Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR)

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1 SÃO PAULO MODEL UNITED NATIONS Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) A situação dos refugiados sírios na Turquia Presidência Priscilla Gama Allan Bubna Paula Dias Yuri Ramos SÃO PAULO V EDIÇÃO

2 SUMÁRIO 1 Carta de Apresentação Histórico e Escopo do Comitê O Tema Antecedentes históricos gerais: a Primavera Árabe Conjuntura da Primavera Árabe Particularidades da Primavera Árabe na Síria O caso sírio Cronologia da Primavera Árabe na Síria a Direito Internacional e a definição de refugiados: aplicação ao cenário sírio Conceito Influxo e tratamentos A situação dos refugiados sírios na Turquia Relações entre os refugiados e a população turca Situação dos refugiados sírios nos campos turcos Reação internacional Desafios para o ACNUR: O que uma resolução deve conter? Posicionamento de Blocos África do Sul Alemanha Arábia Saudita Argentina Armênia Austrália Bielorrússia Brasil Canadá China Costa Rica Egito Espanha Estados Unidos da América França Geórgia Grécia Índia Irã

3 5.20 Iraque Israel Jordânia Líbano México Nigéria Países Baixos Paquistão Reino Unido República da Coreia Ruanda Rússia Singapura Síria Sudão Turquia Referências Bibliográficas

4 1 CARTA DE APRESENTAÇÃO Estimados delegados, sejam bem-vindos ao Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados! Nos tempos conturbados em que nos encontramos, a questão das minorias ganha cada vez mais espaço no cenário internacional, passando a abranger novos grupos e situações. Recentemente, os senhores com certeza acompanharam os acontecimentos da Primavera Árabe. Os levantes populares no Oriente Médio reaqueceram debates a respeito do real significado da democracia, da representação e da liberdade enquanto elementos políticos. Ao mesmo tempo, observou-se uma renovação do desejo de real participação por parte dos cidadãos, e as novas formas de atuação que a tecnologia permite. Apesar de toda a efervescência popular, um dos aspectos mais sombrios que se observou na Primavera Árabe foi a intensa repressão por parte dos governos vigentes. Protestos foram reprimidos por forças policiais e até militares, enquanto diversas liberdades individuais foram suprimidas, como a de expressão e de associação. Além disso, a escala da repressão governamental causou imensos desrespeitos aos Direitos Humanos. Nessa situação, indivíduos encaram uma realidade de instabilidade e perigo em seus territórios de origem. Passam a ocorrer, portanto, massivas movimentações de grupos que não recebem proteção de seus Estados. Com isso, torna-se necessária a intervenção do ACNUR. Tais movimentações exigem medidas que garantam a essas populações sua realocação, assentamento, proteção jurídica e garantia de condições salubres de vida. Os desafios ultrapassam a legislação internacional para alcançar também medidas práticas concernentes à vida cotidiana dos refugiados. Deslocados, os refugiados tornam-se minorias pela sua própria condição. A proposta para os senhores será justamente evitar que a situação de fragilidade em que eles se encontram permita violações de seus direitos básicos enquanto indivíduos. Nós, enquanto seus diretores, esperamos despertar em vocês a mesma paixão que temos pela defesa dos direitos humanos, em todas as situações. O objetivo deste comitê é despertar a consciência das vulnerabilidades provocadas por questões étnicas, religiosas, políticas e de gênero, e, com isso, promover a mudança. Depois desta explanação, gostaria de apresentar-lhes nossa mesa diretora. Meu nome é Priscilla Gama e sou estudante do quarto semestre de Relações Internacionais na Universidade de Brasília (UnB) e serei a diretora deste comitê. Juntamente comigo, como diretores assistentes, encontram-se Paula Dias, também estudante do quarto semestre de RI, e Allan Bubna e Yuri Portugal, estudantes do segundo semestre de Relações Internacionais da UnB. Nossa orientação dentro do curso é justamente na defesa das minorias, seja em situações de crise (como a Primavera Árabe), seja em regimes ditos democráticos. Com essa inclinação, esperamos que os senhores possam perceber de que forma a realidade no Oriente Médio traça paralelos com as minorias espalhadas por todo o globo. E o nosso real desejo no SPMUN é apenas um: que essa experiência possa inspirá-los! Atenciosamente, Priscilla Gama 3

5 2 HISTÓRICO E ESCOPO DO COMITÊ O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados foi criado em janeiro de 1951, com a Convenção de Genebra de A Organização das Nações Unidas havia sido criada seis anos antes, na Conferência de São Francisco, com o intuito central de resolver os problemas decorrentes da recém-terminada Segunda Guerra Mundial. Após este conflito, há uma crescente necessidade de auxiliar os indivíduos deslocados de sua nação ou expatriados. Inicialmente, a questão é tratada de forma temporária dentro das Nações Unidas, com a Organização Internacional para Refugiados, que permanece em vigor até No entanto, a Organização torna-se muito custosa e conflitante dentro do cenário geopolítico da época, sendo necessário substitui-la. O ACNUR surge como uma instituição não-operacional, de forma a não se tornar potencialmente problemático no contexto da Guerra Fria. Em resposta a uma resolução da Assembleia Geral da ONU, realiza-se uma Conferência dos Plenipotenciários 1 para lidar com a situação dos refugiados e pessoas expatriadas. Essa reunião dá origem à Convenção de Genebra de , que entra em efetividade em 1954, resultando na criação do Alto Comissariado das Nações Unidas. Seu caráter é inicialmente temporário, sendo renovado em períodos de cinco anos. No entanto, com a sua constante renovação, ele é tornado permanente em As principais diretrizes do ACNUR estão presentes na Convenção, com apenas uma emenda feita pelo Protocolo de Nele está presente a definição de refugiado, declarada como: Toda a pessoa que, em razão de fundados temores de perseguição devido à sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política, encontra-se fora de seu país de origem e que, por causa dos ditos temores, não pode ou não quer fazer uso da proteção desse país ou, não tendo uma nacionalidade e estando fora do país em que residia como resultado daqueles eventos, não pode ou, em razão daqueles temores, não quer regressar ao mesmo. (NAÇÕES UNIDAS, 1951) Percebem-se alguns princípios que regem o Alto Comissariado, como a inclinação no sentido de aplicar os direitos humanos a indivíduos particulares (apesar de a Convenção se dar como um acordo entre Estados). Além disso, nota-se que a noção de refugiado ocorre com a transposição de fronteiras, de forma que o indivíduo não é dado como deslocado até que adentre outro Estado. Com o Protocolo de 1967, são também removidas restrições geográficas e de prazo do conceito de refugiado. Por fim, um princípio que se estabelece é a proibição de se forçar o retorno de um refugiado a seu país de origem contra a sua vontade. 1 Em Conferências Plenipotenciárias, os representantes possuem autoridade total para representar o chefe de Estado. 2 Também conhecida como Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, estabelece a definição de refugiado e as obrigações internacionais para com os indivíduos despatriados. Dentre elas está a não-discriminação e o princípio de non-refoulement (não se pode enviar um refugiado de volta em situação de perigo ou perseguição), centrais para o trabalho do ACNUR. 4

6 Os objetivos do ACNUR estão voltados para garantir a proteção dos refugiados a curto e longo prazo. Estão incluídas as garantias de proteção legal, o acesso aos documentos de migração necessários, o reassentamento, a inclusão na comunidade e o acesso a saúde, educação e segurança de qualidade no novo território. Para efetuar tais medidas, o ACNUR trabalha em colaboração tanto com os Estados envolvidos quanto com Organizações Não-Governamentais (ONGs), declarando seu caráter apolítico. Seu orçamento é composto unicamente por doações voluntárias, sendo necessárias campanhas de mobilização constantes para arrecadar fundos. A operação do Alto Comissariado se divide entre os funcionários no escritório central em Genebra e agentes atuando diretamente com os refugiados. Dessa forma, é importante notar os múltiplos meios de atuação do Comissariado. Ao mesmo tempo em que se busca garantir a proteção dos direitos dos refugiados no âmbito do direito internacional, também atua-se no sentido de melhorar a situação local, envolvendo inclusão em políticas públicas e ONGs. O ACNUR teve rápido crescimento, estando presente em 126 Estados atualmente. Considerando as atuais definições de refugiado, o grupo de indivíduos no campo de interesse do ACNUR está estimado em 43 milhões. Desde a sua criação, o Alto Comissariado das Nações Unidas tem trazido significantes resultados para a melhora da situação dos refugiados, atuando em situações de perseguição política, religiosa, desrespeito aos direitos humanos e catástrofes naturais. Esse sucesso é marcado pelo fato de que a instituição recebeu dois Prêmios Nobel. O primeiro foi recebido no ano seguinte à sua criação, pelo seu princípio de proteção dos refugiados. O ACNUR recebe o prêmio novamente em 1981, demonstrando que a questão dos refugiados continuava presente. Segundo o Alto Comissário da época, Poul Hartling (1981), foi uma afirmação de que os refugiados do mundo não haviam sido esquecidos. Nesse intervalo de tempo, o foco do ACNUR havia se expandido, deixando de incluir penas refugiados na Europa para atuar também na Ásia e África, onde o número de refugiados apresentava grande aumento. Com isso, percebe-se que o ACNUR possui uma missão que vai muito além da situação europeia após a Segunda Guerra Mundial. Três anos após a comemoração de seus 60 anos de existência, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados enfrenta novos desafios e a realidade global, encompassando desastres naturais e conflitos armados. Destacamse a situação dos afegãos (maior população de refugiados do mundo) e a recente crise na Palestina, que já causou o deslocamento forçado de mais de quatro milhões de indivíduos. A atuação do ACNUR no Oriente Médio é um marco dessa missão que encompassa populações de todo o mundo e os novos conflitos da contemporaneidade. 5

7 3 O TEMA 3.1 Antecedentes históricos gerais: a Primavera Árabe A Primavera Árabe foi um processo revolucionário que se inicou em dezembro de 2010, a partir do ato de auto-sacrifício acometido por um vendedor Tunisiano, Mohamed Boazizi. Tal mercador teve seus produtos confiscados pelas autoridades, sendo preso e humilhado em praça pública por realizar comércio ambulante de repolhos. Diante de tal situação, Mohamed ateou fogo ao próprio corpo como forma de protesto. Seu ato de auto-sacrifício pela situação generalizada de desrespeitos no país repercutiu por toda a Tunísia. Encontrou-se, assim, o estopim da Primavera Árabe ou Revolução de Jasmim. As revoltas na Tunísia levaram à deposição, em janeiro de 2011, do primeiro ditador da região, o presidente tunisiano Zine el-abdine Ben Ali, que se encontrava há 24 anos no poder. Os acontecimentos na Tunísia rapidamente repercutiram por todo o mundo árabe perpassando pela Líbia, Egito, Argélia, Iêmen, Marrocos, Bahrein, Síria, Jordânia e Omã. Assim, inspirados pelas bem-sucedidas reivindicações na Tunísia, os egípcios foram às ruas demandando a saída do presidente Hosni Mubarak, à frente do poder há cerca de 30 anos. As manifestações e confrontos se concentraram na Praça Tahrir (Praça da Libertação). Os principais motivos das manifestações foram os altos índices de desemprego e corrupção, o autoritarismo do governo, a violência policial, a falta de moradia, a censura à liberdade de expressão, as péssimas condições de vida e a solicitação do aumento do salário mínimo. A Revolução no Egito, também conhecida como Dias de Fúria, Revolução de Lótus e/ou Revolução de Nilo, anunciou a saída do poder de Mubarak, que dissolveu todas as frentes de estruturação do poder do país e não se candidatou para as novas eleições. Em julho de 2011, as eleições egípcias elegeram Mohammed Morsi a presidente, contudo, este foi deposto em JáaLíbia mergulhou em uma profunda Guerra Civil objetivando acabar com a ditadura imposta por Muammar Kadhafi. Sem sombra de dúvidas, a Revolução Líbia foi uma das mais sangrentas de toda a Primavera Árabe, especialmente devido à forte opressão do regime ditatorial. Os rebeldes da causa foram lentamente avançando pelas regiões comandadas por Kadhafi, chegando à capital Trípoli em agosto. Em outubro do mesmo ano, o ditador Muhamar Kadhafi, o mais antigo ditador, no poder desde 1969, foi encontrado dentro da tubulação de esgoto de Sirte, sua cidade natal, sendo torturado e morto pelos rebeldes. O último ditador a cair foi Ali Abdullah Saleh, presidente do Iêmen, que estava no poder há 33 anos. Após ficar gravemente ferido em um atentado contra a mesquita do palácio presidencial, assinou um acordo para deixar o poder de forma ordenada, sendo tal reação fruto da pressão popular. O fim da ditadura se deu em novembro de 2011, a ser realizado de forma pacífica através de eleições diretas. Entretanto, a transição foi marcada por conflitos e repressões por parte do governo. Até junho de 2013, Egito, Líbia e Iêmen já haviam conseguido depor seus governos, enquanto Bahrein e Síria seguiam com guerras civis. Assim como nos diversos países do mundo árabe, os protestos no Bahrein foram desdobramentos da Revolução de Jasmim e objetificavam a derrubada do Rei Hamad bim Isa as-khalifa, no poder há oito anos. As repressões às manifestações se deram de forma intensa e violenta por parte do governo, sendo que os rebeldes, inclusive, tentaram atacar o Grande 6

8 Prêmio de Fórmula 1. Jordânia e Argélia também sofreram as repercussões da Primavera. A Jordânia foi um dos últimos países a serem influenciados pelos desdobramentos do mundo árabe. As revoltas e protestos na região iniciaram-se na segunda metade de 2012 com o objetivo de derrubar o governo do Rei Abdullah II. Este, por sua vez, anunciou a realização de eleições com receio da intensificação de revoltas. Todavia, a Irmandade Muçulmana, partido mais popular do país, decidiu pelo boicote das eleições devido às constantes denúncias de fraudes e compras de voto pelo governo. A Argélia tem a intenção de derrubar o presidente Abdelaziz Bouteflika, há doze anos no poder. Assim como o Rei da Jordânia, Bouteflika organizou eleições no país, mas ele acabou ganhando pelo número elevado de abstenções. Sobremaneira, ainda existem protestos e atentados terroristas no país. Diferentemente dos outros países, Marrocos e Omã não presam pela derrubada de seus governantes, mas imperam pela diminuição de seus poderios e por reformas sociais e políticas. Em virtude do alastramento das revoluções, os dois países definiram a realização de novas eleições, todavia, a insatisfação da população ainda é grande. Nesse processo, ganha destaque a Revolução na Síria, caracterizada como uma Guerra Civil pela comunidade internacional. O povo sírio luta pela deposição do ditador Bashar al- Assad, cuja família desponta no poder há 46 anos. O processo revolucionário nessa região demonstra-se demasiadamente intenso e com forte repressão governamental. A comunidade internacional tem os olhos voltados para o desenrolar dos conflitos na Síria, devido à utilização de armas químicas e biológicas contra a população civil. A ONU por diversas vezes tentou intervir no conflito, entretanto, suas ações são barradas pelo veto russo, que não aprova uma intervenção militar internacional na região. Esses diferentes impactos da Primavera Árabe nos países do Oriente Médio se justificam pelo fato de que a região agrega, hoje, diferentes religiões, dogmas e, principalmente, formas de desenvolvimento, pois historicamente o norte da África e o Oriente Médio compõem um labirinto enorme de diversidade cultural. É uma região que reflete as grandes desigualdades econômicas e políticas apesar da grande inter-relação cultural dos países árabes. A Primavera Árabe, em outras palavras, não se manifestou de forma uniforme nos países que a presenciaram. Vale ressaltar que não se trata de um evento de curto prazo, mas de um processo transitório marcado por transformações históricas no rumo da política mundial. 3.2 Conjuntura da Primavera Árabe A Primavera Árabe pode ser definida como uma série de manifestações populares, iniciadas em 2010, que se espalharam pelo mundo árabe com múltiplos impactos na organização social e política dos países afetados. É preciso compreender, inicialmente, que as manifestações não tiveram o mesmo caráter em todos os países, assim como a resposta do governo também foi diferenciada. Tais diferenças são explicadas pelas condições de vida (PIB per capita, acesso à educação, liberdades civis, discriminação de gênero e religião, etc) e pela agressividade da resposta de cada governo. Dessa forma, na Tunísia os protestos chegaram a receber apoio do exército, enquanto no Bahrain manifestantes foram perseguidos, presos e torturados. O nível da repressão acaba por definir a escalada da violência, e mesmo a configuração dos protestos. Na Líbia, o 7

9 aspecto era o de uma insurreição armada da população, tomando contornos de uma guerra civil rapidamente, como ocorreu na Síria e no Bahrain. Por outro lado, no Egito, o que ocorriam eram principalmente manifestações e protestos de inclinação pacífica. Os resultados também são, portanto, muito diversos. Países como Tunísia, Egito e Líbia presenciaram a retirada de líderes governamentais estabelecidos há décadas; no Marrocos, Argélia e Jordânia houve um maior elemento reformista, de forma que os governos foram pressionados a tomar medidas liberalizantes, enquanto mantinham-se no poder; já na Síria, Yêmen e Bahrain, o conflito entre a população revoltada e o governo tomou dimensões de uma guerra civil. Seria possível explorar longamente as particularidades da Primavera Árabe em cada um dos países em que ela ocorreu, buscando esclarecer a conjuntura social, econômica e política de cada um, e a linha de eventos em cada um. No entanto, o central é compreender a mentalidade por trás do movimento como um todo. Enquanto se preserva a percepção de que os eventos não foram iguais em todas as nações, é possível analisar o que havia de comum nas manifestações como um todo. Segundo Ali Mazrui, percebe-se que a Primavera Árabe se configura como um movimento liberal-democrático, buscando valores como liberdade (civil, de expressão, política, etc), justiça e maior abertura social. Um ponto de partida interessante para compreender o que motivou toda essa explosão de ânimos populares é o evento tido como marco inicial da Primavera Árabe. Em 18 de dezembro de 2010, um jovem se auto-imolou em uma praça pública na Tunísia, em sinal de protesto contra o governo. Posteriormente, jornais divulgaram que se tratava de Muhammad Bouazizi. Apesar de alguns autores questionarem tais afirmações, foi dito que o jovem em questão havia cursado a faculdade mas não havia conseguido um emprego. Ao tentar trabalhar como um vendedor independente, oficiais do governo teriam confiscado seus meios de trabalho (por não possuir uma licença do governo) e humilhado o jovem em questão, o que provocou o seu protesto. Mais que esmiuçar os fatos por trás dessa história, é preciso compreender o significado simbólico que ela assumiu para os jovens manifestantes. Afinal, o protesto de auto-imolação foi algo que se repetiu em diversas localidades ao longo das manifestações. Inicialmente, trata-se de um jovem qualificado que se encontra desempregado. O Jornal de Perspectivas Econômicas apresentou um artigo por Filipe Campante e Davin Chor relacionando a eclosão de protestos com um desequilíbrio entre a qualificação profissional e as oportunidades de emprego no Oriente Médio. A pesquisa aponta que, nos anos recentes, houve uma grande expansão no tempo de estudo que os indivíduos possuem nos países árabes. Dos 20 países com maior expansão, 8 são países da Liga Árabe e, dentro da lista, figura a Tunísia, onde os protestos tiveram início. Tal crescimento estaria relacionado com os volumosos ganhos com a exploração de petróleo. No entanto, embora esteja ligado com investimento em capital humano, o lucro com o petróleo não costuma estar associado com liberalização social. Conquanto gere poder no cenário global e um posicionamento mais favorável na economia mundial, a exploração do petróleo leva a uma série de tradições internas que se opõem à democratização. Um aspecto seria a militarização, em resposta à ameaça das grandes 8

10 potências interessadas em explorar os recursos naturais; simultaneamente, o governo militarizado também apresenta tendências centralizadoras e de controle social. O que se percebe, então, é um crescimento no setor educacional que não é acompanhado pela economia. As taxas de desemprego no Oriente Médio se encontram acima da média mundial, e os retornos por níveis de educação (secundária ou superior) estão abaixo dos retornos que se percebem em outros países. Os Estados repressores e centralizadores tornam-se ineficientes e sufocam a iniciativa privada e as empresas particulares. Sendo assim, a economia fica restrita pelo controle burocrático governamental, reduzindo as oportunidades de crescimento econômico. Ao mesmo tempo em que a expansão educacional cria um abismo entre as expectativas e as oportunidades profissionais da população, ela também tem relação com um maior envolvimento político da população. Desta forma, combina-se a insatisfação de uma população cada vez mais qualificada e um desejo crescente de contestação e participação política. O que encontram, todavia, são Estados militarizados e com reduzida liberdade de expressão. Protegidos pela impossibilidade de crítica, tais Estados acumulam problemas de infra-estrutura, corrupção, economia estagnada, perseguição a grupos étnicos, ideológicos e religiosos, dentre outros. Essa crescente tensão dá início ao que ficou conhecido como a Primavera Árabe. Em países em que as condições são mais favoráveis, as manifestações têm o caráter mais voltado para a contestação política, enquanto a revolta armada costuma surgir em condições mais extremas. No Kuwait, Qatar e Emirados Árabes Unidos, onde a taxa de desemprego é mais reduzida, as manifestações políticas que surgem não chegam a configurar protestos em massa, por exemplo. Por fim, existe um elemento crucial para a eclosão dos protestos: as redes sociais. Segundo o relatório da Escola de Governo de Dubai, 90% dos jovens tunisianos e egípcios utilizaram o Facebook para organizar protestos em massa. As redes sociais são vitais para a Primavera Árabe por uma série de motivos: permitem, por exemplo, que os jovens consigam organizar os protestos e manifestações com menor possibilidade de repressão do governo; além disso, conseguem espalhar as notícias de forma rápida e sem censura. O Twitter se tornou, durante as manifestações, um instrumento a favor da liberdade de imprensa. Era possível que notícias dos protestos e dos excessos do governo se espalhassem por todo o mundo sem censura, colocando a informação fora do controle das autoridades. O relatório conecta as redes sociais a uma mudança no processo de formação de opinião. Ademais, percebe-se que os mais afetados pelos problemas econômicos são os jovens, que também são os que mais utilizam as redes. Sendo assim, é impossível dissociar grande parte dos eventos da Primavera Árabe do uso da internet. Por outro lado, as redes sociais também aumentaram a vulnerabilidade dos manifestantes em alguns casos. No Bahrain, o Facebook foi utilizado pelas autoridades governamentais para identificar e localizar manifestantes, com o auxílio da população que se opunha aos protestos. Através de fotos, ocorreu no país uma verdadeira caça às bruxas, na qual manifestantes foram localizados em suas casas, presos sem julgamento e submetidos à tortura. Ao mesmo tempo em que são utilizadas como ferramentas que democratizam a informação, as redes sociais também podem diminuir a segurança dos envolvidos nos protestos. 9

11 No contexto pós-primavera Árabe, é perceptível um entusiasmo internacional com a possibilidade de democratização da região. Entretanto, ainda existem inúmeros problemas que precisam ser abordados para que a situação se estabilize. Ali Mazrui (2011) aponta que, enquanto a revolução tinha um caráter liberal, e não nacionalista, islâmico ou socialista, existe sempre a possibilidade que revoluções sejam sequestradas por grupos presentes dentro das mobilizações. Ele cita o caso da Revolução Islâmica de 1979, que tomou rumos inesperados. Apesar de contar com a presença de grupos marxistas e nacionalistas em sua composição, a Revolução acabou com uma prevalência dos interesses dos grupos islamistas. O conflito religioso entre sunitas e xiitas assumiu proporções de violações brutais aos Direitos Humanos. Essa possibilidade pode se tornar problemática especialmente devido às múltiplas identidades encontradas no Mundo Árabe como um todo. Um exemplo marcante é o antigo ditador da Líbia, Muammar el-kadhuafi, que afirmava que se via antes como um africano e depois como árabe. Na conjuntura de entusiasmo democrático, é preciso lutar para que o conflito de interesses entre as identidades não resulte na opressão dos grupos minoritários. Em cenários de guerra civil, é comum que conflitos étnicos, sociais e religiosos escalem; é, portanto, uma necessidade que se garantam os direitos dos múltiplos grupos que se encontram dispersos pelo Mundo Árabe. Adiante, serão exploradas mais a fundo as identidades presentes e os conflitos que existem entre elas. Acima de tudo, será necessário compreender de que forma esses conflitos podem ser evitados entre os refugiados, e de que forma estes últimos podem ser protegidos de represálias desse caráter, como atentados a campos de refugiados, por exemplo. 3.3 Particularidades da Primavera Árabe na Síria Rapidamente a Primavera Árabe chamou atenção de toda a comunidade internacional, devido à tamanha proporção que o evento assumiu. Viu-se na região o início de uma mudança profunda. Nessa legião de conflitos, ganha destaque a repercussão que a Primavera Árabe desempenhou na Síria. Nesse país, o governo impôs seu poder de forma violenta e árdua, com forte repressão contra os rebeldes, e mantém essa atitude até o presente. A revolução Síria tomou proporções de uma guerra civil com fortes olhares da comunidade internacional. Discute-se arduamente uma intervenção no país, contudo, diversas reuniões e resoluções exercidas pelo Conselho de Segurança quanto a este assunto foram vetadas pela Rússia e pela China aliadas de Assad membros do G5. A questão de uma intervenção na região envolve diversos fatores, entre eles, o quesito de soberania 3, que para muitos não deve ser violada. A comunidade internacional, por todos esses fatores, tem as atenções voltadas para Síria e observa inúmeras atitudes por parte do governo consideradas duvidosas. Porém, uma análise mais minuciosa do caso Sírio e suas particularidades quanto aos outros países se faz necessária. 3 De maneira bem resumida, é o princípio de não intervenção nos assuntos internos de um país. 10

12 3.3.1 O caso sírio Os protestos na Síria começaram na cidade de Deraa, sul do país, quando um grupo de pessoas se reuniu contra a prisão de 14 estudantes por parte do governo. As pessoas pediam a libertação dos jovens presos e submetidos à tortura por escreverem, em um muro, o lema da revolução de Jasmim: As pessoas querem a queda do regime. - famoso slogan das revoluções tunisianas e egípcias. (BBC NEWS, 2012; BBC UK, 2012) A manifestação pedia maior liberdade de expressão e democracia para o país, entretanto, não incitava a saída de Assad do poder. Feita de forma pacífica, a manifestação foi fortemente coibida pelas forças governamentais que abriram fogo contra os opositores, matando quatro pessoas. No dia seguinte, durante o funeral das vítimas, o governo impulsionou um novo ataque contra a cidade de Deraa, ocasionado a morte de mais uma pessoa. (BBC NEWS, 2012; BBC UK, 2012) A investida desproporcional e brutal de Assad gerou grande repercussão levando à ocorrência de manifestações para além das fronteiras de Deraa. As cidades de Baniyas, Homs e Hama, além dos subúrbios de Damasco, juntaram-se a partir desse episódio aos protestos contra o regime. (BBC UK, 2012) Num primeiro momento, os pedidos dos manifestantes eram por um sistema político mais democrático e por maior liberdade de expressão em um dos países mais repressivos do mundo. Todavia, devido ao fato de o governo Sírio ter aberto fogo perante manifestações pacíficas, os opositores passaram a pedir a renúncia de Bashar al-assad. (BBC NEWS, 2012) Diante do pedido de renúncia, Bashar al-assad anunciou que não deixaria o poder, porém aprovou algumas concessões e anunciou que faria reformas. Desta forma, Assad decretou o fim do estado de sítio que perdurava no país há 48 anos, aprovou uma nova constituição que propunha eleições multipartidárias e concedeu anistia a presos políticos. Entretanto, segundo agências humanitárias, cerca de 37 mil presos políticos permanecem em presídios espalhados pelo país. O conflito entre as partes, apesar das concessões, é intenso e violento. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, desde o início dos conflitos, mais de 130 mil pessoas já morreram na Síria. Calcula-se que 9,3 milhões de pessoas necessitem de assistência humanitária urgente incluindo 3,1 milhões de crianças. Desse total, 6,5 milhões são deslocados internos. Há mais de 2,3 milhões de refugiados sírios nos países vizinhos e Norte da África. (ONU BRASIL, s.d.) Uma das investidas do conflito que mais chocou o cenário mundial foi a utilização de armas químicas contra a população. Em agosto de 2013, regiões de Damasco, capital do país, controladas pelos opositores foram bombardeadas com armas químicas que mataram aproximadamente pessoas, sendo o ataque atribuído ao governo Sírio. No entanto, de acordo com estudos do Instituto de Tecnologia de Massachusetts e pela análise do ex-inspetor de armas da ONU, Richard Lloyd, um ataque do coração de Damasco região controlada pelo governo às áreas que foram atingidas seria impossível devido ao alcance das armas. Em setembro de 2013, o exército pró Assad foi novamente acusado de utilizar armas químicas, dessa vez na região de Alepo, próxima à Turquia. O governo nega tais acusações e aponta os rebeldes como responsáveis pelos ataques. (FOLHA, 2014; O POVO, 2014) 11

13 Ambas as partes se acusam da utilização das armas químicas e, segundo relatório da ONU, cinco de sete ataques suspeitos da utilização de tais armas foram confirmados. O relatório da ONU (2013) não aponta os responsáveis pelos ataques, apenas comprova sua utilização. (ESTADÃO, 2013) Apesar de o governo Sírio negar a utilização de armas químicas, sabe-se que ele possui um arsenal significativo dessas ogivas. Diante dos acontecimentos, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou por unanimidade uma resolução sobre as armas químicas na Síria. A resolução condena o seu uso, porém não aponta grupos específicos como culpados. A resolução apresenta duas cláusulas obrigatórias: que a Síria abandone seu arsenal de armas, e que especialistas em armas químicas recebam acesso irrestrito ao país. A votação por parte da ONU ocorreu horas depois que Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) anunciou uma medida para utilização de um programa acelerado para alcançar a completa eliminação das armas químicas na Síria. (BBC BRASIL, 2013) Em outubro de 2013, uma equipe conjunta das Nações Unidas e inspetores internacionais começaram o supervisionamento do processo de desmantelamento e de destruição do programa de produção de armas químicas na Síria. Funcionários do governo foram supervisionados pela equipe a fim de destruir ou desativar uma variedade de armamentos. Segundo a resolução da ONU, nenhuma parte da Síria deve usar, desenvolver, produzir, adquirir, armazenar, conservar ou transferir armas químicas. (ONU BRASIL, 2013) O objetivo da Organização é que até meados de 2014 todos os arsenais químicos tenham sido destruídos. Apesar dos esforços, a crise no país ainda é intensa, e tenta-se uma negociação entre as partes, mediada pelo emissário especial das Nações Unidas para a Síria, Lakhdar Brahimi. Como uma tentativa de negociação, está se realizando entre as partes a Conferência da Paz, com o propósito de gerar um diálogo entre opositores e governo. (AGÊNCIAS REUTERS; FRANCE-PRESSE, 2014) Os caminhos de negociações ainda se mostram longos, e o conflito brutal da região perpetua. Diversos campos de refugiados próximos às fronteiras são bombardeados regularmente e milhares de crianças, mulheres e civis estão morrendo. A situação dos milhões de refugiados tanto internos quanto externos é extremamente precária: faltam condições básicas de vida para a população que tenta se abrigar fora dos conflitos Cronologia da Primavera Árabe na Síria a : Morre Hafez al-assad, sendo sucedido por seu filho, Bashar al-assad, em julho. Outubro de 2001: Síria consegue assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas, apoiada por países asiáticos e africanos. 8 de março de 2004: Comitê de Defesa das Liberdades Democráticas e Direitos Humanos na Síria organiza protesto em favor da libertação dos prisioneiros políticos no país. Maio de 2004: Estados Unidos impõem sanções econômicas contra a Síria alegando apoio ao terrorismo. 4 BBC NEW,

14 Maio de 2007: Bashar al-assad é reeleito, com aproximadamente 97% dos votos, para o cargo de presidente por mais sete anos. Março de 2011: Adolescentes pintam slogans revolucionários nas paredes de escola em Deera, sendo presos e torturados. Tal situação leva a protestos pró-democracia, que são reprimidos violentamente, deixando quatro mortos. Durante o funeral dessas vítimas, as forças do governo matam mais um civil. A partir desse fato, desencadeia-se uma revolta no país que pede a deposição de Bashar al-assad. 20 de março de 2011: Sede do partido Baath, de Bashar al-assad, é incendiada pela população. 25 de abril de 2011: Tropas do exército e tanques entram em Deera, matando 20 pessoas. 9 de maio de 2011: Tanques ocupam a cidade de Homs. 23 de maio de 2011: União Europeia impõe sanções a Bashar al-assad. 27 de maio de 2011: Todos os países do G8 discursam contrários às atitudes do governo sírio. Apesar disso, as repressões violentas à população continuam. 2 de junho de 2011: Oposição exilada pede a renúncia de Assad. O governo deveria passar a ser governado pelo vice até que se pudesse reunir um conselho em prol da democracia. 10 de junho de 2011: O governo turco afirma que refugiados sírios já pediram refúgio à Turquia. 19 de dezembro de 2011: Aproximadamente 70 soldados que abandonaram seus postos foram mortos em Jabal AL-Zawiya. Fevereiro de 2012: Homs se mantém como foco dos rebeldes, levando o governo a bombardear a cidade, deixando 700 mortos. Maio de 2012: Bombardeios ocorrem na capital Damasco, deixando 55 mortos. Governo acusa bombardeio a terroristas. Ataque a cidade de Houla deixa 108 mortos, sendo 49 deles crianças. Situação choca a comunidade internacional. 19 de julho de 2012: China e Rússia vetam pela terceira vez a imposição de sanções e a intervenção na Síria durante reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas. EUA afirmam que o Conselho de Segurança fracassou totalmente na Síria. 23 de julho de 2012: Síria admite possuir armas químicas e biológicas e afirma que as utilizará em caso de intervenção. 21 de agosto de 2012: Qadri Jamil, vice-presidente da Síria, afirma que a intervenção no país é inviável, mas que o governo está disposto a discutir com a oposição até mesmo a resignação de Assad. 27 de agosto de 2012: Rebeldes abatem helicóptero militar do governo na capital Damasco. Rebeldes afirmam que o ato é uma retaliação aos massacres em Daraya. Mais nove mil refugiados chegam à Turquia. 20 de agosto de 2012: Jornalista japonesa é morta durante cobertura na província de Alepo. 13

15 29 de agosto de 2012: Bashar al-assad afirma que a Turquia é responsável direta pela situação síria. 30 de agosto de 2012: Irã e Egito iniciam proposta de cessar-fogo na Síria durante Conferência do Movimento de países não-alinhados. Ban-Ki Moon afirma importante papel do Irã na resolução do conflito na Síria. 2 de setembro de 2012: ONU afirma que as tropas do governo teriam matado 1,6 mil habitantes só na semana anterior. 3 de setembro de 2012: Mediador das Nações Unidas e da Liga Árabe afirma que é quase impossível que os esforços diplomáticos tenham resultado para encerrar o conflito na Síria. Presidente da Cruz Vermelha, Peter Dauer, vai a Damasco para conversar com Bashar al-assad. O tema discutido é a situação humanitária no país. Bombardeio aéreo deixa 18 mortos na província de Alepo. 5 de maio de 2013: Ataque israelense ao território sírio mata pelo menos 42 soldados. 27 de maio de 2013: Jornalistas franceses afirmam que as tropas de Assad estariam usando armas químicas contra os rebeldes. União Europeia suspende embargo de armas à oposição, acrescentando que manterão as sanções contra o governo sírio. 28 de maio de 2013: Rússia anuncia que mandará novos mísseis para auxiliar o governo de Assad. 30 de maio de 2013: Assad diz que acordo de solução para o conflito deveria ser submetido a referendo. Oposição anuncia boicote à Conferência de Genebra II, devido ao anúncio do recebimento de mísseis russos pelo governo central, bem como por conta do envolvimento do Irã e do Hezbollah no conflito. 31 de maio de 2013: ACNUR anuncia que o número de refugiados sírios já passa de 1.6 milhões. 5 de junho de 2013: Após uma ofensiva de três semanas, o exército de Assad retoma o controle da cidade de Qusair, reduto da oposição que possui localização estratégica na fronteira com o Líbano. 13 de junho de 2013: EUA anunciam que intensificarão assistência a rebeldes sírios. 27 de junho de 2013: Observatório Sírio de Direitos Humanos anuncia que mortos no conflito já passam de 100 mil. 7 de julho de 2013: Oposição elege líder contra Assad. O eleito possui vínculos claros com a Arábia Saudita. 22 de julho de 2013: Rebeldes tomam Khan Al-Assal, uma das últimas cidades sob domínio das forças de Assad em Alepo. Em outras regiões da Síria, no entanto, as forças pró-governo tiveram expressivas vitórias, revertendo avanços da oposição após mais de dois anos de guerra civil. 27 de julho de 2013: ONU anuncia que vai rever acordos que estavam sendo negociados com a Síria sobre armas químicas antes mesmo destes serem formalmente anunciados. A Organização diz que recebeu 13 relatos de ataques de armas químicas durante os 28 meses de conflito. 14

16 28 de julho de 2013: Governo Sírio, apoiado por militantes do grupo Hezbollah, aumenta controle em regiões de Homs, reduto dos rebeldes. 21 de agosto de 2013: Oposição síria denuncia grande ataque químico na periferia de Damasco, que teria sido coordenado por forças do governo Assad. O ataque teria matado cerca de mil e trezentas pessoas. Governo Assad nega que tenha ordenado os ataques e acusa a oposição de fazê-lo para chamar a atenção de inspetores da ONU que estavam no país. 25 de agosto de 2013: Síria permite acesso de inspetores da ONU a local de ataque químico. EUA desprezaram a oferta e disseram que ela veio tarde demais. 27 de agosto de 2013: Governo francês diz que está pronto para punir Assad pelo uso de armas químicas. 29 de agosto de 2013: Reunião sobre Síria no Conselho de Segurança da ONU termina sem resultado. 30 de agosto de 2013: Alemanha diz que não deve juntar-se aos aliados ocidentais no caso de uma intervenção na Síria. 30 de agosto de 2013: A pedido de David Cameron, parlamento britânico vota a possibilidade de intervenção na Síria. Os parlamentares, porém, vetam a ação. Obama diz que a ação unilateral norteamericana não está excluída e que uma resposta forte ao governo Assad é necessária. O presidente também declarou que o objetivo de uma intervenção não seria derrubar Assad, e sim puni-lo pelo uso de armas químicas. 31 de agosto de 2013: Obama diz que EUA estão prontos para intervir na Síria, mas que quer aval do Congresso para iniciar a ação. 2 de setembro de 2013: Número de refugiados ultrapassa 2 milhões de pessoas, sendo metade deles menores de 18 anos. 7 de setembro de 2013: OTAN dá aval a ação sem autorização da ONU. 10 de setembro de 2013: Rússia propõe acordo que determina a entrega das armas químicas da Síria para monitoramento internacional. Proposta tem o apoio de países que buscam solução diplomática para a crise. Governo sírio demonstra disponibilidade para cumprir o acordo. 12 de setembro de 2013: Assad anuncia que aceita entregar suas armas químicas e que começou o processo de adesão da Síria à convenção da ONU que controla esse tipo de armamento. O governo americano, porém, rejeitou o prazo de 30 dias pedido por ele para começar a desmantelar seu arsenal, disse que promessas não são suficientes e começou a armar os rebeldes de forma sistemática. Em Genebra, o secretário de estado dos EUA John Kerry e o chanceler russo Sergei Lavrov iniciaram negociações em Genebra para estabelecer um mecanismo que garanta a retirada e a destruição das armas de forma rápida e com possíveis sanções, caso Damasco não cumpra o acordo. 13 de setembro de 2013: Aliados de Assad sofrem massacre em vila no interior da Síria. 14 de setembro de 2013: EUA e Rússia alcançam acordo para acabar com arsenal químico da Síria. Plano exige que regime sírio entregue lista com descrição dos armamentos que possui e inicie destruição sob supervisão da ONU. Oposição síria elege primeiro 15

17 ministro. 15 de setembro de 2013: Obama diz que sempre haverá risco de conflito na Síria enquanto Assad estiver no poder. 16 de setembro de 2013: ONU divulga relatório em que comprova o uso de gás sarin na Síria. 30 de outubro de 2013: Agência Reuters divulga relatório que afirma que o governo Assad restringe o acesso a alimentos e medicamentos à população civil residente em áreas dominadas por grupos rebeldes, tática batizada de starvation until submission. 5 de novembro de 2013: ONU estima que cerca de 9,3 milhões de sírios (mais de 40% da população) precisam de ajuda humanitária para garantir padrões mínimos de sobrevivência. 23 de novembro de 2013: Forças rebeldes tomam maior campo de exploração de petróleo do país, o que pode representar sérias dificuldades ao governo Assad. 25 de novembro de 2013: Com a entrega das armas químicas, surge a polêmica de como destruí-las. O mais provável é que seja no mar. ONU anuncia rodada de negociação de paz entre as partes em janeiro. Todos os lados confirmam veracidade do anúncio. 3.4 Direito Internacional e a definição de refugiados: aplicação ao cenário sírio Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DO DIREITOS HUMANOS. Artigo XIV, 1948) Os diversos protestos iniciados em 2010, que culminaram na deposição de regimes consolidados há décadas na região no Oriente, geraram uma série de implicações para os países participantes, como já exposto anteriormente. A Síria, como explicado, emergiu em uma Guerra Civil devastadora. Fato este que ocasionou deslocamentos tanto internos quanto externos da população civil a fim de fugir do conflito. Assim, surgiu o status de refugiado para a população síria, que tem procurada, cada vez mais, asilo nas fronteiras. Diante do exposto, cabe abordar o que é para o direito internacional um refugiado, como reconhecê-lo e quais são os tratados e convenções que o amparam no meio internacional Conceito De acordo com o Direito Internacional, nenhum país é obrigado a admitir em seu território estrangeiros, salvo exceção quando este prega pelo princípio de non-refoulement. Este princípio emprega que os Estados não podem expulsar ou repelir um não-nacional para territórios nos quais sua vida ou liberdade estejam ameaçadas, seja em decorrência de raça, nacionalidade, religião, filiação partidária ou opinião política. Esta é a definição de refugiado estabelecida pela Convenção de 1951 relativa ao Estatuto do Refugiado. (PROTEÇÃO DOS REFUGIADOS, 2001, p. 41) Entretanto, cabe ressaltar que apenas um deslocado externo é considerado refugiado; aquele que se desloca internamente, mas não transpõe suas 16

18 fronteiras nacionais, não é abarcado pela Convenção de 1951 e não dispõe da proteção estabelecida pelo Estatuto. 5 Contudo, essa definição se mostra muito restrita, tendo se ampliado ao longo dos anos. A Convenção da Organização de Unidade Africana (OUA), um tratado regional de 1969, amplia o conceito de 1951, estabelecendo que refugiado é: Qualquer pessoa que, devido a uma agressão, ocupação externa, dominação estrangeira ou a acontecimentos que perturbem gravemente a ordem pública numa parte ou na totalidade do seu país de origem ou do país de que tem nacionalidade, seja obrigada a deixar o seu país. (PROTEÇÃO DOS REFUGIADOS, 2001, p. 9) Em 1984, a Declaração de Cartagena, em concomitância com a OUA também alarga o conceito de refugiado: Pessoas que tenham fugido dos seus países porque a sua vida, segurança e liberdade tenham sido ameaçadas pela violência generalizada, a agressão estrangeira, os conflitos internos, a violação maciça dos direitos humanos ou outras circunstâncias que tenham perturbado gravemente a ordem pública. (PROTEÇÃO DOS REFUGIADOS, 2001, p. 9) Influxo e tratamentos Tendo em mente os conceitos relativos aos refugiados, cabe analisar o seu influxo nas áreas fronteiriças. De acordo com a ONU, mais de 9 milhões de sírios deixaram suas casas em decorrência do conflito, tornando-se uma das maiores populações de deslocados do mundo, podendo inclusive a vir ultrapassar o Afeganistão. Fato este que gera um influxo em larga escala de refugiados nas fronteiras. Tal chegada maciça pode saturar a capacidade local para proteção e prestação de assistência, como já ocorre nos campos de refugiados na Turquia. As autoridades locais afirmam que não possuem capacidade para receber mais de 100 mil sírios, dando a assistência por eles necessitada. Os refugiados sírios na Turquia já ultrapassam a capacidade máxima proferida pelo governo turco, entretanto, estes anunciaram que suas fronteiras continuarão abertas, mas clamam por uma ajuda da comunidade internacional pra garantir as necessidades básicas àqueles que conseguirem transpor as fronteiras. A Anistia Internacional, diante desta situação, tem criticado abertamente a União Europeia, que apenas se predispõe a receber cerca de 12 mil refugiados sírios em seu continente. O Ministro turco para Assuntos Europeus, Egeman Bagis, também clama por um posicionamento mais eficaz da Europa. A Europa devia começar a pensar nas pessoas que fugiram da Síria para a Turquia. A Europa tem de ajudar as que precisam de um abrigo seguro, está na altura de ajudar, disse Bagis numa entrevista. (DN GLOBO, 2012) Assim, a Turquia clama por solidariedade internacional para a divisão dos encargos que está abarcada na conclusão N o 85 do ACNUR. 5 De acordo com o ACNUR (2001), um deslocado interno, mesmo que acometido pelos mesmos problemas dos refugiados, não é assim considerado. Não existe qualquer tratado ou agência internacionais a fim de assegurar qualquer tipo de ajuda às pessoas deslocadas em seu próprio país (PROTEÇÃO DOS REFUGIADOS, p ). 17

19 O Comitê Executivo reconhece que a solidariedade internacional e a repartição de encargos têm uma importância crucial para a aplicação satisfatória dos princípios de protecção dos refugiados; sublinha, contudo, a este respeito, que o acesso ao asilo e o cumprimento das obrigações de protecção por parte dos Estados não devem estar dependentes das medidas de repartição dos encargos, especialmente porque o respeito pelos direitos humanos fundamentais e pelos princípios humanitários é uma obrigação de todos os membros da comunidade internacional. (CO- MITÊ EXECUTIVO DO ACNUR, CONCLUSÃO N o 85, 1998 APUD PROTECÇÃO DOS REFUGIADOS, 2001) Portanto, um país não pode negar a entrada daquele que procura abrigo e segurança e esteja fugindo de um conflito 6. Em situações de influxo 7, como é o caso nas fronteiras turcas, de acordo com o ACNUR, aqueles que pedem asilo devem ser admitidos pelo primeiro Estado ao qual pedirem refúgio. Mesmo que este não possa lhe dar abrigo permanente, ele deve, ao menos, garantir-lhe abrigo temporário. Sendo que existe um padrão mínimo de tratamento dos refugiados que deve ser garantido, entre eles: Admissão no país sem discriminação; Proteção contra o refoulement; Disponibilização de centros de acolhimento adequados, com registro imediato; Direito temporário de residência no pais de asilo; Tratamento com os padrões humanitários mínimos, estipulados pelo Comitê Executivo do ACNUR, incluindo: - Fornecimento de abrigo - Prestação de assistência, ou acesso ao emprego - Acesso a cuidados médicos básicos - Acesso a educação para as crianças Respeito pelos direitos humanos fundamentais, incluindo o acesso aos tribunais e a liberdade de circulação; Possibilidade de reagrupar famílias separadas cujos membros se encontram noutros países de asilo, e medidas para localizar os familiares desaparecidos. Dessa forma, a situação dos refugiados é abarcada pela comunidade internacional através do Estatuto do Refugiado, da Convenção de 1951, da Convenção da Organização de Unidade Africana, da Convenção de Cartagena, da Declaração Universal dos Direitos Humanos e do Homem, entre tantos outros, a fim de promover a dignidade àqueles que têm o direito básico à vida ameaçado. 6 Vale ressaltar que, para que um Estado reconheça um não-nacional como refugiado, deve-se transcorrer uma série de processos burocráticos, com a finalidade de comprovar que este que procura asilo realmente sofre de alguma perseguição que coloque sua vida em risco. 7 Em caso de influxo, aqueles que pedem asilo têm seu status de refugiado automaticamente reconhecido - de forma temporária - devido à dificuldade de se analisar caso a caso, como de fato deveria acontecer. Quando transcorrido o período de influxo, os casos poderão ser reanalisados. 18

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