Química Ambiental para Jovens e Adultos (EJA): Estratégias de ensino em busca da identidade ambiental
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- Mauro Pais Prado
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1 Química Ambiental para Jovens e Adultos (EJA): Estratégias de ensino em busca da identidade ambiental Patrícia Alves de Abreu e Sousa 1, Luciana Nobre de Abreu Ferreira Universidade Federal do Piauí, Centro das Ciências da Natureza, Departamento de Química. 1. INTRODUÇÃO 1.1 O ENSINO DE QUÍMICA AMBIENTAL NO EJA Lecionar assuntos de química ambiental é uma tarefa que não compete apenas à química, mas uma gama de outras áreas de ensino que juntas formam a interdisciplinaridade. Essa dependência dos assuntos pode ser determinante para a compreensão do conteúdo. Sobre esse olhar, a importância do trabalho esta na capacidade de lecionar química ambiental a alunos do EJA de uma unidade escolar do Piauí, no qual, é discutido a compreensão de mundo (já adquirida ao longo da vida) sobre os problemas ambientais e os conhecimentos lecionados, de forma, a extinguir qualquer lacuna ou falta de compreensão sobre o saber ambiental. 1.2 EJA ENSINO DE JOVENS E ADULTOS A Educação de Jovens e Adultos na atualidade é uma alternativa viável para que as pessoas possam retomar seus estudos e garantir uma formação profissional e intelectual, representando um novo começo. Os mesmos autores afirmam que a EJA é um direito de todos aqueles que não tiveram acesso à escola ou mesmo aqueles que não conseguiram completar seus estudos (MORAES, 2009). 1 = sousapaas@hotmail.com
2 A partir dessas questões iniciam-se investigações acerca dos referenciais filosófico-sociológicos para o estudo das múltiplas determinações que dão sustentabilidade e coerência do ensino de química no EJA. No intuito de perquirir o processo de construção da docência no ensino de química no EJA. As estratégias de ensino valorizam a interdisciplinaridade através da contextualização e o cotidiano, problemas ambientais ligados as suas vidas e que nessa perspectiva são os sujeitos responsáveis e podem ser os agentes transformadores. 1.3 CONTEXTUALIZAÇÃO NO ENSINO DE CIÊNCIAS A contextualização no ensino vem sendo defendida por diversos educadores, pesquisadores e grupos ligados à educação como um meio de possibilitar ao aluno uma educação para a cidadania concomitante à aprendizagem significativa de conteúdos. Assim a contextualização se apresenta como um modo de ensinar conceitos das ciências ligados à vivência dos alunos seja ela pensada como recurso pedagógico ou como princípio norteador do processo de ensino (SILVA, 2007). Se a nova tendência da escola leva a um ensino contextualizado, as avaliações precisam assumir um mesmo propósito. Não se justifica um ensino voltado para questões do cotidiano se a avaliação continua nos moldes de conceitos, regras e memorizações. O contrário também é válido: a um ensino restrito a fórmulas matemáticas não cabe uma avaliação do conhecimento contextualizada (QUADROS, 2008). Segundo Moraes (2009) o ser humano, independentemente de sua idade, apresenta a tendência de aprender com maior facilidade um determinado conhecimento quando ele é apresentado inicialmente de forma mais geral, buscando os conhecimentos prévios de cada pessoa e, em seguida, se desdobrando as ideias mais específicas para ampliar a compreensão. As Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio (DCNEM) na resolução CEB 03/98, chamam atenção para a contextualização quando apontam a relação entre sujeito e objeto como fator importante na
3 apresentação dos conhecimentos escolares. Segundo o documento, nesse ensino relacional, devem-se evocar áreas, âmbitos ou dimensões presentes na vida pessoal, social e cultural do indivíduo. Como proposta, as DCNEM apresentam o mundo do trabalho e o exercício da cidadania como campos a serem contextualizados no ensino (SILVA, 2007). A importância da contextualização dos temas químicos e sociais é evidenciada, pelo interesse despertado nos alunos quando se trata de assuntos vinculados diretamente ao seu cotidiano. No entanto, o trabalho descontextualizado mostra-se com freqüência, improdutivo para promover a formação de um cidadão. Neste sentido, o contexto aponta-se para a função do ensino de química na qual, possa desenvolver a capacidade de tomada de decisão, o que implica a necessidade de vinculação do conteúdo trabalhado com o contexto social em que o aluno está inserido (SILVA, 2007). Sendo a contextualização um método de aprendizagem acredita-se em uma perspectiva socioconstrutivista, ao reconhecerem que aprendizagem envolve a introdução do aprendiz em um mundo simbólico. Dessa forma, os indivíduos se engajam socialmente em conversações e atividades sobre problemas e tarefas comuns (SILVA, 2007). A Química verde, química ambiental ou química para o desenvolvimento sustentável é um campo emergente como tema contextualizado que tem como objetivo final conduzir as ações científicas e/ou processos industriais ecologicamente corretos. Neste sentido, a uma maior conscientização da importância da preservação do meio ambiente.
4 2. OBJETIVOS GERAL Lecionar química ambiental sobre aspectos da interdisciplinaridade e da contextualização em turmas do EJA (Ensino de Jovens e Adultos) de escola pública estadual na cidade de Teresina PI. ESPECÍFICO Compreender as dificuldades dos alunos frente à realidade do ensino do EJA. Lecionar assuntos de química ambiental voltados para a contextualização assim como, em questões do cotidiano. Explicar conceitos e fundamentos da química com uso de recursos didáticos diferenciados. Conhecer a dificuldade dos alunos ao interpretar os assuntos, bem como, suas limitações e anseios sobre a abordagem da química ambiental. Formar a identidade ambiental dos alunos.
5 3. METODOLOGIA Será empregado o uso de textos como forma de revelar em primeiro momento a contextualização e aulas dialogadas a fim de conhecer os alunos, seus conhecimentos de mundo, assim como, avaliar e orientar de forma imparcial sobre a questão ambiental, para que os alunos tenham as suas próprias opiniões formadas. No qual, serão tratados textos sobre meio ambiente os respectivos temas tratados são: a) Problemas ambientais do estado e do planeta; b) Preservação; c) Reciclagem; Sobre a química ambiental, não há assuntos melhores para contextualizar, pois afetam diretamente a todos, sendo por isso, aplicável aos alunos do EJA por tratar de seus conhecimentos do mundo. A avaliação sobre o conhecimento será realizada através de questionários que viabilizem seus conhecimentos adquiridos durante a disciplina, bem como, por analises de desenhos, este demonstra a capacidade de percepção e avaliação dos alunos sobre o que sejam os problemas ambientais.
6 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Um dos objetivos da química é que o jovem reconheça o valor da ciência na busca do conhecimento da realidade objetiva e insiram no cotidiano. Para alcançar esta meta foram trabalhados contextos que relacionavam significados para os alunos e pudessem levar a aprender, num processo ativo, acredita-se que os alunos tenham um envolvimento não só intelectual, mas também afetivo. De acordo com as novas propostas curriculares (PCNs), seria educar para a vida (ALMEIDA, et al., 2008). Os assuntos tratados foram: Problemas ambientais do estado e do planeta: Estado - Seca do sul do estado; - Desertificação das cidades (Gilbueis, acerca do uso e exploração do solo descontrolada); - Assoreamento dos rios Poty e Parnaíba; - Poluição dos rios Poty e Parnaíba; - Queimadas na zona rural e nas cidades; - Desmatamento das florestas e parque ambientais; Planeta - Emissão de poluentes na atmosfera; - Lixo; - Buraco na camada de ozônio; - Inversão térmica; - ECO 92 Carta da Terra; Sobre o meio ambiente, foi notável a compreensão do assunto, a preocupação com a preservação, as meias revoltas com as ações dos seres humanos, bem como, suas ações frente ao abandono do meio ambiente. Os assuntos foram apresentados por meio de textos contextualizados, no qual, propuseram a compreensão dos assuntos, em primeiro momento, através da leitura, ou seja, o emprego da contextualização.
7 Sobre o método avaliativo foi empregado uma prova discursiva, no qual, os alunos teriam a chance de explanar seus conhecimentos e dessa forma diagnosticar suas principais dificuldades e dessa forma, diminuir essas lacunas na aprendizagem, por fim, foi aplicado um questionário com base artigo de Ferreira (2010) com título: Método Cooperativo de Aprendizagem Jigsaw no Ensino de Cinética Química, que avalia o aluno com base na aprendizagem cooperativa, o docente usualmente cumpre os seguintes papéis: determina os objetivos da atividade; distribui os estudantes em grupos de trabalho, explica a atividade a ser realizada, coloca em funcionamento a atividade cooperativa, procura garantir a efetividade do trabalho realizado nos grupos e faz intervenções quando é necessário, avalia a aprendizagem dos aluno,; e solicita que o grupo faça uma avaliação sobre o seu desempenho (Stahl, 1996). O questionário com base no método Jigsaw esta tratado abaixo com as respectivas perguntas e método de avaliação sugerido. ESCOLA 1. Na sua escola comenta-se sobre Meio Ambiente? ( ) Concordo Fortemente ( ) Concordo ( ) Indeciso ( ) Discordo ( )Discordo Fortemente 2. Assinale os problemas ambientais ocorridos na sua Escola? ( ) Não há problemas ambientais na escola. ( ) Lixo e outros que não conheço. ( ) Poluição das áreas verdes e lixo. ( ) Desmatamento e Assoreamento. 3. Que sugestões você daria para solucionar os problemas ambientais citados? ( ) Melhorar a limpeza da escola ( ) Responsabilizar os responsáveis ( ) Planejar e agir de modo a proteger o meio ambiente da escola ( ) Não sei SALA DE AULA 1. Foi possível perceber, apreciar e valorizar a diversidade natural e sociocultural, adotando posturas de respeito aos diferentes aspectos e formas do patrimônio natural? 2. Você pode observar e analisar fatos e situações do ponto de vista ambiental, de modo crítico, reconhecendo a necessidade e as oportunidades de atuar como uma pessoa que possa preservar para garantir um meio ambiente saudável e a boa qualidade de vida? 3. Pode adotar posturas na escola, em casa e em sua comunidade que os levem a interações construtivas, justas e ambientalmente sustentáveis? 4. Pode compreender que os problemas ambientais interferem na qualidade de vida das pessoas, tanto local quanto globalmente?
8 5. Foi possível conhecer e compreender, de modo integrado, as noções básicas de relacionadas ao meio ambiente? 6. Foi possível compreender sobre os problemas ambientais existentes, as soluções e a preservação? 7. Foi capaz de perceber, em diversos fenômenos naturais, relações de causa e efeito que condicionam a vida, utilizando essa percepção para posicionar-se criticamente diante das condições ambientais de seu meio? 8. Pode compreender a necessidade e dominar alguns procedimentos de conservação e manejo dos recursos naturais com os quais interagem, aplicando-os no dia-a-dia? 9. Os assuntos relacionados ao meio ambiente contribuem para uma visão integrada da realidade, demonstrando implicações e causas dos problemas ambientais? 10. Foi possível perceber os problemas ambientais do Brasil? 11. Foi possível ter compreensão da gravidade da extinção de espécies e da alteração irreversível de ecossistemas? 12. Pode compreender os diversos conhecimentos de outras interpretações das transformações na natureza, seja ela, humana, física ou química? 13. Pode compreender e valorizar as práticas que possibilitam a redução na geração e a correta destinação do lixo? 14. Os desenhos são importantes porque revelam a compreensão de cada um sobre o assunto, dessa forma, emprega o desenho como meio mais eficiente para exprimir meu pensamento? 15. Foi possível perceber os problemas ambientais da cidade e do bairro? Todas as questões acima do tema Sala de Aula apresentaram como opções de respostas: a) ( ) Concordo Fortemente b) ( ) Concordo c) ( ) Indeciso d) ( ) Discordo e) ( )Discordo Fortemente As questões foram submetidas a tratamento estatístico e posteriormente agrupadas em forma de gráfico de acordo com o tema da pergunta. Sobre a
9 análise de desenhos foi possível compreender e identificar a compreensão dos alunos conforme previsto.
10 5. CONCLUSÃO Foi possível compreender a importância de ensinar o saber ambiental aos alunos do EJA, pois a formação adquirida estabelece um elo entre o conteúdo ministrado na escola e o cotidiano, as estratégias de ensino como a contextualização e a interdisciplinaridade vão além de seu papel na sala de aula, pois são transformadas nas estratégias dos alunos, ao lembrar e repassar o conhecimento. A avaliação na forma de desenhos demonstra uma necessidade na educação de estimular os alunos, para que o professor possa compreender as percepções dos alunos, bem como, os alunos possam formar uma própria interpretação das informações, cooperando para a formação de sua identidade ambiental.
11 6. REFERÊNCIAS FERREIRA, Luciana N. de A., F. Fabrino., FERREIRA, J. Queiroz., QUEIROZ, Salete L. Método Cooperativo de Aprendizagem Jigsaw no Ensino de Cinética Química. Química Nova na Escola. vol. 32, nº 3, MORAES, Francisco Alexandro. O ensino de Ciências e Biologia nas turmas de eja: Experiências no município de Sorriso-MT. Revista Iberoamericana de Educación. n.º 48/6, p. 1-6, QUADROS, Ana L. et al. Questões Contextualizadas na Avaliação em Química: serão elas viáveis? XIV Encontro Nacional de Ensino de Química (XIV ENEQ). UFPR, SILVA, Erivanildo Lopes. Contextualização no ensino de química: idéias e proposições de um grupo de professores. Dissertação (mestrado) da Universidade de São Paulo (Química, Física e Educação), STAHL, R.J. Cooperative learning in science: a handbook for teachers. Menlo Park: Addison-Wesley, 1996.
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