abrangendo atividades econômicas, de produção, comercialização, consumo, poupança e crédito.
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- Carlos Cunha Prado
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1 TESE- Grupo IV Desenvolvimento Sustentável por meio da Economia Solidária. Constituição de Cooperativas de Produção de Bens e Cooperativas de Prestação de Serviços. Economia solidária é uma forma de produção, consumo e distribuição de riqueza (economia) centrada na valorização do ser humano e não do capital. Tem base associativista e cooperativista, e é voltada para a produção, consumo e comercialização de bens e serviços de modo autogerido, tendo como finalidade a reprodução ampliada da vida. Preconiza o entendimento do trabalho como um meio de libertação humana dentro de um processo de democratização econômica, criando uma alternativa à dimensão alienante e assalariada das relações do trabalho capitalista. Além disso, a Economia Solidária possui uma finalidade multidimensional, isto é, envolve a dimensão social, econômica, política, ecológica e cultural. Isto porque, além da visão econômica de geração de trabalho e renda, as experiências de Economia Solidária se projetam no espaço público, no qual estão inseridas, tendo como perspectiva a construção de um ambiente socialmente justo e sustentável; vale ressaltar: a Economia Solidária não se confunde com o chamado "Terceiro Setor" que substitui o Estado nas suas obrigações legais e inibe a emancipação de trabalhadoras e trabalhadores, enquanto sujeitos protagonistas de direitos. A Economia Solidária reafirma, assim, a emergência de atores sociais, ou seja, a emancipação de trabalhadoras e trabalhadores como sujeitos históricos. Pode-se dizer que a economia solidária se origina na Primeira Revolução Industrial, como reação dos artesãos expulsos dos mercados pelo advento da máquina a vapor. Na passagem do século XVIII ao século XIX, surgem na Grã-Bretanha as primeiras Uniões de Ofícios (Trade Unions) e as primeiras cooperativas. Com a fundacão da cooperativa de consumo dos Pioneiros Equitativos de Rochdale (1844) o cooperativismo de consumo se consolida em grandes empreendimentos e se espalha pela Europa primeiro e depois pelos demais continentes. Mas, desde uma visão intercultural, pode-se afirmar que práticas econômicas fundadas em princípios de solidariedade existiram em todos os continentes - e muito antes da Revolução Industrial. Práticas solidárias milenares no campo econômico foram reconhecidas e têm sido estudadas no cerne das diferentes culturas como elementos fundamentais da agregação e coexistência de comunidades humanas. Portanto, identificar a economia solidária apenas com as vertentes do movimento operário europeu seria um equívoco - pois sua história pode ser recontada, por exemplo, a partir das tradições da América pré-colombiana, ou dos povos africanos ou asiáticos, tanto quanto dos povos europeus. A expressão economia solidária, porém, foi cunhada somente na última década do século XX.1 A economia solidária é um modo específico de organização de atividades econômicas. Ela se caracteriza pela autogestão, ou seja, pela autonomia de cada unidade ou empreendimento e pela igualdade entre os seus membros. Existem diferentes autores que se dedicam à conceituação da economia solidária, sendo que os dois principais são Paul Singer e Euclides Mance. Singer propõe que a economia solidária seja uma estratégia possível de luta contra as desigualdades sociais e o desemprego: "A construção da economia solidária é uma destas outras estratégias. Ela aproveita a mudança nas relações de produção provocada pelo grande capital para
2 lançar os alicerces de novas formas de organização da produção, à base de uma lógica oposta àquela que rege o mercado capitalista. Tudo leva a acreditar que a economia solidária permitirá, ao cabo de alguns anos, dar a muitos, que esperam em vão um novo emprego, a oportunidade de se reintegrar à produção por conta própria individual ou coletivamente... (SINGER: 2000 p. 138). Já de acordo com Mance, o conceito vai além e agrega ao conceito a noção não apenas de geração de postos de trabalho, mas sim uma colaboração solidária que visa a construção de sociedades pós-capitalistas em que se garanta o bem-viver de todas as pessoas: "...ao considerarmos a colaboração solidária como um trabalho e consumo compartilhados cujo vínculo recíproco entre as pessoas advém, primeiramente, de um sentido moral de corresponsabilidade pelo bem-viver de todos e de cada um em particular, buscando ampliar-se o máximo possível o exercício concreto da liberdade pessoal e pública, introduzimos no cerne desta definição o exercício humano da liberdade...".2 Nos primórdios do capitalismo, o modelo apresentado mostrava que o empregado era tido unicamente como propriedade do empregador, separado das forças produtivas que detinha ou utilizava. O conceito que pode ser empregado pela economia popular solidária é: o conjunto de empreendimentos produtivos de iniciativa coletiva, com certo grau de democracia interna e que remuneram o trabalho de forma privilegiada em relação ao capital, seja no campo ou na cidade. Tolerar ou mesmo estimular a formação de empreendimentos alternativos aos padrões capitalistas normalmente aceitos, tais como cooperativas autogeridas é, objetivamente falando, uma forma de reduzir o passivo corrente que se materializa em ondas crescentes de desemprego e falências. (...) Tais empreendimentos encontram potencialmente no trabalho coletivo e na motivação dos trabalhadores que os compõem, uma importante fonte de competitividade reconhecida no capitalismo contemporâneo. Enquanto no fordismo a competitividade é obtida através das economias de escala e de uma crescente divisão e alienação do trabalho associadas a linhas produtivas rígidas automatizadas ou não -, na nova base técnica que está se configurando, uma importante fonte de eficiência é a flexibilização. (GAIGER: 2002, p. 64) Para Paul Singer, a definição da economia solidária está ligada à relação entre o trabalhador e os meios de produção, sendo que a empresa solidária nega a separação entre trabalho e posse dos meios de produção, que é reconhecidamente a base do capitalismo. (...) A empresa solidária é basicamente de trabalhadores, que apenas secundariamente são seus proprietários. Por isso, sua finalidade básica não é maximizar lucro mas a quantidade e a qualidade do trabalho.3 A economia solidária, então, apresenta-se como uma reconciliação do trabalhador com seus meios de produção e fornece, de acordo com Gaiger (2003), uma experiência profissional fundamentada na eqüidade e na dignidade, na qual ocorre um enriquecimento do ponto de vista cognitivo e humano. Com as pessoas mais motivadas, a divisão dos benefícios definida por todos os associados e a solidariedade, o interesse dos trabalhadores em garantir o sucesso do empreendimento estimula maior empenho com o aprimoramento do processo produtivo, a eliminação de desperdícios e de tempos ociosos, a qualidade do produto ou dos serviços, além de inibir o absenteísmo e a negligência (GAIGER: 2002, p. 34). Um dos conceitos, então, que está intrinsecamente ligado à realização de um empreendimento solidário é o de desenvolvimento local. Com a tendência de aumento
3 do rendimento do trabalho associado, há a busca por promover o desenvolvimento local dos aspectos econômico e social, sendo que este define-se como o processo que mobiliza pessoas e instituições buscando a transformação da economia e da sociedade locais, criando oportunidades de trabalho e renda, superando dificuldades para favorecer a melhoria das condições de vida da população local (JESUS, in: CATTANI: 2003, p. 72). Segundo Gaiger (2002), quatro características econômicas fazem parte do modo de produção capitalista. Elas são: produção de mercadorias com único objetivo de comercialização, separação dos trabalhadores dos meios de produção, transformação do trabalho em mercadoria por meio do empregado assalariado e existência do lucro e da acumulação de capital por parte do empregador que detém os meios de produção. Com tudo isso, principal elemento do modelo capitalista é ser desigual e combinado, onde parte dos trabalhadores é bem sucedida, o restante perde suas qualificações e muitos se tornam miseráveis (Singer, 2004). Isso se dá devido a uma crescente valorização da competição, que, ao contrário do senso comum, não é antagônica à cooperação. Ambas coexistem e o que caracteriza o modo de produção em que a sociedade se baseia é a predominância de uma ou outra. Quando a competição sobressai em relação à cooperação, a grande tendência é a exclusão daqueles que fracassam ou não estão aptos, enfraquecendo o ambiente sistemicamente. Em contrapartida, quando a cooperação preside as relações, cria-se um ambiente tolerante e igualitário, tornando possíveis processos de recuperação de economias abaladas (MYRDAL, in: ARROYO: 2008). A economia solidária, conforme Wautier (In: CATTANI: 2003, p. 110), é orientada do ponto de vista sociológico e acentua a noção de projeto, de desenvolvimento local e de pluralidade das formas de atividade econômica, visando à utilidade pública, sob forma de serviços diversos, destinados, principalmente, mas não exclusivamente, à população carente ou excluída. Pode-se dizer também que é fundada em relações nas quais as práticas de solidariedade e reciprocidade não são utilizadas como meros dispositivos compensatórios, mas sim fatores determinantes na realidade da produção da vida material e social. Enviado do meu BlackBerry da Oi. No Brasil a Economia Solidária vem se apresentando, nos últimos anos, como inovadora alternativa de geração de trabalho e renda e uma resposta a favor da inclusão social. Compreende-se como Economia Solidária uma diversidade de práticas econômicas e sociais organizadas sob a forma de cooperativas, associações, clubes de troca, empresas autogestionárias, redes de cooperação, entre outras, que realizam atividades de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário. A Economia Solidária traz consigo uma proposta que dialoga com o fortalecimento da economia local, territorial, nacional e internacional, com a importância da justiça social, como forma de combater as desigualdades regionais e de concentração de riqueza, com a preocupação dos temas relacionados à sustentabilidade ambiental, e ainda, com o fortalecimento da democracia nas relações de produção e na definição das políticas públicas em nosso país. Os referidos empreendimentos coletivos incluem novos sujeitos da classe trabalhadora, organizados com princípios da autogestão, cooperação, democracia e solidariedade, atuando em praticamente todos os ramos da economia, no campo e na cidade,
4 abrangendo atividades econômicas, de produção, comercialização, consumo, poupança e crédito. No governo Lula houve um grande estímulo à participação da sociedade civil via Conferências Nacionais de Economia Solidária. Essas conferências geraram importantes documentos que apresentam diretrizes e elementos de grande relevância que ajudam os gestores públicos na formulação de suas políticas locais ou nacionais. A política de Economia Solidária no Brasil está migrando do patamar de política de governo para se efetivar como política de Estado, uma vez que a relação de parceria que a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) passou a desenvolver com poderes públicos municipais e estaduais está possibilitando abrir um flanco de influência maior tanto em marcos regulatórios como na definição, aperfeiçoamento e fortalecimento de estruturas governamentais, desenhos e instrumentos da política em diversos municípios e estados brasileiros. Nessa conjuntura, dois desafios estão postos. O primeiro deles é como ampliar as estruturas físicas, humanas e de logística dos entes que hoje fazem a política de economia solidária. Ou seja, como ampliar quadros e estruturas nos governos, nos conselhos municipais e estaduais, nos fóruns e articulações de Economia Solidária. Um segundo desafio, diz respeito à relação da Economia Solidária com a bandeira central do governo federal, que é a superação da pobreza extrema no Brasil, ou seja, sua capacidade de dar respostas às metas do Plano Brasil Sem Miséria (BSM), articulando isso à consolidação de um novo modelo de desenvolvimento em bases justas, solidárias e sustentáveis. Como dar escala a ação de Economia Solidária chegando ao público do BSM? Esse tem sido um questionamento frequente no seio do movimento e do governo. Como sair da escala de milhares e passar para milhões em número de pessoas e famílias que encontram na organização coletiva e autogestionária sua forma de emancipação econômica e inclusão social? Sendo que a Economia Solidária demanda de políticas públicas, o Sindipetro-BA deve encaminhar o debate deste tema e a construção de uma agenda de lutas com vistas a sensibilizar as várias instâncias de governo quanto à necessidade de darem efetividade à construção dessas políticas públicas, reafirmando assim a Economia Solidária como direito de cidadania e como dever do Estado. Neste sentido, o Sindipetro-BA precisa apoiar a Economia Solidária, buscando, por meio de seus/suas representantes nos diferentes espaços de representação, como fóruns e conselhos governamentais, a constituição de políticas públicas municipais, estaduais e federais, além de lutar pelo fortalecimento de um ambiente jurídico para o setor, com leis de fomento municipais, estaduais e federais, que ajudem na comercialização, acesso a crédito e finanças solidárias, inovação tecnológica, formação e capacitação de qualidade e em ações que viabilize a constituição das Cooperativas de Produção de Bens e Cooperativas de Prestações de Serviços. Portanto sugerimos que seja disponibilizado um valor referente a 1% (um por cento)da arrecadação mensal, como instrumento de formatação organização e constituição do Setorial de Economia Solidaria. Assinam esta Tese: Andre Araújo, Deyvid Bacelar, Cedro Costa e Silva, Roque Sotero. Valter Paixão, ADS CUT (Agência de Desenvolvimento Solidário da CUT).
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