ANAIS DA 11ª JORNADA ACADÊMICA DE ODONTOLOGIA UFPI ISSN X
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- Benedito Pinheiro Campos
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1 FÓRUM CIENTÍFICO ODONTOPEDIATRIA Acadêmico Projeto de Pesquisa 18 HÁBITOS DE HIGIENE BUCAL EM CRIANÇAS RELACIONADO AO NÍVEL SOCIOECONÔMICO Josué Junior Araujo Pierote*; Helleny Alves de Santana Neta; Pablo Renan Barbosa Ribeiro; Carolina Veloso Lima; Marina de Deus Moura de Lima; Marcoeli Silva de Moura Introdução O fluoreto do dentifrício é considerado uma forma indireta de exposição sistêmica, devido à sua ingestão por crianças durante a escovação (Lima; Cury, 2001). O fluoreto ingerido desta forma corresponde a cerca de 55% a 81% da dose total diária (Lima, Cury, 2001; Paiva, Lima, Cury, 2003, Almeida et al., 2007; Kobayashi et al., 2011). Dentifrícios com sabor agradável, a quantidade colocada na escova no momento da escovação e a idade da criança contribuem para uma maior ingestão de fluoreto pelo dentifrício (Kobayashi et al., 2011). Fatores socioeconômicos podem estar envolvidos com uma maior ingestão de fluoreto pelas crianças. Tais fatores estão relacionados com a escolha do dentifrício utilizado. A frequência da escovação e a quantidade de dentifrício colocada na escova aumentam o risco de exposição a doses mais elevadas de fluoreto. Pessoas com menor status socioeconômico, pelo fato de não possuírem muitas informações, podem utilizar uma maior quantidade de dentifrício (Martins et al., 2011). Existe uma inconsistência e, até mesmo, ausência de informações fornecidas por associações nacionais de odontopediatria e pediatria de vários países. Dentifrício com baixa ou alta concentração de fluoreto, idade em que a escovação deva ocorrer sob supervisão, técnica utilizada e tempo gasto na escovação, troca das escovas de dente e como higienizar a língua são pontos que geram muitas dúvidas. Isso faz com que várias orientações diferentes sobre higiene bucal sejam repassadas aos pacientes pelos profissionais da odontologia, reafirmando essa inconsistência e o baixo apoio científico (Santos; Nadanovsky; Oliveira, 2011).
2 Objetivo Este estudo objetivou conhecer os hábitos de higiene bucal de pré-escolares e avaliar sua relação com o nível socioeconômico. Materiais e Métodos Este projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, por meio da Plataforma Brasil. O presente estudo foi delineado como transversal. Serão selecionadas 160 crianças com idade de entre 12 a 48 meses. Essa faixa etária foi escolhida considerando o período crítico para o desenvolvimento de cárie precoce da infância e fluorose dentária esteticamente indesejável em dentes permanentes anteriores (Evans; Darvell, 1995). As crianças serão recrutadas de creche pública ou particular, na cidade de Teresina, Piauí, Brasil. Como critério de inclusão está a assinatura do TCLE pelos responsáveis. Todas as crianças, pais e professores receberão escova, creme dental e orientações sobre cuidados com a saúde bucal. O estudo será realizado em três momentos: (1) Assinatura de TCLE pelos pais e resposta a questionário; (2) Os pais realizarão a escovação na creche para avaliação do flúor ingerido; (3) O pesquisador realizará evidenciação de placa na criança para verificar a eficiência da escovação e em seguida fornecerá instrução de higiene. O questionário abordará dados sócio-demográficos, incluindo condição socioeconômica, e perguntas relacionadas aos hábitos alimentares e de higiene bucal. Todas as crianças serão pesadas para determinar a dose do íon flúor (mg F/Kg). A ingestão de flúor pelo dentifrício será analisada através de simulações da escovação realizadas na creche. Instruções sobre higiene oral não serão dadas antes da simulação e será utilizado o mesmo dentifrício utilizado em casa. O responsável ou a criança colocará a quantidade de dentifrício utilizada na escova de dente para escovação. Serão dadas recomendações para que seja feita de maneira similar ao que acontece na residência da criança. A escova de dente será pesada em balança digital, o dentifrício será colocado pelo responsável e será novamente pesada. O peso da escova, em seguida, será subtraído desse último valor
3 para que seja determinada a quantidade de dentifrício utilizada. A saliva e a água deionizada utilizada para lavar a boca e a escova de dente após a escovação serão coletadas em um copo de plástico. Este procedimento será realizado a fim de determinar a quantidade de fluoreto expelida e não engolida. A quantidade de fluoreto ingerida será determinada subtraindo a quantidade de fluoreto recuperada menos a quantidade inicialmente coletada na escova de dente. A frequência de escovações presente no questionário será utilizada para calcular a ingestão diária de fluoreto no momento da escovação para cada criança. Será anotada a técnica de escovação utilizada pelo responsável. A concentração total de fluoreto solúvel será determinada nas amostras coletados durante a escovação e nos dentifrícios usando um eletrodo íon flúor específico após centrifugação, e feita a hidrálise com HCL M a 45ºC e tamponado com NaOH M e TISAB II. O técnico que realizará as análises de fluoreto será cego para a creche em que a criança estuda e o tipo de dentifrício utilizado. As amostras serão analisadas em duplicata. Após a escovação, será utilizado evidenciador de placa dentária (Replac, Dentisply, Rio de Janeiro, Brasil) com auxílio de pincel descartável (Microbrush, KG Sorensen) nas superfícies vestibulares. A criança lavará a boca com água e em seguida serão registradas, na ficha individual da mesma, as superfícies coradas para o cálculo do Índice de Placa Corada. Resultados parciais Sessenta e sete crianças de três e quatro anos de idade participaram deste estudo, até a presente data, sendo 59,7% de escola pública e 40,3%, de escola particular. A maioria das crianças higienizava os dentes duas vezes ao dia, sendo os horários mais frequentes, após o café da manhã e antes de dormir e, a escovação, na maioria das vezes, é feita somente pela mãe. A maioria das crianças utilizava dentifrício infantil com flúor, aceitava realizar a escovação e não engolia o dentifrício. O nível socioeconômico influenciou na quantidade de dentifrício colocada na escova de dente e na primeira visita ao dentista. Considerações Apesar das diferenças socioeconômicas, observou-se que a maioria dos hábitos de higiene bucal das crianças está de acordo com evidências científicas já existentes.
4 Referências bibliográficas 1. Almeida BS. Cardoso VES. Buzalaf MAR. Fluoride ingestion from toothpaste and diet in 1- to 3-year-old Brazilian children. Community Dent Oral Epidemiol 2007; 35: Evans RW. Darvell BW. Refining the estimate of the critical period of susceptibility to enamel fluorosis in humam maxillary central incisors. J Publ. Health Dent 1995; 55(4): Kobayashi CAN. et al. Factors influencing fluoride ingestion from dentifrice by children. Community Dent Oral Epidemiol 2011; 39: Lima YBO. Cury JA. Ingestão de flúor por crianças pela água e dentifrício. Rev Saúde Pública 2001; 35(6): Martins CC. Oliveira MJ. Pordeus IA. Cury JA. Paiva SM. Association Between Socioeconomic Factors and the Choice of Dentifrice and Fluoride Intake by Children. Int. J. Environ. Res. Public Health 2011; 8: Martins CC. Oliveira MJ. Pordeus IA. Paiva SM. Comparison between observed children s tooth brushing habits and those reported by mothers. BMC Oral Health 2011; 11(22): Paiva SM. Lima YBO. Cury JA. Fluoride intake by Brazilian children from two communities with fluoridated water. Community Dent Oral Epidemiol 2003; 31: Santos APP. Nadanovsky P. Oliveira BH. Inconsistencies in recommendations on oral hygiene practices for children by professional dental and paediatric organisations in ten countries. International Journal of Paediatric Dentistry 2011; 21: Descritores: higiene bucal; dentifrício; hábitos.
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