JULGAMENTO DE RECURSO ADMINISTRATIVO EM LICITAÇÃO
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- Theodoro Chagas Frade
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1 MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL NO ESTADO DO CEARÁ SEÇÃO DE CADASTRO E LICITAÇÃO BR-116/CE, Km 06, Bairro Cajazeiras, Fortaleza/CE, CEP: Tel/Fax: (85) scl.ce@dnit.gov.br JULGAMENTO DE RECURSO ADMINISTRATIVO EM LICITAÇÃO PROCESSO nº: / REFERÊNCIA: Pregão Eletrônico nº 293/ OBJETO: Contratação de empresa com vistas a aquisição de aparelhos de ar condicionados tipo Split, com os respectivos serviços de instalação, para atender às necessidades da Superintendência do DNIT/CE e de suas cinco Unidades Locais. RECORRENTE: R. GONÇALVES COMERCIAL LTDA ME RECORRID(O)A: PREGOEIRO 1. Trata-se de Recurso Administrativo interposto tempestivamente, via sítio Comprasnet ( pela licitante R. GONÇALVES COMERCIAL LTDA ME, doravante RECORRENTE, devidamente qualificada na peça inicial, com fundamento no art. 4º, inciso XVIII, da Lei /02, por meio de seu representante legal, em face de sua inabilitação no Edital Pregão Eletrônico nº 293/ O presente julgamento de recurso será analisado considerando os termos do recurso impetrado, juntamente com as contrarrazões apresentadas tempestivamente pela empresa TEMPO FRIO - COMERCIO E SERVICOS DE REFRIGERACAO LTDA. 3. Tais documentos encontram-se disponíveis para consulta no sítio e constam fisicamente no processo nº / I DAS PRELIMINARES 4. Em sede de admissibilidade recursal, foram preenchidos os pressupostos de legitimidade, interesse processual, fundamentação, pedido de nova decisão e tempestividade. Página 1 de 7
2 II DAS FORMALIDADES LEGAIS 5. Cumpridas as formalidades legais, nos termos postos, consequentes das orientações emanadas do Pregoeiro, como forma de dar continuidade ao procedimento em tela, registrese que foi dada a publicidade exigida por lei, estando o texto das razões e contrarrazões de recurso disponível a qualquer interessado. III DAS RAZÕES RECURSAIS 6. Aduz a pleiteante que a exigência descrita no tópico do edital é desnecessária ante ao serviço a ser prestado, bem como, está em dissonância com o entendimento do CREA e com a legislação em vigor. 7. Alega que conforme parecer do Colegiado do CREA/SP, para executar as instalações dos aparelhos de ar condicionado com as características dos licitados, não é necessário o registro naquele órgão de classe. A RECORRENTE transcreve a Conclusão do Colegiado do CREA/SP: empresas que atuam na área de projeto, fabricação, inspeção (inicial e periódica), montagem, instalação e manutenção de Sistemas de Ar Condicionado que não atinjam 5 (cinco) TR(60.000BTU/h) estão dispensadas de registro no Conselho (original sem destaque). 8. Afirma que os aparelhos de ar condicionado são adquiridos prontos, montados e sua instalação é realizada de acordo com o manual que acompanha o aparelho, sendo executada por assistência técnica credenciada pelo fabricante. Para o recorrente, o requisito para a permanência da garantia dos aparelhos de ar condicionado é que a instalação seja realizada por técnico credenciado pelo fabricante do equipamento, sendo irrelevante o fato de ser ou não registrado no CREA. Para a RECORRENTE a exigência a onera demasiadamente, uma vez que passaria a ser obrigada a manter entre seus empregados, profissionais qualificados, ociosos e com alto custo. 9. Além do posicionamento do Colegiado do CREA/SP, a RECORRENTE cita o entendimento jurisprudencial, que é pacífico no sentido de afirmar que a obrigatoriedade do registro das empresas perante os Conselhos está atrelada à atividade-fim que realizam, o que afirma não ser o caso. IV DO PEDIDO DA RECORRENTE 10. Requer a recorrente: a) Reforma da decisão administrativa para HABILITAR a empresa R. Gonçalves Página 2 de 7
3 Comercial Ltda ME no Pregão Eletrônico nº 293/2014. Processo: / V DAS CONTRARRAZÕES RECURSAIS 11. Oportuno ressaltar que foram ofertadas contrarrazões pela empresa TEMPO FRIO - COMERCIO E SERVICOS DE REFRIGERACAO LTDA, afirmando que a empresa R GONÇALVES COMERCIAL LTDA deveria saber de seu direito quanto à IMPUGNAÇÃO do edital, não o tendo feito, automaticamente concordou com tudo aquilo que estava previsto. 12. Acrescenta que sobre o assunto, deve ser prestigiado o princípio da vinculação ao edital de licitação, interpretado este como um todo, de forma sistemática. Desta maneira, os requisitos estabelecidos nas regras editalícias devem ser cumpridos fielmente, sob pena de inabilitação do concorrente, nos termos do art. 43, inciso IV, da Lei nº 8666 /93. No caso em tela, apesar de toda a argumentação ventilada, certo que a empresa impetrante deixou de apresentar documentação técnica exigida pelo edital em questão, desatendendo às exigências estabelecidas no instrumento editalício, impondo-se, desta maneira, a consequente inabilitação para o certame. Assim, a empresa R. GONCALVES COMERCIAL LTDA ME, deixou de atender ao item do Edital. VI DA ANÁLISE DO RECURSO 13. Cumpre dizer, desde logo, que as decisões tomadas no contexto deste processo licitatório, cujo instrumento convocatório é o Edital nº 293/2014, estão em perfeita consonância com o que manda a lei, tendo sido observada a submissão aos princípios da Legalidade, da Razoabilidade, Celeridade e Eficiência. 14. Com base na documentação contida no processo e, com fulcro na legislação pertinente, passa-se à análise dos tópicos recursais apresentados: 15. O subitem do Edital, exige a licitante deve: Ser empresa devidamente habilitada, com Certidão de Registro e Comprovante de regularidade da empresa e dos seus Responsáveis Técnicos, expedidos pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), possuindo contrato social devidamente compatível com a execução do presente objeto. 16. A exigência foi assim definida no Termo de Referência do Edital Pregão nº 293/2014, verbis: Ser empresa devidamente habilitada, com Certidão de Registro e Comprovante de regularidade da empresa e dos seus Responsáveis Técnicos, expedidos pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Página 3 de 7
4 Agronomia), possuindo contrato social devidamente compatível com a execução do presente objeto deste Termo de Referência. 17. Compulsando os documentos apresentados pela RECORRIDA, verificamos que não foram juntadas as certidões referidas. Esta se resumiu a apresentar cópia não autenticada da Informação nº 016/2014 UCT prestada pelo CREA/SP para se eximir de cumprir a exigência editalícia. 18. A RECORRENTE em sua peça recursal se insurge contra a exigência de registro no CREA, utilizando como ponto central de sua argumentação excerto retirado (e editado) da citada Informação nº 016/2014 UCT prestada pelo CREA/SP, do qual extraiu apenas trecho da conclusão: empresas que atuam na área de projeto, fabricação, inspeção (inicial e periódica), montagem, instalação e manutenção de Sistemas de Ar Condicionado que não atinjam 5 (cinco) TR(60.000BTU/h) estão dispensadas de registro no Conselho 19. Porém, da leitura cuidadosa da referida informação emitida pelo CREA/SP, que repousa às fls dos autos, foi possível extrair as seguintes definições: Sistemas simples: conjunto de equipamentos individuais (aparelhos de ar condicionado) que somados NÃO ultrapassem a capacidade máxima de 5 TR. Sistemas compostos: conjunto de equipamentos individuais (aparelhos de ar condicionado), que a soma seja maior ou igual a 5 TR. 5 TR = Kcal/h = kj/h = BTU/h. 20. Vale transcrever ipsis litteris a conclusão a que chegou o CREA/SP: Tendo por base a legislação citada e em especial o Manual de Fiscalização CEEMM-2012, são fiscalizadas apenas as empresas e profissionais que atuam na área de projeto, fabricação, inspeção (inicial e periódica), montagem, instalação e manutenção de Sistemas de Ar Condicionado Central, acima de 5 TR (Toneladas de Refrigeração) e estão isentos de recolhimento de ARTs os sistemas simples de aparelhos individuais de Ar Condicionado, que em conjunto não atinjam 5 (cinco) TR, bem como os Sistemas de Ar Condicionado Central de até 5 (cinco) TR (Toneladas de Refrigeração) e sem redes de distribuição de ar e de água, entendendo-se, portanto, que empresas que atuam na área de projeto, fabricação, inspeção (inicial e periódica), montagem, instalação e manutenção de Sistemas de Ar Condicionado Central que não atinjam 5 (cinco) TR ( BTU/h) estão dispensadas de registro no Conselho. 21. O trecho da conclusão do CREA-SP transcrito pela recorrente diz respeito a Sistemas de Ar-condicionado Central. A palavra Central foi suprimida do trecho colacionado pela Página 4 de 7
5 RECORRENTE, conforme se observa acima. 22. Ora, a contratação em tela não diz respeito a Sistemas de Ar Condicionado Central e sim a Sistemas Simples de Aparelhos Individuais de Ar Condicionado. Conforme definição de Sistemas Simples apresentada acima, a conclusão do próprio CREA-SP foi clara:... estão isentos de recolhimento de ARTs os sistemas simples de aparelhos individuais de Ar condicionado, que EM CONJUNTO não atingem 5 (cinco) TR... (Destaque nosso). Ocorre que conforme a Planilha de Necessidade de Refrigeração juntada às fls dos autos, existem ambientes nesta Superintendência que, EM CONJUNTO, demandam mais de BTUs, tais como, Sala de Treinamento, Auditório, Protocolo, Operações Rodoviárias e Engenharia. Tal planilha consta como Anexo II do Termo de Referência, documento que integra o Edital. 23. Importante anotar que Conforme exigência do CONFEA Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, toda execução de serviços de instalação de ar condicionado deverá ser exigida a apresentação de profissional competente. Com base nos termos da Lei n 5.194/66, da Lei nº 6.496/77 e na Resolução CONFEA n 218/73 e decisão do Plenário do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, em sua sessão ordinária n de 7 de julho de 1992, em especial: Toda pessoa jurídica que execute serviços de instalação e manutenção de sistemas condicionadores de ar e de frigorificação fica obrigada ao registro no Conselho Regional de Engenharia, Agronomia e Arquitetura ( CREA). 24. Nesse ponto, oportuno mencionar que quanto ao sistema de climatização, seja central ou individual, a Administração deve ter certeza de que, quando contrata uma empresa ou profissional, o resultado final de desempenho esteja de acordo com o esperado. Em caso de alguma demanda ou não conformidade da instalação, é direito da Administração ter certeza de que está se relacionando com um profissional qualificado e responsável por suas ações. Em suas argumentações, a RECORRENTE deixa claro que não iria executar diretamente o serviço de instalação, quando afirma que sua instalação é realizada de acordo com o manual que acompanha o aparelho, sendo executada por assistência técnica credenciada pelo fabricante. Lembramos que os critérios técnicos exigidos no Edital visaram nada mais do que garantir a condição do vindouro contratado de executar o objeto licitado, em face das circunstâncias e peculiaridades do interesse público em tela. 25. Por oportuno, os comandos do art. 37, XXI, da Constituição Federal e do art. 30 da Lei 8.666/93 muito embora tenham limitado a discricionariedade do administrador, restou-lhe ainda ampla margem para definir, no caso concreto e guardada a pertinência devida, o que deverá ser comprovado pelo licitante para que ele seja declarado capaz à execução do objeto. Página 5 de 7
6 26. Vale salientar que no Termo de Referência, o item 13 referente às Obrigações da Contratada, prevê em seu subitem a seguinte obrigação: Não transferir a terceiros, por qualquer forma, nem mesmo parcialmente, as obrigações assumidas, nem subcontratar qualquer das prestações a que está obrigada nesse Termo de Referência. 27. Ademais, quando a RECORRENTE afirma que o entendimento jurisprudencial é pacífico no sentido de afirmar que a obrigatoriedade do registro das empresas perante os Conselhos está atrelada à atividade-fim que realizam, o que não é o caso, demonstra mais uma vez seu desconhecimento em relação às exigências previstas no instrumento convocatório, sobretudo quanto à última parte do já citado subitem , o qual prevê que a contratada deverá possuir contrato social devidamente compatível com a execução do objeto. 28. Nessa senda, no que se refere ao Contrato Social da Empresa, o que se busca averiguar é a COMPATIBILIDADE que obrigatoriamente deve existir entre as atividades constantes do objeto social da licitante e o objeto do certame licitatório. Isto posto, cabe à Administração apenas verificar se as atividades dispostas nos documentos constitutivos da empresa são compatíveis, de forma geral, com o objeto da licitação. Inexiste a exigibilidade de que esteja expressamente prevista no Contrato Social a atividade específica objeto da licitação, isto porque não vigora no âmbito do procedimento licitatório o chamado Princípio da Especialidade, que restringe a atuação das pessoas jurídicas aos limites do objeto social descrito em seus atos constitutivos. Porém, no caso concreto, as atividades econômicas da empresa RECORRENTE não guardam qualquer semelhança com o objeto do certame licitatório no que se refere ao serviço de instalação dos aparelhos. 29. Ora, se a RECORENTE tinha ressalvas a fazer sobre os requisitos exigidos, teve a devida oportunidade de uso de sua faculdade de impugnar o Edital, e não o fez, incorrendo no risco e na possibilidade de sua inabilitação, o que veio a acontecer. A Lei 8.666/93 determina que o silêncio do interessado acerca de possível defeito do instrumento convocatório resulta na impossibilidade de argui-lo posteriormente. Não é dado ao licitante questionar supostos vícios no edital e pleitear sua anulação quando o aceita sem protestar, como aqui ocorreu. Nesse momento, de acordo com decisões do Superior Tribunal de Justiça STJ 1, está aqui configurado o que se conhece como extinção do direito subjetivo de protestar, 1 REsp nº /RS, 1ª T., rel. Min. José Delgado, j. em , DJ de RMS nº /RS, 2ª T., rel. Min. Eliana Calmon, j. em , DJ de RMS nº /MA. 2ª T., rel. Min. Laurita Vaz, j. em , DJ de Página 6 de 7
7 dada pela omissão do licitante em impugnar tempestivamente o documento convocatório. 30. Para finalizar, pensamos, respeitadas as opiniões em contrário, parecer ser legítima e cabível a postura da Administração que, em razão do grau de complexidade para a execução dos serviços objeto deste certame, decidiu não admitir a participação de todos os que assim desejassem, mas apenas aqueles que preenchessem os requisitos compatibilizados ao objeto desta licitação. Deve o gestor público eleger critérios adequados para avaliar a capacitação técnica de modo que a ampliação do universo de participantes não ocorra às custas da ampliação do risco de contratos mal executados e de sérios prejuízos ao interesse público. Fazendo minhas as palavras do professor Airton Rocha Nóbrega 2, o direito de participar da licitação, pois, não constitui uma garantia absoluta e inquestionável de qualquer pessoa ou empresa. XII CONCLUSÃO 31. Diante do exposto e com base no princípio da vinculação ao instrumento convocatório, ficou demonstrado que a empresa R. GONÇALVES COMERICAL LTDA ME, descumpriu o item do Edital. Infere-se que os argumentos trazidos pela RECORRENTE em sua peça recursal mostram-se insuficientes para comprovar a necessidade de reforma da decisão anteriormente proferida pelo Pregoeiro em relação à inabilitação da empresa. XIII DECISÃO 32. Isto posto, sem mais nada a evocar, respeitados os princípios constitucionais do Contraditório e da Ampla Defesa, CONHEÇO do RECURSO apresentado pela empresa R. GONÇALVES COMERCIAL LTDA ME. para, NO MÉRITO, NEGAR-LHE PROVIMENTO, permanecendo a empresa inabilitada no processo licitatório do Edital Pregão Eletrônico nº 293/2014 em decorrência do descumprimento do item do Edital. Por conta disso, em respeito ao art. 109, 4º, da Lei 8.666/93, e art. 8º, Inciso IV, do Decreto 5.450/02, mantenho minha decisão, encaminhando-a à autoridade superior para deliberação. Fortaleza - CE, 15 de julho de ANTÔNIO SÉRGIO DE OLIVEIRA EMIDIO (ORIGINAL ASSINADO) Pregoeiro DNIT/CE :359/BLC Boletim de Licitações e Contratos, jun. 2002, pp. 358/361. Página 7 de 7
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