Recomendações para a prevenção da exposição à poluição tabágica ambiental: evidências para a tomada de decisões e implementação de medidas

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Recomendações para a prevenção da exposição à poluição tabágica ambiental: evidências para a tomada de decisões e implementação de medidas"

Transcrição

1 Recomendações para a prevenção da exposição à poluição tabágica ambiental: evidências para a tomada de decisões e implementação de medidas HILSON TAVARES DA CUNHA FILHO À luz dos novos avanços ocorridos nos últimos anos na área do tabagismo que têm demonstrado a importância cada vez maior deste fenómeno no aumento do peso global da doença presente em todos os países, torna-se necessária a revisão constante das nossas políticas de saúde nesta área, bem como uma especial atenção à adaptação da legislação a esta realidade. Actualmente, não está apenas em causa a saúde daqueles que fumam, mas também de todos os que convivem de perto com um fumador. O fumador passivo, exposto à poluição tabágica ambiental (PTA) provocada pelos fumadores, encontra-se exposto a uma série de doenças potenciais que cada vez mais necessitam de ser prevenidas. Neste quadro, cabe à sociedade proteger a saúde dos seus cidadãos através de uma legislação que proteja os não fumadores, ao mesmo tempo que respeita a opção daqueles que fumam. Hilson Tavares da Cunha Filho é licenciado em Arquitectura e Urbanismo, UFRJ Brasil e licenciado em Psicopedagogia, Universidade Moderna. Mestrando em Saúde Pública, ENSP. É director terapêutico do Gabinete de Dependência Química (GDQ), coordenador do curso de formação em Aconselhamento em Dependência Química, GDQ, e consultor da associação Centro de Apoio ao Tratamento e Recuperação, IPSS. Assim, este artigo procurará fazer uma revisão de evidências científicas, através da avaliação de três estudos existentes, que contribua, de forma efectiva, para uma tomada de decisão sobre a proibição de fumar em determinados locais e outras medidas de suporte necessárias para a possível protecção da saúde dos indivíduos expostos à PTA. No final, o autor propõe uma remodelação da legislação actual na área do tabagismo passivo de forma a reunir todas as leis já existentes e proporcionar uma visão mais abrangente sobre a actuação da sociedade nesta área. 1. Introdução 1.1. O consumo de tabaco: um dos maiores problemas de saúde Em todo o mundo, o tabaco mata 3 milhões de pessoas por ano, valor que tende a aumentar. Na maioria dos países, o pior ainda está para vir, quando os jovens fumadores de agora atingirem a meia ou terceira idade, altura em que a taxa de mortalidade será de 10 milhões/ano. Hoje em dia, aproximadamente, 500 milhões de indivíduos virão a morrer devido ao consumo de tabaco; 250 milhões destas mortes ocorrerão na meia-idade (Peto, 1994). O tabaco é já a maior causa de morte entre os adultos nos países industrializados, contribuindo para um terço das mortes do sexo masculino naquela faixa 27

2 etária (ou mais de um quinto na velhice). Ainda que o fumar possa encobrir vários estados fatais e não fatais, os efeitos adversos em saúde são extremamente negativos (Boyle, 1996). Por toda a Europa, em 1990, o consumo de tabaco causou três quartos de um milhão de mortes na faixa etária entre os 35 e os 69 anos. Nos países membros da UE, no mesmo ano, o número de mortes ultrapassou o quarto de milhão: nos homens e nas mulheres. Muitas mais mortes se verificaram em idades mais avançadas (70 anos ou mais) (Boyle, 1996). Em países da Europa central e de Leste, incluindo a antiga União Soviética, ocorreram, na meia-idade, mortes no sexo masculino e no sexo feminino. Nas mulheres dos países desenvolvidos, o pico epidémico não foi ainda atingido. O consumo de cigarros pode ser fatal de formas diferentes. Na globalidade dos países desenvolvidos, o tabaco é responsável por 24% de todas as mortes no homem e por 7% na mulher (embora esta percentagem esteja a aumentar); em alguns países da Europa central e de Leste, estes valores ultrapassam os 40% no que diz respeito ao sexo masculino. A diminuição média de esperança de vida nos fumadores em geral é de oito anos; contudo, para a faixa etária daqueles que morrem entre os 35 e os 69, a redução da esperança de vida é de 22 anos (Peto, 1994). Em termos gerais, no homem, a incidência de doenças induzidas pelo tabaco estacionou em alguns países da Europa ocidental devido à redução registada no respectivo consumo. Tal redução resultou das medidas tomadas na área da saúde, como, por exemplo, campanhas de sensibilização e o aumento de impostos de forma a desencorajar os fumadores. As doenças imputadas ao consumo de tabaco contribuíram para um significativo aumento da mortalidade em ex-países socialistas da Europa central e de Leste desde 1990 por razões ainda não esclarecidas. Em 1998 a nova directora-geral da WHO, Dr. a Gro Harlem Brundtland, ela própria médica em saúde pública e ex-primeira ministra da Noruega, disse na Assembleia Geral: «Precisamos de debater uma das principais causas de morte prematura que aumentam dramaticamente, matando 4 milhões de pessoas neste ano, e se não tomarmos nenhuma atitude 10 milhões de pessoas morrerão em 2030 metade na meia-idade, não na velhice. O maior foco epidémico estende-se agora aos países em vias de desenvolvimento. Refiro-me ao tabaco» O tabaco é um problema de saúde pública único É um produto de consumo único: na sua composição entram milhares de substâncias químicas, muitas delas toxinas conhecidas, e que se sabe serem causadoras de danos nos vasos sanguíneos, podendo, assim, afectar todas as áreas do nosso organismo. Além da doença, incapacidade e morte prematura, o tabaco é caso único entre as causas de prevenção, uma vez que: É sempre perigoso, independentemente de ser consumido em excesso, como acontece com outras causas de morte possíveis de serem prevenidas; Cria facilmente dependência; É activa e vivamente divulgado, muitas vezes de forma pouco escrupulosa, por uma das maiores e mais poderosas indústrias do mundo; A sua utilização prejudica não só aqueles que o consomem, mas também os que estão expostos ao fumo. Estas características importantes contribuem para fazer do tabaco um problema de saúde pública particularmente difícil, exigindo acções urgentes de várias origens, incluindo de poder político. Desta forma deve-se dar maior atenção aos problemas gerados não só pelo consumo de tabaco e seus prejuízos na saúde imediata do fumador, mas também ao peso dos cuidados de saúde suplementares derivados das doenças causadas pelo tabagismo, a perdas de produtividade devidas a morte ou a um maior número de baixas do que os não fumadores e aos custos económicos directos e indirectos para a sociedade. Da mesma forma, é imperativo lembrar e avaliar os problemas directamente produzidos por este consumo nos diversos sectores em que os fumadores se inserem: nos ambientes internos, na qualidade do ar, nos equipamentos expostos e utilizados, manutenção de edifícios, locais e transportes públicos onde é permitido fumar, e principalmente naqueles indivíduos que convivem com os fumadores e usufruem dos mesmos ambientes. Este trabalho procura avaliar, à luz de algumas evidências científicas encontradas, a problemática da poluição tabágica ambiental no que diz respeito à extensão dos prejuízos na saúde dos indivíduos que a ela estão expostos, de forma a contribuir para uma melhor clarificação das tomadas de decisão relacionadas com a criação de ambientes livres de poluição tabágica. 28 REVISTA PORTUGUESA DE SAÚDE PÚBLICA

3 1.3. A poluição tabágica ambiental (PTA) Os efeitos de fumar encontram-se bem documentados. Dada a seriedade dos seus efeitos e a natureza tóxica do fumo do tabaco, pesquisadores e autoridades de saúde começaram a preocupar-se com os possíveis efeitos do fumo passivo (ou poluição tabágica ambiental) para a saúde. A poluição tabágica ambiental (ou second-hand smoke ou environmental tobacco smoke) é formada pelo fumo expirado pelo fumador e pelo fumo da combustão do próprio cigarro. Existem outras contribuições, tal como o fumo que escapa enquanto o fumador inala e alguns componentes da fase gasosa que se difundem pelo ar. Uma vez libertados para o ambiente, os componentes diluem-se no ar, difundindo-se e sendo transportados rapidamente. Estes componentes podem ainda agregar-se a outros componentes presentes no ar e mudar a sua constituição. Esta mistura complexa denomina-se poluição tabágica ambiental e a sua inalação denomina-se exposição tabágica ambiental. A exposição tabágica ambiental encontra-se ligada ao aparecimento de resultados adversos para a saúde, sendo relatada uma relação de causalidade com doenças respiratórias, como a asma e bronquites em crianças, e com efeitos carcinógenos, como o cancro do pulmão, e ainda com as doenças cárdio-vasculares. O conhecimento científico da poluição tabágica ambiental tem vindo a aumentar significativamente nos últimos anos. Havendo antecedentes em relação à proibição de fumar em determinados locais, em Portugal, procuramos desenvolver uma leitura histórica destas proibições e das motivações que se encontram na sua base, de forma a melhor definirmos a situação actual e os passos que deverão seguir-se. 2. Legislação e directivas existentes em Portugal sobre a proibição de fumar em locais e o ponto da situação para uma abordagem com bases científicas 2.1. Legislação portuguesa sobre prevenção do tabagismo e proibição de fumar em locais Breve historial Em Portugal, desde o início que a legislação prevê a proibição de fumar em determinados locais. A primeira legislação sobre a prevenção do tabagismo data de 1982 (Decreto-Lei n. o 22/82, de 17 de Agosto). Já anteriormente a essa Legislação existiam diplomas referentes à proibição de fumar em determinados recintos (Decretos-Leis n. os e , de 20 de Novembro de 1959). Na introdução da legislação de 1983 (Decreto-Lei n. o 226/83, de 27 de Maio), que substituiu a de 1982, podemos encontrar as seguintes referências sobre a poluição ambiental provocada pelo uso do tabaco e a necessidade de legislar sobre a proibição de fumar em locais: «1. Anualmente morrem pessoas nos países da Comunidade Económica Europeia (CEE) por cancro no pulmão. Nos termos de uma declaração do Parlamento Europeu, o tabagismo foi considerado responsável pelo aumento do cancro do pulmão e de muitas outras doenças, entre as quais as cárdio-vasculares. Reconheceu também que os não fumadores sujeitos a ambientes viciados pelo fumo do tabaco se encontram igualmente expostos aos seus malefícios. [...] 6. A III Conferência Mundial sobre o Tabaco e a Saúde, que teve lugar em Nova Iorque em Junho de 1975, assinalou também a necessidade de uma acção legislativa num certo número de domínios, tais como a prevenção do tabagismo entre os adolescentes, particularmente nas escolas, a protecção dos não fumadores e a publicidade. 7. A IV Conferência Mundial sobre o Tabaco e a Saúde, que teve lugar em Estocolmo em Junho de 1979, considerou o tabagismo, conjuntamente com o trânsito, a poluição, o álcool e a nutrição imprópria, um dos grandes males das sociedades modernas. Confirmou a necessidade de pôr em prática as recomendações da OMS, chamando a atenção para a urgência da publicação e cumprimento de legislação adequada, em especial no que se refere à protecção de menores, grávidas e não fumadores e à restrição, proibição e controle da publicidade, de modo que se consiga uma sociedade em que não fumar seja o normal. [...] 12. No cumprimento do artigo 7. o daquele diploma, incumbe ao Governo proceder à sua regulamentação. Assim, no seguimento da lei, procura-se pelo presente articulado proteger os não fumadores e limitar o uso do tabaco, contribuindo, desta forma, para o desaparecimento ou diminuição dos riscos ou efeitos negativos que esta prática acarreta para a saúde dos indivíduos. [...]» Sendo este mesmo decreto-lei reconhecidamente válido até ao momento, foram várias as inclusões posteriores de novos locais de proibição ao uso do tabaco (Decreto-Lei n. o 393/88, de 8 de Novembro). 29

4 Situação actual Actualmente, a legislação portuguesa prevê a proibição de fumar através dos seguintes artigos: Decreto-Lei n. o 226/83, de 27 de Maio (contém as alterações introduzidas por outros decretos posteriores) [...] ARTIGO 2. o (Proibição de fumar em locais) 1 Não é permitido o uso do tabaco: a) Nas unidades em que se prestem cuidados de saúde, nomeadamente hospitais, clínicas, centros e casas de saúde, consultórios médicos, incluindo as respectivas salas de espera, ambulâncias, postos de socorros e outros similares e farmácias; b) Nos estabelecimentos de ensino, incluindo salas de aula, de estudo, de leitura ou de reuniões, bibliotecas, ginásios e refeitórios; c) Nos locais destinados a menores de 16 anos, nomeadamente estabelecimentos de assistência infantil, centros de ocupação de tempos livres, colónias de férias e demais unidades congéneres; d) Nas salas de espectáculos e outros recintos fechados congéneres; e) Nos recintos desportivos fechados; f) Nos locais de atendimento público, nos elevadores, nos museus e bibliotecas; g) Nas instalações do metropolitano afectas ao serviço público, designadamente nas estações terminais ou intermédias, em todos os seus acessos e estabelecimentos ou instalações contíguas. 2 Nos locais mencionados poderá ser permitido o uso do tabaco em áreas expressamente destinadas a fumadores, as quais não deverão incluir zonas a que tenham comummente acesso pessoas doentes, menores de 16 anos, mulheres grávidas ou que amamentem e desportistas. 3 É permitido estabelecer a proibição de fumar: a) Nos restaurantes, nas áreas que, por determinação da gerência, estejam reservadas a não fumadores, sinalizadas nos termos do artigo 4. o ; b) Nos locais de trabalho, na medida em que a exigência de defesa dos não fumadores torne viável a proibição de fumar, designadamente pela existência de espaços alternativos disponíveis. ARTIGO 3. o (Proibição de fumar em meios de transporte) 1 É proibido fumar nos veículos afectos aos transportes públicos urbanos de passageiros e, bem assim, nos interurbanos, nos expressos e nas carreiras de alta qualidade com duração até uma hora, incluindo os transportes rodoviários, ferroviários e fluviais. 2 Nas carreiras interurbanas, nas de alta qualidade e nos serviços expressos, turísticos e de aluguer com duração de viagem superior a uma hora é permitido fumar aos passageiros que ocupem os lugares das três últimas filas da retaguarda do veículo, podendo esta zona ser ampliada até um terço do total de lugares se no veículo estiver em funcionamento um dispositivo eficaz de escoamento do fumo. 3 Nos transportes colectivos ferroviários com duração de viagem superior a uma hora poderão ser destinados compartimentos, carruagens ou partes de carruagens a passageiros fumadores, não devendo os respectivos lugares exceder metade do total de cada classe e procurando evitar-se, na medida do possível, a propagação do fumo para junto dos não fumadores. 4 Nos barcos afectos a carreiras fluviais com duração de viagem superior a uma hora só será permitido fumar nas áreas descobertas, sem prejuízo das limitações constantes dos regulamentos emitidos pelas empresas transportadoras ou pelas capitanias de portos. 5 Até à publicação de normas específicas, os fumadores utentes dos transportes aéreos e marítimos continuarão sujeitos às restrições actualmente existentes. [...]» 2.2. Documentos produzidos a nível europeu sobre PTA Comissão das Comunidades Europeias Relatório sobre «progressos verificados no domínio da protecção da saúde pública contra os efeitos nocivos do consumo de tabaco» de 8 de Setembro de Breve síntese sobre a PTA Este relatório enfatiza aspectos relevantes abordados a nível da PTA e faz recomendações para a proibição de fumar em locais. A nível da necessidade de acção lemos o seguinte: «6 O consumo de tabaco [...] não fumadores. O consumo passivo é igualmente considerado um factor de risco de muitas doenças, em particular do cancro dos pulmões» (Boffetta et al., 1998). Na acção a nível comunitário determina como grupo prioritário, entre outros: «14 Os não fumadores têm todo o direito de exigir que os fumadores não prejudiquem a sua saúde, 30 REVISTA PORTUGUESA DE SAÚDE PÚBLICA

5 nomeadamente aqueles que sofrem de doenças respiratórias, as mulheres grávidas, as crianças e os trabalhadores expostos nos seus locais de trabalho, categorias estas que são particularmente vulneráveis aos efeitos da poluição tabágica ambiental (PTA). A PTA constitui uma fonte importante de poluição atmosférica interior, contendo mais de 4000 substâncias químicas sob a forma de partículas e de gases (Environmental Protection Agency, 1992). Entre os efeitos imediatos do consumo de tabaco passivo incluem-se a irritação dos olhos, dores de cabeça, tosse, dores de garganta, tonturas e náuseas. Os adultos com asma expostos ao fumo dos outros podem sofrer uma diminuição significativa das funções pulmonares e podem aparecer novos casos de asma entre crianças cujos pais fumam. Os não fumadores sofrem igualmente riscos acrescidos de ataques cardíacos (US. CAL EPA, 1997). A longo prazo, os fumadores passivos estarão expostos a riscos acrescidos de contracção de doenças relacionadas com o tabaco. Por exemplo, os não fumadores expostos ao fumo do tabaco em casa estão sujeitos a um risco de contracção de doenças cardíacas e de cancro nos pulmões 25% mais elevado do que as outras pessoas (Law et al., 1997; Hackshaw et al., 1997). O consumo de tabaco passivo é normalmente associado a um risco acrescido de infecções do aparelho respiratório, tais como a bronquite, a pneumonia e a bronquite infantil. Um estudo recente mostra que, numa casa onde os dois progenitores fumam, as crianças estão expostas a um risco de doenças do foro respiratório superior em 72% às outras (Strachan, 1997). O consumo de tabaco passivo está na origem de uma redução das funções pulmonares e do agravamento dos sintomas da asma nas crianças, bem como do aparecimento de novos casos de asma (International Agency for Research on Cancer, 1986; US Department of Health and Human Services, 1990).» Segundo este mesmo relatório, no seu parágrafo «24», em relação aos não fumadores e ao consumo de tabaco em locais públicos, esta Comissão, com vista a elaborar um novo relatório sobre as acções levadas a cabo pelos Estados membros sobre a proibição de fumar em locais abertos ao público, havia formulado uma carta aos Estados membros (carta de 15 de Outubro de 1998) donde constava o pedido de: «[...] informações nas seguintes áreas: Adopção de nova legislação ou disposições voluntárias sobre consumo de tabaco em locais públicos; Alteração ou revogação de legislação vigente ou disposições voluntárias em vigor sobre o consumo de tabaco em locais públicos; Eventual classificação da PTA como agente cancerígeno presente no local de trabalho; Adopção ou intenção de adoptar legislação sobre o consumo de tabaco nos locais de trabalho.» Situação actual e respostas portuguesas A resposta de Portugal a estas questões nesta altura (1999), nos parágrafos «143» a «146», foi no sentido de que: Em relação à legislação, nenhuma alteração legislativa foi feita desde 1995 ou estava previsto ser feita a curto prazo, incluindo nos locais de trabalho, onde vigora a legislação que permite esta proibição nos locais de frequência de funcionários e de não fumadores, mas não obriga. O Ministério da Saúde adoptou, desde 1989, esta proibição parcial nos seus estabelecimentos, onde continua a ser permitido o consumo em escritórios individuais, salas onde todos são fumadores e salas específicas destinadas para o efeito. Semelhante permissão ocorre nos estabelecimentos escolares, concedida pelo Despacho n. o 8/ME/88 do Ministério da Educação, onde, apesar da proibição, é permitido que tal ocorra na sala do pessoal e em zonas específicas; Em relação à classificação da PTA como agente cancerígeno presente no local de trabalho, esta deverá ser analisada, tendo em conta as provas científicas do papel do tabaco como causador do cancro. 3. Foco da problemática em questão: poluição tabágica ambiental (PTA) e as suas consequências para a saúde humana Percepção e formulação da problemática em questão Após um levantamento superficial da situação actual e das perspectivas apresentadas para Portugal dentro de um quadro europeu, parece ser claro e aceitável do ponto de vista governamental a ideia de que a PTA tem efeitos a nível da saúde do ser humano e dos ambientes internos. Tal situação parece estar relacionada com várias doenças e distúrbios para aqueles que estão expostos, onde os mais graves a longo prazo incluem doenças tanto cardíacas como pulmonares, nomeadamente cancro do pulmão. Devido principalmente a esta última correlação, existe uma proposta euro- 31

6 peia para que os Estados membros reconheçam voluntariamente a PTA como uma substância carcinógena humana, à semelhança do tabaco. Tal já foi feito pelos EUA, classificando a PTA como pertencente aos agentes carcinógenos humanos da «classe A». A nível dos locais de trabalho tal situação tem ganho relevância, principalmente quando comparada a outras de igual valor ao nível da poluição e da saúde ocupacional, demonstrando um risco de saúde acrescido e pondo em perigo a saúde dos trabalhadores. Existem grupos específicos em que a exposição à PTA é mais relevante ainda, destacando-se as crianças. A exposição destas torna-se problemática, principalmente em casa, e devido ao facto de estas não poderem optar pela sua não exposição. Na prática, em Portugal, as leis sobre proibição de fumar, quando estas são claras na sua regulamentação e aplicação, têm sido aceites e respeitadas e, mesmo quando contestadas por aqueles que fumam, não deixam de ser cumpridas, quando exigido. Os abusos e condutas desviantes do esperado ocorrem, mais comummente, quando é dada alguma abertura e liberdade sobre a possibilidade de os próprios ou as instituições legislarem em causa própria. Por outro lado, as questões relacionadas com os direitos dos fumadores e não fumadores sobre o acto de fumar e o local onde este acto pode ser praticado mantêm-se na base da liberdade de acção e respeito social pelos outros que se sentem incomodados, não sendo esclarecidas, com a devida ênfase, as razões de saúde e segurança humanas envolvidas. Actualmente, os prejuízos à saúde em relação ao consumo de tabaco têm sido esclarecidos, mas tal ainda não está totalmente esclarecido e devidamente divulgado em relação à exposição à PTA. Assim, estas evidências devem estar cientificamente validadas de forma que não possam pôr-se em causa as medidas a serem tomadas, as suas implicações e impacto. Somente desta forma poderemos igualmente medir as consequências positivas de tais medidas num futuro mais ou menos longo. Qualquer alteração legislativa sobre a definição de proibição de fumar em locais, com a inclusão clara destes locais, deve conter em si a evidência de que tais actos põem em risco a saúde e/ou a segurança dos expostos e dos locais, de modo que fiquem claras as razões principais da proibição e as consequências do seu não cumprimento para todos os envolvidos. Assim, vamos tentar recolher e organizar essas evidências, verificando nas suas fontes científicas o peso e a consistência que estes estudos oferecem. 4. Descrição das evidências encontradas e estudos desenvolvidos que estarão na base da formulação de recomendações 4.1. PTA e os riscos do fumador passivo: as evidências encontradas e a qualidade, avaliação e classificação dos estudos que lhe servem de base A literatura aponta para a existência de inúmeras doenças relacionadas com a exposição à poluição tabágica ambiental. Actualmente, muitas mais doenças têm sido relatadas como estando associadas a esta exposição, como o demonstra a tabela fornecida pela Cal EPA (US. CAL EPA, 1997), apresentada no Anexo 1. Apesar do extenso conjunto de supostas evidências encontradas, consideramos que o foco de uma tomada de decisão em relação à problemática em questão deve-se concentrar na existência de uma relação causal consistente, por um lado, e na presença de consequências graves para a saúde, por outro. Desta forma, e segundo a tabela acima indicada, optou-se por analisar as evidências relativas aos itens que se seguem: Doenças respiratórias na infância; Cancro do pulmão; Doença isquémica do coração Doenças respiratórias na infância Apresentação A relação entre a exposição à poluição tabágica ambiental e a variedade de doenças respiratórias tem sido analisada extensivamente na literatura. Entre crianças, as doenças mais estudadas incluem a indução e a exacerbação da asma, doenças como bronquite, bronquiolite e pneumonia, alterações no desenvolvimento dos pulmões e otites do ouvido médio. Entre os adultos, os pontos de interesse vão para as doenças pulmonares, redução da função pulmonar e sintomas de irritação respiratória das vias superiores. Numa revisão recente concluiu-se que existe evidência suficiente que permite concluir que o fumo passivo está causalmente associado a um maior número de episódios ou a episódios mais severos de asma em crianças que já têm a doença. Existem igualmente evidências de que a exposição à poluição tabágica ambiental pode despertar sintomas agudos de asma em adultos (US. CAL EPA, 1997). O consumo de tabaco pela mãe duplica o risco de síndroma de morte súbita infantil. A relação é certa- 32 REVISTA PORTUGUESA DE SAÚDE PÚBLICA

7 mente causal e o fumo expelido pelos pais é importante (Anderson e Cook, 1997). Filhos de pais fumadores apresentam maior risco de problemas respiratórios e, embora o cigarro fumado pela mãe tenha um maior efeito do que o fumado pelo pai, este último não deixa de ser significativo. Estas crianças também estão expostas a um risco acrescido de complicações agudas e crónicas do ouvido médio. Todos estes estados parecem ter uma relação causa-efeito (Cook e Strachan, 1999). Segundo um relatório da OMS de 1999, a exposição da criança à PTA é involuntária e ocorre devido a o acto de fumar ser desenvolvido maioritariamente por adultos em locais onde as crianças habitam, desenvolvem actividades ou brincam. Dado que a nível mundial mais de mil milhões de adultos fumam, a OMS estima que cerca de 700 milhões, ou seja, quase metade das crianças de todo o mundo, estão expostas à PTA, predominantemente em casa. Este vasto número de crianças expostas constitui uma significativa ameaça à saúde pública, sendo «a evidência deste dano à criança consistente e robusta». Segundo o mesmo relatório, «o acto de fumar pelos pais e outros adultos [...] tem efeitos decisivos após o nascimento, incluindo o aumento dos riscos relativos de infecção do tracto respiratório inferior durante a infância, assim como sintomas respiratórios e doenças do ouvido médio entre crianças mais velhas. Embora o aumento destes riscos seja moderado, estes são problemas de saúde comum por todo o mundo. Deste modo, pequenos aumentos de risco traduzem- -se por um peso substancial de doença na criança, resultantes da exposição à PTA» (OMS, 1999). Desta forma iremos dedicar-nos a rever as últimas evidências que comprovam as doenças respiratórias do tracto respiratório inferior devidas à PTA. primeiros 3 anos de vida de crianças foi recolhida através da Medline e Embase (692 artigos considerados), tendo sido seleccionadas 50 publicações consideradas relevantes para a revisão, tendo 38 sido incluídas numa meta-análise realizada. Destas 38, 10 eram estudos caso-controle, 21 cohort, 2 ensaios clínicos controlados e 5 «cross sectional surveys» de crianças em idade escolar. Dos 50 estudos totais, 24 foram verificados directamente na comunidade e divididos em 3 grupos relacionados com a análise, respectivamente, de doenças respiratórias do tracto inferior, doenças de «chiado do peito» e doenças do tracto inferior e superior. 17 estudos eram de admissão no hospital, tendo sido divididos em 2 grupos, respectivamente, de doenças respiratórias do tracto inferior e doenças do tracto inferior e superior. Foi ainda procurada informação em relação ao grau para o qual os efeitos do fumo dos pais eram alterados por ajustamento a potenciais variáveis de confundimento se havia evidência de uma relação dose-resposta e testada a heterogeneidade. Os resultados foram avaliados para os estudos da comunidade, para as admissões nos hospitais e para a combinação das doenças do tracto inferior e superior. Foram ainda avaliadas a independência do confundimento (cerca de metade dos estudos de cohort e apenas um quarto dos caso-controle apresentavam estimativas dos efeitos de fumar antes e depois do ajustamento para as variáveis de confundimento), a relação dose-resposta, os efeitos encontrados em diagnósticos específicos de doenças respiratórias, os efeitos do fumo dos pais em diferentes idades, o factor exposição pré-natal ou pós-natal e discutidos alguns vieses. A selecção demonstra ter sido feita de forma rigorosa, além de ter sido levada em conta a heterogeneidade dos estudos. Avaliação da evidência Existe uma associação causal entre a exposição à PTA e o aparecimento de doenças respiratórias do trato inferior em crianças? Estudo analisado COOK, D. G.; STRACHAN, D. P. Parental smoking and lower respiratory illness in infancy and early childhood. Thorax. 52 (1997) Desenho do estudo A revisão da evidência relacionada com a exposição à PTA e doenças respiratórias do tracto inferior nos Classificação da evidência Foi identificada como sendo do tipo II.1 (Last, 1995). Força da associação Foi identificada uma relação causal entre a exposição à PTA e o aparecimento de doenças respiratórias do tracto inferior em crianças, embora tenha sido impossível distinguir as contribuições independentes do fumo da mãe em fase pré-natal e pós-natal. Os resultados na comunidade e na admissão aos hospitais são consistentes e apenas uma publicação reportava um risco reduzido para filhos de fumadores. Os OR encontrados são OR = 1,57 (IC 95% = 1,42-1,74) quando qualquer um dos pais fuma e OR = 1,72 33

8 (IC 95% = 1,55-1,91) quando a mãe fuma. Foi encontrado ainda um OR = 1,29 (IC 95% = 1,16-1,44) associado ao facto de outros membros da família fumarem numa situação em que a mãe não é fumadora. Relação dose-resposta Existe uma evidência da relação dose-resposta nos estudos analisados pelo autor, tendo sido encontrados valores estatisticamente significativos em cerca de 9 estudos de cohort que reportavam esta relação, quer em relação ao número de fumadores ou à quantidade fumada em casa, quer especificamente em relação à quantidade de cigarros fumados pela mãe. No entanto, os valores desta relação não estavam disponíveis. O autor refere que, não sendo possível realizar uma análise conjunta dos dados disponíveis nos diversos estudos sobre a relação dose-resposta, tal não impede que se possa verificar a presença desta relação numa grande maioria dos estudos disponibilizados. Consistência O resultado encontrado demonstra ser consistente devido à dimensão dos estudos nele inseridos, bem como da população abrangida (dezenas de milhares). Os autores utilizaram estudos realizados em muitos países (Reino Unido, Finlândia, Suécia, Nova Zelândia, Itália, China, África do Sul, Canadá, Brasil, etc.) que encontraram conclusões significativamente semelhantes. O artigo indica ainda diversos outros artigos nos quais este foi citado como referência, além de ter sido publicado na revista Thorax. Os autores possuem uma vasta quantidade de estudos publicados sobre o tema na revista Thorax e na BMJ, além de serem citados nos diversos relatórios, como no Cal EPA (1997), no Cal EPA (1999) e ainda no NHMRC (1997). Especificidade O critério de especificidade não é satisfeito na totalidade. As doenças respiratórias têm outras causas, para além da exposição à PTA. No entanto, a exposição à PTA encontra-se na origem dessas manifestações, contribuindo significativamente para o seu crescimento e desenvolvimento. Relação temporal A presença de estudos de cohort permite identificar um maior número de casos de desenvolvimento de doenças respiratórias em crianças nestes ambientes, principalmente até aos 2 anos. Embora haja evidência limitada no que respeita a exposição à PTA em períodos pré-natal e pós-natal, tal evidência demonstra que a exposição influencia a ocorrência de doenças respiratórias nas crianças. Plausibilidade biológica Não foram apresentadas quaisquer referências a factores biológicos. Coerência da evidência A plausibilidade para uma explicação causal e coerente é apoiada por vários estudos epidemiológicos. Nas situações em que ambos os pais fumam, a frequência de doenças em crianças encontra-se quase invariavelmente associada com os hábitos fumadores da mãe, o que é consistente com a relação mais próxima que esta mantém normalmente com os filhos. O facto de muitas potenciais variáveis de confundimento terem de ser levadas em conta pode causar algumas diferenças nos resultados encontrados. No entanto, a relação entre a exposição e a doença não tem sofrido alterações significativas quando a análise é ajustada a essas variáveis. Tais variáveis, que não foram mencionadas na revisão, mas que podem ter sido levadas em conta nos estudos analisados, incluem diferenças em grupos étnicos, sintomas de doenças respiratórias nos pais, status sócio-económico, sexo da criança e condições da habitação. Conclusão A evidência encontrada mostra-se suficientemente conclusiva, tanto em termos qualitativos quanto em termos quantitativos, estando o risco bem delimitado. Desta forma, torna-se adequada uma intervenção em relação a este risco (exposição à PTA). Deve ser dada uma atenção especial às questões ligadas à saúde infantil e ao desenvolvimento, principalmente quando as estimativas existentes mostram que grande parte das crianças se encontra involuntariamente exposta e que os pais, bem como parentes próximos, não recebem a informação nem se encontram sensibilizados para evitarem tais situações. A mesma atenção deve ser dada em relação à interrupção do uso do tabaco por esses familiares. Do mesmo modo, deveriam ser desenvolvidos estudos que avaliassem a prevalência de tal situação na população portuguesa e nos diferentes locais em que 34 REVISTA PORTUGUESA DE SAÚDE PÚBLICA

9 os indivíduos possam estar expostos, de modo a avaliar-se o peso da doença derivado deste factor e as características da população envolvida nesta problemática Cancro do pulmão Apresentação A poluição tabágica ambiental é reconhecida como um carcinógeno humano com base em evidências de estudos em humanos que indicam uma relação causal entre a exposição passiva ao fumo do tabaco e o cancro humano (revisto in IARC, V.38, 1986; US EPA, 1992; Cal EPA, 1997; NHMRC, 1997; Cal EPA, 1999). Os estudos mais recentes também apoiam uma associação entre a poluição tabágica ambiental e o cancro dos seios nasais (Cal EPA, 1997; NHMRC, 1997; Cal EPA, 1999). A maior parte da evidência de um risco aumentado de cancro derivado da poluição tabágica ambiental encontra-se em estudos de esposas não fumadoras que vivem com maridos que fumam, exposições de não fumadores à poluição tabágica ambiental em meio laboral e exposição ao fumo dos pais durante a infância. Muitos estudos, incluindo estudos recentes caso-controle de grandes populações, demonstram um aumento dos riscos de cerca de 20% para o desenvolvimento de cancro do pulmão após exposição prolongada à poluição tabágica ambiental (Hackshaw et al., 1997). Alguns desses estudos sugerem o aumento dos riscos com o aumento da exposição. A exposição à poluição tabágica ambiental de cônjuges fumadores (Hackshaw et al., 1997), ou a exposição em meio laboral, parece mais fortemente associada a um risco aumentado. Avaliação da evidência Existe uma associação causal entre a exposição à PTA e o risco de cancro do pulmão? Estudo analisado HACKSHAW, A. K., et al. The accumulated evidence of lung cancer and environmental tobacco smoke. British Medical Journal. 315 (1997) Desenho do estudo Os estudos sobre PTA e cancro no pulmão foram recolhidos através da MEDLINE, das citações de cada estudo e da consulta a colegas. Foram incluídos estudos de cancro de pulmão durante a vida de não fumadores com base no facto de o cônjuge fumar ou nunca ter fumado. Após excluírem uma série de estudos que não preenchiam critérios adequados para poderem ser analisados, Hackshaw et al. (1997) encontraram 39 estudos (5 de cohort e 34 de caso-controle) que podiam ser utilizados. No entanto, para alguns resultados foi feita uma meta-análise com apenas 37 desses estudos epidemiológicos seleccionados por se referirem exclusivamente a estudos de mulheres expostas a PTA através do seu cônjuge fumador, já que estes apresentavam uma maior validade e definição. A selecção demonstra ter sido feita de forma rigorosa, além de ter sido levada em conta a heterogeneidade dos estudos. Classificação da evidência Foi identificada como sendo do tipo II.2 (Last, 1995). Força da associação Hackshaw et al. (1997), numa meta-análise de 37 estudos epidemiológicos de risco de cancro do pulmão (n = 4626) em não fumadores, que viviam e não viviam com um fumador, encontraram um risco acrescido de 24% (IC de 95%, entre 13% e 36%) em não fumadores que viviam com um fumador (p < 0,001). Esta meta-análise sugere que existe um risco relativo acrescido de aparecimento de cancro do pulmão associado ao facto de o cônjuge fumar. Este risco relativo é pequeno, pelo que deve ser considerado com cautela, já que tal poderá ser atribuído a vieses ou confundimentos. Contudo, neste estudo foram considerados, de forma cuidadosa, dois tipos de vieses (um em relação à existência de falsas informações das esposas que diziam não fumar e que poderia reduzir o risco para 1,18 e outro em relação ao facto de o grupo de controle poder estar exposto à PTA noutros locais, o que alteraria o risco encontrado para cerca de 1,26) e um de confundimento (ligado à alimentação, nomeadamente frutas e vegetais, já que poderia ser um factor protector de cancro, tendo concluído que a inclusão desse factor de confundimento apresentaria um resultado 1,21 que poderia ser negligenciado) que poderiam afectar o resultado dos estudos, tendo sido rejeitados como explicações possíveis para a associação de cancro do pulmão à PTA. Todavia, levando em consideração todos os factores, haveria uma tendência para estes se anularem mutuamente, aproximando-se a taxa bruta original da verdadeira taxa. 35

10 Relação dose-resposta A relação dose-resposta entre o risco de cancro do pulmão e o número de cigarros fumados pelo cônjuge e a duração da exposição foi significativa, havendo provas de uma relação directa tanto para o número de cigarros fumados por dia como para o tempo ou duração da exposição e o cancro do pulmão. Assim, o risco aumenta 23% (14% a 32%) por cada dez cigarros fumados/dia pelo marido (88% se fumar 30 cigarros/dia). Por outro lado, 11 dos estudos examinaram o risco de acordo com o número de anos que o cônjuge vivia com o fumador, verificando-se um aumento significativo no risco em relação ao aumento da duração da exposição de 11% (4% a 17%) por cada 10 anos de exposição (35% para 30 anos de exposição). Consistência O resultado deste estudo demonstra ser consistente devido à dimensão dos estudos nele inseridos (37), bem como da população abrangida (n = 4626). O artigo indica ainda diversos outros artigos nos quais foi citado como referência, além de ter sido submetido ao Scientific Committee on Tobacco and Health at the Department of Health, e publicado no BMJ. A participação de Richard Doll e outros nomes respeitados no meio científico, bem como o apoio do Health Department (England), são também factores indicativos de consistência do trabalho. Outros relatórios/estudos concordantes a mesma evidência tem sido sistematicamente encontrada através de revisões de estudos e relatórios desde 1992 com US EPA Report (US Environmental Protection Agency, 1992), tendo-se repetido com Cal EPA, 1997 (US. CAL EPA, 1997), Cal EPA, 1999 (US. CAL EPA, 1999), e ainda no NHMRC, 1997 (Canada. National Health and Medical Research Council, 1997). Especificidade O critério de especificidade não é satisfeito na totalidade. A PTA tem outros efeitos, para além do cancro do pulmão, e, por sua vez, o cancro do pulmão tem outras causas, para além da PTA. Todavia, fazendo uma analogia com o tipo de cancro e a taxa de risco de cancro no pulmão de fumadores encontrada, pode perceber-se que a exposição à PTA e o seu risco se comportam de forma semelhante a uma baixa dose do consumo de tabaco. Relação temporal É improvável que o facto de possuir cancro do pulmão leve as pessoas a estarem expostas à PTA. A presença de estudos de cohort e o seu desenho mostram claramente que o cancro do pulmão se desenvolve após a exposição à PTA. Plausibilidade biológica A exposição à PTA ser causadora de cancro parece ser biologicamente plausível, tendo sido discutida no estudo. No estudo encontraram-se diversas referências em relação à presença de substâncias carcinógenas derivadas da exposição à PTA nos não fumadores expostos. Estudos referem, inclusive, substâncias carcinógenas específicas relacionadas com o cancro do pulmão. Pensamento por analogia Sabe-se que fumar causa cancro do pulmão. Fumadores passivos e fumadores activos estão expostos às mesmas substâncias químicas, pelo que é razoável sugerir que a exposição ao fumo possa causar cancro. Tal facto contribui para a credibilidade dos resultados encontrados. Coerência da evidência A evidência da ligação entre a exposição à PTA e o cancro do pulmão é coerente. Esta coerência é demonstrada no estudo através de uma extrapolação do risco estimado de cancro de pulmão em fumadores, comparada com os resultados encontrados em fumadores passivos. Os valores encontrados possuem um peso similar. Conclusão A evidência encontrada mostra-se suficientemente conclusiva tanto em termos qualitativos quanto em termos quantitativos, estando o risco bem delimitado. Desta forma, torna-se adequada uma intervenção em relação a este risco (exposição à PTA). Em relação a este assunto, já desde 1992 que, nos EUA, a Environment Protection Agency definiu a PTA (ETS) como substância carcinógena, actualmente inserida na «lista A» das substâncias conhecidas. Tal classificação implicaria a limitação e vigilância desta substância (PTA) em locais de acesso ao público, ambientes colectivos ou de trabalho. 36 REVISTA PORTUGUESA DE SAÚDE PÚBLICA

11 Assim, deveriam ser desenvolvidos estudos que avaliassem a prevalência de tal situação na população portuguesa e nos diferentes locais em que os indivíduos possam estar expostos, de modo a ser avaliado o peso da doença derivado deste factor Doença isquémica do coração Apresentação Respirar o fumo do cigarro de outras pessoas é igualmente uma causa importante e evitável de doença isquémica cardíaca, ao aumentar o risco de exposição do indivíduo em aproximadamente 25%. Isto é principalmente explicado por uma relação dose-resposta, não linear, entre a exposição ao fumo do tabaco e o risco de doença cardíaca (Law, 1997). Avaliação da evidência Existe uma associação causal entre a exposição à PTA e o risco de doença cárdio-vascular, particularmente doença isquémica do coração? Estudo analisado LAW, M. R., et al. Environmental tobacco smoke exposure and ischaemic heart disease : an evaluation of the evidence. British Medical Journal. 315 (1997) Desenho do estudo O estudo avaliou 5 situações. A primeira traduziu-se numa meta-análise de 19 estudos (9 cohort prospectivos e 10 caso-controle), de 21 que tinham sido seleccionados, publicados e aceites, de risco de exposição à PTA e doença isquémica do coração, todos utilizando como medida de exposição o facto de o cônjuge fumar. Em seguida, foi feita uma análise de 5 estudos de cohort, separadamente, para verificar a relação entre baixas doses de consumo de tabaco em fumadores e a doença isquémica do coração. Os mesmos estudos foram utilizados para determinar quanto do risco da doença era reversível após alguns anos de parar de fumar como estimativa indirecta da extensão do confundimento. Em quarto lugar, e porque as pessoas expostas à PTA comem menos vegetais e tal está associado com um aumento do risco de doença isquémica do coração, foram analisadas as informações também para estimar a extensão do confundimento. Finalmente, foram feitos estudos relacionados com a agregação das plaquetas, já que esta agregação pode tornar compreensível ou justificar o grande efeito da exposição no risco da doença isquémica do coração. Desta forma, parece-nos que o desenho escolhido foi o mais adequado, sendo bastante complexo na sua elaboração e englobando estudos específicos para cada variável considerada. Os estudos foram recolhidos através da MEDLINE, das citações de cada estudo e artigos de revisão e da consulta a colegas. A selecção demonstra ter sido feita de forma rigorosa. Classificação da evidência Foi identificada como sendo do tipo II.2 (Last, 1995). Força da associação Através da meta-análise realizada com 19 estudos, o risco relativo da doença isquémica do coração associado à exposição à PTA é de 30%, na idade de 65 anos (IC 95% = 1,22-1,38) (p < 0,001). A força desta associação demonstra-se pela grande improbabilidade de se obterem estes resultados repetidamente em diversos estudos devido ao acaso, independentemente da dimensão, como é o caso dos estudos recolhidos nesta pesquisa. Contudo, neste estudo foi levada em consideração a variável de confundimento dieta pobre em vegetais (responsável por um risco acrescido de doença isquémica do coração de 6%), e que normalmente está presente em fumadores e nos que convivem com estes. Uma análise detalhada a respeito deste assunto demonstrou que o risco total de doença isquémica do coração associada à exposição à PTA, levando em conta a dieta como confundimento, é ainda de 23% (1,30/1,06 = 1,23), com IC 95% = 1,14-1,33, permanecendo da mesma forma uma clara associação. Relação dose-resposta A relação dose-resposta foi avaliada em cada um dos 5 estudos prospectivos que associam a quantidade de tabaco fumado e o risco de doença. Os 5 estudos demonstram que existe alguma evidência para a associação entre o nível de exposição e o risco da doença, já que o risco de doença isquémica do coração aumenta continuamente com o consumo diário de tabaco nos fumadores. Definindo o risco relativo 37

12 para não fumadores = 1,00, as estimativas dos riscos associados ao consumo de baixas doses foram analisadas, sendo consistentes entre si, e demonstrando que o risco relativo de fumar um cigarro por dia era de 1,39 (1,18-1,64, p < 0,001), e com 20 cigarros/dia era de 1,78, demonstrando uma relação dose-resposta. Assim sendo, é possível extrapolar estes dados, comparando-os com os da exposição à PTA, associando uma relação dose-resposta semelhante para o aumento do risco de doença isquémica do coração e exposição à PTA. Consistência A dimensão da pesquisa, que inclui uma meta-análise de 19 estudos em não fumadores expostos à PTA e uma análise de 5 estudos de cohort de fumadores, permite demonstrar uma consistência considerável seja pela quantidade de estudos nela inseridos, seja pela forma como foi delineada. No entanto, não está acessível o tamanho da população estudada em cada caso, apesar de encontrarmos algumas referências que nos levam a crer em números que excedem alguns milhares de indivíduos (exemplo: 6600 eventos de doença isquémica relatados na meta-análise). Esta consistência também é confirmada por diversas outras meta-análises de estudos de menores dimensões, com resultados similares, que foram referenciadas tanto em estudos de cohort com homens e com mulheres como em estudos de caso-controle. A participação de Richard Doll e outros nomes respeitados no meio científico, bem como o apoio do Health Department (England), são factores indicativos da consistência do trabalho. O artigo indica ainda diversos outros artigos nos quais foi citado como referência, além de ter sido publicado no BMJ. Outros relatórios/estudos concordantes a mesma evidência tem sido sistematicamente encontrada através de revisões de estudos e relatórios desde 1992 com US EPA Report, 1992 (US Environmental Protection Agency, 1992), tendo-se repetido com a Cal EPA, 1997 (US. CAL EPA, 1997), Cal EPA, 1999 (US. CAL EPA, 1999), e ainda no NHMRC, 1997 (Canada. National Health and Medical Research Council, 1997). Relação temporal A relação temporal é claramente estabelecida através dos estudos de cohort (9 estudos) presentes na meta- -análise, já que estes indivíduos não apresentavam qualquer sintoma que evidenciasse alguma doença antes da exposição. Plausibilidade biológica Foram relatados 8 estudos na pesquisa com animais que comprovam os efeitos da exposição à PTA numa razão de 50% a 100% mais problemas cárdio-vasculares entre animais expostos e controles não expostos. Pensamento por analogia Sabe-se que fumar causa doença isquémica do coração. Fumadores passivos e fumadores activos estão expostos às mesmas substâncias químicas, pelo que é razoável sugerir que a exposição possa causar a doença isquémica do coração. Tal facto contribui para a credibilidade dos resultados encontrados. A mesma analogia foi utilizada como hipótese da diminuição do risco após a interrupção da exposição. Apesar dos diferentes mecanismos de absorção para os dois casos das substâncias químicas que estão na origem da doença, estas, além de semelhantes, actuam da mesma forma no organismo humano, provocando assim efeitos finais semelhantes. Coerência da evidência A evidência é coerente. A consistência dos resultados, a evidência da relação dose-resposta e a existência de estudos controlados em animais permitem admitir com um certo grau de confiança que os resultados reflectem uma relação causa-efeito, em vez de um mero artefacto estatístico. A disponibilidade de estudos de cohort significa que podemos ter alguma certeza no facto de que a exposição precedeu o início da doença. No entanto, torna-se algo surpreendente a proximidade dos resultados encontrados para a exposição à PTA e para o consumo de baixas doses de tabaco. Especificidade Apesar de as doenças isquémicas do coração estarem ligadas a múltiplos factores, a exposição à PTA demonstra contribuir claramente para que tal situação se manifeste. Conclusão A evidência encontrada mostra-se suficientemente conclusiva quanto ao facto de que a exposição à PTA aumenta o risco de doença isquémica do coração, estando o risco bem delimitado. Em termos propor- 38 REVISTA PORTUGUESA DE SAÚDE PÚBLICA

13 cionais, este risco mostra ser da mesma magnitude que o encontrado para o cancro do pulmão, mas o número de mortes por doenças do coração será muito superior devido ao facto de estas doenças serem muito mais frequentes do que o cancro do pulmão. Assim, tal evidência cresce em importância devido às suas consequências. Desta forma, torna-se adequada uma intervenção em relação a este risco (exposição à PTA) no que respeita a este assunto. Uma prevenção da PTA de modo a reduzir a exposição proporcionaria uma diminuição do risco maior do que a adopção de uma dieta alimentar saudável. Do mesmo modo, deveriam ser desenvolvidos estudos que avaliassem a prevalência de tal situação na população portuguesa e nos diferentes locais em que os indivíduos possam estar expostos, de modo a avaliar-se o peso da doença derivado deste factor Principais conclusões e inserção no contexto português O tabagismo e o meio ambiente interno Nos recintos fechados onde se fuma, o ar encontra-se poluído com as mais de 4000 substâncias tóxicas do fumo do tabaco, nomeadamente a nicotina, o monóxido de carbono e outros elementos lesivos para o aparelho respiratório e sistema cárdio-vascular. De todas as poluições ambientais, a mais frequente é a tabágica, que comummente atinge 80% do total dos agentes poluidores nestes locais (Brasil. Ministério da Saúde. INCA, 2000). O grau de poluição tabágica ambiental varia de acordo com a dimensão e disposição arquitectónica dos recintos, com o arejamento, com o número de fumadores e a quantidade de cigarros consumidos. Considerando-se o monóxido de carbono, o padrão definido para o ar ambiental é de 9 partes por milhão (ppm) e a concentração máxima permitida no ar urbano é de 30 ppm. Nos ambientes de trabalho fechados, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) considera 50 ppm a concentração máxima a ser atingida. Nos locais onde se fuma ultrapassam-se frequentemente estes valores. Em alguns restaurantes, no final do dia, pode chegar a haver 1000 partes por milhão e em recintos com muitos fumadores, como discotecas, já se têm detectado vários milhares de partes por milhão de monóxido de carbono. Sabendo que as pessoas passam 80% do seu tempo em locais fechados, tais como trabalho, residência, locais de lazer e hospitais, o fumo do tabaco é considerado pela Organização Mundial de Saúde o maior agente de poluição do meio ambiental interno. Os poluentes do tabaco dispersam-se homogeneamente na atmosfera ambiente, de tal forma que os não fumadores próximos ou distantes dos tabagistas acabam por inalar as mesmas quantidades desses poluentes. Esses e outros dados revelam que todas as tentativas de limpar a atmosfera da poluição tabágica nos prédios onde se fuma são infrutíferas, como a renovação mecânica da ventilação, processos químicos e de filtragem, sendo que a única saída para se conseguir um ambiente isento da PTA é mantê-la no nível zero, isto é, abolir completamente o consumo de tabaco. Os fumadores passivos As pessoas que vivem expostas à poluição ambiental, seja nos locais de trabalho, nos domicílios ou em outros locais, inalam substâncias tóxicas do fumo, o que é comprovado por apresentarem quantidades variáveis, conforme os casos, de cotinina (substância resultante da sua decomposição) na urina, no sangue e na saliva. O mesmo sucede com outras substâncias tóxicas do fumo. São chamados fumadores passivos. Os malefícios para a saúde dos fumadores passivos variam de acordo com o tempo e a intensidade de exposição à poluição tabágica ambiental e de acordo com a idade. Entre estes malefícios destacam-se: As crianças de baixa idade cujos pais (especialmente a mãe) são fumadores, com muito mais frequência (+ 57% para qualquer dos pais e + 72% para a mãe), apresentam o chamado «chiado do peito» e têm risco acrescido de virem a sofrer de bronquiolite, bronquite, pneumonia, otite, sinusite e amigdalite; As crianças em idade escolar têm com mais frequência tosse, expectoração, surtos agudos de bronquite e ataques de asma; Os adultos expostos à poluição tabágica ambiental na residência ou no local de trabalho, durante muitos anos, têm valores funcionais respiratórios abaixo dos padrões normais; Da mesma forma, os adultos expostos à poluição tabágica ambiental na residência ou no local de trabalho, durante muitos anos, têm muito maior risco de contraírem doenças isquémicas do coração (+ 30%) e cancro do pulmão (+ 24%), em confronto com os não expostos; Nos adultos que são fumadores passivos desde a infância, esses riscos são aumentados significativamente. Nos EUA, a US Environment Protection Agency definiu a PTA (ETS) como substância carcinógena, actualmente inserida na «lista A» das substâncias 39

14 conhecidas. Tal classificação implica a limitação e vigilância desta substância (PTA) em locais de acesso ao público, ambientes colectivos ou de trabalho. Não existem dados confirmados sobre o montante de fumadores passivos no mundo. Sabendo-se que os tabagistas são mais de mil milhões, o número de fumadores passivos deve ser, pelo menos, o dobro, sendo que cerca de 700 milhões são crianças. Este último número corresponderia a quase metade das crianças de todo o mundo. Estudos de vários países reafirmam estes números, apresentando uma percentagem de crianças fumadoras passivas que oscila entre 50% e 70% da população desta faixa etária. O contexto português Após relatar anteriormente as evidências tidas como mais significativas para as tomadas de decisão nesta área, podemos agora perceber o impacto que a PTA causa na população portuguesa. Partindo de estudos a nível europeu sobre a prevalência do tabagismo na população portuguesa (Portugal. Ministério da Saúde, 2000), sabe-se que 26% da população são fumadores, o que nos levaria a estimar que o dobro deste número está exposto à PTA, totalizando cerca de metade da população portuguesa. A maior parte destes fumadores encontra-se em idade activa e inserida em algum contexto laboral ou educacional. Os fumadores passivos que aí se encontram são os mais expostos devido ao tempo de exposição e ao número de fumadores presentes nesses locais. Por outro lado, uma boa parte destas pessoas possuem famílias com crianças em casa. 5. Poluição tabágica ambiental (PTA) e a definição da proibição de fumar em determinados locais em território português Formulação de recomendações para a tomada de decisões Considerando que os custos inerentes às medidas legislativas a serem propostas são reduzidos, podendo ser facilmente absorvidas pelos serviços e indivíduos directamente afectados, e que os benefícios materiais, económicos, sociais e a nível da saúde pública poderão ser bastante significativos, apresenta-se a seguinte proposta: A) Recomenda-se a nível da legislação: 1. A aplicação de medidas claras que incidam sobre as situações que envolvam a exposição à PTA, fornecendo um quadro de esclarecimento e conscientização de todos os envolvidos; 2. Ao mesmo tempo, que se defina claramente, nos locais onde é possível e viável fazê-lo, uma limitação para o consumo de tabaco quando e onde este seja prejudicial a terceiros; 3. Desta forma, por motivos ligados à saúde pública e dos indivíduos em particular: 3.1. Que, como refere o actual artigo 2. o do Decreto- -Lei n. o 226/83, se torne ou permaneça totalmente proibido fumar em locais, designadamente os que se seguem: a) todos os locais prestadores de serviços e cuidados de saúde, públicos ou privados; b) todos os estabelecimentos de ensino, públicos ou privados, na totalidade das suas instalações; c) todos os locais destinados a assistência e convívio de menores de 18 anos; d) todos os locais destinados a assistência e convívio de idosos; e) todos os recintos fechados de convívio social, cultural e desportivo; f) todos os recintos fechados e instalações das estações que servem os meios de transportes públicos e privados; g) todos os locais públicos fechados ou destinados ao atendimento do público em geral; h) totalidade dos espaços colectivos fechados de locais de trabalho e espaços associativos; i) totalidade dos espaços colectivos fechados de restaurantes, refeitórios, bares, estabelecimentos similares hoteleiros; j) todas as áreas de acesso e instalações contíguas aos locais anteriormente citados; 3.2. Que em todos os locais citados anteriormente seja permitida a criação de salas de fumo em áreas totalmente isoladas, física e atmosfericamente, destinadas aos trabalhadores, funcionários e utentes fumadores e independentes dos restantes espaços colectivos; 3.3. Que as salas de fumo destinadas ao público e utentes dos serviços não ocupem mais de um terço do espaço colectivo total destinado ao público e utentes em geral; 4. Da mesma forma, por motivos ligados à saúde pública e dos indivíduos em particular: 4.1. Que, como refere o actual artigo 3. o do Decreto- -Lei n. o 226/83, se torne ou permaneça totalmente proibido fumar em meios de transportes públicos ou de serviço ao público, de bandeira portuguesa, designadamente os que se seguem: rodoviários, ferroviários, marítimos, aéreos e outros similares; 40 REVISTA PORTUGUESA DE SAÚDE PÚBLICA

15 4.2. Que nos meios de transportes públicos ou de serviço ao público, designadamente ferroviários e marítimos, anteriormente citados, seja permitida a criação de espaços de fumo em áreas totalmente isoladas, física e atmosfericamente, destinadas aos trabalhadores, funcionários e utentes fumadores e independentes dos restantes espaços colectivos; 4.3. Que os espaços de fumo destinados ao público e utentes dos serviços não ocupem mais de um terço do espaço colectivo total destinado ao público e utentes em geral; 5. Os dísticos que definem os locais onde é proibido e onde é permitido fumar, conforme os termos do actual artigo 4. o do Decreto-Lei n. o 226/83, deveriam possuir informação escrita breve sobre os malefícios da PTA; 6. Simultaneamente, deve-se estimular a cessação do hábito tabágico como melhor opção disponível, fornecendo informação necessária adequada a este fim através de cartaz afixado nos locais destinados às salas e espaços de fumo e facilitando o acesso aos meios para a concretização desta cessação. Considerando que a situação estudada demonstra ser preocupante do ponto de vista da saúde pública e que, como tal, seria esperada uma acção específica nesta área que desse resposta ao problema, apresentam-se algumas propostas acessórias adequadas ao quadro actual: B) Recomenda-se a nível dos cuidados de saúde: 1. Que o Estado português reconheça a PTA como substância carcinógena conhecida para a saúde humana, à semelhança do tabaco. Tal classificação facilitaria a limitação e vigilância desta substância (PTA) em locais de acesso ao público, ambientes colectivos ou de trabalho; 2. Que as recomendações legislativas referidas anteriormente sejam implantadas, num primeiro momento e como projecto piloto, em todas as instituições e serviços públicos governamentais onde haja condições mínimas, de forma que se preserve a saúde de todos os envolvidos, estimulando e dando o exemplo para a criação de ambientes saudáveis. Para tal, deve-se estimular a aplicação de programas de promoção e protecção da saúde que sejam abrangentes e forneçam suporte a essas medidas, permitindo acompanhar a sua evolução e avaliar o seu impacto; 3. Que seja feita uma sensibilização à classe médica e outros profissionais de saúde, especialmente aqueles afectos ao serviço público, dos malefícios da exposição à PTA para a saúde humana, principalmente nas crianças, devido à sua exposição involuntária, mas também dos malefícios do tabaco para que estes possam incentivar e apoiar adequadamente os fumadores envolvidos na cessação da sua dependência; 4. Que seja feita uma sensibilização à classe médica e outros profissionais de saúde, especialmente aqueles afectos aos serviços de saúde ocupacional das empresas e instituições, dos malefícios da exposição à PTA para a saúde humana, mas também e principalmente dos malefícios do tabaco, de modo que estes possam incentivar e apoiar adequadamente os trabalhadores fumadores na cessação da sua dependência; 5. Que sejam desenvolvidos estudos que determinem a prevalência de situações de risco de doença na população portuguesa e nos diferentes locais em que os indivíduos possam estar expostos à PTA, de modo a avaliar-se o peso da doença derivado deste factor e os seus custos para a sociedade. Tal poderá proporcionar uma melhor percepção do problema na nossa sociedade e acompanhar a evolução e o impacto das medidas que forem implantadas. Bibliografia ANDERSON, H. R., COOK, D. G. Passive smoking and sudden infant death syndrome : review of the epidemiological evidence. Thorax. 52 (1997) BOFFETTA, P., et al. Multicenter case-control study of exposure to environmental tobacco smoke and lung cancer in Europe. Journal National Cancer Institute. 90 (1998) BOYLE, P. Cancer, cigarette smoking and premature death in Europe : a review including the recommendations of European Cancer Experts Consensus Meeting, Helsinki, Finland, October Lung Cancer. 17 (1997) BRASIL. Ministério da Saúde. INCA Instituto Nacional do Câncer, CALHEIROS, J. M. Tabagismo passivo um risco para a saúde significativo e prevenível : determinantes da saúde na União Europeia. In CONFERÊNCIA DE ÉVORA Actas. Lisboa : Ministério da Saúde, CANADA. NATIONAL HEALTH AND MEDICAL RESEARCH COUNCIL The health effects of passive smoking. Canberra : National Health and Medical Research Council, COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS Relatório sobre progressos verificados no domínio da protecção da saúde pública contra os efeitos nocivos do consumo de tabaco. Luxemburgo : Comissão das Comunidades Europeias, COOK, D. G.; STRACHAN, D. P. Summary of effects of parental smoking on the respiratory health of children and the implications for research. Thorax. 54 (1999) COOK, D. G.; STRACHAN, D. P. Parental smoking and lower respiratory illness in infancy and early childhood. Thorax. 52 (1997)

16 DECRETO-LEI N. O /59. Diário do Governo ( ). DECRETO-LEI N. O /59. Diário do Governo ( ). DESPACHO N. O 134/77. DR II Série. 124 ( ). Secretário de Estado da Juventude e Desportos. DECRETO-LEI N. O 22/82. DR I Série. 189 ( ) DECRETO-LEI N. O 226/83. DR I Série. 122 ( ) DECRETO-LEI N. O 393/88. DR I Série. 258 ( ) DECRETO-LEI N. O 287/89. DR I Série. 199 ( ) DECRETO-LEI N. O 283/98. DR I Série. 215 ( ) HACKSHAW, A. K., et al. The accumulated evidence of lung cancer and environmental tobacco smoke. British Medical Journal. 315 (1997) INTERNATIONAL AGENCY FOR RESEARCH ON CANCER Tobacco smoking. Lyon : IARC, 1986 (IARC monographs on the evaluation of carcinogenic risk of chemicals to humans, 38). LAST, J. M. A dictionary of epidemiology. New York : Oxford University Press, LAW, M. R., et al. Environmental tobacco smoke exposure and ischaemic heart disease : an evaluation of the evidence. British Medical Journal. 315 (1997) LAW, M. R.; HACKSHAW, A. K. Environmental tobacco smoke. British Medical Bulletin. 52 (1996) LEBERGHE, W. V.; FERRINHO, P. Evidência científica e decisão racional em saúde pública. Lisboa : Associação para o Desenvolvimento e Cooperação, [2000] (série Sistemas de Saúde). Summary RECOMMENDATIONS FOR PREVENTION OF ENVIRON- MENTAL TOBACCO SMOKE (ETS) EXPOSURE: EVI- DENCES FOR DECISION-MAKING AND IMPLEMENTA- TION OF MEASURES Recent advances on tobacco use and its impact in the increasing share of disease burden in all countries demand a constant review of health politics and special attention to the adaptation of the existent legislation to this reality. Today, those in danger are not only those who smoke but also those who are closely in touch with a smoker. The passive smoker exposed to ETS is exposed to many potential diseases that need to be prevented. Therefore, it is up to society to protect the health of their citizens through the application of a legislation which protects non-smokers and that respects the options of those who smoke. In this article, the author reviews the existing evidences presented in two major studies that can contribute, in an effective way, to a decision about either prohibiting smoking in certain places or taking other needed measures to protect those exposed to ETS. At the end, the author proposes changes in the actual law regarding passive smoking, gathering all the existing laws and presenting a broader vision of the role of society as a whole in this field. PETO, R. Smoking and death : the past 40 years and the next 40. British Medical Journal. 309 (1994) PETO, R., et al. Mortality from smoking in developed countries London : Oxford University Press, PORTARIA N. O Diário do Governo. 144 ( ) 896. PORTARIA N. O 212/78. DR. I Série. 90 ( ) PORTUGAL. Ministério da Saúde CPT : Conselho de Prevenção do Tabagismo : WHO : European Network for Smoking Prevention. Lisboa, STRACHAN, D. P.; COOK, D. G. Effects of maternal and paternal smoking on children s respiratory health. Thorax. 52 (1997) US. CAL EPA Health effects of exposure to environmental tobacco smoke : report of the Office of Environmental Health Hazards Assessment. Sacramento, CA : California Environmental Protection Agency, US. CAL EPA Health effects of exposure to environmental tobacco smoke : the report of the California Environmental Protection Agency. Bethesda, Maryland : National Cancer Institute. National Institutes of Health, US DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES The health benefits of smoking cessation : a report of the surgeon general, Rockville, Maryland : Office on Smoking and Health. Centers for Disease Control. Public Health Service, 1990 (DHHS Publication, CDC ). US ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY Respiratory health effects of passive smoking: lung cancer and other disorders. Washington : EPA, 1992 (EPA/600/6-90/006F). 42 REVISTA PORTUGUESA DE SAÚDE PÚBLICA

17 ANEXO 1 Table 1 Diseases linked to secondhand smoke Effects causally associated with secondhand smoke exposure Developmental effects Fetal growth: low birth weight or small for gestational age Sudden infant death syndrome (SIDS) Respiratory effects Acute lower respiratory tract infections in children (e. g., bronchitis and pneumonia) Asthma induction and exacerbation in children Chronic respiratory symptoms in children Eye and nasal irritation in adults Middle ear infections in children Carcinogenic effects Lung cancer Nasal sinus cancer Cardiovascular effects Heart disease mortality Acute and chronic coronary heart disease morbidity Effects with suggestive evidence of a causal association with secondhand smoke exposure Developmental effects Spontaneous abortion Adverse impact on cognition and behavior Respiratory effects Exacerbation of cystic fibrosis Decreased pulmonary function Carcinogenic effects Cervical cancer Source: California Environmental Protection Agency (1997). Health effects of exposure to environmental tobacco smoke, table ES.1. 43

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS COMBINADAS

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS COMBINADAS 24 DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS COMBINADAS Os mercados de capitais na Europa e no mundo exigem informações financeiras significativas, confiáveis, relevantes e comparáveis sobre os emitentes de valores mobiliários.

Leia mais

Doenças Respiratórias O QUE SÃO E COMO AS PREVENIR?

Doenças Respiratórias O QUE SÃO E COMO AS PREVENIR? Doenças Respiratórias O QUE SÃO E COMO AS PREVENIR? O NÚMERO DE PESSOAS AFETADAS POR DOENÇAS RESPIRATÓRIAS EVITÁVEIS NÃO PÁRA DE AUMENTAR. AS CRIANÇAS E OS MAIS VELHOS SÃO OS MAIS ATINGIDOS. SÃO DOENÇAS

Leia mais

Pacto Europeu. para a Saúde. Conferência de alto nível da ue. Bruxelas, 12-13 de junho de 2008

Pacto Europeu. para a Saúde. Conferência de alto nível da ue. Bruxelas, 12-13 de junho de 2008 Pacto Europeu para a Saúde Mental e o Bem-Estar Conferência de alto nível da ue JUNTOS PELA SAÚDE MENTAL E PELO BEM-ESTAR Bruxelas, 12-13 de junho de 2008 Slovensko predsedstvo EU 2008 Slovenian Presidency

Leia mais

Manual do Revisor Oficial de Contas. Directriz de Revisão/Auditoria 701

Manual do Revisor Oficial de Contas. Directriz de Revisão/Auditoria 701 Directriz de Revisão/Auditoria 701 RELATÓRIO DE AUDITORIA ELABORADO POR AUDITOR REGISTADO NA CMVM SOBRE INFORMAÇÃO ANUAL Fevereiro de 2001 ÍNDICE Parágrafos INTRODUÇÃO 1-4 OBJECTIVO 5-6 RELATÓRIO DE AUDITORIA

Leia mais

ISO 9000:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade Fundamentos e Vocabulário. As Normas da família ISO 9000. As Normas da família ISO 9000

ISO 9000:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade Fundamentos e Vocabulário. As Normas da família ISO 9000. As Normas da família ISO 9000 ISO 9000:2000 Sistemas de Gestão da Qualidade Fundamentos e Vocabulário Gestão da Qualidade 2005 1 As Normas da família ISO 9000 ISO 9000 descreve os fundamentos de sistemas de gestão da qualidade e especifica

Leia mais

Grupo Parlamentar SAÚDE PELOS UTENTES DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE. Exposição de motivos

Grupo Parlamentar SAÚDE PELOS UTENTES DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE. Exposição de motivos Grupo Parlamentar PROJECTO DE LEI Nº./ X CARTA DOS DIREITOS DE ACESSO AOS CUIDADOS DE SAÚDE PELOS UTENTES DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE Exposição de motivos A espera por cuidados de saúde é um fenómeno

Leia mais

CAUSAS DE MORTE NO ESTADO DE SÃO PAULO

CAUSAS DE MORTE NO ESTADO DE SÃO PAULO CAUSAS DE MORTE NO ESTADO DE SÃO PAULO Morrem mais brancos por causa naturais e negros por motivos externos. A s estatísticas de morbidade e mortalidade têm sido utilizadas por epidemiologistas, demógrafos

Leia mais

SINDICATO DOS MÉDICOS DA ZONA SUL

SINDICATO DOS MÉDICOS DA ZONA SUL 1 INFORMAÇÃO N.º 12/2010 Medicina Geral e Familiar Clínica Geral HORÁRIO DE TRABALHO 1. O Acordo Colectivo da Carreira Especial Médica (ACCE) foi publicado, sob a designação de Acordo Colectivo de Trabalho

Leia mais

TÍTULO: A nova lei do ruído. AUTORIA: Ricardo Pedro. PUBLICAÇÕES: TECNOMETAL n.º 166 (Setembro/Outubro de 2006) INTRODUÇÃO

TÍTULO: A nova lei do ruído. AUTORIA: Ricardo Pedro. PUBLICAÇÕES: TECNOMETAL n.º 166 (Setembro/Outubro de 2006) INTRODUÇÃO TÍTULO: A nova lei do ruído AUTORIA: Ricardo Pedro PUBLICAÇÕES: TECNOMETAL n.º 166 (Setembro/Outubro de 2006) INTRODUÇÃO Foi publicado no passado dia 6 de Setembro o Decreto-Lei n.º 182/2006 que transpõe

Leia mais

ISO 9001:2008. A International Organization for Standardization (ISO) publicou em 2008-11- 14 a nova edição da Norma ISO 9000:

ISO 9001:2008. A International Organization for Standardization (ISO) publicou em 2008-11- 14 a nova edição da Norma ISO 9000: A International Organization for Standardization (ISO) publicou em 2008-11- 14 a nova edição da Norma ISO 9000: ISO 9001:2008 Esta nova edição decorre do compromisso da ISO em rever e actualizar as Normas,

Leia mais

Risco de Morrer em 2012

Risco de Morrer em 2012 Risco de morrer 2012 23 de maio de 2014 Risco de Morrer em 2012 As duas principais causas de morte em 2012 foram as doenças do aparelho circulatório, com 30,4% dos óbitos registados no país, e os tumores

Leia mais

Sistemas de Gestão Ambiental O QUE MUDOU COM A NOVA ISO 14001:2004

Sistemas de Gestão Ambiental O QUE MUDOU COM A NOVA ISO 14001:2004 QSP Informe Reservado Nº 41 Dezembro/2004 Sistemas de Gestão O QUE MUDOU COM A NOVA ISO 14001:2004 Material especialmente preparado para os Associados ao QSP. QSP Informe Reservado Nº 41 Dezembro/2004

Leia mais

Jornal Oficial da União Europeia

Jornal Oficial da União Europeia 6.2.2003 L 31/3 REGULAMENTO (CE) N. o 223/2003 DA COMISSÃO de 5 de Fevereiro de 2003 que diz respeito aos requisitos em matéria de rotulagem relacionados com o modo de produção biológico aplicáveis aos

Leia mais

Começo por apresentar uma breve definição para projecto e para gestão de projectos respectivamente.

Começo por apresentar uma breve definição para projecto e para gestão de projectos respectivamente. The role of Project management in achieving Project success Ao longo da desta reflexão vou abordar os seguintes tema: Definir projectos, gestão de projectos e distingui-los. Os objectivos da gestão de

Leia mais

L 306/2 Jornal Oficial da União Europeia 23.11.2010

L 306/2 Jornal Oficial da União Europeia 23.11.2010 L 306/2 Jornal Oficial da União Europeia 23.11.2010 Projecto DECISÃO N. o / DO CONSELHO DE ASSOCIAÇÃO instituído pelo Acordo Euro-Mediterrânico que cria uma associação entre as Comunidades Europeias e

Leia mais

CARACTERIZAÇÃO SOCIAL DOS AGREGADOS FAMILIARES PORTUGUESES COM MENORES EM IDADE ESCOLAR Alguns resultados

CARACTERIZAÇÃO SOCIAL DOS AGREGADOS FAMILIARES PORTUGUESES COM MENORES EM IDADE ESCOLAR Alguns resultados CARACTERIZAÇÃO SOCIAL DOS AGREGADOS FAMILIARES PORTUGUESES COM MENORES EM IDADE ESCOLAR Alguns resultados Os dados apresentados resultam do estudo: "Caracterização Social dos Agregados Familiares Portugueses

Leia mais

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS APRESENTAÇÃO ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS Breve histórico da instituição seguido de diagnóstico e indicadores sobre a temática abrangida pelo projeto, especialmente dados que permitam análise da

Leia mais

Certificação da Qualidade dos Serviços Sociais. Procedimentos

Certificação da Qualidade dos Serviços Sociais. Procedimentos Certificação da Qualidade dos Serviços Sociais EQUASS Assurance Procedimentos 2008 - European Quality in Social Services (EQUASS) Reservados todos os direitos. É proibida a reprodução total ou parcial

Leia mais

O AR QUE RESPIRAMOS Professor Romulo Bolivar. www.proenem.com.br

O AR QUE RESPIRAMOS Professor Romulo Bolivar. www.proenem.com.br O AR QUE RESPIRAMOS Professor Romulo Bolivar www.proenem.com.br INSTRUÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija

Leia mais

Efeitos do tabagismo passivo sobre a saúde

Efeitos do tabagismo passivo sobre a saúde Efeitos do tabagismo passivo sobre a saúde Jonathan Samet, MD, MS Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health 2007 Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health O que é Tabagismo Passivo? Fumaça

Leia mais

Sistema de Informação Schengen - acesso pelos serviços de emissão de certificados de matrícula dos veículos ***II

Sistema de Informação Schengen - acesso pelos serviços de emissão de certificados de matrícula dos veículos ***II P6_TA(2005)044 Sistema de Informação Schengen - acesso pelos serviços de emissão de certificados de matrícula dos veículos ***II Resolução legislativa do Parlamento Europeu referente à posição comum adoptada

Leia mais

Cefaleia crónica diária

Cefaleia crónica diária Cefaleia crónica diária Cefaleia crónica diária O que é a cefaleia crónica diária? Comecei a ter dores de cabeça que apareciam a meio da tarde. Conseguia continuar a trabalhar mas tinha dificuldade em

Leia mais

SEMINÁRIO A EMERGÊNCIA O PAPEL DA PREVENÇÃO

SEMINÁRIO A EMERGÊNCIA O PAPEL DA PREVENÇÃO SEMINÁRIO A EMERGÊNCIA O PAPEL DA PREVENÇÃO As coisas importantes nunca devem ficar à mercê das coisas menos importantes Goethe Breve Evolução Histórica e Legislativa da Segurança e Saúde no Trabalho No

Leia mais

25.11.2011 Jornal Oficial da União Europeia L 310/11

25.11.2011 Jornal Oficial da União Europeia L 310/11 PT 25.11.2011 Jornal Oficial da União Europeia L 310/11 DECISÃO DA COMISSÃO de 18 de Novembro de 2011 que estabelece regras e métodos de cálculo para verificar o cumprimento dos objectivos estabelecidos

Leia mais

Avanços na transparência

Avanços na transparência Avanços na transparência A Capes está avançando não apenas na questão dos indicadores, como vimos nas semanas anteriores, mas também na transparência do sistema. Este assunto será explicado aqui, com ênfase

Leia mais

COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS. Proposta de DIRECTIVA DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO

COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS. Proposta de DIRECTIVA DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS Bruxelas, 15.01.2001 COM(2001) 12 final 2001/0018 (COD) Proposta de DIRECTIVA DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO que altera pela vigésima quarta vez a Directiva do 76/769/CEE

Leia mais

VACINE-SE A PARTIR DE 1 DE OUTUBRO CONSULTE O SEU MÉDICO

VACINE-SE A PARTIR DE 1 DE OUTUBRO CONSULTE O SEU MÉDICO VACINE-SE A PARTIR DE 1 DE OUTUBRO CONSULTE O SEU MÉDICO Perguntas frequentes sobre a gripe sazonal O que é a gripe? É uma doença infecciosa aguda das vias respiratórias, causada pelo vírus da gripe. Em

Leia mais

PROJECTO DE NORMA REGULAMENTAR

PROJECTO DE NORMA REGULAMENTAR PROJECTO DE NORMA REGULAMENTAR OBTENÇÃO E ELABORAÇÃO DOS DADOS ACTUARIAIS E ESTATÍSTICOS DE BASE NO CASO DE EVENTUAIS DIFERENCIAÇÕES EM RAZÃO DO SEXO NOS PRÉMIOS E PRESTAÇÕES INDIVIDUAIS DE SEGUROS E DE

Leia mais

Convenção 187 Convenção sobre o Quadro Promocional para a Segurança e Saúde no Trabalho. A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho,

Convenção 187 Convenção sobre o Quadro Promocional para a Segurança e Saúde no Trabalho. A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, Convenção 187 Convenção sobre o Quadro Promocional para a Segurança e Saúde no Trabalho A Conferência Geral da Organização Internacional do Trabalho, Convocada em Genebra pelo Conselho de Administração

Leia mais

POC 13 - NORMAS DE CONSOLIDAÇÃO DE CONTAS

POC 13 - NORMAS DE CONSOLIDAÇÃO DE CONTAS POC 13 - NORMAS DE CONSOLIDAÇÃO DE CONTAS 13.1 - Aspectos preliminares As demonstrações financeiras consolidadas constituem um complemento e não um substituto das demonstrações financeiras individuais

Leia mais

Legislação Farmacêutica Compilada. Portaria n.º 377/2005, de 4 de Abril. B, de 20 de Maio de 2005. INFARMED - Gabinete Jurídico e Contencioso 59-C

Legislação Farmacêutica Compilada. Portaria n.º 377/2005, de 4 de Abril. B, de 20 de Maio de 2005. INFARMED - Gabinete Jurídico e Contencioso 59-C 1 Estabelece que o custo dos actos relativos aos pedidos previstos no Decreto- Lei n.º 72/91, de 8 de Fevereiro, bem como dos exames laboratoriais e dos demais actos e serviços prestados pelo INFARMED,

Leia mais

Programa Nacional de Controle do Tabagismo AMBIENTE LIVRE DO TABACO

Programa Nacional de Controle do Tabagismo AMBIENTE LIVRE DO TABACO Programa Nacional de Controle do Tabagismo AMBIENTE LIVRE DO TABACO Coordenação de Vigilância em Saúde do Trabalhador Gerência de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador Superintendência de

Leia mais

Desigualdade Económica em Portugal

Desigualdade Económica em Portugal Observatório Pedagógico Desigualdade Económica em Portugal Carlos Farinha Rodrigues ISEG / Universidade Técnica de Lisboa Um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos 18 de Outubro de 2012 2 Objectivos:

Leia mais

Princípios de Bom Governo

Princípios de Bom Governo Princípios de Bom Governo Regulamentos internos e externos a que a empresa está sujeita O CHC, E.P.E. rege-se pelo regime jurídico aplicável às entidades públicas empresariais, com as especificidades previstas

Leia mais

GUIA PARA O PREENCHIMENTO DOS FORMULÁRIOS ENTIDADE GESTORA ERP PORTUGAL

GUIA PARA O PREENCHIMENTO DOS FORMULÁRIOS ENTIDADE GESTORA ERP PORTUGAL GUIA PARA O PREENCHIMENTO DOS FORMULÁRIOS ENTIDADE GESTORA ERP PORTUGAL Versão: 1.0 Data: 05-06-2009 Índice Acesso e estados dos Formulários... 3 Escolha do Formulário e submissão... 4 Bases para a navegação

Leia mais

O período anual de férias tem a duração de 22 dias úteis, considerando-se úteis os dias de 2f.ª a 6f.ª, com excepção dos feriados.

O período anual de férias tem a duração de 22 dias úteis, considerando-se úteis os dias de 2f.ª a 6f.ª, com excepção dos feriados. TRABALHADORES EM CONTRATO INDIVIDUAL DE TRABALHO Lei 7/2009, de 12 de Fevereiro 1. Férias 1.1. Qual a duração do período de férias? O período anual de férias tem a duração de 22 dias úteis, considerando-se

Leia mais

Equipe: Ronaldo Laranjeira Helena Sakiyama Maria de Fátima Rato Padin Sandro Mitsuhiro Clarice Sandi Madruga

Equipe: Ronaldo Laranjeira Helena Sakiyama Maria de Fátima Rato Padin Sandro Mitsuhiro Clarice Sandi Madruga Equipe: Ronaldo Laranjeira Helena Sakiyama Maria de Fátima Rato Padin Sandro Mitsuhiro Clarice Sandi Madruga 1. Por que este estudo é relevante? Segundo o relatório sobre a Carga Global das Doenças (Global

Leia mais

NCE/11/01396 Relatório preliminar da CAE - Novo ciclo de estudos

NCE/11/01396 Relatório preliminar da CAE - Novo ciclo de estudos NCE/11/01396 Relatório preliminar da CAE - Novo ciclo de estudos Caracterização do pedido Perguntas A.1 a A.10 A.1. Instituição de ensino superior / Entidade instituidora: E.I.A. - Ensino, Investigação

Leia mais

1) Breve apresentação do AEV 2011

1) Breve apresentação do AEV 2011 1) Breve apresentação do AEV 2011 O Ano Europeu do Voluntariado 2011 constitui, ao mesmo tempo, uma celebração e um desafio: É uma celebração do compromisso de 94 milhões de voluntários europeus que, nos

Leia mais

Programa Nacional de Diagnóstico Pré-Natal Contratualização Processo de Monitorização e Acompanhamento

Programa Nacional de Diagnóstico Pré-Natal Contratualização Processo de Monitorização e Acompanhamento Introdução A saúde materna e infantil em Portugal tem vindo a registar melhorias significativas nos últimos anos, verificando-se expressiva diminuição das taxas de mortalidade perinatal e infantil por

Leia mais

Portugal Prevenção e Controlo do Tabagismo em números 2013

Portugal Prevenção e Controlo do Tabagismo em números 2013 ISSN: 2183-0762 Portugal Prevenção e Controlo do Tabagismo em números 2013 Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo www.dgs.pt Portugal. Direção-Geral da Saúde. Direção de Serviços de

Leia mais

NCE/11/01851 Relatório final da CAE - Novo ciclo de estudos

NCE/11/01851 Relatório final da CAE - Novo ciclo de estudos NCE/11/01851 Relatório final da CAE - Novo ciclo de estudos Caracterização do pedido Perguntas A.1 a A.10 A.1. Instituição de ensino superior / Entidade instituidora: Fedrave - Fundação Para O Estudo E

Leia mais

Por despacho do Presidente da Assembleia da República de 26 de Julho de 2004, foi aprovado

Por despacho do Presidente da Assembleia da República de 26 de Julho de 2004, foi aprovado Regulamento dos Estágios da Assembleia da República para Ingresso nas Carreiras Técnica Superior Parlamentar, Técnica Parlamentar, de Programador Parlamentar e de Operador de Sistemas Parlamentar Despacho

Leia mais

O resultado de uma boa causa. Apresentação de resultados da campanha pela Obesidade do programa Saúde mais Próxima

O resultado de uma boa causa. Apresentação de resultados da campanha pela Obesidade do programa Saúde mais Próxima O resultado de uma boa causa. Apresentação de resultados da campanha pela Obesidade do programa Saúde mais Próxima Saúde mais próxima. Por causa de quem mais precisa. Saúde mais Próxima é um programa da

Leia mais

O fumo e a saúde: uma atualização

O fumo e a saúde: uma atualização O fumo e a saúde: uma atualização Jonathan M. Samet, MD, MS Diretor do Instituto para Saúde Mental da USC (USC Institute for Global Health) Professor e Presidente do Flora L. Thornton, Departamento de

Leia mais

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EMPRESAS PETROLÍFERAS

ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EMPRESAS PETROLÍFERAS ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE EMPRESAS PETROLÍFERAS Comparação dos preços dos combustíveis entre Julho de 2008 e Janeiro de 2011 No passado mês de Dezembro, bem como já no corrente ano, foram muitos os Órgãos

Leia mais

PEDIDOS DE AUTORIZAÇÃO PARA RETIRADA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ACOLHIDAS DAS ENTIDADES ORIENTAÇÕES TÉCNICAS DO CAOPCAE/PR

PEDIDOS DE AUTORIZAÇÃO PARA RETIRADA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ACOLHIDAS DAS ENTIDADES ORIENTAÇÕES TÉCNICAS DO CAOPCAE/PR PEDIDOS DE AUTORIZAÇÃO PARA RETIRADA DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES ACOLHIDAS DAS ENTIDADES ORIENTAÇÕES TÉCNICAS DO CAOPCAE/PR 1 - A autorização para que crianças e adolescentes passem as festas de final de

Leia mais

GUIA PRÁTICO APADRINHAMENTO CIVIL CRIANÇAS E JOVENS

GUIA PRÁTICO APADRINHAMENTO CIVIL CRIANÇAS E JOVENS Manual de GUIA PRÁTICO APADRINHAMENTO CIVIL CRIANÇAS E JOVENS INSTITUTO DA SEGURANÇA SOCIAL, I.P ISS, I.P. Departamento/Gabinete Pág. 1/7 FICHA TÉCNICA TÍTULO Guia Prático Apadrinhamento Civil Crianças

Leia mais

OS CUIDADOS PALIATIVOS EM PORTUGAL. Resultados Quantitativos

OS CUIDADOS PALIATIVOS EM PORTUGAL. Resultados Quantitativos OS CUIDADOS PALIATIVOS EM PORTUGAL Resultados Quantitativos Outubro 2008 1 METODOLOGIA FICHA TÉCNICA Total da Amostra: 606 Entrevistas telefónicas, realizadas por CATI (computer assisted telephone interview).

Leia mais

directamente o estabelecimento e o funcionamento do mercado interno; Considerando que é pois necessário criar um certificado complementar de

directamente o estabelecimento e o funcionamento do mercado interno; Considerando que é pois necessário criar um certificado complementar de Regulamento (CEE) nº 1768/92 do Conselho, de 18 de Junho de 1992, relativo à criação de um certificado complementar de protecção para os medicamentos Jornal Oficial nº L 182 de 02/07/1992 p. 0001-0005

Leia mais

SUBSÍDIO DE DESEMPREGO

SUBSÍDIO DE DESEMPREGO SUBSÍDIO DE DESEMPREGO Recentemente foi publicado o Decreto-Lei n.º 220/2006 de 3 de Novembro, o qual alterou o quadro legal de reparação da eventualidade do desemprego dos trabalhadores por conta de outrem.

Leia mais

Sugestão de Roteiro para Elaboração de Monografia de TCC

Sugestão de Roteiro para Elaboração de Monografia de TCC Sugestão de Roteiro para Elaboração de Monografia de TCC Sugerimos, para elaborar a monografia de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), que o aluno leia atentamente essas instruções. Fundamentalmente,

Leia mais

Projecto de Lei n.º 408/ X

Projecto de Lei n.º 408/ X Grupo Parlamentar Projecto de Lei n.º 408/ X Consagra o processo eleitoral como regra para a nomeação do director-clínico e enfermeiro-director dos Hospitais do Sector Público Administrativo e dos Hospitais,

Leia mais

REGULAMENTO DO BANCO LOCAL DE VOLUNTARIADO DE MIRANDELA. Preâmbulo

REGULAMENTO DO BANCO LOCAL DE VOLUNTARIADO DE MIRANDELA. Preâmbulo REGULAMENTO DO BANCO LOCAL DE VOLUNTARIADO DE MIRANDELA Preâmbulo O voluntariado é definido como um conjunto de acções e interesses sociais e comunitários, realizadas de forma desinteressada no âmbito

Leia mais

Segurança e Higiene no Trabalho. Volume I - Princípios Gerais. Guia Técnico. um Guia Técnico de O Portal da Construção. www.oportaldaconstrucao.

Segurança e Higiene no Trabalho. Volume I - Princípios Gerais. Guia Técnico. um Guia Técnico de O Portal da Construção. www.oportaldaconstrucao. Guia Técnico Segurança e Higiene no Trabalho Volume I - Princípios Gerais um Guia Técnico de Copyright, todos os direitos reservados. Este Guia Técnico não pode ser reproduzido ou distribuído sem a expressa

Leia mais

Pisa 2012: O que os dados dizem sobre o Brasil

Pisa 2012: O que os dados dizem sobre o Brasil Pisa 2012: O que os dados dizem sobre o Brasil A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgou nesta terça-feira os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos,

Leia mais

FEDERAÇÃO NACIONAL DAS COOPERATIVAS DE CONSUMIDORES, FCRL

FEDERAÇÃO NACIONAL DAS COOPERATIVAS DE CONSUMIDORES, FCRL COMENTÁRIOS DA FENACOOP PROCEDIMENTOS DE MUDANÇA DE COMERCIALIZADOR As cooperativas de consumo são, nos termos da Constituição e da Lei, entidades legítimas de representação dos interesses e direitos dos

Leia mais

Perguntas mais frequentes

Perguntas mais frequentes Estas informações, elaboradas conforme os documentos do Plano de Financiamento para Actividades Estudantis, servem de referência e como informações complementares. Para qualquer consulta, é favor contactar

Leia mais

ANEXO CONDIÇÕES OU RESTRIÇÕES RESPEITANTES À UTILIZAÇÃO SEGURA E EFICAZ DO MEDICAMENTO A SEREM IMPLEMENTADAS PELOS ESTADOS-MEMBROS

ANEXO CONDIÇÕES OU RESTRIÇÕES RESPEITANTES À UTILIZAÇÃO SEGURA E EFICAZ DO MEDICAMENTO A SEREM IMPLEMENTADAS PELOS ESTADOS-MEMBROS ANEXO CONDIÇÕES OU RESTRIÇÕES RESPEITANTES À UTILIZAÇÃO SEGURA E EFICAZ DO MEDICAMENTO A SEREM IMPLEMENTADAS PELOS ESTADOS-MEMBROS 1 Os Estados-Membros devem garantir que todas as condições ou restrições

Leia mais

NÚCLEO DE MEDICINA INTERNA DOS HOSPITAIS DISTRITAIS ESTATUTOS CAPÍTULO I DENOMINAÇÃO, SEDE E OBJECTIVOS

NÚCLEO DE MEDICINA INTERNA DOS HOSPITAIS DISTRITAIS ESTATUTOS CAPÍTULO I DENOMINAÇÃO, SEDE E OBJECTIVOS ESTATUTOS CAPÍTULO I DENOMINAÇÃO, SEDE E OBJECTIVOS Art. 1 - O Núcleo de Medicina Interna dos Hospitais Distritais, também designado abreviadamente por N. M. I. H. D., é uma Associação sem fins lucrativos

Leia mais

Direcção-Geral da Saúde

Direcção-Geral da Saúde Assunto: Para: Medidas de protecção contra a exposição ao fumo ambiental do tabaco em estabelecimentos onde sejam prestados cuidados de saúde aplicação da Lei n.º 37/2007 de 14 de Agosto. Todos os serviços

Leia mais

em nada nem constitui um aviso de qualquer posição da Comissão sobre as questões em causa.

em nada nem constitui um aviso de qualquer posição da Comissão sobre as questões em causa. DOCUMENTO DE CONSULTA: COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO EUROPEIA SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA (2011-2014) 1 Direitos da Criança Em conformidade com o artigo 3.º do Tratado da União Europeia, a União promoverá os

Leia mais

Restituição de cauções aos consumidores de electricidade e de gás natural Outubro de 2007

Restituição de cauções aos consumidores de electricidade e de gás natural Outubro de 2007 Restituição de cauções aos consumidores de electricidade e de gás natural Outubro de 2007 Ponto de situação em 31 de Outubro de 2007 As listas de consumidores com direito à restituição de caução foram

Leia mais

PROGRAMA DE INTERVENÇÃO EM OBESIDADE INFANTIL. Centro de Saúde da Marinha Grande Ana Laura Baridó

PROGRAMA DE INTERVENÇÃO EM OBESIDADE INFANTIL. Centro de Saúde da Marinha Grande Ana Laura Baridó PROGRAMA DE INTERVENÇÃO EM OBESIDADE INFANTIL Centro de Saúde da Marinha Grande Ana Laura Baridó 1 A obesidade é considerada a epidemia do séc. XXI (OMS) Em Portugal tem vindo a aumentar vertiginosamente

Leia mais

Desigualdades em saúde - Mortalidade infantil. Palavras-chave: mortalidade infantil; qualidade de vida; desigualdade.

Desigualdades em saúde - Mortalidade infantil. Palavras-chave: mortalidade infantil; qualidade de vida; desigualdade. Desigualdades em saúde - Mortalidade infantil Ruth Rangel * Fernanda Azevedo * Palavras-chave: mortalidade infantil; qualidade de vida; desigualdade. Resumo A redução das desigualdades sociais tem sido

Leia mais

INFORMAÇÃO PARA A PREVENÇÃO

INFORMAÇÃO PARA A PREVENÇÃO FALANDO SOBRE NEXO EPIDEMIOLOGICO Um dos objetivos do CPNEWS é tratar de assuntos da área de Segurança e Medicina do Trabalho de forma simples de tal forma que seja possível a qualquer pessoa compreender

Leia mais

O engenheiro na equipa de saúde ocupacional: a visão da medicina do trabalho

O engenheiro na equipa de saúde ocupacional: a visão da medicina do trabalho O engenheiro na equipa de saúde ocupacional: a visão da medicina do trabalho Carlos Silva Santos Programa Nacional de Saúde Ocupacional DSAO/DGS 2014 Segurança, Higiene e Saúde do trabalho Organização

Leia mais

ELABORAÇÃO DE PROJETOS

ELABORAÇÃO DE PROJETOS Unidade II ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE PESQUISA Profa. Eliane Gomes Rocha Pesquisa em Serviço Social As metodologias qualitativas de pesquisa são utilizadas nas Ciências Sociais e também no Serviço Social,

Leia mais

REGULAMENTO DE CONCURSO Liga-te aos Outros

REGULAMENTO DE CONCURSO Liga-te aos Outros Página1 REGULAMENTO DE CONCURSO Liga-te aos Outros 1. Apresentação O presente concurso é uma iniciativa promovida pela, no âmbito do Ano Europeu das Actividades Voluntárias que promovam uma Cidadania Activa

Leia mais

COMISSÃO EXECUTIVA DA ESPECIALIZAÇÃO EM SEGURANÇA NO TRABALHO DA CONSTRUÇÃO PROCEDIMENTOS PARA ATRIBUIÇÃO DO TÍTULO DE ENGENHEIRO ESPECIALISTA EM

COMISSÃO EXECUTIVA DA ESPECIALIZAÇÃO EM SEGURANÇA NO TRABALHO DA CONSTRUÇÃO PROCEDIMENTOS PARA ATRIBUIÇÃO DO TÍTULO DE ENGENHEIRO ESPECIALISTA EM PROCEDIMENTOS PARA ATRIBUIÇÃO DO TÍTULO DE ENGENHEIRO ESPECIALISTA EM Procedimentos para a atribuição do título de Engenheiro Especialista em Segurança no Trabalho da Construção 1 Introdução...2 2 Definições...4

Leia mais

CEF/0910/28031 Relatório preliminar da CAE (Poli) - Ciclo de estudos em funcionamento

CEF/0910/28031 Relatório preliminar da CAE (Poli) - Ciclo de estudos em funcionamento CEF/0910/28031 Relatório preliminar da CAE (Poli) - Ciclo de estudos em funcionamento Caracterização do ciclo de estudos Perguntas A.1 a A.9 A.1. Instituição de ensino superior / Entidade instituidora:

Leia mais

Regulamento dos Laboratórios de Física e Química

Regulamento dos Laboratórios de Física e Química Regulamento dos Laboratórios de Física e Química 1 Missão Os Laboratórios de Física e de Química são essencialmente um lugar de aprendizagem, onde se encontram todo o tipo de materiais, devidamente organizados

Leia mais

Maternidade, Paternidade e Família dos Trabalhadores

Maternidade, Paternidade e Família dos Trabalhadores Maternidade, Paternidade e Família dos Trabalhadores A empresa tem de respeitar os direitos dos trabalhadores em matérias relativas à maternidade e paternidade e a outras relações familiares. Desta forma,

Leia mais

Indicadores Anefac dos países do G-20

Indicadores Anefac dos países do G-20 Indicadores Anefac dos países do G-20 O Indicador Anefac dos países do G-20 é um conjunto de resultantes de indicadores da ONU publicados pelos países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina,

Leia mais

CAPÍTULO I- Recomendação da Comissão aos mediadores de seguros REQUISITOS PROFISSIONAIS E REGISTO DOS MEDIADORES DE SEGUROS

CAPÍTULO I- Recomendação da Comissão aos mediadores de seguros REQUISITOS PROFISSIONAIS E REGISTO DOS MEDIADORES DE SEGUROS ÍNDICE CAPÍTULO I- Recomendação da Comissão aos mediadores de seguros ANEXO REQUISITOS PROFISSIONAIS E REGISTO DOS MEDIADORES DE SEGUROS Artigo 1º.- Definições Artigo 2º.- Âmbito de aplicação Artigo 3º.-

Leia mais

Hospitais e Centros de Saúde

Hospitais e Centros de Saúde Hospitais e Centros de Saúde Pedro Pita Barros Faculdade de Economia, Univ. Nova Lisboa Centre for Economic Policy Research, Londres 1 Hospital de Braga devolve doentes - 24 de Agosto de 2002 - relação

Leia mais

PLANO DE EMERGÊNCIA: FASES DE ELABORAÇÃO

PLANO DE EMERGÊNCIA: FASES DE ELABORAÇÃO PLANO DE EMERGÊNCIA: FASES DE ELABORAÇÃO www.zonaverde.pt Página 1 de 10 INTRODUÇÃO Os acidentes nas organizações/estabelecimentos são sempre eventos inesperados, em que a falta de conhecimentos/formação,

Leia mais

TABACO. Uma questão de hábito ou uma questão de óbito? Pare de fumar enquanto é tempo!

TABACO. Uma questão de hábito ou uma questão de óbito? Pare de fumar enquanto é tempo! TABACO Uma questão de hábito ou uma questão de óbito? Pare de fumar enquanto é tempo! O cigarro contém: NICOTINA [substância também presente nos insecticidas] EFEITOS IMEDIATOS: TREMOR DAS MÃOS AUMENTO

Leia mais

Resolução da Assembleia da República n.º 56/94 Convenção n.º 171 da Organização Internacional do Trabalho, relativa ao trabalho nocturno

Resolução da Assembleia da República n.º 56/94 Convenção n.º 171 da Organização Internacional do Trabalho, relativa ao trabalho nocturno Resolução da Assembleia da República n.º 56/94 Convenção n.º 171 da Organização Internacional do Trabalho, relativa ao trabalho nocturno Aprova, para ratificação, a Convenção n.º 171 da Organização Internacional

Leia mais

Controlo da Qualidade da Água de Abastecimento Público Concelho de Oliveira de Azeméis

Controlo da Qualidade da Água de Abastecimento Público Concelho de Oliveira de Azeméis Gestão da Qualidade Controlo da Qualidade da Água de Abastecimento Público Concelho de Oliveira de Azeméis Cláudia Silva Ferreira n.º 3294 - LEAL Objectivos Assegurar a qualidade da água para consumo humano

Leia mais

Saúde da mulher em idade fértil e de crianças com até 5 anos de idade dados da PNDS 2006

Saúde da mulher em idade fértil e de crianças com até 5 anos de idade dados da PNDS 2006 Saúde da mulher em idade fértil e de crianças com até 5 anos de idade dados da PNDS 2006 José Cechin Superintendente Executivo Francine Leite Carina Burri Martins Esse texto compara as morbidades referidas

Leia mais

Norma ISO 9000. Norma ISO 9001. Norma ISO 9004 SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE REQUISITOS FUNDAMENTOS E VOCABULÁRIO

Norma ISO 9000. Norma ISO 9001. Norma ISO 9004 SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE REQUISITOS FUNDAMENTOS E VOCABULÁRIO SISTEMA DE GESTÃO DA QUALDADE SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Norma ISO 9000 Norma ISO 9001 Norma ISO 9004 FUNDAMENTOS E VOCABULÁRIO REQUISITOS LINHAS DE ORIENTAÇÃO PARA MELHORIA DE DESEMPENHO 1. CAMPO

Leia mais

Posição da SPEA sobre a Energia Eólica em Portugal. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

Posição da SPEA sobre a Energia Eólica em Portugal. Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves Posição da SPEA sobre a Energia Eólica em Portugal Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves 1. Introdução A energia eólica é a fonte de energia que regista maior crescimento em todo o mundo. A percentagem

Leia mais

AUDITORIAS INTERNAS DO AMBIENTE ISO 14001:2004. de acordo com ISO 19011:2002

AUDITORIAS INTERNAS DO AMBIENTE ISO 14001:2004. de acordo com ISO 19011:2002 AUDITORIAS INTERNAS DO AMBIENTE ISO 14001:2004 de acordo com ISO 19011:2002 Antes de começar Este curso está suportado: Nas Normas Internacionais ISO 14001:2004 e ISO 19011:2002 2 Objectivos No final da

Leia mais

III PROGRAMA DE ESTÁGIOS DE VERÃO AEFFUL

III PROGRAMA DE ESTÁGIOS DE VERÃO AEFFUL III PROGRAMA DE ESTÁGIOS DE VERÃO AEFFUL 1 Enquadramento O Gabinete de Estágios e Saídas Profissionais (GESP) tem o objectivo de estabelecer uma plataforma de comunicação entre estagiários e recém-mestres

Leia mais

EXPERIÊNCIA DE MOÇAMBIQUE NA IMPLEMENTAÇÃO DA SEGURANÇA SOCIAL BÁSICA

EXPERIÊNCIA DE MOÇAMBIQUE NA IMPLEMENTAÇÃO DA SEGURANÇA SOCIAL BÁSICA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE MINISTÉRIO DA MULHER E DA ACÇÃO SOCIAL EXPERIÊNCIA DE MOÇAMBIQUE NA IMPLEMENTAÇÃO DA SEGURANÇA SOCIAL BÁSICA 16 DE OUTUBRO DE 2013 1 CONTEXTO DE MOÇAMBIQUE Cerca de 23 milhões de

Leia mais

Seção 2/E Monitoramento, Avaliação e Aprendizagem

Seção 2/E Monitoramento, Avaliação e Aprendizagem Seção 2/E Monitoramento, Avaliação e Aprendizagem www.bettercotton.org Orientação Text to go here O documento Monitoramento, Avaliação e Aprendizagem da BCI proporciona uma estrutura para medir as mudanças

Leia mais

DECLARAÇÃO AMBIENTAL

DECLARAÇÃO AMBIENTAL C Â M A R A M U N I C I P A L D E S I N E S DECLARAÇÃO AMBIENTAL Atento ao parecer das entidades consultadas e às conclusões da Consulta Pública, relativos ao procedimento de Avaliação Ambiental Estratégica

Leia mais

Segurança e Higiene do Trabalho. Volume XIX Gestão da Prevenção. Guia Técnico. um Guia Técnico de O Portal da Construção. www.oportaldaconstrucao.

Segurança e Higiene do Trabalho. Volume XIX Gestão da Prevenção. Guia Técnico. um Guia Técnico de O Portal da Construção. www.oportaldaconstrucao. Guia Técnico Segurança e Higiene do Trabalho Volume XIX Gestão da Prevenção um Guia Técnico de Copyright, todos os direitos reservados. Este Guia Técnico não pode ser reproduzido ou distribuído sem a expressa

Leia mais