CONJUNTURA POLÍTICA BRASILEIRA. CLÁUDIO GONÇALVES COUTO (Fundação Getulio Vargas)

Transcrição

1 CONJUNTURA POLÍTICA BRASILEIRA CLÁUDIO GONÇALVES COUTO (Fundação Getulio Vargas)

2 O país de antes das eleições: junho de 2013, o antes e o depois País melhorou substancialmente nos últimos 25 anos. Constituição de 1988: universalização de políticas sociais. Plano Real: estabilidade da moeda. Governo FHC: formulação original de políticas sociais. FUNDEF Normas do SUS Bolsa-Escola LOAS Governo Lula: aprofundamento e ampliação da das políticas sociais. FUNDEB Bolsa-Família Recuperação do Salário Mínimo Redistribuição de Renda 0,700 0,650 0,600 0,550 0,500 0,450 0,400 0,350 0,300 0,250 0,200 50,00 45,00 40,00 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 Índice de Gini - Brasil ( ) Gini Index Linear (Gini Index) Pobreza e Extrema Pobreza ( ) Poverty Extreme Poverty Linear (Poverty) Linear (Extreme Poverty)

3 Ascenção social: aumento de expectativas Melhora das condições de consumo aumentaram expectativas quanto à qualidade dos serviços públicos. A qualidade de vida da porta para dentro melhorou, mas não se reflete da porta para fora. (Fernando Haddad) Classe C adquiriu bens, mas ainda é usuária intensiva dos serviços públicos. Vê-se como menos dependente das ações do governo para sua ascensão Eleitores de 2 a 5 S.M. (Classe C) Fonte: CPS/FGV, Dilma Aécio Marina Branco/Nulo NS/NR Fonte: Datafolha, 2014.

4 O país que saiu das urnas: um país dividido Dilma se reelegeu na mais disputada eleição presidencial brasileira desde A divisão do eleitorado foi nítida regionalmente e socialmente. Divisão não significa conflagração: ânimos exaltados atingem minorias e redes sociais. Apenas na classe C houve certo equilíbrio entre as candidaturas. Fonte: UOL; TSE.

5 O país que saiu das urnas: um país dividido As divisões regionais tornaram-se mais nítidas do que quatro anos antes, com poucas exceções três estados do Nordeste, onde Dilma obteve relativamente menos votos.

6 Distribuição do poder estadual: equilíbrio Os três principais partidos (PT, PSDB e PMDB) ganharam em número similar de Estados. Cada grande partido tem ao menos um Estado importante. PSB declinou. PT: MG, BA, CE. PSDB: SP, PR, PA. PMDB: RJ, RS. PSB: PE.

7 Distribuição do poder estadual: equilíbrio PSDB, PT e PMDB governam a maior parte da população (juntos, 80%). 50% 45% 40% 35% 36% 47% % População Governada por Partido PSB, que crescia, declinou. 30% 25% 24% DEM foi substituído pelo PSD. Novos partidos ganharam governos. 20% 20% 16% 15% 15% 15% 10% 8% 5% 5% 5% 3% 2% 2% 2% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% PSDB PT PMDB PSB PSD PCdoB PDT PROS PP DEM PMN Fonte: TSE; IBGE

8 Oposição governa estados mais ricos. Em parte, a divisão socioeconômica de preferências eleitorais também se refletiu nas disputas estaduais. 7,4% 1,3% 2,0% 1,6% 0,2% 5,0% 43,8% Condição nordestina do PT reflete-se no PIB governado pelo partido. 22,5% PMDB distribui-se por estados de diferente perfil socioeconômico. 16,3% PSDB PT PMDB PSB PSD PCdoB PDT PROS PP Fonte: TSE; IBGE.

9 Governadores de ricos e de pobres PIB per capita Parceiros na esquerda, PT e PC do B governam os mais pobres. PSDB, partido mais votado pelos ricos nas eleições presidenciais, também governa os mais ricos nos estados. PCdoB PT PP PROS PSB PDT PSD PMDB PSDB Fonte: TSE; IBGE. R$ - R$ 5.000,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00

10 Torre de Babel por Cornelis Anthonisz Cenário é de crise política É difícil saber se o segundo governo Dilma ainda não começou, ou se já está acabando. Enfrentamento com Eduardo Cunha (e com o PMDB) foi ação voluntarista e provocou estrago. Composição seria o mais natural, mesmo porque o PMDB é principal aliado e lidera o Congresso. Movimento pró-impeachment tem pouca base jurídica, mas sua emergência é um indicador da fragilidade do governo.

11 ELEITOS 2014 Partidos Bancada na Câmara Bancada no Senado % Câmara % Senado Peso Ponderado PMDB ,9% 22,2% 17,5% PP ,0% 6,2% 6,6% PR ,6% 4,9% 5,8% PSD ,2% 3,7% 5,5% PTB ,9% 3,7% 4,3% PRB ,1% 1,2% 2,7% PSC ,3% 1,2% 1,8% PROS ,1% 1,2% 1,7% SDD ,9% 0,0% 1,5% PV 8 1 1,6% 1,2% 1,4% PHS 5 0 1,0% 0,0% 0,5% PTN 4 0 0,8% 0,0% 0,4% PMN 3 0 0,6% 0,0% 0,3% PRP 3 0 0,6% 0,0% 0,3% PSDC 2 0 0,4% 0,0% 0,2% PTC 2 0 0,4% 0,0% 0,2% PEN 2 0 0,4% 0,0% 0,2% PTdoB 1 0 0,2% 0,0% 0,1% PRTB 1 0 0,2% 0,0% 0,1% PSL 1 0 0,2% 0,0% 0,1% Totais ,3% 45,7% 51,0% PT ,6% 14,8% 14,2% PDT ,7% 9,9% 6,8% PCdoB ,9% 1,2% 1,6% Totais ,3% 25,9% 22,6% PSB ,6% 8,6% 7,6% PSDB ,5% 12,3% 11,4% DEM ,3% 6,2% 5,2% PPS ,9% 0,0% 1,0% Totais ,8% 18,5% 17,6% PSOL 5 1 1,0% 1,2% 1,1% Totais 5 1 1,0% 1,2% 1,1% TOTAIS ,0% 100,0% 100,0%

12 Novo Congresso eleito reprisa o anterior. Tese do Congresso conservador tem pouca base, se considerarmos os partidos e seus alinhamentos. Partidos de adesão continuam indispensáveis. Oposição cresceu um pouco na Câmara; PT e aliados caíram. Problema maior é a inabilidade do governo Dilma em sua relação com o legislativo. 60% 55% 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% Tamanho das Bancadas - abril de 2014 x eleitos PSOL PT e aliados PSB Partidos de Adesão PSDB e aliados Câmara abr/14 Câmara eleitos 2014 Senado abr/14 Senado eleitos 2014

13 As dificuldades de Dilma no Congresso

14 As dificuldades de Dilma no Congresso

15 As dificuldades de Dilma no Congresso

16 As dificuldades de Dilma no Congresso

17 As dificuldades de Dilma no Congresso

18 Último ano, menos projetos apresentados.

19 Uma presidente com dificuldades Dilma propõe menos do que Lula conseguiu propor. Falta de coesão e lealdade de sua base parlamentar explicam isto. Maior dependência de concessões à oposição também explicam. Governo menos produtivo legislativamente. Necessidade de recomposição.

20 Ajustes econômicos Dificuldades com o Congresso tornam incerta aprovação das medidas. Críticas do próprio PT ao pacote (termo ressuscitado dos anos 80) o enfraquece diante dos aliados. Desacordo quanto ao conteúdo pode desfigurá-lo. Risco: impasse político.

21 Reforma Política Reclamo genérico na sociedade, decorrente de insatisfação com o funcionamento da política representativa. Cada um pensa coisas diferentes a seu respeito. Mãe de todas as reformas é inviável e arriscada. Temas principais têm a ver com eleições legislativas: Sistema eleitoral: voto em lista fechada, distrital puro, distrital misto. Financiamento de campanha: exclusivamente público; público e privado (pessoa física); público e privado (pessoa jurídica); limites para doações. Escândalo da Petrobrás: pode travar iniciativas, ou abrir espaços.

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23 O Estilo presidencial: centralização e detalhismo

24 Centralização e muitos ministérios O grande número de ministérios é menos um problema fiscal do que político-administrativo. Aumento da fragmentação partidária ajuda a explicá-lo. Coordenação é mais difícil com muitos ministros. Estilo centralizador da presidente aprofunda o problema.

25 Conclusões Cenário prospectivo é de dificuldades sérias para o governo. Em sua relação com o Congresso. Na relação da presidente com seus auxiliares e com seu partido. Ambiente político está em franca deterioração: polarização e incerteza. Fragilização nos Estados também afeta a oposição. Crise hídrica em São Paulo; colapso financeiro no Paraná. Oposição dispõe de recursos de poder importantes nos Estados e apoio da grande mídia.