LEGISLAÇÃO EM MATÉRIA DE IGUALDADE DE GÉNERO

Transcrição

1 LEGISLAÇÃO EM MATÉRIA DE IGUALDADE DE GÉNERO NA UNIÃO EUROPEIA Comissão Europeia

2 Nem a Comissão Europeia nem qualquer pessoa que actue em seu nome são responsáveis pelo uso que possa ser feito com as informações contidas nesta publicação EUROPE DIRECT é um serviço que o/a ajuda a encontrar respostas às suas perguntas sobre a União Europeia Número verde único (*): (*) Alguns operadores de telecomunicações móveis não autorizam o acesso a números ou podem sujeitar estas chamadas telefónicas a pagamento Encontram-se disponíveis numerosas outras informações sobre a União Europeia na rede Internet, via servidor Europa ( Uma ficha bibliográfica figura no fim desta publicação Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 2008 Comunidades Europeias, 2007 Reprodução autorizada mediante indicação da fonte Printed in Belgium Impresso em papel branqueado sem cloro

3 LEGISLAÇÃO EM MATÉRIA DE IGUALDADE DE GÉNERO na União Europeia 50 ANOS DE LEGISLAÇÃO EM MATÉRIA DE IGUALDADE DE GÉNERO NA EUROPA A União Europeia tem promovido, ao longo de meio século, o objectivo da igualdade de tratamento entre homens e mulheres. O Tratado CE, assinado em Roma no ano de 1957 pelos seis países fundadores da Comunidade Económica Europeia (CEE), consagrou o direito à igualdade de remuneração entre homens e mulheres para o mesmo trabalho. Desde então, a CEE cresceu e tornou-se numa União Europeia com 27 Estados-Membros. Com o tempo, evoluíram também os direitos dos homens e das mulheres em matéria de igualdade de tratamento e de não discriminação. Actualmente, a legislação comunitária sobre igualdade de género constitui um pilar central da política de igualdade de oportunidades na Europa. Foram adoptadas 13 directivas europeias no domínio da igualdade de tratamento entre homens e mulheres, que são juridicamente vinculativas para os Estados-Membros, na medida em que estes têm de transpor esta legislação comunitária para o seu direito nacional. A legislação abrange um amplo leque de temas, desde o acesso ao emprego, as condições de trabalho e a remuneração aos regimes de segurança social, ao trabalho independente e à protecção das mulheres grávidas e puérperas (mulheres que deram à luz recentemente). No seu conjunto, estes instrumentos constituem um base sólida e abrangente para garantir o respeito pelo princípio da não discriminação. Oferecem aos cidadãos que se sintam lesados nos seus direitos a possibilidade de recorrer aos tribunais nacionais. Com o intuito de conferir maior transparência, clareza e coerência à legislação, foi adoptada uma directiva em 2006 que reúne num único texto as disposições existentes em matéria de igualdade de remuneração, regimes profissionais e «ónus da prova». 1

4 DIRECTIVAS EUROPEIAS RELATIVAS À IGUALDADE DE GÉNERO Desde a assinatura do Tratado de Roma em 1957, a União Europeia adoptou 13 directivas no domínio da igualdade de género. Estas abrangem o direito à igualdade de tratamento entre homens e mulheres no trabalho, na remuneração e na segurança social e no acesso aos bens e serviços. Conferem protecção especial às mulheres grávidas e puérperas e procuram estabelecer normas comuns para as mulheres que trabalham por conta própria e que participam na actividade independente dos cônjuges. Igualdade de tratamento no trabalho 2 Os trabalhadores masculinos e femininos têm de receber a mesma remuneração por trabalho igual ou de valor igual. Este princípio foi estabelecido, em 1957, no artigo 141.º do Tratado CE e mais tarde aplicado pela Directiva 75/117/CEE. A noção de «igualdade de remuneração» inclui as prestações de segurança social associadas aos regimes profissionais. O direito à igualdade de acesso e ao pagamento destas prestações foi regulado pela Directiva 86/378/CEE, alterada pela Directiva 96/97/CE. O Tratado CE também criou a base para a legislação em matéria de igualdade de tratamento entre homens e mulheres no emprego e na actividade profissional. Esta foi adoptada pela Directiva 76/207/CEE (alterada em 2002), que aplicou o princípio da igualdade de tratamento no que se refere às condições de trabalho e ao acesso ao emprego, ao trabalho independente e à formação profissional. Em 2006, foi adoptada uma nova directiva para consolidar e simplificar todas estas directivas. Esta nova directiva entrará em vigor em 15 de Agosto de 2009, data em que serão revogadas as Directivas 75/117/CEE, 76/207/CEE, 86/378/CEE e 97/80/CE.

5 COMO DEFINE A LEGISLAÇÃO COMUNITÁRIA A DISCRIMINAÇÃO E O ASSÉDIO? A legislação comunitária em matéria de igualdade de género faz uma distinção entre discriminação directa e indirecta, assédio e assédio sexual. Discriminação directa Sempre que, em razão do sexo, uma pessoa seja sujeita a tratamento menos favorável do que aquele que é, tenha sido ou possa vir a ser dado a outra pessoa em situação comparável. Se for recusado um emprego a uma mulher por estar grávida, trata-se de um caso de discriminação directa. Discriminação indirecta Sempre que uma disposição, critério ou prática, aparentemente neutro, seja susceptível de colocar pessoas de um determinado sexo numa situação de desvantagem comparativamente com pessoas do outro sexo, a não ser que essa disposição, critério ou prática seja objectivamente justificado por um objectivo legítimo e que os meios para o alcançar sejam adequados e necessários. Por exemplo, um anúncio de emprego que exija que os candidatos tenham uma altura mínima de 1,70 m seria considerado uma discriminação indirecta, uma vez que esta regra prejudicaria muito mais mulheres do que homens. Assédio Sempre que ocorrer um comportamento indesejado, relacionado com o sexo de uma dada pessoa, com o objectivo ou o efeito de violar a dignidade da pessoa e de criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou ofensivo. Por exemplo, comentários repetidos de natureza pejorativa ou desdenhosa acerca do sexo de uma determinada pessoa. Assédio sexual Sempre que ocorrer um comportamento indesejado de carácter sexual, sob forma verbal, não verbal ou física, com o objectivo ou o efeito de violar a dignidade da pessoa, em particular pela criação de um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante ou ofensivo. Por exemplo, sugestões ou pedidos indesejados de carácter sexual por parte de superiores hierárquicos ou colegas de trabalho. 3

6 Cronologia: directivas relativas à igualdade de género O Tratado CE estabelece o direito à igualdade de remuneração entre homens e mulheres e permite a adopção de legislação para proibir a discriminação no trabalho ou na actividade profissional, ou no acesso aos bens e serviços. Directiva 75/117/CEE relativa à igualdade de remuneração entre os trabalhadores masculinos e femininos. Directiva 76/207/CEE relativa à igualdade de tratamento no que se refere ao acesso ao emprego, à formação profissional e às condições de trabalho (alterada em 2002). Directiva 79/7/CEE relativa à igualdade de tratamento em matéria de segurança social.

7 Desde 2000 Directiva 86/378/CEE relativa à igualdade de tratamento entre homens e mulheres nos regimes profissionais de segurança social (alterada em 1996). Directiva 86/613/CEE relativa à igualdade de tratamento entre homens e mulheres que exerçam uma actividade independente, bem como à protecção da maternidade. Directiva 92/85/CEE relativa à melhoria da segurança e da saúde das trabalhadoras grávidas, puérperas ou lactantes no trabalho. Directiva 96/34/CE relativa ao acordo- -quadro sobre a licença parental. Directiva 97/80/CE relativa ao ónus da prova nos casos de discriminação baseada no sexo. Directiva 2004/113/CE relativa ao acesso a bens e serviços e seu fornecimento. Directiva 2006/54 CE relativa à igualdade de oportunidades e igualdade de tratamento em domínios ligados ao emprego (reformulação). 5

8 TRABALHADORAS GRÁVIDAS E LICENÇA PARENTAL As trabalhadoras grávidas, puérperas ou lactantes gozam de protecção especial ao abrigo da Directiva 92/85/CEE, que também se refere à licença de maternidade e à discriminação no local de trabalho. A legislação relativa à igualdade de tratamento no emprego e na actividade profissional confere protecção adicional contra a discriminação com base na gravidez. 6 A Directiva 96/34/CE veio alargar os direitos dos pais, fixando requisitos mínimos relativos à licença parental para trabalhadores do sexo masculino e feminino e à correspondente protecção no emprego. A directiva visa ajudar os pais que trabalham a conciliar a vida profissional e familiar e promover a igualdade de oportunidades e de tratamento entre homens e mulheres. IGUALDADE DE TRATAMENTO NOS REGIMES LEGAIS DE SEGURANÇA SOCIAL A Directiva 79/7/CEE impõe aos Estados-Membros da UE a obrigação de proibir a discriminação directa e indirecta em razão do sexo nos seus regimes legais de segurança social. Tal aplica-se aos regimes para a população activa, bem como aos sistemas nacionais de pensões e de assistência na doença para os trabalhadores.

9 TRABALHADORES INDEPENDENTES E SEUS CÔNJUGES A Directiva 86/613/CEE aplica-se aos trabalhadores independentes e aos respectivos cônjuges não assalariados nem associados que participem na actividade do trabalhador independente. A directiva abrange um amplo leque de assuntos neste domínio, desde a constituição de uma empresa à participação dos cônjuges assistentes num regime de segurança social. Esta directiva complementa a legislação específica sobre igualdade de tratamento no emprego e na actividade profissional, regimes profissionais de segurança social e regimes legais de segurança social. ACESSO A BENS E SERVIÇOS 7 A discriminação ou a desigualdade de tratamento não constitui apenas um problema no mundo laboral, mas também em muitas esferas da vida quotidiana, como o fornecimento de bens ou o acesso a serviços. O n. 1 do artigo 13. do Tratado CE prevê a possibilidade de a UE adoptar legislação para combater a discriminação em razão do sexo fora do domínio do emprego. Essa legislação foi adoptada em Dezembro de 2004 através da Directiva 2004/113/CE, que diz respeito ao acesso aos bens e serviços disponíveis ao público e oferecidos fora do domínio da vida privada e familiar. A directiva aplica-se a serviços essenciais do dia-a-dia, tais como a habitação, os serviços financeiros e os seguros. Os Estados-Membros devem transpor esta directiva para o seu direito nacional até Dezembro de 2007.

10 Sabia que... As mulheres na União Europeia ganham, em média, 15% menos do que os homens por trabalho equivalente, apesar de terem melhores qualificações académicas (Fonte: Eurostat). Em 2006, a taxa de emprego das pessoas com idades entre os 15 e os 64 anos nos actuais 27 Estados-Membros da UE foi de 57,2% para as mulheres e de 71,6% para os homens (Fonte: Eurostat). 8 Uma sondagem do Eurobarómetro publicada em 2004 revelou que, embora 75% dos homens tivessem conhecimento do seu direito à licença parental, 84% afirmaram que não a tinham gozado, nem consideravam fazê-lo no futuro. Informações adicionais A Comissão Europeia tem uma Unidade que se dedica às questões jurídicas relacionadas com a igualdade de tratamento entre homens e mulheres. Esta Unidade supervisiona a transposição das directivas comunitárias no domínio da igualdade de oportunidades e da não discriminação para o direito nacional e a aplicação da legislação na prática. Gere os «procedimentos por infracção» no caso de os Estados-Membros não cumprirem as suas obrigações e, se necessário, prepara novas propostas legislativas. Contacto Comissão Europeia Direcção-Geral do Emprego, Assuntos Sociais e Igualdade de Oportunidades Unidade G.2: Igualdade, acção contra a discriminação: questões jurídicas B-1049 Bruxelles Correio electrónico empl-info@ec.europa.eu Internet

11 Comissão Europeia Legislação em matéria de igualdade de género na União Europeia Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias p. 14,8 21 cm

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