INFLUÊNCIA DA SALINIDADE DO SOLO NA GERMINAÇÃO E NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DA MAMONA. UNESP - Unidade Diferenciada de Registro,
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- Thereza Azeredo Brunelli
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1 INFLUÊNCIA DA SALINIDADE DO SOLO NA GERMINAÇÃO E NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DA MAMONA Claudinei Paulo de Lima 1, Dirceu Maximino Fernandes 1, Tammy Aparecida Manabe Kiihl 2, Clarice Backes 1 e Leandro José Grava de Godoy 3. 1 UNESP Botucatu, cplima@fca.unesp.br, dmfernandes@fca.unesp.br, cbackes@fca.unesp.br; 2 Apta / Pólo Regional Alta Sorocabana, tammy@aptaregional.sp.gov.br; 3 UNESP - Unidade Diferenciada de Registro, legodoy@fca.unesp.br RESUMO - O experimento foi realizado em cultivo protegido na Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP, Botucatu SP. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso constituindo o fatorial 5X2 com quatro repetições, compreendendo cinco doses do formulado (0, 400, 800, 1600 e 3200 kg ha -1 ), e dois modos de aplicação: na linha de plantio e incorporado em área total. As características avaliadas foram: germinação das sementes, condutividade elétrica do solo no extrato 5:1, altura das plantas, fitomassa fresca e seca da parte aérea. As doses aplicadas do formulado tiveram efeito significativo na condutividade elétrica do solo. A dose de 1600 kg ha -1 do formulado incorporado ao solo, não ocorreu à germinação das sementes, porém na mesma dose aplicada na linha de plantio as sementes germinaram. A altura das plantas foi maior em relação à testemunha com as doses de 400 e 800 kg ha -1 com o fertilizante incorporado no solo e quando foi aplicado na linha de plantio, ocorreu resposta até a dose de 1600 kg ha -1. Os maiores valores de fitomassa fresca e seca foram obtidas com as doses de 400 e 800 kg ha -1 do fertilizante quando incorporado e 400 kg ha -1 quando aplicado na linha de plantio. INTRODUÇÃO O rendimento médio da mamona em bagas no ano de 2005 foi de 728 kg ha -1, sendo que o potencial produtivo é superior, girando em torno de kg ha -1. Para se atingir esta produtividade é necessário desenvolver tecnologias adequadas para cada região de cultivo, dentre elas uma correta adubação. O aumento no rendimento das culturas é obtido com incremento no uso de fertilizantes, os quais têm efeito salino e são dependentes da natureza química e das doses utilizadas. A presença de sais na germinação prejudicou a absorção de água pela semente de cevada e conseqüentemente, impediu o início do processo germinativo (UHVITS, 1946). A acumulação de sais, na rizosfera, prejudica o crescimento e desenvolvimento das culturas, provocando um decréscimo de produtividade. O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da salinidade na germinação e no desenvolvimento inicial da mamona.
2 MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi realizado em cultivo protegido na Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP, município de Botucatu SP. Foi utilizado saquinhos para mudas com capacidade de 3,5 litros, nos quais foram colocados 3 litros de solo, com as seguintes características químicas: K = 0,4 mol c dm -3 ; Ca = 2 mmol c dm -3 ; Mg = 1 mmol c dm -3 ; P = 2 mg dm -3 ; H+Al = 46 mmol c dm -3 ; ph em CaCl 2 = 4,1; V % = 7; matéria orgânica 16 g dm -3. Realizou-se a calagem para elevar a saturação por bases a 60%. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso constituindo o fatorial 5X2 com quatro repetições, compreendendo cinco doses do formulado (0, 400, 800, 1600 e 3200 kg ha - 1 ), onde 400 kg ha -1 é a dose de NPK recomendada para a mamona de acordo com análise de solo por Raij, (1997) e dois modos de aplicação: na linha de plantio e incorporado em área total. As características físicas e químicas do formulado estão apresentadas na Tabela 1. A semeadura com a cultivar AL-Guarany 2002, foi realizada no dia 13/05/06, colocando-se 3 sementes por saquinho. A germinação ocorreu treze dias após a semeadura e o desbaste foi realizado 10 dias após a emergência (DAE), deixando apenas uma planta, nesta mesma data foi avaliada a germinação das sementes. Foram coletadas amostras de solo aos 10 e 40 DAE nas profundidades de 10 e 20 cm respectivamente, para a realização da condutividade elétrica no extrato 5:1. Aos 40 DAE realizou-se a medição de altura das plantas e a coleta das plantas para obtenção de fitomassa fresca e seca da parte aérea. Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo teste LSD, utilizando-se o programa SisVar. RESULTADOS E DISCUSSÃO As doses aplicadas do formulado tiveram efeito significativo na condutividade elétrica do solo, apresentando efeito linear com o aumento das doses para as duas épocas avaliadas e pelo modo de aplicação (Fig. 1). A maior condutividade elétrica (3,9 ds m -1 ) foi encontrada com a maior dose do formulado aplicado na linha de plantio, aos 10 DAE. Vale ressaltar que aos 10 DAE a coleta de solo foi realizada de 0-10 cm de profundidade, e aos 40 DAE de 0-20 cm. Aos 10 DAE houve diferença estatística para a salinidade, sendo os maiores valores encontrados nas duas maiores doses quando o fertilizante foi colocado na linha de plantio. Isto pode ser explicado pelo fato do adubo se encontrar mais concentrado nos primeiros 10 cm onde foi realizada a coleta de solo. Na segunda coleta, aos 40
3 DAE, quando o solo foi coletado de 0-20 cm de profundidade, houve diferença entre os modos de aplicação somente na maior dose. A aplicação de fertilizantes aumenta a condutividade elétrica do solo. Santana el al. (2003) trabalhando com o feijoeiro atingiram 4,58 ds m -1 aos 35 dias após a semeadura no extrato de saturação quando aplicaram solução de NaCl com 5,5 ds m -1. Silva et al. (2001) quando aplicou 16,6 g m -2 de K na forma de KCl correspondente a teores no solo maiores que 4,4 mmol c dm -3 aumentaram a condutividade elétrica e a salinidade do Latossolo Vermelho mesoférrico até a profundidade de 40 cm. Quando a dose de 1600 kg ha -1 do formulado foi incorporado ao solo, não ocorreu a germinação das sementes, sendo a condutividade elétrica encontrada de ds m -1 na camada de 0-10 cm, porém na mesma dose aplicada na linha de plantio as sementes germinaram, mesmo o solo apresentando maior condutividade elétrica (2,4 ds m -1 ) (Tab. 2). Como o fertilizante foi aplicado 5 cm abaixo e ao lado da semente, o mesmo não entrou em contato direto com a semente, podendo explicar o fato de ter ocorrido germinação com uma maior salinidade do solo. Quando o adubo foi incorporado ao solo, pode ter entrado em contato direto com a semente e mesmo com um nível menor de salinidade, não ocorreu a germinação. O efeito da salinidade do solo, diminuindo a germinação, pode estar relacionado à redução do potencial osmótico da solução do solo, causada pelo incremento de sais solúveis no substrato, resultando em diminuição da disponibilidade hídrica do solo e dificultando o processo de absorção de água pelas sementes (RHOADES e LOVEDAY, 1990). A altura das plantas foi maior em relação à testemunha com as doses de 400 e 800 kg ha -1 com o fertilizante incorporado no solo. Quando foi aplicado na linha de plantio, ocorreu resposta até a dose de 1600 kg ha -1 (Tab. 2). Verifica-se ainda na Tabela 2 que para o número de folhas os resultados são semelhantes ocorrendo resposta positiva até a maior dose em que as plantas germinaram, mostrando que a salinidade interferiu mais na germinação do que com o número de folhas e altura da planta. Porém a altura de planta e número de folhas foram superiores quando o adubo foi incorporado em relação ao aplicado na linha de plantio. Nobre et al (2003) encontraram altura de planta e número de folhas reduzidas com o aumento da salinidade quando trabalhou com mudas de gravioleira. Os maiores valores de fitomassa fresca e seca foram obtidas com as doses de 400 e 800 kg ha -1 do fertilizante quando incorporado e 400 kg ha -1 quando aplicado na linha de plantio (Tabela 2). Ocorreu diferença estatística entre o modo de aplicação do fertilizante sendo a fitomassa fresca e seca maior quando o fertilizante foi incorporado. Esse fato pode ser explicado pela menor salinidade encontrada quando o fertilizante foi incorporado, comparado com a aplicação do fertilizante na linha de
4 plantio. Nobre et al (2003) notaram que o acúmulo de fitomassa na parte aérea e no sistema radicular do porta-enxerto Morada de graviola decresce com o incremento da salinidade da água de irrigação. CONCLUSÕES Não ocorreu a germinação das sementes com a aplicação de 1600 e 3200 kg ha -1 do fertilizante incorporado, entretanto, quando o fertilizante foi aplicado na linha de plantio somente não germinaram as sementes submetidas à dose de 3200 kg ha -1. Os maiores valores de fitomassa fresca e seca foram obtidas com as doses de 400 e 800 kg ha -1 do fertilizante incorporado e 400 kg ha -1 quando aplicado na linha de plantio. A salinidade afetou mais a germinação que o desenvolvimento das plantas até os 40 dias após a emergência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FERREIRA, D.F. Sisvar versão 4.2. DEX/UFLA, NOBRE, R.G.; FERNANDES, P. D.; GHEYI, H. R.; SANTOS, J. S.; BEZERRA, I. L. GURGEL, M. T. Germinação e formação de mudas enxertadas de gravioleira sob estresse salino. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.38, n.12, p , Brasília, Dezembro RAIJ, B.Van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e calagem para o estado de São Paulo. Campinas, Instituto Agronômicos, 285p (Boletim Técnico, 100). RHOADES, J.D.; LOVEDAY, J. Salinity in irrigated agriculture. In: Stewart, D.R.; Nielsen, D.R. (ed.) Irrigation of agricultural crops. Madison: ASA, CSSA, SSSA, p Agronomy, 30. SANTANA, M.J.; CARVALHO, J.A.; SILVA, E. L.; MIGUEL, D. S. Efeito da irrigação com água em um solo cultivado com o feijoeiro (phaseolus vulgaris L.) Ciência e Agrotecnologia. Lavras. v. 27, n.2, p , mar-abr., SAVY FILHO, A. Mamona Tecnologia Agrícola. Campinas:EMOPI, 105 p SILVA, M. A. G.; BOARETTO, A. E.; FERNANDES, H. G. SCIVITTARO, W. B. Efeito do cloreto de potássio na salinidade de um solo cultivado com pimentão, Capsicum annuum L., em ambiente protegido. Acta Scientiarum. Maringá, v. 23, n. 5. p , UHVITS, R. Effects of osmotic pressure on water absortion and germination of alfafa seeds. American Journal of Botany, v.33, p , 1946.
5 Condutividade elétrica (ds m -1 ) 2,5 1,5 0,5 A y = 006x + 0,1053 Condutividade elétrica (ds m -1 ) 2,5 1,5 0,5 B y = 005x Condutividade elétrica (ds m -1 ) 5,0 4,0 3,0 C y = 012x + 0,1903 Condutividade elétrica (ds m -1 ) 2,5 1,5 0,5 D y = 006x Figura 1. Condutividade elétrica do solo medida no extrato 5:1 aos 10 dae incorporados (A), 40 dae incorporado (B), 10 dae sem incorporar (C), 40 dae sem incorporar (D) em função das doses e do modo de aplicação do formulado na linha de plantio. Botucatu-SP, Tabela 1. Características químicas e físicas do formulado NPK. Botucatu - SP, N P K Ca S ph água 1;10 CE 1:100 Granulometria (%) % ms/cm -1 Pen 4,00 mm Pen 0,50 mm ,8 4, Tabela 2. Altura de planta, número de folhas, fitomassa fresca e seca da parte aérea da mamoneira aos 40 dae em função dos tratamentos. Botucatu SP, Doses do formulado (kg ha -1 ) Incorporado Na linha de plantio Média Altura (cm) ,6 B 9,6 C 9,6 B ,7 A 19,4 A 19,6 A ,1 Aa 15,2 Bb 18,5 A * Cb 17,8 Aa 8,9 B * C 0* D 0* C Média 10,3 b 12,4 a Número de Folhas ,8 A 6,8 AB 6,8 AB 400 7,8 A 7,2 A 7,5 A 800 7,6 Aa 5,8 Bb 6,7 B * Bb 6,8 ABa 3,4 C * B 0* C 0* D
6 Média 4,4 b 5,3 a Fitomassa fresca (g) ,3B 5,3C 5,3B ,5A 24,4A 25,0A ,2Aa 15,2Bb 22,7A *Bb 15,3Ba 7,7B *B 0*C 0*C Média 12,3 12, Fitomassa seca (g) B C C 400 3,7A 3,5A 3,6A 800 3,8Aa 1,9Bb 2,9B *Cb 1,9Ba C *C 0*D 0*D Média 1,8 1,7 -- (1) Letras maiúsculas comparam doses dentro de cada modo de aplicação e médias de doses. Letras minúsculas comparam modo de aplicação dentro de cada dose do formulado e médias do modo de aplicação. Comparação pelo Teste LSD 1%. (2) * = As plantas não germinaram
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