DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA POLÍTICA DE HUMANIZAÇÃO VOLTADA PARA OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM
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- Carlos Guterres Alcaide
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1 DIFICULDADES NA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA POLÍTICA DE HUMANIZAÇÃO VOLTADA PARA OS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM GUSMÃO, Amanda Rodrigues Discente do curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva ESCHER, Lidiane Colassante Docente do curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva RESUMO A humanização proporciona um atendimento de qualidade, articulando as novas tecnologias com o bom relacionamento, importante para transformar as relações e condições de trabalho. O objetivo do estudo é identificar as principais dificuldades relacionadas às condições e ao ambiente de trabalho dos profissionais de enfermagem que impedem a implementação de uma política de humanização voltada para esta classe. No presente artigo foi realizado um levantamento bibliográfico com bases em publicações eletrônicas. Foi comprovado que para a correta aplicação de seus ditames no ambiente hospitalar, faz-se necessário uma estrutura, recursos humanos e materiais adequados. Palavras- Chave: Ambiente hospitalar; Humanização hospitalar; Situações de trabalho do enfermeiro. ABSTRACT Humanization provides quality care, articulating new technologies with good relationships, important to transform relationships and working conditions. The objective of the study is to identify the main difficulties related to the conditions and the work environment of nurses that prevent the implementation of a policy of humanization of this class. In this paper we conducted a literature review with bases in electronic publications. It has been proven that for the correct application of its dictates in the hospital environment, it is necessary to structure, adequate human and material resources. Keywords: Environment hospital; humanization; Situations nursing work.
2 1. INTRODUÇÃO De acordo com Martins (2003), nas últimas décadas muito se tem falado em humanização no ambiente hospitalar, mas mantendo o foco a quem necessita de cuidados hospitalares, onde o bem-estar dos profissionais da saúde, em especifico o profissional de enfermagem tem se deixado em segundo plano. Considerando que a saúde torna-se possível quando o cuidado de si vem em primeiro lugar (ELIAS E NAVARRO, 2006). Ficando evidente que isso não ocorre no ambiente hospitalar, pois nesse tipo de organização, quase não existe a preocupação com a proteção, promoção da saúde de seus trabalhadores (LIMA JUNIOR e ÉSTHER, 2001). Pois até a década 80 não se considerava a saúde como um direito do cidadão, muito menos ainda a saúde do trabalhador (CASATE E CORREA, 2005). Para isso, no plano de sua realização politico-institucional, o processo de humanização recebeu mais atenção, com implementação do Programa Nacional de Humanização, na gestão do Presidente Fernando Henrique Cardoso, e ganhando uma dimensão ainda maior com a Política Nacional de Humanização, na gestão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (REIS, et al., 2009). Este trabalho faz-se necessário de acordo com Amestoy, Schwartz e Thofehrn (2006), pois identifica-se a existência de lacunas no processo de trabalho dos profissionais de enfermagem. Havendo a necessidade de investir no trabalhador, para construção de uma assistência mais humana, considerando as condições de trabalho, tidas até então como aspectos desumanizantes, o que deixa distante a implementação da política de humanização aos trabalhadores de enfermagem (CASATE e CORREA, 2005). Dessa forma o objetivo deste trabalho consiste em identificar as principais dificuldades relacionadas às condições e ao ambiente de trabalho dos profissionais de enfermagem que impedem a implementação de uma política de humanização voltada para esta classe. REFERENCIAL TEORICO
3 E a partir da década 90 a humanização passou de fato a fazer parte do dicionário da saúde, adotando inicialmente métodos que criticavam a impessoalidade e a desumanização da assistência e que posteriormente foram transformados em propostas que buscavam as modificações nas práticas assistenciais. E numa tentativa de superar os problemas da má qualidade na assistência hospitalar, tanto para os usuários quanto para os profissionais surgiu o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) (VAITSMAN e ANDRADE, 2005). E Após alguns anos deixou de ser um programa tornando-se uma Política, instituída como Política Nacional de Humanização (PNH) (NOGUEIRA-MARTINS E BÓGUS, 2004). Mas de acordo com Amestoy, Schwrtz e Thofehrn, (2005), para ocorrer a humanização do cuidado é necessário que ocorra primeiramente a humanização para os trabalhadores, isso implica investimento no trabalhador através de ações: como aumento do número de pessoal, salários adequados e atividades educativas que permitam o aprimoramento de suas competências e habilidades. Mas devido aos problemas de ordem orçamentárias as instituições hospitalares vêm passando por várias dificuldades, como a redução do número de funcionários e a limitação de insumos, por esse motivo o déficit de recursos humanos, condições de trabalho inadequadas e as altas demandas de tecnologia, vem somando na insegurança dos profissionais de enfermagem, favorecendo a um clima de insatisfação e desfavorecimento (BACKES; LUNARDI e LUNARDI FILHO, 2006). MATERIAIS E MÉTODOS Trata-se de um levantamento bibliográfico de leitura nacional, sendo que para a consulta foram utilizados como banco de dados, a busca ativa de publicações na biblioteca eletrônica através do SCIELO (Scientific Eletronic Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências e Saúde), BIREME (Biblioteca Virtual de Saúde), BVS (Biblioteca Virtual da Saúde, sendo esta um centro especializado da Organização Panamericana de Saúde (OPAS) e PUBMED (Nacional Library of Medicine), além da utilização do buscador Google Acadêmico. Após o levantamento bibliográfico, realizou-se a leitura exploratória do
4 material encontrado. Com essa leitura, pôde-se obter uma visão global do material, considerando-o de interesse ou não à pesquisa. Em seguida, efetuou-se a leitura seletiva, a qual possibilitou definir qual material bibliográfico realmente era de importância para esta pesquisa. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para Deslandes (2004) um aspecto essencial e pouco citado diz respeito às condições estruturais de trabalho dos profissionais de enfermagem, que são quase sempre mal remunerados, pouco incentivados e sujeitos a uma jornada de trabalho considerável. Quanto ao espaço físico, Simões et al. (2007), relatam que são improvisados, impróprios e em estado de conservação precários, refletindo no acolhimento ao usuários, bem como interferindo na qualidade da assistência prestada. A falta de espaço físico pode configurar como obstáculo para o profissional de enfermagem, principalmente quando aborda o assunto de humanização, pois o espaço físico utilizado por estes profissionais é tido como critico, não contemplando um lugar para sua acomodação, tendo por muitas vezes ter que dividir o mesmo local destinado ao seu descanso com outras atividades (SOUZA E FERREIRA, 2010). No que diz respeito as condições de trabalho, Casate e Corrêa ( 2005), após realizarem um levantamento bibliográfico acerca da humanização, evidenciou que baixos salários, dificuldade na conciliação da vida pessoal e profissional, os vários vínculos empregatício, geram sobrecarga de trabalho e cansaço, tornando o ambiente de trabalho desfavorável. Para Dantas de Oliveira Souza e Lisboa (2002), as más condições de trabalho e o tipo de organização instituída provocam tensões que atuam de forma associada e que acarretam em transformações negativas, gerando a insatisfação pessoal, levando consequentemente a desgastes físicos e emocionais no trabalhador. Corroborando Lima Junior e Ésther (2001), apontam ainda que tais condições além de causar danos a saúde dos profissionais propicia a acidentes, abrevia a vida, ou até mesmo causa a morte antecipada dos trabalhadores de enfermagem.
5 Por outro lado, o problema em muitos hospitais é exatamente a falta de condições técnicas, seja de capacitação ou de materiais, tornando o atendimento desumanizante e de baixa resolutividade (OLIVEIRA, COLLET E VIEIRA, 2006). De acordo com Beck et al. (2007), a imprevisibilidade de recursos de materiais e de equipamento, além de atrapalhar o planejamentos das ações, expõem o usuário ao improviso e risco e o profissional de enfermagem a situações constrangedoras. No entendimento de Souza e Ferreira (2010), ainda provoca a sobrecarga de trabalho, interferindo no estabelecimento de iniciativas de humanização. Em contrapartida Backes, Lunardi, e Lunardi Filho (2006), os recursos humanos e de matérias, a alta tecnologia e investimentos na estrutura física, não implicam em transformações na cultura organizacional em favor da humanização do trabalho, embora seja processos relevante numa instituição, o que não pode ocorrer é a descaracterização da dimensão humana, considerada como alicerce para qualquer processo de intervenção a saúde. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS Collete e Rozendo (2003), conclui que a enfermagem tem papel importante no processo de humanização, pois tem levantado e discutido mais profundamente essa questão, produzindo conhecimentos a cerca dessa temática, levando-os a uma reflexão de suas próprias condutas e necessidades. Entretanto constata-se que as características do cotidiano dos profissionais de enfermagem são desumanizantes (ELIAS E NAVARRO, 2006). Ficando evidente que a assistência de enfermagem em muitas instituições públicas tem sido penalizada com a falta dos recursos humanos e materiais, o que interfere diretamente na qualidade do cuidado prestado, provocando insatisfação nos profissionais que se sentem impotentes e frustrados frente a esta situação (SPINDOLA E SANTOS, 2005). Pois quando valorizado, o profissional desempenha seu trabalho de forma satisfatória, o que refletirá na qualidade do serviço, pois a humanização surge do prazer profissional e das adequadas condições de trabalho (BACKES, KOERICH E ERDEMANN, 2007).
6 Para a autora, este estudo mostrou que a humanização é um tema muito complexo e muito discutido nas instituições hospitalares, e que uma política de humanização voltada para o profissional de enfermagem encontra-se longe de constituir-se em realidade, a pesar dos esforços para sua implementação. E para a correta aplicação de seus ditames no ambiente hospitalar, faz-se necessário uma estrutura, recursos humanos e materiais adequados, o que e em decorrência das dificuldades financeiras, as instituições não fornecem condições ao profissional de enfermagem para que possa assistir o paciente humanizadamente. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS AMESTOY, S. C.; SCHWARTZ, E.; THOFEHRN, M. B. A Humanização do Trabalho para os Profissionais de Enfermagem. Acta Paulista Enfermagem, v.19, n.4, p , BACKES, D. S.; LUNARDI, V. L.; LUNARDI FILHO, W. D. L. A Humanização Hospitalar Como Expressão da Ética. Rev. Latino- Americana de Enfermagem, v. 14, n. 1, p , BACKES, D. S.; KOERICH, M. S.; ERDMANN, A. L. Humanizando o Cuidado pela Valorização do Ser Humano: Re-Significação de Valores e Princípios pelos Profissionais da Saúde. Rev. Lantino Americano Enfermagem. v. 15, n. 1, janeiro/ fevereiro, BECK, C. L. C.; GONZALES, R. M. B.; DENARDIN, M. J.; TRINDADE, L. L.; LAURET, L. A Humanização na Perspectiva dos Trabalhadores de Enfermagem. Rev. Texto: Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 16, n. 3, p , jul/set, CASATE, J. C.; CORRÊA, A. K. Humanização do Atendimento em Saúde: Conhecimento Veiculado na Literatura Brasileira de Enfermagem. Rev. Lantino Americano Enfermagem, v. 13, n. 1, p , jan./fev Disponível em COLLET, N. ROZENDO, C. A. Humanização e Trabalho na Enfermagem. Rev Brasileira de Enfermagem, Brasília (DF), v. 56, n. 2, p , marc/abr, 2003.
7 DANTAS DE OLIVEIRA SOUZA, N. V.; LISBOA, M. T. L. Compreendendo as Estratégias Coletivas de Defesa das Trabalhadoras de Enfermagem na Prática Hospitalar. Escola Anna Nery Rev. de Enfermagem, v. 6, n. 3, p , DESLANDES, S. F. Análise do Discurso Oficial sobre a Humanização da Assistência Hospitalar. Ciência e Saúde Coletiva. v. 9, n. 1, 2004, p. 7-14, ELIAS, M. P.; NAVARRO, V. L. A Relação Entre o Trabalho, a Saúde e as Condições de Vida: Negatividade e Positividade no Trabalho das Profissionais de Enfermagem de Um Hospital Escola. Rev. Latino- Americano de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 14, n. 4, jul./ago, LIMA JUNIOR, J. H.; ESTHER, A. B. Transições, Prazer e Dor no Trabalho de Enfermagem. Rev. de administração de Empresas, São Paulo, v. 14, n. 3, p , jul./set., NOGUEIRA-MARTINS, M. C. F.; BÓGUS, C. M. Considerações Sobre a Metodologia Qualitativa como Recurso para o Estudo das Ações de Humanização em Saúde. Rev. Saúde e Sociedade v.13, n.3, p.44-57, set-dez, MARTINS, M. C. A. Situações Indutoras de Stress no Trabalho dos Enfermeiros em Ambiente Hospitalar. Millenium, 28, REIS, P. D.; GOMES, I. P.; FONSECA, C. M. C.; GÓES, I. R.; SOUZA, M. Reflexões Acerca da Comunicação Enquanto Facilitadora da Humanização da Assistência em Saúde. Revista Eletrônica de Enfermagem do UNIEURO, Brasília, v.2, n.1, p , jan/abr, SIMÕES, A. L. A.; RODRIGUES, F. R.; TAVARES, D. M. S.; RODRIGUES, L. R. Humanização na Saúde: Enfoque na Atenção Primária. Rev. Enfermagem, Florianópolis, v.16 n.3, july/sept., SOUZA, K. M. O.; FERREIRA, S. D. Assistência Humanizada em UTI Neonatal: Os Sentidos e as Limitações Identificadas pelos Profissionais de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva. v. 15, n. 2, p , SPINDOLA, T.; SANTOS, R. S. O Trabalho na Enfermagem e seu Significado para as Profissionais. Rev Bras Enferm. v. 58, n. 2, p , mar-abr., 2005.
8 VAITSMAN, J.; ANDRADE, G. R. B. Satisfação e Responsividade: Formas de Medir a Qualidade e a Humanização da Assistência à Saúde. Rev. Ciência e Saúde Coletiva, v.10, n. 3, p , 2005.
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