(es): : Ricardo Motta Pinto Coelho
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1 1 Módulo 5 Aula 3 Certificação Ambiental: Norma ISO (Sistemas de Gestão Ambiental). Autor(es) (es): : Ricardo Motta Pinto Coelho 1.0 A Preocupação Ambiental Após a Conferência de Estocolmo, no início da década de setenta, e a partir do estabelecimento dos princípios do Desenvolvimento Sustentável, a questão ambiental passa a ocupar uma posição de destaque nas agendas governamentais. Esta mudança de postura possibilitou a adoção de regulamentações e legislações cada vez mais rígidas no intuito de melhorar e preservar o meio ambiente. No entanto somente após a Conferência do Rio de Janeiro sobre o Meio ambiente e Desenvolvimento, a ECO'92, a questão ambiental ganhou grande relevância em todos os segmentos da sociedade com o efetivo engajamento de Organizações Não Governamentais (ONGs) e agremiações político-partidárias (partidos verdes) que passaram a fiscalizar e pressionar não somente as empresas, mas, também, o poder público a adotar atitudes ambientalmente corretas. A Agenda 21, documento final da ECO 92, (re)define o Desenvolvimento Sustentável orientando políticos e líderes dos países a usar os recursos ambientais de maneira a atender às necessidades das populações atuais e das gerações futuras. Princípios básicos do Desenvolvimento Sustentável: a) viver com recursos da Terra, cuidando para a sua preservação e uso por gerações futuras;
2 2 b) manter o consumo de recursos renováveis dentro dos limites de sua reposição; c) deixar às próximas gerações não só um legado de riqueza fabricada pelo homem (prédios, estradas, ferrovias), mas também de riqueza natural, suprimentos de água limpa e adequada, terra boa e arável, uma vida selvagem rica e florestas amplas. (HMSO apud BS Sistema de Gerenciamento Ambiental, 1995). A educação ambiental está sendo introduzida no ensino fundamental em muitos países, não somente aqueles mais desenvolvidos. Hoje conceitos tais como a reciclagem do lixo, a limitação do consumo de supérfluos e a conservação ambiental são triviais para crianças de várias nações. Agências não governamentais tais como o Conservation International ou o Greenpeace têm representantes em muitos países e grande expressão junto às comunidades e governos. Um dos alicerces do novo paradigma do Desenvolvimento Sustentável refere-se ao fato de que a atividade econômica pode até ser incentivada ao adotar-se uma postura voltada à preservação e recuperação do meio ambiente. Adicionalmente, os empresários estão se tornando mais conscientes das responsabilidades e custos gerados por possíveis acidentes ambientais e pela geração de impactos ambientais indiscriminados. Nos países desenvolvidos é muito grande o grau de preocupação expresso pela sociedade em relação ao meio ambiente. Segundo Hans Jöhr (1994), nos Estados Unidos, entre 1988 e 1989, o número de denúncias e condenações por infrações às leis que protegem o meio ambiente simplesmente dobraram. Outras conseqüências são o provável aumento de custo dos prêmios de seguros das áreas envolvidas e a variação do valor das ações das organizações. Tal postura também se faz sentir no Brasil. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente da PBH, por exemplo, vem registrando uma verdadeira explosão no número de denúncias sobre questões voltadas à degradação ambiental. Em São Paulo, a administração municipal e o governo estadual vêm adotando o rodízio de veículos nas cidades, medida em grande parte baseada nos elevados índices de poluição atmosférica (ver no capítulo anterior a legislação sobre emissão de gases em veículos). Outro fato muito importante está ligado à mudança de comportamento do consumidor que passa a exigir, além da qualidade e do preço competitivo, uma postura
3 3 ambientalmente correta das corporações. A adoção de princípios ambientais na conduta de um dado empreendimento pode, portanto, gerar uma vantagem competitiva em relação a seus concorrentes. Outras empresas que continuem poluindo tendem a perder competitividade em relação a custos, devido a taxações e paradas de produção a ela impostas pelas agências de controle ambiental e outros órgãos do Poder Público. Segundo Margalef (1977), a poluição pode ser entendida como um recurso fora de lugar. Segundo Porter e Linde, em Ser Verde Também é Ser Competitivo (1995), a preservação ambiental pode gerar uma grande redução de custos associada a um aumento de competitividade do empreendimento. O efluente normalmente contém vários subprodutos que podem ser encarados como sendo recursos desperdiçados, atestando a ineficiência do processo produtivo. A diminuição das concentrações de determinados subprodutos nos efluentes levaria a uma redução não só o impacto ambiental, mas também os custos, melhorando a qualidade do produto e aumentando a sua competitividade. Até recentemente, as empresas não estavam preocupadas em estimar o custo da poluição em termos de desperdícios de recursos, de esforços e de diminuição de valor para o consumidor. Segundo Reis (1995), a aproximação entre ecologia e economia é irreversível. Para ele, as empresas vêm percebendo que é mais barato fazer 'certo da primeira vez', minimizando a geração de resíduos, ao invés de reparar depois. Medidas mitigadoras da poluição como a instalação de filtros ou processos de tratamento de efluentes são em geral mais complexas, caras e demandam mais tempo em sua instalação do que se adotadas ainda na fase de projeto industrial. Em alguns casos, os custos da despoluição são tão elevados que a sua adoção torna-se inviável em determinados tipos de plantas industriais. Em decorrência do novo paradigma ligando desenvolvimento sustentável e preservação dos ecossistemas proposto pela agenda 21, várias empresas, em diversos países, identificaram, nas questões ambientais, um dos mais importantes fatores críticos de sucesso para a continuidade da aceitação dos seus produtos nos mercados interno e externo. Por outro lado, inúmeros países adotam normas mais rígidas quanto ao aspecto ambiental não só dos produtos acabados, mas também para a qualidade ambiental das matérias-primas e outros insumos. Não somente os países industrializados estão se adequando aos novos mandamentos do desenvolvimento sustentável. Os países do
4 4 terceiro mundo, tradicionais fornecedores de insumos básicos, passaram também a sofrer considerável pressão para adotar os princípios do desenvolvimento sustentável e uma política nacional de gestão ambiental na produção destes insumos. Um bom exemplo pode ser visto nas mineradoras que tem encontrado barreiras à exportação quando não adotam um sistema eficiente de gestão ambiental em suas minas. A regulamentação ambiental inevitavelmente se tornará em uma eficaz barreira aos produtos e serviços para aqueles países que permaneceram refratários a introdução de S.G.A. em seus agentes produtores de bens de exportação. No caso do Brasil, observase atualmente vários setores que adotaram o SGA segundo o conjunto ISSO 14000, que é uma federação mundial, não-governamental, ao qual participam 110 países, inclusive o Brasil. Os grandes acidentes ecológicos ocorridos nos anos setenta e oitenta, tais como a tragédia de Sevezo na Itália, o vazamento de cianetos em Bhopal, na Índia, o derramamento de petróleo pelo cargueiro Exxon Valdez, no Alasca, e o acidente nuclear de TChernobil na Ucrânia, geraram impactos ambientais de grandes proporções. Tais acontecimentos levaram a criação dos Sistemas de Gestão Ambiental em alguns países nórdicos, na Europa Central e nos Estados Unidos. As auditorias ambientais passaram a serem adotadas por vários empreendimentos a partir de meados da década de oitenta. Tais auditorias tinham o objetivo de conhecer os passivos ambientais associados ao empreendimento. Algumas das organizações que realizaram este trabalho verificaram que não bastava a realização de auditorias regulares, pois a integração da empresa com o meio ambiente dependia, em grande parte, de uma modificação de postura de seus dirigentes e funcionários. Somente uma atitude comprometida, integrada e sistematizada, por parte das organizações, seria eficaz para a preservação ambiental. O modelo ISO 9000 do Sistema de Qualidade, foi visto como uma estrutura ideal para um Sistema de Gestão Ambiental. No Reino Unido, uma instituição normativa, a British Standards Institution- BSI, propôs um sistema de normas voltadas para o Sistema de Gestão Ambiental a exemplo do que faz a BS 5750/ISO 9001 em relação aos Sistemas de Qualidade. A esse modelo de Sistema de Gestão Ambiental denominou-se BS 7750, que foi tomado por base para o desenvolvimento da norma internacional ISO Embora não seja a solução
5 5 definitiva para a questão da poluição industrial, o estabelecimento de normas ambientais apresenta a vantagem de promover a integração dos critérios ambientais aos critérios de desempenho da organização em todos os níveis. (Gilbert, 1995). As possíveis mudanças geradas nas empresas que implantarem e mantiverem um Sistema de Gestão Ambiental de acordo com a norma ISO 14001, provavelmente a tornarão mais competitivas, graças aos seguintes fatores: a) redução de custos, graças à economia de recursos naturais e à minimização da geração de resíduos; b) conquista de mercados restritos como o da Comunidade Européia, do Área de Livre Comércio da América do Norte - NAFTA e de outros países desenvolvidos; c) queda na probabilidade de processos de responsabilidade civil; d) facilitação na captação de recursos dos órgãos de fomento e desenvolvimento, como o BID, Banco Mundial, BNDS e BDMG; e) maior controle sobre os seus impactos ambientais significativos; f) melhor relacionamento com a comunidade; g) atendimento às regulamentações municipais, estaduais e federais. 2. Desenvolvimento da família ISO Denomina-se ISO família a série de normas ISO relativas a meio ambiente. Este conjunto é constituído por seis Subcomitês Técnicos: SCO1 Gestão Ambiental (coordenado pela Inglaterra); SCO2 Auditoria Ambiental (coordenado pela Holanda); SCO3 Rotulagem Ambiental (coordenado pela Austrália); SCO4 Avaliação de Desempenho Ambiental (coordenado pelos Estados Unidos);
6 6 SCO5 Análise do Ciclo de Vida (coordenado pela França); SCO6 Termos e Definições (coordenado pela Noruega); 2.1 ISO/ Comitê Técnico (TC) 207 Várias empresas, inicialmente britânicas e depois européias, que implementaram os princípios da BS 7750, demonstraram que os fatores benéficos acima assinalados podem ser alcançados com relativa rapidez. A partir destas experiências positivas, da mesma maneira que ocorreu na ISO 9000, a ISO formou o SAGE - Strategic Advisory Group on the Environment para investigar a necessidade do desenvolvimento de normas internacionais para a gestão ambiental. Após uma indicação favorável do SAGE, em março de 1993, a ISO organizou o Comitê ISO/TC 207 com o objetivo de desenvolver as normas ISO família Segundo Maurício Reis (1995), o Comitê Técnico ISO/TC 207 tem o objetivo de formular normas universais de gerenciamento ambiental, passíveis de certificação por entidades credenciadas. O comitê ISO/TC 207 é dividido em subcomitês que, por sua vez, são divididos em grupos de trabalho. Cada grupo de trabalho foi responsável pela geração das minutas de normas a eles designados. As coordenações do ISO/TC 207 e dos subcomitês foram designadas a certos países de representatividade nos assuntos em questão. Segundo Pinheiro e Silva (1995), podemos dividir os trabalhos do ISO/TC 207 segundo três enfoques básicos representados na Tabela 2 abaixo.
7 7 Tabela 2 Metas e enfoques do comitê técnico ISO/TC 207. Nota: (*) O SC1 é coordenado pelo BSI - British Standard Institution, autor da BS Além dos países que secretariam cada um dos subcomitês, diversas nações estão participando ativamente dos trabalhos do ISO/TC 207. Verificou-se que países como EUA, Japão e Brasil, que ficaram alheios ao desenvolvimento das normas ISO família 9000, estão preocupados com a interferência da ISO família em suas atividades e vêm mantendo uma posição ativa no desenvolvimento dessas normas. Por exemplo, na reunião plenária do ISO/TC 207 em Oslo em meados de 1995, além da delegação brasileira, que contou com a participação de 21 representantes de diversos setores, estiveram presentes países como Uruguai, Chile, Colômbia e México, o que ajudou a equilibrar as votações. No Brasil, o órgão que acompanha as discussões no âmbito do ISO/TC 207 é o Grupo de Apoio à Normalização Ambiental - GANA, que visa avaliar o impacto das proposições do ISO/TC 207 sobre a competitividade nacional e propor alternativas que atendam aos interesses brasileiros. O Brasil, por intermédio do e vinculado à ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), vem participando ativamente da elaboração de normas ambientais (Shigunov, 2009).
8 8 As normas geradas/ em geração pelo ISO/TC 207 e sua situação estão no anexo A. 3. Introdução à ISO Escopo A ISO 14001/96 tem a seguinte finalidade: Esta Norma especifica os requisitos relativos a um sistema de gestão ambiental, permitindo a uma organização formular uma política e objetivos que levem em conta os requisitos legais e informações referentes aos impactos ambientais significativos. Ela se aplica aos aspectos ambientais que possam ser controlados pela organização e sobre os quais presume-se que ela tenha influência. Em si, ela não prescreve critérios específicos de desempenho ambiental. A norma se aplica a qualquer organização que deseje implementar, manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental; assegurar-se de sua conformidade com a sua política ambiental definida; demonstrar tal conformidade a terceiros; buscar certificação/ registro do seu sistema de gestão ambiental por uma organização externa; realizar uma auto-avaliação e emitir auto-declaração de conformidade com esta norma." A certificação ISO garantirá que um empreendimento tenha instalado os elementos básicos de um sistema de gestão ambiental. Por outro lado, ela não garante que o empreendimento tenha alcançado o melhor desempenho ambiental possível. A ISO 14001, assim como a ISO 9000, foi redigida de modo a ser aplicável a todos os tamanhos e tipos de organizações, e para adaptar-se às diversas condições geográficas, culturais e sociais. A ISO tem em vista o processo produtivo e o desempenho ambiental da organização, mas não está voltada para o desempenho ambiental do produto gerado, durante e após o seu uso. Ela está diretamente relacionada com a sistemática de projeto e geração do produto ou serviço e os conseqüentes impactos ambientais, sejam eles diretos ou indiretos *.
9 9 (*) Nota: Impactos diretos: Aqueles sobre os quais a organização possui controle direto. Impactos indiretos: Aqueles sobre os quais a organização pode ter influência para alcançar controle limitado. Um exemplo seria a extração de matérias-primas fornecidas por outra organização. Os requisitos sobre a gestão da saúde e segurança ocupacional não estão incluídos na norma ISO 14001, entretanto, ela permite que os sistemas gerenciais da organização abranjam estas áreas, desde que a empresa assim o defina. O processo de certificação somente será aplicável aos aspectos do Sistema de Gestão Ambiental. A definição das normas de emissão de gases, efluentes líquidos e ruídos, não está prevista pela norma ISO A competência para este tipo de regulamentação cabe ao Poder Público. No caso do Brasil, isto é atribuição do CONAMA e demais órgãos ambientais nos estados da federação. Cabe ao empreendimento buscar esta base legal antes da implantação do S.G.A. A certificação pela norma ISO apenas vai exigir que o empreendimento cumpra estas normas legais. 3.2 Partes Interessadas A ISO (1996) define como partes interessadas os indivíduos preocupados ou afetados com o desempenho ambiental da organização. Tais partes podem incluir aqueles que exerçam controle estatutário sobre a organização, as comunidades locais, organizações dos empregados, os investidores e as seguradoras, os clientes e consumidores, os grupos de interesse ambiental e o público em geral (Reis, 1996). Diferenças entre a ISO e a ISO família 9000: - A família ISO 9000 (1994) está voltada para a qualidade do produto final e dos diferentes fornecedores. Os requisitos especificados destinam-se primordialmente à obtenção da satisfação do cliente graças à prevenção de não conformidades em todos os estágios, desde o projeto até os serviços associados; - A ISO (1996) prevê que as especificações e expectativas relativas aos impactos ambientais gerados pela organização no meio ambiente são definidas pelas partes interessadas, e cabe ao Sistema de Gestão Ambiental manter controle sobre os processos e subprodutos da organização para que os impactos gerados por eles permaneçam dentro
10 10 das especificações pré-definidas e atinjam as expectativas das partes interessadas. As especificações incluem regulamentações municipais, estaduais, federais, códigos de boas práticas, etc. Os Sistemas de Gestão Ambiental abordam as necessidades de uma vasta gama de partes interessadas e a evolução da sociedade para a proteção ambiental. O governo e as agências de controle ambiental representam estas partes interessadas perante as organizações P.D.C.A. e Melhoria Contínua Os objetivos maiores da Gestão Ambiental são definidos a seguir: a) observar as normas e procedimentos e eliminar as falhas do processo, atuando metodicamente na causa fundamental de cada problema detectado. Desta forma, tem-se um processo mais estável e previsível. Atua-se nos processos e subprodutos que geram impactos ambientais significativos, reais ou potenciais. A lógica é a prevenção, planejando e controlando continuamente os processos, reduzindo seus subprodutos e o consumindo menos recursos. A idéia não é só minimizar os impactos ambientais colocando "filtros dos subprodutos" nas saídas dos processos, e sim melhorá-los para que consumam menos recursos (incluindo recursos naturais) e gerem menos subprodutos. Os subprodutos gerados por deficiências dos processos devem ser inspecionados, monitorados e tratados para garantir a satisfação das regulamentações governamentais sobre o meio ambiente. Dessa forma, além de minimizar os impactos ambientais sobre o meio ambiente, estaremos tornando a organização mais eficaz, melhorando os seus processos, reduzindo os seus custos, e consequentemente, tornando a empresa mais competitiva. b) atingir uma evolução contínua do desempenho ambiental dos processos e, conseqüentemente, da organização. A norma contém os elementos fundamentais de sistemas de gestão, com base no processo dinâmico e cíclico de "planejar, implantar, verificar e rever" (Anexo, 1 da ISO 14001, 1996).
11 11 Como foi visto acima, o gerenciamento do S.G.A. tem como base o controle dos processos. O gerenciamento do Sistema de Gestão Ambiental, dentro do ciclo P.D.C.A., é representado pela norma ISO (1996) como na figura 1. Os passos descritos no ciclo P.D.C.A. ficam facilmente identificados nos requisitos da norma. A melhoria contínua está explicitada pela elipse no topo do esquema. Figura 01 Passos do ciclo PDCA.
12 12 4. Requisitos da norma NBR ISO 14001/96 A versão brasileira da norma ISO 14001, também chamada NBR ISO 14001/96 é dividida em diversos subsistemas. Estes subsistemas são interligados entre si e cada requisito pode incluir mais elementos de um setor ou processo da organização. O Sistema de Gestão Ambiental, de acordo com o modelo definido pela NBR ISO 14001/96, pode ser representado através do ciclo descrito na Figura Requisitos Gerais Este capítulo traz uma introdução da versão brasileira da norma determinando que a implantação da SGA deve ser em conformidade com os requisitos da norma além de garantir e demonstrar, para as partes interessadas, a eficácia do SGA. 4.2 Política Ambiental Esta política reflete - de início - o compromisso da alta administração com as partes interessadas nos assuntos relativos ao meio ambiente. A Política Ambiental é a 'diretriz' do Sistema de Gestão Ambiental - SGA, orientando os envolvidos a trabalhar, se comprometer e se esforçar numa única direção. A política ambiental associa a organização por um lado aos impactos ambientais por ela gerados, do outro. Ela vai observar a natureza, escala e impactos ambientais causados por suas atividades, produtos e serviços. A política ambiental deve ser transparente, ou seja, ela deve ser documentada e compreendida por todos os funcionários da organização. Também deve ser pública, para que todas as partes interessadas estejam cientes. Ítem essencial da política ambiental de uma empresa é a declaração ampla das intenções da organização na área de desempenho ambiental, que possa ser utilizada por todas as partes da organização no desenvolvimento de suas próprias metas.
13 Planejamento Todas as atividades, produtos e serviços do SGA devem ser objetivamente planejadas. O planejamento consiste em um elenco de metas objetivas a serem alcançadas por cada setor do empreendimento, agregado a uma relação da metodologia gerencial a ser empregada e um cronograma tentativo Aspectos Ambientais O impacto ambiental é definido como qualquer modificação do meio ambiente resultante das atividades, produtos ou serviços de uma organização. O presente requisito refere-se à identificação dos aspectos ambientais geradores dos impactos ambientais significativos sejam eles reais ou potenciais. A fase inicial de implantação de um S.G.A. consiste na identificação e avaliação dos aspectos ambientais. O levantamento dos aspectos ambientais significativos é fundamental para o planejamento de um Sistema de Gestão Ambiental, sendo uma das 'entradas' de todo o processo. Segundo a ISO Treinamento de auditores Ambientais da P-E Batalasb (1996), estes aspectos podem ser: a) diretos - aqueles de que a organização possui controle. Por exemplo, as atividades do processo da própria organização; b) indiretos - aqueles sobre os quais a organização pode ter influência para alcançar controle limitado. Exemplos: Extração de matéria-prima fornecida por outra organização e uso do produto pelo consumidor; c) existentes - aspectos que atualmente já se manifestam, (inclusive no passado); d) a serem gerados por novos desenvolvimentos - aspectos que podem vir a existir com a inclusão de novos produtos, serviços e atividades. O levantamento dos aspectos ambientais em um empreendimento geralmente compreende as seguintes etapas: a) identificação dos requisitos legislativos e reguladores;
14 14 b) identificação dos aspectos ambientais significativos; c) exame das práticas e procedimentos de gestão ambiental existentes; d) a avaliação de dados provenientes da investigação de acidentes anteriores. O próximo passo consiste na implementação do monitoramento ambiental através de indicadores (ou da análise de registros de monitoramentos realizados no passado). O monitoramento consiste ainda na avaliação da significância (qualificação) da base de dados disponível, com o objetivo de se traçar metas prioritária na área de S.G.A. Esta fase é denominada 'filtro de significância'. A NBR ISO 14001/96 determina que o Sistema de Gestão Ambiental deve ser estruturado objetivando a manutenção do controle sobre os processos que geram aspectos e impactos ambientais significativos (reais ou potenciais). Entende-se por aspecto ambiental significativo o aspecto ambiental que gera impacto ambiental significativo, real ou potencial. A avaliação de significância dos aspectos ambientais consiste em uma etapa crítica no processo de implementação do sistema S.G.A. Embora subjetiva, ela deve ser entregue a uma equipe multidisciplinar devidamente capacitada onde constem elementos familiarizados com os processos e as necessidades das partes interessadas. Esta equipe deve acolher ainda profissionais capazes de entender as respostas e demais sinais mensuráveis na biota e nos ecossistemas impactados. O processo de avaliação de significância é periódico Requisitos legais e Outros Requisitos A questão básica do Sistema de Gestão Ambiental é o compromisso com o cumprimento dos requisitos legais (municipais, estaduais e federais) e outras regras que a empresa assumiu atender. No caso brasileiro, a equipe deve estar familiarizada com as normas pertinentes do CONAMA bem como aquelas expedidas pelos órgãos ambientais dos estados e Municípios afetados. O Sistema de Gestão Ambiental deve possuir mecanismos para garantir que as exigências legais, de regulamentações e de outras políticas (por exemplo, práticas empresariais ou diretrizes especificas do setor) relativas
15 15 aos impactos ambientais identificados sejam conhecidas, documentadas, disponíveis, entendidas e atualizadas (sempre que necessário) pela organização. Outros Requisitos seriam contratos firmados com um cliente, acordos com autoridades públicas, regulamentações não obrigatórias, acordos com sindicatos, enfim, uma restrição relativa ao meio ambiente que a empresa assumiu que iria respeitar. Por exemplo, um compromisso com níveis máximos de emissões de poluentes nos efluentes líquidos assinado entre uma empresa e a associação de moradores da bacia hidrográfica onde localiza-se o empreendimento Objetivos e Metas Este requisito visa garantir a existência de metas ambientais claras para a empresa, gerências e funcionários. Ele permite que as metas propostas no contexto ambiental sejam conhecidas e implementadas por todos os níveis da corporação. Os objetivos e as metas ambientais devem ser estabelecidos em cada função e nível relevante, dentro da organização Os objetivos e metas são normalmente quantificáveis e constituem uma ferramenta de gestão e de melhoria contínua, permitindo que a alta administração monitore o Sistema de Gestão Ambiental. Os objetivos e metas ambientais também devem ser alcançáveis e ambiciosos. Desta maneira os funcionários ficarão motivados. Os objetivos e metas deverão ser monitorados periodicamente pela organização, permitindo uma reorientação do Sistema de Gestão Ambiental, quando necessário. Os objetivos e metas devem ser obrigatoriamente analisados pela Administração (requisito 4.6 da NBR ISO 14001/98) Programa(s) de Gestão Ambiental Este requisito determina as ações que devem ser implementadas para que a organização atinja os seus objetivos e metas, no mais variados níveis. Para estas ações, devem-se atribuir responsabilidades, recursos e prazos para implementação.
16 16 O Programa de Gestão Ambiental é gerado, entre outras fontes, a partir da identificação dos aspectos ambientais significativos existentes ou previstos. No entanto, é o programa de gestão ambiental que dirá quais as ações que deverão ser tomadas nas diferentes etapas de planejamento, desenvolvimento, produção, comercialização e disposição dos produtos e serviços. 4.4 Implementação e Operação A implementação de um sistema S.G.A. esta na dependência da criação da 'base do sistema' que vai embasar a implementação dos planos pré-definidos Estrutura e Responsabilidade A definição de papéis, responsabilidades, autoridades bem como os recursos necessários para a prática da Política Ambiental da organização é o tema deste requisito. O requisito 'estrutura e responsabilidade' constitui um dos diferenciais entre as organizações que fazem controle ambiental e as empresas que possuem sistema de gestão ambiental, pois somente o S.G.A. garante uma atribuição de responsabilidades claras. a. Atribuição de Responsabilidades e Autoridades A atribuição dos papéis, responsabilidades e autoridades é comunicada a todos os envolvidos no Sistema de Gestão Ambiental, permitindo que sejam conhecidos e respeitados pelos colaboradores da organização. A determinação das funções, responsabilidades e autoridades deve ser feita, segundo a NBR ISO 14001/96, de maneira documentada. b. Recursos A alta administração deve prover todos os recursos necessários para a implementação e manutenção do Sistema de Gestão Ambiental. Esses recursos incluem não só pessoal, mas também itens de custeio tais como equipamentos de suporte e recursos financeiros para materiais e serviços diversos. Deverá ser alocada uma determinada soma que garanta o treinamento dos envolvidos no S.G.A.
17 17 c. Representante da Administração A alta administração deve nomear um representante com a responsabilidade de coordenar a implantação e manutenção do Sistema de Gestão Ambiental e, ainda, fazer o elo de ligação entre a operação do S.G.A. e a alta administração. O representante da administração deve: c1). assegurar que os requisitos do Sistema de Gestão Ambiental sejam estabelecidos, implementados e mantidos; c2). reportar o desempenho do S.G.A. à alta administração, para análise crítica, como uma base para a melhoria do sistema. A função de 'representante de administração' pode ser exercida por uma ou mais pessoas, dependendo do porte da organização Treinamento, Conscientização e Competência Após a determinação clara dos papéis, responsabilidades e autoridades, a NBR ISO 14001/96 aborda a formação dos recursos humanos como parte fundamental do Sistema Gestão Ambiental. O requisito 'treinamento, conscientização e competência' visa garantir que todo o pessoal envolvido com o Sistema de Gestão Ambiental esteja apto para exercer as suas tarefas. Para tanto, os funcionários da organização devem estar conscientes da sua parcela de responsabilidade na operação do Sistema de Gestão Ambiental, seja ela de pequena ou grande valia para o andamento da S.G.A. Além do processo de conscientização dos funcionários, todos os colaboradores que atuam junto a aspectos ambientais geradores de impactos ambientais significativos, reais ou potenciais, devem ser capacitados para exercer corretamente as suas tarefas. Os treinamentos, que devem ser fornecidos periodicamente (melhoria contínua), com finalidade primordialmente preventiva, abrangem a parte técnica e de conscientização. Periodicamente, devem ser realizados levantamentos das necessidades de treinamento.
18 18 A norma NBR ISO 14001/96 determina que os procedimentos acima mencionados também incluam os indivíduos que trabalham na operação, mas não pertençam aos quadros funcionais da empresa (contratados). Figura 2-2 Fluxograma de implementação da certificação ambiental em um empreendimento.
19 Comunicação Este requisito reconhece a necessidade de que a organização seja transparente para suas partes interessadas, durante a sua operação e nas situações de emergência. Para isso, é necessária a criação de fluxos de informação rápidos e desprovidos de ruídos. A 'comunicação' inclui o estabelecimento de processos para informar interna e, quando necessário, externamente, as atividades ambientais da organização. A NBR ISO 14001/96 abrange a comunicação em dois níveis: interno e externo. Internamente, a empresa deve ter procedimentos para comunicações nos vários níveis e funções da organização. A comunicação interna objetiva melhorar o fluxo de informações entre os colaboradores e a conscientização e comprometimento dos funcionários com a Política Ambiental e com o S.G.A. A comunicação externa está concentrada na comunicação da organização com as partes interessadas externas, formando um canal de duas vias. É utilizada pela empresa no fornecimento de informações sobre a sua operação (dando maior segurança à comunidade), na venda da sua imagem e também nos casos de situação de emergência. Para as partes interessadas externas, é um meio de transmissão das suas ansiedades e reclamações. A NBR ISO 14001/96 determina que a organização deve estabelecer e manter procedimentos para recebimento, documentação e respostas às comunicações relevantes das partes interessada externas com respeito aos seus aspectos ambientais e ao Sistema Gestão Ambiental Documentação do Sistema de Gestão Ambiental O requisito 'documentação do Sistema de Gestão Ambiental' solicita que a empresa possua um procedimento que descreva os elementos centrais do Sistema de Gestão Ambiental e indique a documentação relacionada. Este procedimento, apesar de não ser denominado de Manual de Gestão Ambiental, tem evidente semelhança com o Manual da Qualidade definido pela NBR ISO 9001/94. Já a BS7750: determina explicitamente que a empresa deve possuir um Manual de Sistema de Gestão Ambiental.
20 Controle de Documentos O objetivo deste requisito, que é de suma importância, é garantir que o Sistema de Gestão Ambiental seja apoiado por uma documentação adequada. Tem conceituação igual ao requisito 4.5 da NBR ISO 9001/94 Conforme descrito anteriormente, a NBR ISO 14001/96 tem, como dois de seus pilares, o planejamento e a prevenção de problemas. A conseqüência disto é a criação de planos, procedimentos e instruções de trabalhos documentados que são utilizados por todo o pessoal que executa atividades geradoras de impactos ambientais significativas. Para que as atividades e processos sejam executados em conformidade com os planos, procedimentos e instruções de trabalho, acima mencionados, é fundamental que estes documentos estejam aprovados e disponíveis para todos os funcionários ou contratados que executam tarefas que geram impactos ambientais significativos, reais ou potenciais, Daí, a formulação do requisito Controle de Documentos, que visa garantir que todos os documentos relacionados com as atividades e processos que geram ou têm possibilidade de gerar impactos ambientais significativos estejam identificados, aprovados e disponíveis no local de uso Controle Operacional O requisito Controle Operacional visa ao estabelecimento e manutenção de controles para garantir que os processos e atividades que geram impactos ambientais, reais ou potenciais, operem em condições previamente definidas. Portanto, o ponto inicial deste requisito é o conhecimento das atividades e processos que geram aspectos ambientais, que, por conseqüência, geram impactos ambientais significativos, reais ou potenciais (estas informações são obtidas através do requisito Aspectos Ambientais da NBR ISO 14001/96). Tibor e Feldman (1996) descrevem que a organização que mantiver o controle destas atividades e processos terá, em conseqüência, o controle dos impactos ambientais significativos gerados por eles. Estes processos e atividades incluem: a) processos gerados dos aspectos ambientais; b) processos de tratamento de resíduos, efluentes, emissões, ruídos, etc.;
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