, que podem ser aplicadas juntamente com o aprisionamento. Ainda continuam, no entanto, presentes no modelo de Justiça de alguns países africanos as penas corporais, de morte ou trabalho forçado para crimes violentos de grande repercussão social. Tais práticas contrariam fortemente as regras de tratamento mínimo explanadas anteriormente. Vale salientar que as alternativas citadas, condizentes ou não com os direitos humanos, não são aplicadas por todos os Estados africanos. A população, em geral, deseja a utilização das medidas substitutivas principalmente para aproveitar o desenvolvimento de zonas rurais que podem ter o auxílio dos infratores menos perigosos, visto que os estudos da UNAFRI revelam que os crimes de rua (majoritariamente o furto) são os mais praticados no continente, enquanto os presos que cometeram os crimes de consequências graves citados não passam de 12% do total (OLIVEIRA, 1997). Em relação aos países árabes, todos adotam a pena de morte como sanção consequente de crimes como assalto seguido de morte, assassinato perverso, ou qualquer ameaça à integridade do país. Outra medida comum é o trabalho forçado cujo emprego é frequente em países como Egito, Líbano e Síria. Tal sanção pode ser perpétua ou durar de 3 a 15 anos, facultando-se a aplicação conjunta com a prisão perpétua ou por tempo indeterminado. Devido, sobretudo, à existência desse substitutivo sem caráter pedagógico, a prestação de serviços comunitários é pouco utilizada nesses países (OLIVEIRA, 1997). No Oriente Médio, especificamente nos países árabes, penas como a advertência e vergonha públicas, açoites, expulsão e deportação são constantemente utilizadas especialmente em casos de infrações referentes à ordem pública ou segurança interna e externa do país. Tais medidas devem ser analisadas de maneira criteriosa, pois dizem respeito a questões morais e culturais de países que possuem, em sua maioria, um ordenamento jurídico fundamentado em princípios religiosos. Contudo, ainda infringem seriamente as indicações da ONU no tangente aos direitos humanos 26. O Japão, por sua vez, tem um Código Penal que data de 1908 e mesmo sendo modificado manteve como uma das sanções principais a pena de morte. Sua política criminal indica a aplicação da Suspensão Condicional da Pena 27 como substitutivo prioritário, não indicando muitas alternativas à prisão. No entanto, a medida citada é aplicada com o auxílio de instituições privadas e oficiais voluntários para que além da eficiente supervisão tenha-se a ressocialização do infrator em centros de reabilitação devidamente legalizados (OLIVEIRA, 1997). No que tange a Austrália, observa-se que de todos os sentenciados nos Tribunais, menos de 30% são condenados à reclusão 28. A prisão é utilizada em última instância, já que além de substitutivos já mencionados (multas, suspensão condicional da pena, serviço comunitário) há o Programa de Advertência ao Furto em Lojas, administrado pela própria polícia, possibilitando que os flagrados em pequenos furtos sejam oficialmente repreendidos e que só se aplique a prisão no caso de reincidência. A partir das informações acima expostas, reitera-se o papel fundamental de reservar a prisão aos casos em que o infrator represente perigo concreto e contínuo à sociedade e justificar a aplicação de uma pena privativa de liberdade, quando necessária, salientando seus objetivos sociais. Cada caso de delito pode demandar uma pena específica, que não necessariamente a reclusão: a exemplo da proibição de condução de veículos, a limitação do deslocamento a determinados locais ou a inabilitação para o exercício de algumas profissões (LOPES, 2003). Tais determinações têm de estar claramente expostas no Código Penal de cada país no sentido de permitir uma ampla e diversificada eleição da pena adequada, ratificando o peso dado à magistratura na sua concepção. 25 Considera-se assim crimes como homicídio, estupro e assalto a mão armada, por exemplo. 26 Para mais informações sobre medidas substitutivas nos países árabes ver Ridha Mezghani - Alternatives to Imprisonment in Arab Countries in: Alternatives to imprisonment, Chicago, Unicri, Tal medida tem por finalidade permitir que o condenado não se sujeite à execução de pena privativa de liberdade de pequena duração, ou seja, permite que, mesmo condenada, uma pessoa não fique na cadeia. O juiz define um prazo (em geral de dois anos) no qual o indivíduo permanecerá em observação e caso não haja infração no período e respeitem-se as exigências do magistrado ele terá o fim da pena determinado. 28 Esse fato não indica, entretanto, que o sistema penal australiano seja em todo eficiente, pois cerca de 14% das pessoas presas ainda aguardam julgamento (OLIVEIRA, 1997). 451

10 Encarceramento de populações vulneráveis: desafios diferenciados Antes de discorrer a respeito de grupos vulneráveis em situação de cárcere, é importante ressaltar novamente que a própria situação de prisão é um grande fator de vulnerabilidade: seja por condições físicas precárias, isolamento de suas famílias e comunidades, deficiências no sistema de saúde, violência ou abuso de poder dentro das prisões, as pessoas que têm sua liberdade restringida são mais suscetíveis a terem sua saúde física e mental deteriorada (UNODC, 2009, p.4). Porém, sendo as prisões instituições totalizantes que procuram uniformizar os comportamentos de uma gama de pessoas diferentes (GOFFMAN, 2010), aquelas ou aqueles que, por algum motivo, são desviantes do padrão usado para essa uniformização têm seu sofrimento exacerbado tanto pela inadequação da estrutura prisional quanto por preconceitos já existentes na comunidade externa que acabam exacerbados no ambiente fechado de prisões (UNODC, 2009, p.4). Dentre os diversos grupos que apresentam necessidades especiais durante o período de encarceramento, destacam-se na conjuntura internacional atual a situação de mulheres e crianças dentro do sistema prisional Mulheres encarceradas: violência, discriminação e maternidade atrás das grades Pouco se fala a respeito de mulheres em situação de cárcere. Elas constituem uma minoria nos sistemas carcerários no mundo segundo o Centro Internacional de Estudos de Prisões, em uma média mundial as mulheres correspondem a 4,3% das pessoas que se encontram no sistema prisional (WALMSLEY, 2006, p 1) e, por seus números comparativamente pequenos, acabam tendo muitas de suas particularidades negligenciadas dentro de um sistema prisional que foi feito por e para homens (TAYLOR, 2004, p. ii). Tal fato torna-se particularmente agravante se for considerado que a população carcerária feminina tem crescido vertiginosamente nos últimos 10 anos, proporcionamente mais do que população carcerária masculina ao redor do mundo. Na Austrália, por exemplo, de 1984 a 2003 houve um aumento de 75% na população carcerária masculina, enquanto, para as mulheres, o aumento foi de 209% (BASTICK, TOWNHEAD, 2008, p.1). Os dados recolhidos não apontam, porém, para um maior índice de criminalidade entre mulheres ao longo do tempo, e sim a opção política pelo maior uso da pena de prisão - em detrimento de medidas alternativas - para os crimes que levam mulheres a entrarem em conflito com a lei de forma proporcionalmente maior do que aos homens. (REFORMA PENAL INTERNACIONAL, 2007, apud OMS, 2009, p.11). A despeito das enormes diferenças culturais e legais dos diversos países do globo, há algumas tendências que se repetem no perfil das mulheres que são presas: os crimes que levam à prisão de mulheres são, em sua maioria, relacionados ao consumo e tráfico de drogas, além de crimes não-violentos contra a propriedade. (UNODC, 2008, p.2). Mais ainda, como enuncia Rachel Taylor em um relatório preliminar a respeito da situação de mulheres encarceradas: Ao que parece, as mulheres encarceradas por todo o globo têm algo em comum - um contexto de exclusão social. Seja qual for seu país ou continente de origem, as mulheres em situação de prisão são predominantemente aquelas que se encontram nas camadas sociais mais empobrecidas, que levaram uma vida de exclusão social e abuso (TAYLOR, 2004, p. 4, tradução nossa). As condições econômicas desfavoráveis - além de contribuirem para as motivações dos crimes contra o patrimônio - também fazem com que a maioria das mulheres que cometeram crimes não tenham condições de pagar multas ou fiança, e acabem ficando presas por crimes que ensejariam sanções bem mais brandas (UNODC, 2008, p.3). Uma vez presa, a mulher enfrenta uma série de problemas adicionais por sua condição, sejam eles em virtude da falta de infra-estrutura para atender a suas necessidades, a possibilidade aumentada de violência, principalmente em caso de presídios mistos, um estigma social ainda mais severo, e - talvez como consequência - um grande impacto em sua saúde mental (OMS, 2009, p.9) (TAYLOR, 2004, p.v). Dados coletados pela Organização Mundial da Saúde demonstram que, embora a população carcerária em geral apresente mais transtornos mentais do que a comunidade externa, tal fato ocorre com mais intensidade em mulheres (OMS, 2009). Ela também recebe menos visitas, em relação aos homens - muitas vezes a desvaloração social reforçada da mulher encarcerada se traduz no abandono por sua família e por sua comunidade (TAYLOR, 2004, p.13). Seu sofrimento, vê-se claramente, é causado por uma série de fatores que não estão previstos na sentença. E não é apenas a mulher que sofre as consequências de seu encarceramento. Grande parte das mulheres têm filhos sob sua guarda - que, por vezes, criam sozinhas - o que resulta na dissolução do núcleo familiar com seu encarceramento, forçando as crianças a 453

11 454 ficarem sob o cuidado de outros parentes ou do Estado (TAYLOR, 2004, p.26). As consequências de tal situação para a saúde psicológica das crianças envolvidas são sérias. Além do trauma da separação - por vezes agravado pela alocação de irmãos em casas diferentes (TAYLOR, 2004, p.28) - a OMS aponta para uma série de problemas psicossociais comumente desenvolvidos por crianças durante o encarceramento da mãe, como depressão, hiperatividade, comportamento agressivo, transtornos no sono e na alimentação, queda no rendimento escolar e delinquência (OMS, 2009). A situação torna-se mais grave ao se tratar da gravidez e o cuidado de bebês e crianças pequenas dentro de prisões - se, por um lado, é extremamente traumático separar mães de seus filhos pequenos, por outro, as prisões não constituem um ambiente adequado para seu desenvolvimento pleno. Novamente, a infraestrutura (ou a falta dela) tem um papel determinante na decisão. Em algumas prisões, há a criação de alas especiais para grávidas e mães com bebês, enquanto há casos em que crianças pequenas vivem com as mães na prisão informalmente (BASTICK, TOWNHEAD, 2008, p.49). Em resumo, temos um número cada vez maior de mulheres sendo presas por crimes não-violentos, levando à destruição de núcleos familiares e impactos psicológicos negativos sobre crianças, colocando a própria mulher em um sistema que não está preparado para suas necessidades especiais Crianças em conflito com a lei A Convenção sobre os Direitos da Criança define como criança todo ser humano com menos de dezoito anos de idade, e explicita, nos arts. 37 e 40, uma série de direitos que devem ser especialmente resguardados nos casos de conflito com a lei, tais como respostas institucionais que levem em consideração sua idade e que tenham como objetivo sua reintegração na sociedade. A pena de morte e prisão perpétua para pessoas menores de 18 anos é expressamente proibida, e é evidenciado o uso preferencial de medidas alternativas e educativas, junto à família e à comunidade, em detrimento do encarceramento, que deve ser evitado sempre que possível (UNICEF,1989). Embora apenas dois países das Nações Unidas não sejam signatários da Convenção (Estados Unidos e Somália), e os países signatários já tenham, em grande parte, implementado legislações específicas em conformidade com seus termos, a implementação dos dispositivos da Convenção torna-se um enorme desafio frente a uma realidade de violações de direitos humanos básicos e práticas penais desviantes das finalidades propostas pela Convenção (MEUWESE, 2003). Há mais de 1 milhão de crianças e adolescentes em situação de prisão através do globo, distribuídos tanto entre instituições destinadas a esta finalidade, quanto, em alguns casos, juntamente e sob o mesmo regime que pessoas adultas, embora seja especificado pela Convenção que pessoas menores de 18 anos devem receber um tratamento diferenciado por parte do sistema penal (UNICEF, 2006) Tratando-se de crianças como seres humanos em desenvolvimento há ainda uma outra pergunta a ser respondida: qual a idade a partir da qual uma criança pode ser responsabilizada por suas ações - e, consequentemente, responder por crimes? Mundialmente, as respostas são as mais variadas - desde o Brasil, que exclui a possibilidade de responsabilização penal para menores de 18 anos, embora tenha um sistema que abre a possibilidade de detenção de crianças; passando por sistemas como o dos Países Baixos, em que a responsabilidade começa aos 12 anos, mas em um sistema diferenciado até os 18 anos; até a Indonésia, em que a idade de responsabilização criminal é de 8 anos de idade, e liga a definição de criança ao estado civil 29 (MEUWESE, 2003). A maior parte dos delitos pelos quais crianças são condenadas são: aqueles contra a propriedade; os crimes ditos específicos - que não seriam classificados como tal se fossem praticados por um adulto, tais como a ingestão de bebidas alcoólicas, e, por fim, questões já relacionadas a outras vulnerabilidades socioeconômicas, como questões ligadas à imigração e a mendicância, entre outros. Os crimes mais graves, em uma escala mundial, representam apenas de 5 a 10% dos casos (MEUWESE, 2003). As sanções correspondentes a esses crimes - embora variem muito entre os países - têm em comum a possibilidade de encarceramento e, em vários países, sua implementação extensiva que vai muito além do que seria considerada uma última medida, sendo usadas contra réus primários em crimes de menor gravidade ou, até mesmo, como medidas para crianças que não cometeram delito algum (UNI- CEF, 2006, p.195). Se tal fato em si já é problemático, problemas de infraestrutura e constantes violações de direitos humanos que ocorrem dentro dos espaços destinados à detenção de crianças agravam ainda mais a situação. Os objetivos de educação continuada e reintegração com a sociedade não são atingidos - pelo contrário, há um agravamento de uma situação de marginalização e exclusão. Mesmo que as condições de prisões para crianças sejam melhoradas, a pena privati- 29 O que gera a possibilidade de crianças do sexo feminino, ao serem submetidas a casamentos muito cedo, serem tratadas como mulheres adultas. 455

12 456 va de liberdade, com seu isolamento da comunidade e da família tem se mostrado danosa ao desenvolvimento da criança e ineficiente do ponto de vista de sua reabilitação (UNICEF, 2006, p.200). Na maior parte dos países, medidas alternativas que envolvam a comunidade, a escola ou a família são incipientes e sub-aproveitadas - embora tais medidas sejam, tanto do ponto de vista da segurança pública quanto o do respeito aos direitos fundamentais da criança, mais benéficas e eficientes. (WORLD ORGANISATION AGAINST TORTURE, 2007). 7. A manutenção da ordem e os Direitos Humanos Diante do panorama apresentado, pode-se observar que os objetivos colocados para a prisão tanto sob a ótica de redução da criminalidade quanto da ressocialização do sujeito não estão sendo cumpridos nas práticas atuais relacionadas ao sistema prisional (ANTONIETTO, 2008, p. 134). Resta perguntar, então, a razão de sua manutenção como principal resposta do Estado a desvios de suas normas penais. O aspecto de controle social ou seja, prezar pela manutenção da ordem vigente no Estado (BATISTA, p.21) é o que acaba predominando na justificativa, perante os cidadãos e a comunidade internacional, do uso extensivo da pena de prisão. Eventuais (ou até mesmo recorrentes) violações de Direitos Humanos seriam vistas como um mal necessário (FOUCAULT, 2010, p.218) diante do imperativo da manutenção do sistema vigente afinal, o que mantém o sistema de proteção das liberdades dos cidadãos senão a própria ordem que neles se funda? Entretanto, tal segurança não afigura como princípio superior a tantos outros elencados pela Carta da ONU (1945), mas sim um entre outros que acabam sendo feridos pelo funcionamento do sistema prisional em seus moldes atuais. Mesmo que a restrição da liberdade faça parte da pena, há uma gama de limitações e violações que não estão previstas legalmente: à integridade física e mental, à saúde, ao direito à educação, ao trabalho e, de tantas formas, à dignidade da pessoa humana. A Organização das Nações Unidas (1948), ao determinar a proteção dos Direitos Humanos como um dos principais objetivos de sua existência, coloca-se em rota de choque direto com a forma que o sistema prisional configura-se atualmente em diversas partes do mundo: arbitrariamente sobreutilizado, muitas vezes, possuindo uma infraestrutura deficiente e sendo palco dos mais diversos tipos de violações de Direitos Humanos (UNODC, 2007). Diante deste cenário, quais possibilidades afiguram-se para o sistema internacional? O sistema prisional, tecnicamente, está integralmente nas mãos do Estado.Trata-se de um braço administrativo da estrutura estatal, integrando o sistema penal (BATISTA, 2008, p. 25). Portanto, falar em mudanças no sistema prisional é, necessariamente, interferir em uma esfera essencial do poder público, trazendo à tona debates a respeito dos limites da soberania estatal diante da proteção internacional de Direitos Humanos. Qualquer interferência, porém, encontra, além dos problemas suscitados em relação à soberania, dificuldades de realização de uma cooperação bem-sucedida em virtude de barreiras culturais entre o funcionamento e justificação dos diferentes sistemas penais. Sendo a própria noção de quais ações devem ser criminalizadas uma consideração majoritariamente cultural (FRADE, 2008, p.19), é evidente que a forma de proceder quanto ao funcionamento de um sistema construído para lidar com esses crimes também reflita os valores diversos e por vezes conflitantes das diferentes culturas em que se encontram. Apesar do recente fortalecimento e surgimento de organizações não estatais, o Estado ainda figura como o principal agente político no âmbito do cenário internacional (NOGUEIRA, MESSARI, 2005, p. 90). Visto o desenvolvimento da sociedade internacional no contexto contemporâneo, a cooperação entre os Estados para a resolução de problemas internos tem sido utilizada amplamente, de maneira a evitar que a soberania dos países cuja questão interna está em pauta seja violada. Situações de violações de Direitos Humanos em prisões não costumam configurar situações que justifiquem intervenções humanitárias externas 30, mas isso não significa que nada possa ser feito, internacionalmente, para coibir a ocorrência dos mesmos sob a conivência eventual de algum Estado. As possibilidades de mudança no sistema prisional em âmbito internacional são, portanto, complexas: além da dicotomia entre a manutenção da ordem e o respeito aos Direitos Humanos que cada Estado enfrenta para a tomada de decisões em matéria de política criminal, a sociedade internacional se depara com questões de barreiras culturais e de soberania para possibilitar a cooperação que possa viabilizar tais mudanças (HURRELL, 2003). 30 De acordo com Wheeler (2003), para uma intervenção humanitária adquirir legitimidade é necessário que: seja configurada uma emergência humanitária grave; o uso da força tem de ser o último recurso disponível; deve ser respeitado o princípio da proporcionalidade em todas as ações; e a intervenção tem de gerar resultados humanitários positivos. 457

13 Conclusão Tratar do sistema prisional ao redor do mundo seja no sentido de seu aperfeiçoamento, ou até mesmo de sua diminuição é indubitavelmente uma questão complexa. É preciso levar em conta a grande diversidade, dentre os países, tanto no tratamento institucional e cultural dado às prisões dentro de cada sistema penal, mas também nas condições materiais e sociais nas quais os indivíduos desviantes das normas instituídas se encontram. A fundamentação para a existência da pena privativa de liberdade é bastante nebulosa com as teorias clássicas em crise e com a sua eficácia posta em cheque, questiona-se fortemente a utilização de tal medida. Empiricamente, porém, o número de pessoas encarceradas tem uma tendência mundial a aumentar (WALMS- LEY, 2008), e a UNODC aponta para uma utilização extensiva e excessiva da prisão como uma resposta ao fenômeno da criminalidade (UNODC, 2007). Visando o princípio da igualdade no tratamento de todos os indivíduos o que também inclui as pessoas encarceradas -, regras mínimas de tratamento foram estipuladas pelas Nações Unidas, tratando tanto das condições materiais de existência digna dentro de prisões como as condições de que medidas (efetivamente) educativas e reabilitantes sejam implementadas (ARÚS, 1972). Sua concretização, porém, encontra grandes dificuldades, e o cenário atual das prisões ao redor do mundo está, infelizmente, muito distante das normas estipuladas, ensejando sérias violações de Direitos Humanos das pessoas que encontram-se em situação de cárcere (UNODC, 2007). Tais violações são ainda mais expressivas para populações que, já sendo vulneráveis no ambiente social, tem tal condição fortemente agravada pela situação de prisão. Convivendo como minorias em um sistema pensado por e para homens adultos, mulheres e crianças tem muitas de suas necessidades específicas negligenciadas, com grandes danos para toda a sociedade (UNODC, 2009). Vislumbra-se a possibilidade apoiada por exemplos pontuais de formas alternativas de tratar com os desviantes das normas, com perspectivas promissoras no que diz respeito ao desafogamento de um sistema prisional já sobrecarregado, além da maior ênfase no aspecto educativo da pena, geralmente negligenciado na pena privativa de liberdade. Qualquer mudança maior e estrutural na forma de lidar com os crimes, porém, toca em questões especialmente sensíveis aos Estados tais como a manutenção dos sistemas de poder, cultura e de sua própria soberania tornando qualquer alteração potencialmente impossível e bastante complexa. Diante de um cenário marcado por tantas contradições e complexidades, não há uma resposta única e fácil que possa simultaneamente satisfazer os interesses de cada Estado na manutenção de sua ordem e soberania, enquanto assegura a toda a população carcerária o pleno respeito aos direitos que lhe são inerentes como pessoa humana. Porém, diante da realidade em que essas pessoas se encontram, marcadas por uma série de negações de direitos que não estão, de forma alguma, previstas juridicamente em suas penas, o silêncio da omissão a essas violações de Direitos Humanos é que constituem, pois, os mais graves crimes. Referências Bibliográficas ANTONIETTO, Caio Marcelo Cordeiro. Os fins da pena de prisão, realidade ou mito?. Revista Eletrônica da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Paraná, n. 2, ago/dez, Disponível em: < revista02/ pdf>. Acesso em: 05 dez ARÚS, Francisco Bueno. Panorama Comparativo dos Modernos Sistemas Penitenciários. Revista dos Tribunais, São Paulo, ano 61, v. 441, p , julho, BATISTA, Nilo. Introdução Crítica ao Direito Penal Brasileiro. Rio de Janeiro: Revan, 11ª Ed, BASTICK, Megan; TOWNHEAD, Laurel. Women in prison. A commentary on the UN Standard Minimum Rules for the Treatmentof Prisoners. Genebra, Suíça: Quaker United Nations Office, BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. Lisboa, Portugal: Fundação Calouste Gulbenkian, 1998, p. 85. COLLARD, Charles. Prisons. In: The Catholic Encyclopedia. Vol 12. Nova Iorque, Estados Unidos: Robert Appleton Company, Disponível em: < newadvent.org/cathen/12430a.htm>. Acesso em: 22 nov COYLE, Andrew. Prison Reform Efforts around the World: the Role of Prison Administrator. Pace Law Review. Ano , v. 24, p COYLE, Andrew. Understanding Prisons. In: Prison Fellowship New Zealand 25th Anniversary Conference, 16 de maio de Disponível em: < rethinking.org.nz/images/newsletter%20pdf/issue%2038/coyle_understanding_ Prisons.pdf>. Acesso em: 3 out FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 38. Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, FRADE, Laura. Quem mandamos para a prisão?: visões do Parlamento brasileiro sobre a criminalidade. Brasília: Líber Livro Editora, GELTNER, Guy. The Medieval Prision: A Social History. Princeton, Estados Unidos: Princeton University Press, Disponível em: < 5Wlrnn8DIggC&printsec=frontcover#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 22 nov

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