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1 AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO E DA PRODUTIVIDADE DE DUAS VARIEDADES DE MAMONA (Ricinus communis L.) EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA NO MUNICÍPIO DE RIO LARGO - AL José Harlisson de Araujo Ferro 1, Djair Felix da Silva 1, Mauro Wagner de Oliveira 1, Roseane Cristina Prédes Trindade 1, José Paulo Vieira da Costa 1, Altanys Silva Calheiros 1 1 Universidade Federal de Alagoas UFAL, harlissonferro@hotmail.com, djair_felix@yahoo.com.br, mwagner@ceca.ufal.br, rcpt@ceca.ufal.br, jpvc@fapeal.br, altanys.asc@gmail.com RESUMO - Com o intuito de avaliar o crescimento e a produtividade da mamoneira em função da suplementação mineral com fósforo na região da zona da mata alagoana, desenvolveu-se no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas o presente estudo composto por duas variedades, BRS 149 (Nordestina) e BRS 188 (Paraguaçu), e cinco níveis de adubação fosfatada, 0, 20, 40, 60 e 80 kg ha -1 de P. As avaliações de área foliar, altura, comprimento dos racemos, quantidade de racemos e produtividade de sementes foram avaliadas mensalmente de forma que ao final do ciclo da cultura mediu-se o acúmulo de matéria seca das plantas. O fósforo influenciou no crescimento inicial das plantas com o maior desenvolvimento de área foliar e altura aos 30 dias, na longevidade das folhas fotossinteticamente ativas, no tamanho dos racemos, na quantidade formada e na produtividade de sementes. A variedade Nordestina produziu cachos maiores ao passo que a Paraguaçu produziu 31% mais cachos, o que igualou a produção de sementes entre as variedades. O suprimento de fósforo na dose de 60 kg ha -1 proporcionou um incremento de 22% da produção de sementes. Palavras-chave: mamona, produtividade, fósforo. INTRODUÇÂO Uma das principais tecnologias utilizadas para aumentar a produtividade e a rentabilidade das culturas é a adubação, embora tenha alto custo e possa aumentar o risco do investimento agrícola (SEVERINO et al., 2006). Para a cultura da mamona (Ricinus communis L.) há necessidade de informações relacionadas à fertilização do solo e à nutrição mineral. O crescimento relativamente rápido e a exportação de nutrientes torna a ricinocultura uma atividade em que o adubo deve ser fornecido adequadamente para produção satisfatória das plantas. Nos solos brasileiros, o P é encontrado comumente em situação de baixo suprimento, havendo assim, a necessidade de seu fornecimento por meio de fertilizantes. Esse nutriente participa de vários processos metabólicos nas plantas, como a transferência de energia, síntese de ácidos nucléicos, glicose, respiração, síntese e estabilidade de membrana, ativação e desativação de enzimas, reações redox, metabolismo de carboidratos e fixação de N2 (ARAÚJO; MACHADO, 2006, JESCHKE et al., 1996,1997; ROGGATZ et al., 1999).

2 A adubação da mamoneira é uma prática pouco estudada no Brasil, principalmente no Nordeste, principal região produtora. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito da adubação fosfatada sobre o crescimento e produtividade de duas variedades de mamona cultivadas no município de Rio Largo - AL. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi conduzida no período de junho a dezembro de 2006 no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas, em Rio Largo - AL. O estudo foi um fatorial 5 x 2, constituído por cinco níveis de fósforo (0, 20, 40, 60 e 80 kg ha -1 ), utilizando-se o superfosfatado triplo, e duas variedades de mamona, BRS 149 (Nordestina) e a BRS 188 (Paraguaçu). Os tratamentos foram em blocos casualizados, com quatro repetições, com espaçamento de 3x1 m. Antecedendo a implantação do experimento coletaram-se amostras do solo nas camadas de 0 a 20 e de 20 a 40 cm de profundidade, e de posse dos resultados (Tabela 1), aplicou-se calcário dolomítico em quantidade necessária para elevar a saturação por bases a 60%. A precipitação acumulada durante o ciclo foi de 1031 mm (Figura 3). As plantas foram propagadas por meio de mudas produzidas em recipientes de 14 x 25 cm, contendo saibro + esterco bovino na proporção de 3:1 (v: v), as quais foram transplantadas para o campo trinta dias após a semeadura, e desbastadas quinze dias depois, deixando-se apenas uma planta por cova. Antes do plantio foi aplicado o fertilizante fosfatado conforme cada tratamento, e no inicio do florescimento, as adubações nitrogenada e potássica, nas doses de 40 e 60 kg ha -1, respectivamente, aplicando-se sulfato de amônio e o cloreto de potássio. Para avaliar o crescimento das plantas determinou-se a área foliar e a altura aos 30, 60, 90 e 120 dias após o transplantio, o comprimento e o número de racemos, o acúmulo de matéria seca e a produtividade de sementes. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e análise de regressão. Comparando as médias quando necessário através do teste de Tukey, utilizando-se do Programa Computacional Sisvar versão 4.6. RESULTADOS E DISCUSSÃO A adubação fosfatada influenciou significativamente a área foliar e a altura das plantas, além da quantidade e tamanho dos racemos, acúmulo de matéria seca e produtividade de sementes. O efeito entre variedades foi observado na altura das plantas aos 30 dias após o transplantio, no comprimento e número de racemos e acúmulo de matéria seca (Tabela 2). A área foliar foi influenciada pela adubação somente no primeiro e quarto mês de avaliação, obtendo-se efeito quadrático, com área foliar máxima respectivamente de cm 2 e cm 2 por planta, obtidas com a dose de 50 kg ha -1 de fósforo (Figura 1A). Não foi observado

3 diferença da área foliar entre variedades. Jeschke et al., (1996) estudando o efeito do P no desenvolvimento foliar da mamoneira, observou que a área foliar foi afetada pelo baixo suprimento de fósforo, pois as plantas crescidas em solução com o suprimento adequado obtiveram área foliar 23 % superior a aquelas mantidas em baixa concentração. O efeito da adubação fosfatada na área foliar aos 120 dias após o transplantio, ocorreu devido a maior longevidade das folhas, podendo-se inferir que houve variação na disponibilidade endógena de nutrientes, especialmente de N e P, ocasionado possivelmente pela estocagem de P inorgânico no vacúolo, conforme verificado por Alves (1994). Nessa mesma época, observou-se redução da disponibilidade hídrica, e de acordo com estudos realizados por Ruiz et al. (1988), verifica-se uma diminuição acentuada da absorção de P com o decréscimo de pequenas quantidades de água no solo, pois a baixa umidade do solo reduz o fluxo difusivo de P. A altura foi influenciada pelas doses de P e pelas variedades apenas aos 30 dias após o transplantio. Nesta época, constatou-se o efeito quadrático das doses, tendo-se as plantas altura máxima de 44,55 cm, na dose 55 kg ha -1 de P (Figura 1B). Comparando as variedades, a BRS 188 (Paraguaçu) apresentou plantas mais altas apenas nesse período. As mamoneiras que receberam altas doses de fósforo apresentaram limitação no crescimento da parte aérea, provocado possivelmente pelos baixos teores de Cu e Mn desses solos, associados à formação de fosfatos de cobre e manganês o que reduziu ainda mais disponibilidade desses micronutrientes para as plantas. O comprimento máximo dos racemos primários foi de 31,10 cm e a maior quantidade de racemos produzidos pela cultura foi de unidades por hectare, tendo-se utilizado 42 kg ha -1 de P. Em relação às variedades, observa-se o efeito significativo para o comprimento dos racemos primários e subseqüentes, tendo-se obtido os maiores tamanhos na variedade Nordestina, com racemos primários de 35,8 cm e, 16,9 cm para os subseqüentes, comparados com os 22,3 cm e 13,8 cm, produzidos respectivamente pela variedade Paraguaçu (Tabela 2). Essa diferença entre variedades também foi relatada por Carvalho (2005) verificando que os tamanhos médios dos racemos (primários + subseqüentes) são de 33,0 e 25,0 cm, para as variedades Nordestina e Paraguaçu, respectivamente. As variedades também apresentaram efeito significativo para o número de racemos, onde a Paraguaçu produziu maior quantidade por unidade de área, com 31% acima da variedade Nordestina, como se verifica na Tabela 2. O acréscimo de P no solo através de fertilizante fosfatado promoveu o aumento na produção de matéria seca da parte aérea, acumulando-se kg ha -1 de biomassa vegetal na dose máxima de 67 kg ha -1 de P (Figura 2). As plantas que não foram adubadas acumularam kg ha -1 de matéria seca, ou seja, 36,5% menor do que aquelas com o suprimento adequado.

4 O rendimento da cultura, medido em produtividade de sementes, foi influenciado pela adubação fosfatada, obtendo-se a quantidade máxima de kg ha -1 na dose de 60 kg ha -1 de P. Nos tratamentos que não receberam o adubo fosfatado, a produtividade foi de 868 kg ha -1, ou seja, 22,2% menor do que aquelas com o fornecimento adequado de P. A equação que melhor representa a curva de produção em função da adubação fosfatada pode ser observada na Figura 1D. Esse efeito da adubação indica que a produtividade é afetada pelo estado nutricional das plantas, sendo possivelmente a baixa disponibilidade de fósforo e nitrogênio responsáveis pela diminuição da produção agrícola (LUCENA et al., 2000). CONCLUSÕES A adubação fosfatada na dose próxima a 50 kg ha -1 de P promove maior crescimento da área foliar no início do desenvolvimento e aumenta a longevidade das folhas fotossinteticamente ativas da mamoneira; Houve resposta da adubação fosfatada na dose de 42 kg ha -1 de P, sob o crescimento do racemo principal e produção de racemos pela mamoneira; Plantas da variedade Nordestina proporcionam maiores comprimentos de racemos, enquanto que a Paraguaçu produz em maior número ao longo do ciclo; As plantas com 67 kg ha -1 de P acumulam mais biomassa vegetal na parte aérea; A adubação fosfatada promove considerável aumento da produtividade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, V. M. C.; Fração de fósforo, de açúcares solúveis e de nitrogênio em quatro híbridos de milho submetidos à omissão e ao ressuprimento de fósforo p. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. ARAÚJO, A. P.; MACHADO, C. T. T. Fósforo, In: FERNANDES, M. S. (Ed.). Nutrição Mineral de Plantas. Viçosa, MG: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo p CARVALHO, B. C. L. Manual do cultivo da mamona. EBDA, Salvador, p. JESCHKE, W. D.; PEUKE, A.; KIRKBY, E. A.; PATE, J. S.; HARTUNG, W. Effects of P deficiency on the uptake, flows and utilization of C, N and H2O within intact plants of Ricinus communis L. Journal of Experimental Botany, v. 47, n.304, p , JESCHKE, W. D.; KIRKBY, E. A.; PEUKE, A. D.; PATE, J. S.; HARTUNG, W. Effects of P deficiency on assimillation and transport of nitrate and phosphate in intact plants of castor bean (Ricinus communis L.) Journal of Experimental Botany. v. 48, n. 306, p , 1997.

5 LUCENA, L. F. C.; OLIVEIRA, F. A.; SILVA, I. F.; ANDRADE, A. P.; Resposta do milho a diferentes dosagens de nitrogênio e fósforo aplicados ao solo. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v. 4, n. 3, p , ROGGATZ, U.; McDONALD, A. J. S.; STADENBERG, I.; SCHURR, U. Effects of nitrogen deprivation on cell division and expansion in leaves of Ricinus communis L. Journal Plant, Cell and Environment, v. 22, n. 1, RUIZ, H. A.; FERNANDES, B.; NOVAIS, R. F.; ALVAREZ, V. H.; FERREIRA, P. A. Efeito do conteúdo de água sobre os níveis críticos de fósforo em dois latossolos. Revista Brasileira de Ciência do Solo. Campinas, v. 12, p , SEVERINO, L. S.; FERREIRA, G. B.; MORAES, C. R. A.; GONDIM, T. M. S.; FREIRE. A. S. W.; CASTRO, D. A.; CARDOSO, G. D.; BELTRÃO, N. E. DE M. CRESCIMENTO E PRODUTIVIDADE DA MAMONEIRA ADUBADA COM MACRONUTRIENTES E MICRONUTRIENTES. PESQUISA AGROPECUÁRIA BRASILEIRA. V. 41, N. 4, P , 2006.

6 Tabela 1. Análise do solo da área experimental nas profundidades de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm. P K Ca Mg H+Al S CTC V M Profundidade PH mg dm (cm) -3 cmolc dm -3 % 0 a 20 5, ,6 0,6 4,2 3,33 7,53 44,2 1,5 20 a 40 4, ,8 0,7 4,7 1,59 6,29 25,3 36,9 Tabela 2. Médias de altura de plantas (AP) aos 30 dias após o transplantio (dat), comprimento dos racemos primários (CRP) e subseqüentes (CRS), número de racemos (NR) e acúmulo de matéria seca da parte aérea (MS) de duas variedades de mamona. Variedades AP aos 30 dat CRP CRS NR MS cm Unidade ha -1 kg ha -1 BRS 149 Nordestina 40,91 a 35,84 a 16,90 a ,0 b 3.775,30 a BRS 188 Paraguaçu 43,83 b 22,26 b 13,75 b ,0 a 3.514,42 a Médias 42,37 29,05 15, , ,70 CV (%) 8,75 11,17 10,69 15,43 10,99 Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo o teste de Tukey. cm 2 A Área foliar aos 3 0 dias Área foliar aos dias y = -1, x ,3 7x ,4 R 2 = 0, y = -0,3 514 x ,13 x , R 2 = 0, Dose s de P k g h a -1 cm B 46,00 45,00 44,00 43,00 42,00 41,00 40,00 39,00 38,00 37,00 Altura de plantas y = -0,0021x 2 + 0,2306x + 38,227 R 2 = 0, Doses de P kg ha -1 C Número de Racemos D Produtididade Sementes Quantidade de racemos ha y = -2,6746x ,62x R 2 = 0, Dose de P kg/ha kg ha y = -0,07x 2 + 8,3276x + 868, R 2 = 0, Dose de P kg ha-1 Figura 1. A adubação fosfatada na área foliar (A), altura de plantas (B), quantidade de racemos (C) e produtividade de sementes (D) de duas variedades de mamoneira.

7 4.500,00 Acúmulo de matéria seca Acúmulo de MS kg ha , ,00 y = -0,3457x ,973x , ,00 R 2 = 0, , , Doses de P kg ha -1 Figura 2. Acúmulo de matéria seca da mamoneira em função da adubação fosfatada. P r e c ip it a ç ã o 2 5 0, , ,0 mm 1 0 0,0 5 0,0 0,0 ju l a g o s e t o u t n o v d e z J a n f e v m a r a b r Figura 3. Precipitação ocorrida durante o ciclo.

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