Belém, 13 de maio de 2014.
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1 Belém, 13 de maio de Ao Ministério Público Federal Procuradoria da República no Estado do Pará À Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará Ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA Assunto: Denúncia Prezados Senhores, O Greenpeace Brasil, associação civil sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ sob o nº / , com sede na Rua Alvarenga, 2331, Butantã, São Paulo SP, tem como objetivo a promoção da proteção e preservação da natureza e do meio ambiente. A exploração responsável de madeira na Amazônia pode ser um dos mais importantes instrumentos econômicos para a manutenção da floresta. Por outro lado, a exploração ilegal e predatória contribui para a degradação florestal, abre caminho para o desmatamento e deixa graves consequências para a biodiversidade e populações locais. Segundo dados do IMAZON (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), 78% da exploração madeireira realizada no Estado do Pará no período compreendido entre Agosto de 2011 e Julho de 2012, foi realizada em áreas sem autorização e, portanto, ilegais 1. Por esse motivo, e como parte de nossa política de monitoramento florestal feita regularmente, o Greenpeace, durante o período de março à maio de 2014, analisou imagens de satélite e realizou sobrevoos em alguns pontos identificados como de possível extração de madeira sem a autorização legal necessária. Das imagens coletadas, selecionamos 12 (doze) pontos, devidamente registrados e georreferenciados, onde observamos evidências de atividade madeireira ilegal ou descumprimento da legislação em diferentes níveis. Por conta disso, solicitamos aos órgãos aos quais endereçamos esta carta-denúncia, a apuração imediata das informações relatadas. Os mapas, imagens e dados das áreas citadas encontram-se nos documentos anexos (Anexo I e Anexo II). Nos colocamos à disposição para eventuais esclarecimentos. Qualquer informação necessária pode ser solicitada diretamente à Marcio Astrini, pelo marcio.astrini@greenpeace.org ou pelo telefone (11) Atenciosamente, Fernando Rossetti Diretor Executivo Greenpeace Brasil Annette Cotter Diretora de Programa Greenpeace Brasil Marcio Astrini Coordenador da Campanha da Amazônia Greenpeace Brasil 1 1/12
2 ANEXO I Mapas & Fotos: Degradação Florestal no Pará Detectado pelo Radarsat-2 entre Maio 2013 e Abril 2014 Mapa 1 Visão geral da região 2/12
3 I. Introdução A região da rodovia Curuá-Una, entre os municípios de Santarém e Prainha, é uma tradicional zona de exploração ilegal de madeira nobres na Amazônia brasileira, apesar das várias operações do IBAMA nos últimos anos e de terem destinado terras públicas para assentamentos da reforma agrária. Nos últimos meses, o Greenpeace trabalhou com a identificação de áreas de florestas degradadas pela exploração madeireira a partir de alertas gerados por interpretação de imagens de radar e a confirmação em campo desses alertas. Em 90% dos alertas de radar, o que encontramos foi exploração de madeira ilegal ou problemas na exploração legal, como abandono de toras nos planos de manejo, pátios e trilhas com planejamento errado, exploração fora da área autorizada. II. Metodologia: Imagens satélites de Radarsat-2 para detecção de desmatamento e degradação florestal Com imagens fornecidas pela MacDonald Dettwiler and Associates Ltd (MDA), o Greenpeace fez uma análise das imagens do satélite de Radarsat-2 com o objetivo de detectar e mapear mudanças na cobertura florestal relacionadas à exploração de madeira. O Radarsat-2 é um satélite de observação da terra com um sensor de radar. Na captura de imagens de cobertura da terra pelo Radarsat-2 não existem interferências significativas de condições atmosféricas, como nuvens. Isso permite que mudanças no dossel da floresta sejam detectadas de forma consistente. A alta resolução espacial das imagens Radarsat-2 permite a detecção de pequenas alterações no dossel da floresta. A exploração madeireira, seja legal ou ilegal, tem como característica a abertura de dossel limitada, mantendo a cobertura dominante como floresta. Por isso, o monitoramento via satélite da exploração madeireira é fundamental para conseguir capturar os impactos na floresta na fase inicial. Com o estudo realizado no estado do Pará mostramos que a abordagem utilizando Radarsat-2 foi efetiva no objetivo de detecção de exploração madeireira. Expedições terrestres nessas aéreas confirmaram os alertas gerados. A abordagem de detecção de mudanças de cobertura florestal a partir de imagens Radarsat-2 é baseada em análise temporal de uma série de imagens, em que imagens com certos intervalos de tempo são comparados utilizando funções matemáticas simples. Ocorrências de alterações de dossel da floresta causadas por exploração madeireira são detectadas utilizando imagens antes e depois desse processo. A imagem mostrada aqui representa padrões típicos de mudanças no dossel da floresta após a exploração madeireira. 3/12
4 Imagem 1 Comparação de imagens de satélite Radarsat-2 (05/09/ /04/2009) Áreas com alteração gerando alertas III. Mapas e fotos Nas próximas páginas apresentamos exemplos do que encontramos em campo para ilustrar os casos de exploração de madeira ilegal ou problemas na exploração legal, como abandono de toras nos planos de manejo, pátios e trilhas com planejamento errado, exploração fora da área autorizada. A apresentação será feita da seguinte forma: Mapa 2 e fotos 4157/4167/4198/4254 exploração de madeira ilegal dentro do assentamento da reforma agrária Corta-Corda (fotos 4157 e 4167); Pátio MADESA madeireira com envolvimento com madeira ilegal e acusada pelo IBAMA de fraudar o sistema de controle de madeira da SEMA/PA (foto 4198) ver informações adicionais no ANEXO II; Porto da madeireira embargado pelo IBAMA (Ibama Área Embargada nº 24199), mas que segue em funcionamento (foto 4254). Mapa 3 e fotos 4294/4296/4297/4306 exploração de madeira ilegal em terras públicas sem destinação nas proximidades do projeto de desenvolvimento sustentável Ademir Federicce (fotos 4294, 4296, 4297 e 4306). Mapa 4 e fotos 4320/4329/4346/4393 porto em área embargada pelo IBAMA (Ibama Área Embargada nº 44824) (fotos 4320, 4329 e 4346); Plano de manejo com embargo do IBAMA (Ibama Área Embargada nº 44164) e com toras de madeiras abandonadas depois do fim da autorização de exploração (foto 4393). 4/12
5 Mapa 2 e fotos 4157/4167/4198/4254 5/12
6 /12
7 Mapa 3 e fotos 4294/4296/4297/4306 7/12
8 /12
9 Mapa 4 e fotos 4320/4329/4346/4393 9/12
10 /12
11 Tabela 1 Pontos de Georreferenciamento das fotos Mapa Foto Longitude Latitude Mapa ' 28.69" W 2 57' 28.23" S Mapa ' 1.99" W 2 54' 21.77" S Mapa ' 57.43" W 2 50' 58.17" S Mapa ' 1.10" W 2 49' 54.26" S Mapa ' 33.35" W 2 40' 26.25" S Mapa ' 37.01" W 2 40' 18.28" S Mapa ' 1.06" W 2 40' 32.22" S Mapa ' 55.70" W 2 40' 37.05" S Mapa ' 3.94" W 2 41' 5.65" S Mapa ' 58.63" W 2 40' 25.67" S Mapa ' 37.02" W 2 40' 37.22" S Mapa ' 32.15" W 2 38' 42.03" S 11/12
12 ANEXO II Caso MADESA MADEIREIRA SANTAREM LTDA Conforme pode ser consultado no sistema de Consulta Pública de autuações Ambientais e Embargos do IBAMA, a empresa Madesa Madeireira Santarém Ltda. tem um envolvimento histórico com madeira ilegal. Apenas em 2009, a soma de multas chega próximo à R$ ,00 (seiscentos mil reais). Naquele ano, a empresa foi autuada e recebeu uma multa de R$ ,00 (trezentos mil reais) por fraudar o SISFLORA, sistema de controle da SEMA Pará (PROCESSO N / ). Além disso, a empresa recebeu outras multas, totalizando R$ ,00 (trezentos e oitenta e quatro mil reais), entre outras coisas, por ter em deposito ou comercializar m³ de madeira sem licença do órgão ambiental competente. Os processos que envolvem essas multas tramitam no IBAMA, esperando pelos devidos momentos de análise administrativa, defesa da empresa e decisão sobre o mérito. Imagem 2 Relatório de Autuações Ambientais da empresa Madesa Madeireira Santarem Ltda Fonte: IBAMA, Consulta Pública de Autuações Ambientais e Embargos em consultado em 09/05/ /12
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