INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL. Campus Bento Gonçalves
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- Heloísa Henriques Alencar
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1 1 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL Campus Bento Gonçalves SABRINA LERIN ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA Bento Gonçalves 2011
2 2 SABRINA LERIN ENTOMOLOGIA AGRÍCOLA Trabalho de conclusão de curso, apresentado como requisito para obtenção do grau de Tecnólogo em Horticultura, pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Campus Bento Gonçalves. Orientadora: Profª Drª Regina da Silva Borba Co-orientador: Dr. Marcos Botton Bento Gonçalves 2011
3 3 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pela vida. Agradeço aos meus pais José e Ivone, pelo apoio, pelo amor incondicional, pelos ensinamentos, pelos exemplos e presença constante. Agradeço a minha irmã Fernanda, pelo carinho, compreensão e amizade. Agradeço aos meus colegas Andrey, Antonio, Fernando, Genor, Jean, Marcos, Luciano, Vitor, pela convivência, aprendizado e alegrias compartilhadas. Agradeço meus professores, que muito contribuíram com minha formação, pelo apoio, dedicação, paciência, disponibilidade e amizade. Agradeço minhas professoras orientadoras, Andressa Comiotto e Regina Borba, pelo incentivo, dedicação e amizade. Agradeço ao meu orientador Marcos Botton, pelos ensinamentos, exemplo e incentivo. Agradeço à equipe do Laboratório de Entomologia da Embrapa Uva e Vinho, Aline B., Aline N., Caio, Cindy, Cléber, Daniel, Leonardo, Lígia, Marcelo, Ruben e Vânia pela amizade, pelo apoio, pelos ensinamentos e companheirismo. Agradeço em especial as amigas Carina e Carine, pela amizade sem medida, e pelo apoio e companheirismo. Agradeço a todas as pessoas que de uma forma ou de outra, me ajudaram e me incentivaram.
4 4 RESUMO O estágio obrigatório requerido para a conclusão do Curso Superior de Tecnologia em Horticultura foi realizado no Laboratório de Entomologia da Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves sob a supervisão do pesquisador Dr. Marcos Botton e orientação acadêmica da professora Dra. Regina da Silva Borba. No estágio foram desenvolvidas atividades referentes à manutenção de criação de mariposa oriental (Grapholita molesta), principal praga da cultura do pessegueiro e da macieira. Além disso, foram desenvolvidas atividades de acompanhamento de trabalhos em andamento com pragas da videira como: pérola-da-terra (Eurhizococcus brasiliensis), cochonilhas (Pseudococcus viburni e Dysmicoccus brevipes) e mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus). As atividades foram desenvolvidas no laboratório, em casas de vegetação e a campo. O estágio permitiu um grande aprendizado a nível prático e teórico, contribuindo para a formação profissional. Palavras-chave: Eurhizococcus brasiliensis, Grapholita molesta, biologia de insetos, entomologia agrícola.
5 5 ABSTRACT The obligatory training required for completion of Degree in Horticulture Technology was realized in the Entomology Laboratory at Embrapa Uva e Vinho, Bento Gonçalves under the supervision of Dr. Marcos Botton and Dra. Regina da Silva Borba. During the training were developed activities concerning to rearing maintenance to oriental fruit moth (Grapholita molesta), the main pest of peach and apple. Further activities were developed with some pest of the vine: brazilian ground pearl (Eurhizococcus brasiliensis), scale insects (Pseudococcus viburni and Dysmicoccus brevipes), and fruit flies (Anastrepha fraterculus). The activities were conducted in laboratory, greenhouse and field. The training allowed knowledge to practical and theoretical level, contributing to professional formation. Keywords: Eurhizococcus brasiliensis, Grapholita molesta, insect biology, entomology. agricultural
6 6 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Adulto de Grapholita molesta...10 Figura 2 Lagarta de Grapholita molesta...11 Figura 3 - Ciclo biológico da pérola-da-terra em vinhedos...13 Figura 4 Cisto com ovos da pérola-da-terra...14 Figura 5 - Ninfas de primeiro ínstar em raiz de videira...14 Figura 6 Fêmeas adultas de Pseudococcus viburni (esquerda), Dysmicoccus brevipes (direita)...18 Figura 7 Adultos de Anastrepha fraterculus, à direita o macho e à esquerda a fêmea...19 Figura 8 - Criação de Grapholita molesta em laboratório: (A) gaiola de emergência de adultos; (B) gaiola de oviposição; (C) gaiola com ovos; (D) pote plástico para a criação de lagartas contendo fragmentos de PET (com ovos) distribuídos na dieta; (E) bandeja contendo potes envoltos com tecido de gaze para a formação das pupas...23 Figura 9 Visão geral do experimento com ponteiros de pessegueiro...24 Figura 10 Experimento com inseticidas em maçãs...25 Figura 11 Manutenção de criação de Dysmicoccus brevipes em batatas...26 Figura 12 Manutenção de criação de Pseudococcus viburni em abóbora...26 Figura 13 Vista geral experimento...27 Figura 14 - (A) Bandejas plásticas com solo coletado contendo ninhos de Linepithema micans e azulejos. (B) Detalhe do azulejo contendo algodão umedecido mostrando a entrada de Linepithema. micans entre eles...28 Figura 15 Vista geral do experimento...28 Figura 16 Vista da placa utilizada no experimento...29 Figura 17 - Gaiola para a criação de adultos de Anastrepha fraterculus. (A) vista frontal externa; (B) vista interna contendo substrato para oviposição (mamão-papaia) (1), recipientes para o fornecimento de dieta natural (2) e água (3)...30
7 7 SUMÁRIO RESUMO...4 ABSTRACT...5 LISTA DE ILUSTRAÇÕES INTRODUÇÃO REVISÃO BIBLIOGRÁFICA MARIPOSA ORIENTAL OU GRAFOLITA Descrição e biologia Danos causados Controle PÉROLA-DA-TERRA Descrição e biologia Danos causados Disseminação Controle COCHONILHAS Aspectos biológicos das cochonilhas MOSCA-DAS-FRUTAS SUL-AMERICANA Descrição e biologia Danos causados Controle ATIVIDADES REALIZADAS CRIAÇÃO DE MARIPOSA ORIENTAL AVALIAÇÃO DE INSETICIDAS PARA O CONTROLE DE Grapholita molesta Material e métodos...23
8 8 3.3 BIOECOLOGIA DE COCHONILHAS Material e métodos TESTE DE ISCAS PARA Linepithema micans Material e métodos CRIAÇÃO DE MOSCA-DAS-FRUTAS EM LABORATÓRIO CONSIDERAÇÕES FINAIS...31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...32
9 9 1 INTRODUÇÃO Este relatório tem como objetivo apresentar as atividades desenvolvidas durante o período de estágio obrigatório, que teve duração de 450 horas, desenvolvido no Laboratório de Entomologia da Embrapa Uva e Vinho. A Embrapa Uva e Vinho tem sua sede em Bento Gonçalves, contando também com as estações experimentais de Fruticultura Temperada, em Vacaria, e de Viticultura Tropical em Jales (São Paulo). A empresa desenvolve ações de pesquisa com uva, vinho, maçã e outras fruteiras de clima temperado (EMBRAPA, 2011). A sede da Embrapa Uva e Vinho localiza-se na principal região produtora de vinhos do Brasil, ocupando uma área de 100 hectares, dos quais 42 ha se prestam para o uso agrícola e o restante ocupado por edificações, bosques, estradas e por terrenos com topografia acidentada. Possui uma área construída de m 2. Fica a 125 km de Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul, com acesso pela rodovia BR-116, em conexão com as rodovias RS-122, RS-240, RS-446 e RS-470 (EMBRAPA, 2011). Neste relatório apresenta-se uma revisão sobre a importância das pragas trabalhadas, bem como são descritas as atividades realizadas, como a manutenção da criação de mariposa oriental (Grapholita molesta), mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus) entre outras atividades de apoio aos trabalhos que estavam em andamento no Laboratório de Entomologia.
10 10 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 MARIPOSA ORIENTAL OU GRAFOLITA A grafolita (Grapholita molesta - Busk, 1916) (Lepidoptera: Tortricidae) é uma praga de grande importância, visto que possui vários hospedeiros, alguns preferenciais como o pessegueiro, a ameixeira e o marmeleiro, mas podem desenvolver-se em outras rosáceas como a cerejeira, pereira, damasqueiro, nespereira e amendoeira (EPAGRI, 2006) Descrição e biologia Os adultos são mariposas de coloração cinza-escuro (Figura 1), com quatro linhas enegrecidas onduladas e transversais nas asas, medindo em torno de 14 mm de envergadura, sendo os machos menores que as fêmeas. Os adultos entram em atividade quando a temperatura for superior a 15 C, entre 17 e 21 horas (SANHUEZA et al., 2008). Figura 1 Adulto de Grapholita molesta. Foto: Mitchell, A. (2008). Os ovos são escassos (0,7 mm de diâmetro) devido às necessidades térmicas de cada fase de desenvolvimento (Grellmann et al., 1992). Possuem formato de pequenos discos esbranquiçados. São colocados isoladamente na face inferior de folhas novas, nas brotações, em ramos novos e nos frutos. As lagartas recém-eclodidas são branco-acizentadas com cabeça preta, porém quando completamente desenvolvidas apresentam coloração branco-rosada com cabeça marrom e atingem de 12 a 14 mm de comprimento (Figura 2).
11 11 As crisálidas são frágeis e ficam abrigadas em casulos de seda tecidos pelas larvas em fendas da casca dos troncos ou ramos, nas axilas dos ramos ou no solo, apresentando coloração amarelo-acastanhada e medem aproximadamente 6 mm de comprimento (EPAGRI, 2006). Figura 2 Lagarta de Grapholita molesta. Foto: Lerin, S. (2011). As primeiras mariposas surgem na primavera e são oriundas de lagartas que passaram o inverno em diapausa. São insetos com hábitos noturnos, com atividades de migração, alimentação, acasalamento e posturas concentradas entre 17 e 22 horas. Vivem em torno de 15 dias, durante os quais as fêmeas ovipositam em média 45 ovos. A incubação dos ovos varia de 3 a 4 dias e o período larval se estende de 8 a 27 dias, dependendo das condições ambientais. Sob a forma de pupa ou crisálida, o inseto passa de 5 a 12 dias, o que resulta num ciclo de vida completo variando de 23 a 58 dias, podendo ocorrer de 5 a 8 gerações anuais (EPAGRI, 2006). A grafolita passa o inverno em diapausa na forma larval, sob as cascas das árvores, ou folhas aderidas aos ramos, em frutos mumificados ou sobre o solo entre as folhas. Quando em diapausa as larvas apresentam coloração marrom-escura. No final do inverno, com o aumento da temperatura, as larvas empupam e após 10 a 20 dias emergem os adultos (EPAGRI, 2006) Danos causados Os danos causados nos brotos ocorrem após a eclosão, a lagarta procura um broto e penetra nele, fazendo uma galeria de cima para baixo. Uma mesma lagarta pode alimentar-se de três a sete ramos da mesma planta, geralmente vizinhos um do outro (MEDEIROS & RASEIRA, 1998). Segundo Medeiros e Raseira (1998), o dano nos ramos é mais significativo em plantas jovens (com um ou dois anos), pois ainda não há produção de frutos, no entanto quanto inicia
12 12 a produção de frutos, as lagartas penetram preferencialmente pela região do pedúnculo ou do cálice e vão se alimentar da polpa próxima à região carpelar, comprometendo a comercialização dos frutos. No ponto de penetração das lagartas observa-se a deposição de excrementos envoltos em fios de teia. A comercialização de frutos atacados é inviável, devido às galerias deixadas pelas lagartas (EPAGRI, 2006). As freqüências populacionais mais altas são verificadas nos meses do verão, época crítica em que os frutos estão suscetíveis ao ataque da praga e as condições climáticas são favoráveis ao inseto (EPAGRI, 2006) Controle Com o início da primavera deve-se começar o monitoramento da praga. O método mais eficiente e prático é o uso de armadilhas tipo Delta com feromônio sexual, utilizando-se duas armadilhas por hectare (EPAGRI, 2006). Estas armadilhas são instaladas a 1,8 metros do solo e na periferia do pomar ou no início da fila do talhão. O monitoramento deve ser feito duas vezes por semana e o atrativo substituído mensalmente. O nível de controle são 20 machos/armadilha/semana ou 50% cumulativo acima do nível de 20 machos/armadilha (SANHUEZA et al., 2008). O controle químico pode ser feito com inseticidas recomendados e registrados para cada cultura (AGROFIT, 2011). Além do controle químico pode ser feito o controle cultural colhendo-se os frutos atacados e queimando-os. 2.2 PÉROLA-DA-TERRA A pérola-da-terra (Eurhizococcus brasiliensis Hempel, 1922) (Hemiptera: Margarodidae) se tornou um fator limitante para a viticultura no Brasil (Soria & Conte, 2000). O inseto teve seu primeiro registro, em 1922, no município de Silveira Martins, RS, tornandose a principal praga da cultura da videira devido ao abandono de vinhedos devido aos danos provocados em diversas regiões (Botton et al., 2000). Os cistos podem sobreviver por muitos anos, em condições desfavoráveis, e desenvolvendo-se em condições ambientais adequadas (SORIA & GALLOTTI, 1986).
13 Descrição e biologia Segundo BOTTON et al. (2000), a pérola-da-terra é uma cochonilha subterrânea que ataca as raízes de plantas cultivadas e silvestres. É prejudicial somente na fase jovem (ninfas), visto que os adultos são desprovidos de aparelho bucal. A cochonilha reproduz-se através de partenogênese telítoca facultativa apresentando uma geração por ano (Figura 3). Figura 3 - Ciclo biológico da pérola-da-terra em vinhedos. Foto: Hickel, E. (1996). A biologia do inseto, partindo da fase de cisto com ovos (Figura 4), inicia com o rompimento do cisto e liberação das ninfas móveis do primeiro ínstar (Figura 5) (BOTTON et al., 2000).
14 14 Figura 4 Cisto com ovos da pérola-da-terra. Foto: Hickel, E. (1996). Figura 5 - Ninfas de primeiro ínstar em raiz de videira. Foto: Hickel, E. (1996). No período de eclosão de novembro a março, as ninfas pressionam e rompem as paredes frágeis do cisto, resultando na dispersão da praga. O primeiro ínstar é móvel e caminha de forma ativa até encontrar uma raiz para se fixar e alimentar (BOTTON et al., 2000). A partir do segundo ínstar, as ninfas perdem as pernas e permanecem no interior de uma cápsula protetora, assumindo formato esférico. A ninfa de terceiro ínstar atinge o máximo de crescimento em outubro-novembro, possuindo formato globoso e coloração amarela (BOTTON et al., 2000). De acordo com Botton et al. (2000), o completo desenvolvimento das ninfas origina fêmeas que podem morrer dentro do próprio cisto (reprodução assexuada), após realizarem a postura (cisto com ovos). Também podem emergir através de um opérculo circular no
15 15 extremo distal anterior do cisto e subirem à superfície como fêmeas móveis, para um eventual acasalamento (reprodução sexuada), retornando em seguida para o interior do solo. Embora pouco comum, os indivíduos do sexo masculino podem passar pelos três instares ninfais, prépupa móvel, pupa e originar machos alados, que vivem no máximo dois dias e possuem a única função de copular as fêmeas móveis Danos causados A planta atacada apresenta um definhamento progressivo, com redução da produção e conseqüente morte das plantas (SORIA & GALLOTTI, 1986). Acredita-se que o definhamento das plantas é resultado da injeção de toxinas pela cochonilha que é de origem neotropical, frente plantas de videira de origem neártica (videiras americanas) ou paleártica (videiras européias) (BOTTON et al., 2000). Em parreirais adultos, as folhas tornam-se cloróticas entre as nervuras, semelhante à deficiência de magnésio e os bordos das folhas encarquilham-se para dentro ocorrendo, podendo ocorrer queimaduras nas bordas. Plantas com estes sintomas, geralmente têm baixo vigor, entrenós curtos, entram em declínio e morrem. O amarelecimento entre as nervuras pode ser resultado de danos ao sistema radicular ou da injeção de toxinas pela pérola na planta, que induzem a deficiência de magnésio nas folhas. No caso de novos plantios, no primeiro ano as plantas se desenvolvem normalmente, mas a partir do segundo ano, ocorre a desuniformidade da brotação, e geralmente as plantas morrem no terceiro ano (BOTTON et al., 2000) Disseminação Segundo Haji et al. (2004), a disseminação de E. brasiliensis pode ocorrer de várias maneiras, sendo através de mudas de espécies frutíferas e ornamentais infestadas com a praga. Outras formas de disseminação podem ocorrer, como por exemplo: enxurradas que provoquem erosão, implementos agrícolas. Neste caso, a disseminação é muito lenta e ocorre quando há o rompimento do cisto, percorrendo curtas distâncias dentro do solo. Observações feitas nos hospedeiros mostram que sua distribuição tem tendência de diluição periférica da população, de início centralizada ao redor da raiz principal (SORIA & GALLOTTI, 1986).
16 16 Outra forma de disseminação que pode ocorrer é a associação mutualística com as formigas Nylanderia fulva e Linepithema humile, que buscam as excreções açucaradas liberadas pela pérola-da-terra, promovendo a dispersão desta praga dentro do parreiral, pois as formigas transportam as ninfas móveis recém-eclodidas de um local para outro (HAJI et al., 2004) e (SORIA & GALLOTTI, 1986). No estado do Rio Grande do Sul, Martins & Bueno (2009) descreveram a presença de Linepithema micans em associação com a pérola-da-terra, confirmando esta espécie através de técnicas moleculares. Sacchett et al. (2009) registraram em dois parreirais localizados em Bento Gonçalves diversos gêneros de formigas em áreas infestadas pela pérola-da-terra com destaque para L. micans e Pheidole sp. Além de transportarem as ninfas (forese), ao escavarem o solo, facilitam a sobrevivência da praga nas raízes das plantas. Dada a importância deste envolvimento, o controle de formigas deve ser associado às estratégias de manejo desta praga (HAJI et al., 2004) e (SORIA & GALLOTTI, 1986) Controle De acordo com BOTTON et al. (2000) a melhor época para avaliar a presença da pérola-da-terra no parreiral é no início da brotação, arrancando-se as plantas menos vigorosas e observando-se a presença do inseto nas raízes. O mesmo procedimento pode ser adotado em plantas hospedeiras da praga, presentes no parreiral, principalmente a língua-de-vaca (Rumex obtusifolius L). Já foram estudados métodos de controle para pérola-da-terra, como o controle biológico com fungos e nematóides. Sabe-se da existência de um único predador até então encontrado, é a mosca Prolepsis lucifer (Diptera: Asilidae), cuja larva de primeiro ínstar ataca os cistos devorando a fêmea e os ovos da praga (BOTTON et al., 2000). Uma alternativa de controle cultural utilizada para reduzir a população de pérola-daterra pode ser o revolvimento do solo, indicado para viveiros de mudas, a eliminação de plantas invasoras também constitui-se em prática cultural importante na redução populacional da pérola-da-terra, visto que algumas plantas são hospedeiras (SORIA & GALLOTTI, 1986).
17 17 A resistência de plantas é considerada um dos métodos mais promissores para o controle da praga. Até o momento, trabalhos de pesquisa indicam que a cultivar Magnólia (Vitis rotundifolia) é resistente a E. brasiliensis. O emprego de V. rotundifolia diretamente como porta-enxerto para cultivares de videira não tem sido possível por falta de compatibilidade de enxertia entre essas espécies, no entanto, é possível a utilização de híbridos de V. rotundifolia com espécies da seção Vitis, cuja compatibilidade de enxertia já tem sido comprovada (BOTTON et al., 2000 e SORIA & GALLOTTI, 1986). Em plantios novos, o ideal é escolher áreas não infestadas com pérola-da-terra. Entretanto, caso isto não seja possível, algumas medidas são recomendadas por Botton et al e Soria & Gallotti, 1986): como realizar análise de solo, corrigir e adubar de acordo com as recomendações para cultura, realizar um bom preparo do solo para permitir que as raízes tenham um bom desenvolvimento inicial, utilizar mudas de boa qualidade e livres de viroses, utilizar porta-enxertos mais resistentes à pérola-da-terra, como por exemplo, alguns híbridos resultantes dos cruzamentos de V. rotundifolia x V. vinifera como o VR e VR já mostraram bons resultados em áreas com problemas de pragas de solo da videira (WALKER et al., 1991 e LIDER et al., 1995), controlar plantas invasoras que podem ser hospedeiras do inseto. 2.3 COCHONILHAS As cochonilhas Dysmicoccus brevipes (Cockerell, 1893) e Pseudococcus viburni (Signoret, 1875) (Hemiptera: Pseudococcidae) têm se tornado pragas cada vez mais importantes em vinhedos, resultado dos danos diretos e indiretos causados à videira (DAANE et al., 2008). Sua presença também tem sido registrada de modo freqüente em uvas de mesa, principalmente nas que compõem o grupo Itália (MORANDI FILHO et al., 2007 e KISHINO et al., 2007). As perdas na produção ocorrem devido à presença das cochonilhas nos cachos, associadas à fumagina (FLAHERTY et al e GONZÁLEZ & VOLOSKY, 2004 e DAANE et al., 2008). O honeydew para excretado também é aproveitado por formigas doceiras, que acabam impedindo a atuação dos inimigos naturais por ficarem associadas às cochonilhas (DAANE et al. 2007). Indiretamente, as cochonilhas podem causar sérios danos por serem vetoras de vírus, como o vírus do enrolamento das folhas da videira (GLRaV-3), o das caneluras do tronco-da-
18 18 videira (GVA) e o do intumescimento dos ramos (GVB), prejudicando de forma significativa a viticultura (GARAU et al., 1995; CABALEIRO & SEGURA, 1997; GOLINO et al., 2002) Aspectos biológicos das cochonilhas Os insetos da família Pseudococcidae podem se reproduzir com ou sem a participação do macho, podendo ocorrer o acasalamento ou a partenogênese (McKENZIE, 1967; SANTA- CECÍLIA et al., 2007). As fêmeas desta família de insetos passam por três ínstares livres (sem formação de casulo), enquanto que os machos apresentam quatro ínstares, sendo que ao final do segundo ínstar são construídos casulos de filamentos cerosos (pupa), no qual passam pelos estágios pré-pupal e pupal, dando origem a um indivíduo alado, pequeno e de vida curta (GONZÁLEZ, 2003). As fêmeas de P. viburni (Figura 6) são ovíparas e depositam uma massa de ovos em um ovissaco branco e filamentoso (IRACHETA & GONZÁLEZ, 2005). A capacidade de oviposição de fêmeas de P. viburni é, em média, de 240 ovos à 25ºC, e, o período embrionário dura, em média, 8 dias (MUDAVANHU, 2009). O primeiro, segundo e terceiro ínstares de fêmeas de P. viburni duram em média 11, 15 e 10 dias, respectivamente, resultando em um período ninfal de 36 dias a 25ºC. A longevidade das fêmeas é de, aproximadamente, 42 dias e a duração do ciclo total (ovo a adulto) de 45 dias (MUDAVANHU, 2009), podendo ocorrer de duas a três gerações desta espécie ao ano (DAANE et al., 2008). A duração dos ínstares para machos é de, em média, 10, 7, 7 e 7 dias para o primeiro, segundo, terceiro (pré-pupa) e quarto (pupa) ínstares, respectivamente. A longevidade dos machos varia de 2 a 6 dias (IRACHETA & GONZÁLEZ, 2005). As fêmeas adultas de D. brevipes (Figura 6) são ovovivíparas e logo após a oviposição ocorre a eclosão das ninfas (SANTA-CECÍLIA et al., 2007; WALLER et al., 2007). As fêmeas de D. brevipes colocam, em média, 240 ovos (MENEZES, 1973).
19 19 Figura 6 Fêmeas adultas de Pseudococcus viburni (esquerda), Dysmicoccus brevipes (direita). Foto: Bertin, A. (2010). O período ninfal de fêmeas de D. brevipes dura em média 39 dias, enquanto que para machos a duração é em média de 32 dias (SANTA-CECÍLIA et al., 2004). Os machos, após a emergência, vivem apenas de dois a quatro dias, enquanto que a longevidade das fêmeas chega a 26 dias. O número de gerações anuais desta espécie pode variar conforme a temperatura, podendo à temperatura de 27ºC completar dez gerações em um ano (COLEN et al., 2000). 2.4 MOSCA-DAS-FRUTAS SUL-AMERICANA A mosca-das-frutas sul-americana (Anastrepha fraterculus Wied, 1830) (Diptera: Tephritidae) é a principal praga das frutíferas de clima temperado no Sul do Brasil (SALLES, 1998 e KOVALESKI & RIBEIRO, 2002 e BOTTON et al., 2005). Os danos provocados pelo inseto adulto devem-se às lesões (puncturas) provocadas pela introdução do ovipositor na epiderme dos frutos e ao desenvolvimento das larvas que se alimentam da polpa, tornando-os inviáveis para o comércio Descrição e biologia Os adultos da mosca-das-frutas sul-americana (Figura 7) possuem corpo de coloração amarela com asas transparentes, apresentando duas manchas características, uma em forma de S na parte central e uma em V invertido no ápice. Os adultos medem cerca de 7 mm de comprimento e 16 mm de envergadura. Normalmente, as fêmeas são maiores que os machos e diferem desses por possuírem, no final do abdômen, o ovipositor, chamado de acúleo. As moscas-das-frutas são insetos de metamorfose completa passando pelos estágios de ovo, larva, pupa e adulto (NAVA & BOTTON, 2010).
20 20 Figura 7 Adultos de Anastrepha fraterculus, à direita o macho e à esquerda a fêmea. Foto: Hickel, E. (1996). As larvas são do tipo vermiforme e de cor branca a branco-amarelada, com o corpo liso. Durante o seu desenvolvimento constroem galerias e se alimentam da polpa, deixando os excrementos no interior do fruto. A duração da fase larval é variável com a temperatura, podendo ser de 34,5 dias sob 15 ºC a 14 dias sob 30ºC, sendo que não ocorre desenvolvimento nas temperaturas inferiores a 10ºC e superiores a 35ºC. Ao final da fase de larva, essas saem dos frutos e empupam no solo na camada que vai de 2 a 6 cm de profundidade. Os adultos emergem após um período variável de 38,6 a 13,5 dias para a faixa térmica de 17,5ºC a 30ºC, respectivamente, sendo que os machos permanecem pousados na vegetação próxima, atraindo as fêmeas para o acasalamento por meio de movimentos, emissão de sons e liberação de feromônio sexual. Uma vez que a fêmea esteja apta ocorre o acasalamento (NAVA & BOTTON, 2010) Danos causados Os danos provocados pela mosca-das-frutas são causados diretamente nos frutos e iniciam pela inserção do ovipositor nos frutos (RAGA & FILHO, 2000), causando injúrias que favorecem a entrada para doenças, principalmente a podridão-parda, causada pelo fungo Monilinia fructicola. Além disso, com a eclosão das larvas e o seu desenvolvimento, ocorrem aberturas de galerias na polpa, apodrecimento e conseqüente queda dos frutos (NAVA & BOTTON, 2010). Em ameixa, o ataque inicia-se logo no começo do desenvolvimento dos frutos (frutos com 2-3 cm de diâmetro). Quando o ataque ocorre neste estágio, não há o desenvolvimento da larva no interior do fruto, mas provoca, entretanto, a queda deste (EMBRAPA, b 2011) Controle
21 21 Algumas medidas de para diminuir a infestação com mosca-das-frutas podem ser realizadas, como por exemplo, eliminar ou tratar plantas silvestres frutíferas que podem servir de hospedeiro ao inseto, eliminar do pomar frutos caídos ou refugados na colheita e utilizar isca tóxica e armadilhas no pomar e arredores (EMBRAPA, b 2011). A realização de controle químico deve seguir as recomendações para a cultura, disponível no Agrofit. 3 ATIVIDADES REALIZADAS 3.1 CRIAÇÃO DE MARIPOSA ORIENTAL O principal objetivo do plano de estágio foi a manutenção da criação de grafolita em laboratório, para a utilização dos insetos em experimentos. No Laboratório da Entomologia, a criação foi mantida em sala climatizada, com temperatura de 24 ± 2 C, umidade relativa de 70 ± 10% e fotofase de 16 horas, seguindo a metodologia descrita por ARIOLI et al. (2007). Os adultos foram mantidos em gaiolas confeccionadas a partir de um vasilhame escuro de tampa com encaixe para uma garrafa de polietileno transparente (PET) de 2 litros, que era colocada virada para baixo. O fundo desta garrafa cortada era coberto com um voile, preso com elástico (Figura 8A). O fundo escuro do vasilhame favorecia os adultos emergidos procurarem a saída em direção à luminosidade, ovipositando na garrafa. A cada dois dias, se fazia a limpeza da gaiola, trocando-se a garrafa PET, e colocando-se novas pupas no interior das gaiolas. A garrafa PET (Figura 8B) contendo os ovos era lavada seqüencialmente com hipoclorito a 15% e com água corrente posteriormente deixando-se secar. Depois de seca a garrafa era cortada em pedaços para ser colocada em bandejas com a dieta (Figura 8C e D, Quadro 1), para as lagartas, com tampa transparente furada para evitar a condensação da água, resultando na morte das lagartas. A composição da dieta apresentada na Tabela 1, segue a metodologia descrita por ARIOLI et al. (2007). O preparo da mesma seguiu os seguintes passos: adicionar o ágar em água fria, mexia-se até que estivesse totalmente dissolvido, após adicionava-se o fermento,
22 22 diluía-se, e por fim acrescentavam-se os demais ingredientes. Após a fervura, mexer a dieta a fim de reduzir a temperatura até atingir os 60 C para adicionar os ácidos e o formaldeído. Tabela 1 - Composição das dietas para lagartas e adultos de Grapholita molesta. Fase da lagarta Quantidade Farinha de milho 224g Germen de trigo 56g Fermento biológico 60g Ácido ascórbico (vitamina C) 8g Ácido benzóico 3,6g Formaldeído 1 ml Metilparhidroxibenzoato (Nipagin) 2,8g Ágar 32g Água 900ml Fase adulta Quantidade Mel 150 g Nipagin 1,5 g Água 1000 ml Fonte: ARIOLI et al. (2007). As lagartas que eclodiam se alimentavam da dieta até estarem completamente desenvolvidas e começarem a se movimentar pela tampa da bandeja. Neste ponto, os pedaços da garrafa pet eram retirados e a bandeja era envolta em gaze de forma que as lagartas usassem o tecido para transformar-se em pupas (Figura 8E), ficando pelo período aproximado de sete a dez dias.
23 23 Figura 8 - Criação de Grapholita molesta em laboratório: (A) gaiola de emergência de adultos; (B) gaiola de oviposição; (C) gaiola com ovos; (D) pote plástico para a criação de lagartas contendo fragmentos de PET (com ovos) distribuídos na dieta; (E) bandeja contendo potes envoltos com tecido de gaze para a formação das pupas. Foto: Chaves, C. C. (2010). Observou-se, diariamente, se as lagartas que estavam na primeira camada da gaze (a mais superficial) haviam se transformado em pupas e então a gaze era desenrolada cuidadosamente para que as pupas fossem retiradas e colocadas nas gaiolas para emergência de adultos. 3.2 AVALIAÇÃO DE INSETICIDAS PARA O CONTROLE DE Grapholita molesta Foram realizados dois experimentos com o objetivo de avaliar a eficiência de inseticidas quanto à mortalidade de lagartas de mariposa oriental de primeiro ínstar em ponteiros de pessegueiro e em frutos de macieira Material e métodos Os tratamentos testados para os ponteiros de pessegueiro foram (Figura 9): azadiractina (100ml/100l), rynaxypyr (14g/100l), malathion (100ml/100l), novaluron (40ml/100l), Bacillus thuringiensis (100g/100l), Bacillus thuringiensis (100g/100l), spinetoran (20g/100l), spinosad (20ml/100l), flubendiamida (50ml/100l) e testemunha (água).
24 24 Os ponteiros de pessegueiros e os frutos de maçãs foram mergulhados até estarem completamente submersos em recipientes contendo os tratamentos, retirados e deixados secar a temperatura ambiente. Depois, as lagartas de mariposa oriental de primeiro ínstar foram inoculadas, os potes fechados e colocados em uma sala climatizada (temperatura 24 ± 2 C, umidade relativa 70 ± 10% e fotofase de 16 horas) até completar sete dias para a realização das avaliações. A avaliação do experimento com ponteiros de pessegueiro foi realizada com base na mortalidade das lagartas Figura 9 Visão geral do experimento com ponteiros de pessegueiro. Foto: Chaves, C. C. (2011). Os tratamentos testados para as macieiras foram (Figura 10): Bacillus thuringiensis (100g/100l), rynaxypyr (14g/100l) e testemunha (água). A avaliação do experimento com frutos de macieira foi feita com base na mortalidade das lagartas, e no local de penetração das mesmas (lateral, pedúnculo, cálice).
25 25 Figura 10 Experimento com inseticidas em maçãs. Foto: Lerin, S. (2011). 3.3 BIOECOLOGIA DE COCHONILHAS O referido trabalho faz parte das atividades do curso de mestrado da acadêmica Aline Bertin, que tem por objetivo avaliar o desenvolvimento de duas espécies de cochonilhas Dysmicoccus brevipes (Cockerell, 1893) e Pseudococcus viburni (Signoret, 1875) em diferentes temperaturas, cultivares de uva e estruturas vegetativas Material e métodos A criação de D. brevipes foi estabelecida no Laboratório de Entomologia da Embrapa Uva e Vinho, em 2008, com insetos proveniente de raízes de figueira (Ficus carica), coletadas em Farroupilha, RS, sendo que sua criação foi mantida em batatas (Solanum tuberosum L.) (Figura 11). A criação de P. viburni foi estabelecida a partir de fêmeas adultas coletadas em vinhedos da região de Caxias do Sul, RS. A manutenção da criação de P. viburni foi mantida em abóboras (Cucurbita maxima) da variedade Cabotiá, acondicionadas em bandejas plásticas (40cmX27cmX36cm) contendo no fundo papel toalha e cobertas na parte superior com tecido voile (Figura 12).
26 26 Figura 11 Manutenção de criação de Dysmicoccus brevipes em batatas. Foto: Bertin, A. (2011). Figura 12 Manutenção de criação de Pseudococcus viburni em abóbora. Foto: Bertin, A. (2011). As espécies foram mantidas em câmaras climatizadas separadas para evitar a contaminação entre as criações e sob condições de temperatura, umidade e fotoperíodo controladas (25 ± 2 C, 70 ± 10% UR e 14 horas de fotofase). A limpeza das gaiolas foi realizada semanalmente para prevenir a contaminação das abóboras por fungos e outros microrganismos. Cochonilhas recém-eclodidas provindas da criação de manutenção foram individualizadas, com auxílio de um pincel, em placas de Petri (6,0 cm de diâmetro x 2,0 cm altura), contendo um disco de folha de 3,5 cm de diâmetro (das cultivares Niágara ou Itália) ou pedaço de raiz (dos porta-enxertos Paulsen 1103 e IAC 572) utilizados como substrato de alimentação. As placas foram fechadas com parafilme e mantidas em câmara climatizada (temperatura de 25 ± 1 ºC; umidade relativa de 60 ± 10% e fotofase de 12 horas). O alimento
27 27 foi substituído a cada 7 dias, ou antes deste intervalo, quando perdia a turgidez. Registros diários foram feitos sobre cada indivíduo, até o final de seu ciclo (Figura 13). Figura 13 Vista geral do experimento em placas de acrílico. Foto: Bertin, A. (2011). 3.4 TESTE DE ISCAS PARA Linepithema micans O referido trabalho faz parte das atividades do curso de doutorado da acadêmica Aline Nondillo. O trabalho tem como objetivo avaliar o efeito de iscas líquidas sobre a supressão de Linepithema micans (Forel, 1908) (Hymenoptera: Formicidae), em casas de vegetação Material e métodos Para a realização do experimento foram plantadas 60 mudas de videira em vasos e estas foram acondicionadas em casa de vegetação. Foram coletados ninhos de L. micans a campo para a realização do experimento, em vinhedos infestados pela pérola-da-terra. Os formigueiros, juntamente, com o solo foram retirados e transportados para o laboratório em sacos plásticos e posteriormente transferidos para bandejas plásticas (Figura 14A). Em cada bandeja foram colocados dois azulejos contendo entre eles algodão umedecido com o objetivo de estimular a entrada das formigas no interior do conjunto (Figura 14B). Os azulejos contendo os ninhos foram posteriormente colocados na região superficial dos vasos (Figura 15).
28 28 A B Figura 14 - Bandejas plásticas com solo coletado contendo ninhos de Linepithema. micans e azulejos (A). Detalhe do azulejo contendo algodão umedecido mostrando a entrada de Linepithema. micans entre eles (B). Foto: Nondillo, A. (2010). Após infestação dos vasos com os ninhos coletados a campo os seguintes tratamentos foram aplicados: fipronil e thiamethoxan (via pulverização), ácido bórico, bistrifluron, hidra (via isca tóxica) e uma parcela controle (sem aplicação de isca tóxica). Figura 15 Vista geral do experimento. Foto: Nondillo, A. (2010). Antes dos testes, as colônias foram mantidas sob jejum de 24 horas, apenas com água disponível. Sobre cada vaso foi oferecido o atrativo alimentar de preferência da formiga (açúcar invertido a 30%) no centro de uma placa de acrílico branca (3x3 cm) (Figura 16). Após a oferta, foi registrado o número de operárias presentes sobre a placa branca de acrílico a cada 10 minutos, durante 1 hora. Esses testes foram realizados com intervalo de uma semana entre eles, devido ao desgaste do ninho em ficar em jejum.
29 29 Figura 16 Atrativo alimentar. Foto: Nondillo, A. (2010). 3.5 CRIAÇÃO DE MOSCA-DAS-FRUTAS EM LABORATÓRIO A criação de mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus) (Wied, 1830) (Diptera: Tephritidae) em laboratório realiza-se em sala com condições controladas de temperatura 24 ± 2 C, umidade relativa de 70 ± 10% e fotofase 16 horas. Os adultos foram criados em gaiolas plásticas (Figura 17 A) de polietileno transparente (41 x 29,5 x 30 cm) e alimentados com dieta artificial contendo extrato de soja, açúcar mascavo e gérmen de trigo, nas proporções de 3:1:1, além de água (Figura 17 b). Em cada gaiola utilizavam-se em média 167 casais. As fêmeas ovipositavam em frutos de mamão-papaia (Carica papaya L.) que eram trocados a intervalos de 48 horas e mantidos em caixas plásticas (37 x 14 x 29 cm) com fundo coberto por vermiculita. Sobre a camada de vermiculita, foi colocada uma tela plástica de malha de 2 mm, para facilitar a retirada dos restos de mamão desidratado após o desenvolvimento larval. As larvas completaram o desenvolvimento no mamão passando à fase de pupa após 15 ± 2 dias.
30 30 Figura 17 - Gaiola para a criação de adultos de Anastrepha fraterculus. (A) vista frontal externa; (B) vista interna contendo substrato para oviposição (mamão-papaia) (1), recipientes para o fornecimento de dieta natural (2) e água (3). Foto: Bortoli, L. C. (2011). Os insetos obtidos eram destinados à condução de bioensaios ou na manutenção da criação. Os experimentos realizados com A. fraterculus fazem parte do trabalho de Mestrado desenvolvido pelo acadêmico Ruben Machota Jr e pela acadêmica do Curso de Ciências Biológicas Lígia Caroline Bortoli.
31 31 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estágio permitiu um grande aprendizado com as atividades desenvolvidas dentro do laboratório, desde a manutenção da criação de Grapholita molesta, ao apoio nos demais trabalhos realizados com Eurhizococcus brasiliensis, Anastrepha fraterculus, Linepithema micans, Dysmicoccus brevipes e Pseudococcus viburni e com os trabalhos desenvolvidos à campo em conjunto com produtores. Forneceu uma base maior de conhecimentos e práticas para atuar como um profissional que deve possuir experiência, buscando oferecer soluções diante dos problemas e obstáculos enfrentados no ramo da agricultura. Além da experiência profissional adquirida, houve o crescimento pessoal, aprendendo a valorizar cada vez mais o apoio e ajuda de profissionais mais experientes no mercado, desenvolvendo as características necessárias para ser um profissional de qualidade e de respeito. O estágio permitiu um grande aprendizado com a realização de atividades, superação das dificuldades com o apoio dos colegas de trabalho, além de colocar em prática os ensinamentos adquiridos durante o curso. O Laboratório de Entomologia da Embrapa Uva e Vinho conta com uma estrutura de salas divididas para atender as demandas para a realização dos mais diversos experimentos, com mosca-das-frutas, grafolita, cochonilhas, formigas, entre outras espécies. O estágio ofereceu também a oportunidade de desenvolver características específicas através de uma experiência que teve impactos positivos, devido as responsabilidades durante a realização de todas as atividades.
32 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGROFIT- < Acessado em 11/05/2011; ARIOLI, J. C.; MOLINARI, F.; BOTTON, M.; GARCIA, M. S. - Técnica de criação de Grapholita molesta (Busck, 1916) (Lepidoptera: Tortricidae) em laboratório utilizando dieta artificial para a produção de insetos visando estudos de comportamento e controle. Bento Gonçalves, Embrapa Uva e Vinho: Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 13, 2007; BOTTON, M.; HICKEL, E. R.; SORIA, S. J.; TEIXEIRA, I. Bioecologia e controle da pérola-da-terra Eurhizococcus brasiliensis (Hempel, 1992) (Hemiptera: Margarodidae) na cultura da videira. Embrapa Uva e Vinho: Circular Técnica n 27, setembro de 2000; BOTTON, M. ; ARIOLI, C. J. ; MASCARO, F. A.. Manejo de pragas na cultura do pessegueiro. In: VIII Encontro Nacional de Fruticultura de Clima Temperado, 2005, Fraiburgo. Anais do VIII Encontro Nacional sobre Fruticultura de Clima Temperado, v. 1. p ; CABALEIRO, C.; SEGURA, A. Field transmission of grapevine leafroll associated virus 3 (GLRaV-3) by the mealybug Planococcus citri. Plant Disease, Saint Paul, v. 81, p , 1997; COLEN, K.G.F.; SANTA-CECÍLIA, L.V.C.; MORAES, J.C.; REIS, P.B. Efeitos de diferentes temperaturas sobre a biologia da cochonilha pulverulenta Dysmicoccus brevipes (Cockerell, 1893) (Hemiptera: Pseudococcidae). Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 22, n. 2, p , 2000; DAANE, K.M.; SIME, K.R.; FALLON, J.; COOPER, M.L. Impacts of Argentine ants on mealybugs and their natural enemies in California s coastal vineyards. Ecological Entomology, v. 32, p , 2007; DAANE, K.M.; COOPER, M.L.; TRIAPITSYN, S.V.; WALTON, V.M.; YOKOTA, G.Y.; HAVILAND, D.R.; BENTLEY, W.J.; GODFREY, K.E.; WUNDERLICH, L.R. Vineyard managers and researchers seek sustainable solutions for mealybugs, a changing pest complex. California Agriculture, Berkeley, v. 62, n. 4, p , 2008; EMBRAPA Disponível em < Acessado em 03/05/2011; b< eixeira/cap11.htm>. Acessado em: 16/06/2011; EPAGRI A cultura da macieira. Florianópolis, 743p. 2006; FLAHERTY, D.L.; PHILIPS, P.A.; LEGNER, E.F. PEACOCK, W.L.; BENTLEY, W.J. Mealybugs. IN: FLAHERTY, D.L.; CHRISTENSEN, L.P.; LANINI, W.T.; MAROIS, J.J.;
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