AS ORIGENS DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL
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- Norma Peres Barbosa
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1 AS ORIGENS DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL Christiane Varela Coimbra 1 - FATERN Prof. Ms. Ilena Felipe Barros (orientadora) 2 - FATERN RESUMO O artigo trata das origens do Serviço Social no Brasil. Para tanto, discorre sobre o contexto histórico brasileiro entre as décadas de 1920 a 1960 do século passado, para melhor compreender a trajetória do Serviço Social, desde sua implementação a sua institucionalização. Tem por objetivo examinar a trajetória do Serviço Social no Brasil, analisando teoricamente sua formação e institucionalização. Por meio de uma pesquisa bibliográfica, em livros que retratam a temática, verifica-se que o Serviço Social acompanha as transformações societárias induzidas pelo modo de produção capitalista, e que a profissão se tornou socialmente necessária devido o agravamento da questão-social, presente em cada momento histórico. O período da República Velha, no Brasil, marca nas décadas de 1920 e 1930 do século passado, as principais características: a política do café-com-leite; a presença do coronelismo, o modelo econômico agro-exportador e a formação da classe operária. Esse período é marcado também por dois momentos importantes tanto para o contexto brasileiro, como para a formação do Serviço Social no país, a saber, a Crise da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, e a Revolução de 1930, que resultou no progresso da industrialização e o crescimento da classe operária no Brasil. O presente artigo aborda a questão social, tomando como base a exorbitante exploração dos operários e sua família, como também de sua luta por melhores condições de vida, e a ação do Estado, Igreja e Empresariado em resposta a questão social. O Serviço Social recebe forte influencia norte-americana no seu fazer profissional, trabalhando através dos métodos de atuação do Serviço Social de Casos Individuais, Grupos e Comunidade. Também é analisado o período que compreende o Estado Novo ( ), período considerado ditatorial e de caráter populista, mas que trouxe avanços econômicos e benefícios aos trabalhadores. Após os anos de 1945, o país ingressa no cenário político-democrático através de uma política nacionalista, na qual, aos poucos, o governo cria instituições que vão assumir a assistência social e institucionalizar o Serviço Social no Brasil. Por fim, se faz uma analise sobre a década de 1960 do século passado, na qual o Serviço Social se expande ao assumir as propostas do desenvolvimentismo, como também da crise do governo de João Goulart ( ), que gerou a Ditadura Militar. Palavras - chave: Serviço Social, Capitalismo, Questão-Social. INTRODUÇÃO O presente artigo busca traçar a trajetória do Serviço Social desde sua formação ao momento de sua institucionalização, fazendo um resgate histórico da contextualização do Brasil no período compreendido entre a década de 1920 a 1960 do século passado. 1 Estudante de graduação do Curso de Serviço Social da FATERN/GAMA FILHO. chriscoimbrarn@hotmail.com 2 Assistente Social, doutoranda em Serviço Social pela UFPE, professora da graduação de Serviço Social da FATERN/GAMA FILHO. ilenafb@yahoo.com.br
2 2 Será abordada a questão-social e a iniciativa do Estado, Igreja e Empresariado, em resposta as expressões das desigualdades sociais. Como também será verificado que após a criação das primeiras escolas de Serviço Social, o governo incentivará a criação de instituições, o qual contribuirá na institucionalização da profissão no país. OBJETIVO O artigo ora apresentado visa discutir as origens do Serviço Social no Brasil, analisando teoricamente sua formação e institucionalização. METODOLOGIA Para a realização do presente artigo, foi utilizado como metodologia, o levantamento bibliográfico, com base em documentos escritos sobre essa temática, fruto dos estudos desencadeados na disciplina Fundamentos Históricos, Teóricos - Metodológicos do Serviço Social, para contribuir na formação profissional. CONCLUSÃO O surgimento do Serviço Social no Brasil se deu por volta das décadas de 1920 e 1930 do século passado, em meio ao processo de industrialização e concentração urbana, nos quais o proletariado começou a lutar pelo seu lugar na vida política e por seus direitos, por meio da articulação de grandes movimentos sociais. Esse período é marcado pela República Velha no país, que teve como principais características: a política do café-com-leite, que era o domínio da oligarquia cafeeira e pecuarista no cenário político nacional dos estados de São Paulo e Minas Gerais, pois eram os estados com maior número de deputados no Congresso e maiores produtores de café e gado do país; o coronelismo, que foi um fenômeno social típico do meio rural, tendo na figura dos coronéis, que eram os fazendeiros ou comerciantes mais ricos, as pessoas que dominavam o cenário político. O coronelismo marcou a cultura política do Nordeste, perpetuando suas características até a atualidade, baseadas no clientelismo, assistencialismo, entre outros.
3 3 O modelo econômico era o agro-exportador, que tinha como objetivo abastecer o mercado europeu com produtos agrícolas de origem tropical, sendo os principais produtos brasileiros de exportação o café, a borracha, o açúcar e algodão. Porém, no período da Primeira Guerra Mundial houve um crescimento na indústria nacional devido às dificuldades criadas pela disputa do mercado internacional, tanto para as exportações dos produtos agrícolas, como para as importações dos manufaturados. Esses fatores favoreceram a produção interna de bens industrializados, como também o crescimento dos centros urbanos em torno das indústrias, gerando a formação da classe operaria no país, acompanhada por um processo de marginalização. A população pobre passou a ocupar as periferias das cidades, sem as mínimas condições de vida; faltando-lhes todas as políticas estruturantes e sociais (moradia, saneamento, educação, saúde, etc.). Essa acentuada pobreza contribuiu para o aparecimento dos movimentos sociais que passaram a contestar a ordem estabelecida. O cenário internacional foi abalado pela Crise da Bolsa de Valores de Nova York em 1929, ocasionando para o Brasil mudanças na sua estrutura econômica, tendo em vista que devido às inúmeras falências bancárias e industriais na Europa, os investimentos foram paralisados, o que significou, para os países da America Latina, o fim da entrada de capitais e a queda em suas exportações. Isto foi um caos para a produção cafeeira do Brasil, já que o controle político e econômico estava ainda nas mãos de fazendeiros. A crise do comercio internacional em 1929 e o movimento de outubro de 1930 representam um marco importante na trajetória da sociedade brasileira. Aparecem como momentos centrais de um processo que leva a uma reorganização das esferas estatal e econômica, apressando o deslocamento do centro motor da acumulação capitalista das atividades de agro-exportação para outras de realização interna. (Iamamoto, 2009, p. 128). A Revolução de 1930 pôs fim a Primeira República, com a posse do governo por Getúlio Vargas, após um golpe organizado por seus partidários. Seu governo foi caracterizado por ser forte e centralizador, e por investir grandemente no desenvolvimento da indústria de base, para garantir a estrutura de que o capitalismo necessitava para expandir-se. Com isso o governo conseguiu modernizar a economia nacional, acelerando o processo de industrialização. Uma outra estratégia foi aproximar-se da elite industrial, fazendo com que a burguesia começasse a participar cada vez mais da política do país.
4 4 Devido esse desenvolvimento da industrialização, a classe operaria tem um crescimento exorbitante. Eles se aglutinaram nos centro urbanos vivendo em condições insalubres, precárias e desumanas, próximos das indústrias, o qual eram sujeitos a excessivas horas de trabalho. Um momento de crescente miséria e exploração de homens, mulheres e crianças. A implantação do Serviço Social no Brasil ocorre nessa conjuntura de acirramento do capitalismo e da questão social, o qual ocorreu através da iniciativa particular de vários grupos da classe dominante, e da Igreja Católica que era sua porta-voz. Como também por influência dos pensamentos da assistente social norte-america Mary Richmond, que trouxe para a profissão o método de atuação Serviço Social de Casos Individuais. Nesse método as assistentes socias estudavam e investigavam o meio social da pessoa, a fim de descobrir qual a possibilidade de ela se enquadrar a esse meio ou, caso contrário, mudaria de meio social. O objetivo era trabalhar a personalidade das pessoas e sua adaptação ao seu meio social. A questão social inicia - se, segundo Iamamoto (2009), com a generalização do trabalho livre, tornando mercadoria à força de trabalho. O operário e sua família vendem sua força de trabalho à classe dominante, estando sujeitos a grande exploração do capital. Exploração esta que impulsionou a luta do proletariado por melhores condições de vida, pois eram péssimas as condições de trabalho, cuja jornada diária era sempre calculada de acordo com as necessidades das empresas e o operário e sua família trabalhavam somente para comer. Além do mais, não tinham férias, nem auxilio doença, e seu lazer e cultura ficava a cargo da filantropia e/ou caridade. Os movimentos sociais e sindicatos avançam nesse momento na luta por direitos da classe trabalhadora, onde segundo Gohn (2003) ocorreram no meio urbano, surgindo novas categorias de luta, tais como: lutas sociais da classe operaria por melhores salários e condições de vida; lutas das classes populares urbanas e por meios de consumo coletivo; lutas das classes populares e médias por moradia; lutas por diversas classes sociais por legislação e normatização pelo Estado, entre outras. O desdobramento da questão social é também a questão da formação da classe operaria e de sua entrada no cenário político, da necessidade de seu reconhecimento pelo Estado e, portanto, da implementação de
5 5 políticas que de alguma forma levem em consideração seus interesses. (IAMAMOTO, 2005, p. 126) O Estado respondeu a essa questão social como questão de polícia, presente na repressão massiça. Além disso, promulga alguns decretos e leis: a Lei de Férias (15 dias) e o Código de Menores (regulamentando as horas de trabalho das crianças). As empresas também começaram a oferecer uma precária assistência aos operários, através das vilas operárias, ambulatórios, creches, escola, entre outros. A Igreja católica, respondeu a questão social através das primeiras organizações, dentre estas, destacam-se, segundo Ana Maria R. Estevão (1992), a Associação de Senhoras Católicas (Rio de Janeiro 1920); e a Liga das Senhoras Católicas (São Paulo 1923), que executavam a tarefa de socializar o proletariado no capitalismo. São as Ligas das Senhoras Católicas, em São Paulo, e a Associação das Senhoras Brasileiras, no Rio, que vão assumir a educação social dos trabalhadores urbanos brasileiros, dentro de uma perspectiva de assistência preventiva e do apostolado social. (ESTEVÃO, 1999, p. 46). Iamamoto (2009) refere - se a essa ação como sendo obras que desde o início envolveram as famílias que integravam a grande burguesia paulista e carioca, sendo muitas vezes, a própria militância de seus elementos femininos. Possuíam grandes recursos e contatos em termos de Estado que possibilitava o planejamento de obras assistenciais de maior envergadura e eficiência técnica. A assistência prestada não era só o socorro aos indigentes, mas também, com uma perspectiva de assistência preventiva, atendiam determinadas seqüelas do desenvolvimento capitalista, principalmente no que se refere a menores e mulheres. Contudo, essas iniciativas foram a base da organização humana para a expansão da ação social e o surgimento das primeiras escolas de Serviço Social, que se instalou em 1936 em São Paulo, devido à necessidade de uma formação técnica e especializada. Em 1936, foi fundada a escola de Serviço Social de São Paulo, a primeira do gênero no Brasil que, como era de se esperar, liga-se à Pontifícia Universidade católica de São Paulo. (ESTEVÃO, 1999, p. 47).
6 6 A década de 1940 do século passado foi marcada pela implantação do Estado Novo ( ), sendo considerado no campo político por um governo ditatorial, já que o mesmo fecha o Congresso Nacional e impôs uma nova Constituição com características antidemocráticas. Além da aplicação da censura e de um regime de caráter populista. Porém o país fez grandes avanços econômicos, com a modernização industrial e de infra-estrutura. Como também foram beneficiados os trabalhadores com leis trabalhistas que garantiam diversos direitos aos mesmos. O período que se iniciou em 1945 foi marcado pelo o ingresso do país no cenário político democrático, mesmo diante da precariedade institucional, política e social que vivia o país. O governo empreende uma política nacionalista, visando levar o Brasil a um desenvolvimento industrial autônomo, fazendo crescer a indústria nacional, a produção agrícola, a produção industrial e os salários. Foi nesse contexto, após a criação das primeiras escolas de Serviço Social, que o governo cria, aos poucos, instituições que vão assumir a assistência social e legalizar a existência da profissão no Brasil, ocorrendo a institucionalização do Serviço Social. Ainda sobre influencia norte-americana, o serviço social nesse período, trabalha através do segundo tipo de método de atuação em Serviço Social, qual seja, o Serviço Social de Grupo, no qual os assistentes sociais começaram a trabalhar também com grupos por tipo e problema comum apresentados. Esse método se desenvolveu através da contribuição de Gisela Konopka e levou a gerar um terceiro método de atuação profissional, a saber, o Serviço Social de Comunidade, pois para certo tipo de problemática social, necessitava uma atuação de vários grupos, que, por terem objetivos comuns, deveriam se interligar. A implantação e desenvolvimento das grandes instituições sociais e assistenciais criarão as condições para a existência de um crescente mercado de trabalho para o campo das profissões de cunho social, permitindo um desenvolvimento rápido do ensino especializado de Serviço Social. Paralelamente, implicará um processo de legitimação e institucionalização da profissão e dos profissionais do Serviço Social. (IAMAMOTO, 2005, p. 249) Serão essas instituições a porta de entrada para a empregabilidade dos Assistentes Sociais, que deixam de trabalhar através da caridade promovida pela Igreja Católica e passam a ser empregados pelas instituições públicas e privadas. As práticas dos Assistentes Sociais eram absorvidas em grande intensidade pelas características das instituições, tais como o CNSS Conselho Nacional de Serviço Social (1938), a LBA Legião Brasileira de Assistência (1942), o SENAI Serviço Nacional de Aprendizado Industrial (1942), o
7 7 SESI Serviço Social da Indústria (1946) e a Fundação Leão XIII (1946), que tinham dentre seus objetivos comuns proporcionar benefícios assistenciais indiretos aos trabalhadores urbanos e a aqueles totalmente esgotados pelo sistema. Podem-se destacar as principais características dessas instituições, segundo Iamamoto (2009): o CNSS era um órgão com funções consultivas do governo e de entidades privadas, e de estudar os problemas do Serviço Social. Não chegou a ser um organismo atuante, já que ouve grande manipulação de verbas e subvenções, agindo de forma clientelista. Sua importância se dá, devido ser a primeira instituição do Estado que revela a preocupação do mesmo em centralizar e organizar as obras assistenciais públicas e privadas. Na pratica as funções do CNSS serão exercidas pela LBA. A LBA foi organizada devido o engajamento do país na Segunda Guerra Mundial, o qual seu objetivo era prover as necessidades das famílias cujos chefes hajam sido mobilizados, e, ainda, prestar decidido concurso ao governo em tudo que se relaciona ao esforço de guerra Ela dava assistência as famílias dos convocados a guerra, como também, atuava em praticamente todas as áreas da assistência social. O SENAI surge, com o dever de organizar e administra as escolas de aprendizagem para industriários. Sendo um grande empreendimento de qualificação da força de trabalho, em especial a jovem, para o mercado de trabalho e ajustar psicossocialmente ao estagio de desenvolvimento capitalista. O SESI surge devido às dificuldades do pós-guerra, e tinha como objetivo estudar, planejar e executar medidas que contribuíssem para o bem-estar dos operários. A Fundação Leão XIII foi a primeira grande instituição assistencial que teve o objetivo de atuar amplamente nas grandes favelas. Seu âmbito de atuação será nas favelas da cidade do Rio de Janeiro e Distrito Federal, sendo resultado de convênio entre a Prefeitura do Distrito Federal, Ação Social Arquidiocesana e Fundação Cristo redentor. Nos anos de 1960 do século passado, o governo combinou crescimento econômico e estabilidade política. O qual o processo de industrialização ganhou novo vigor, sendo introduzido na economia brasileira o setor de bens de consumo duráveis, em grande parte através de investimentos estrangeiros, visando tirar o país do atraso e trazê-lo para a modernidade capitalista. Com isso, o Serviço Social se expande ao assumir as propostas desenvolvimentistas. No decorrer desses anos, a profissão sofrerá suas mais acentuadas transformações, modernizando-se tanto o agente como o corpo teórico, métodos e técnicas por ele utilizados. Há, também, um significativo alargamento das funções exercidas por Assistentes Sociais, em direção a tarefas, por exemplo, de
8 8 coordenação e planejamento, que evidenciam uma evolução no status técnico da profissão. Assumem relevo e aplicação mais intensiva os métodos de Serviço Social de Grupo e, especialmente, Comunidade, a partir dos quais os agentes poderão exigir uma nova caracterização de suas funções. (IAMAMOTO, 2009, p. 339 e 340) As funções profissionais também se expandem, pois os Assistentes Sociais se propõem a aceitar o desafio de sua participação nesse novo projeto de desenvolvimento, onde através do método de Desenvolvimento de Comunidade é colocada em prática a sua contribuição para o processo de mudança exigido por esta nova perspectiva. A atuação torna-se mais técnica, fundamenta-se na busca da neutralidade, frieza, distanciamento dos problemas tratados e no aprimoramento dos métodos. O seu maior empregador era o Estado e a iniciativa privada, mas havia uma precarização no mercado de trabalho, pois não se falava em piso salarial, e também ocorreu a inserção em programas sociais, nos quais os profissionais do serviço social passaram a ser planejadores e executores de políticas sociais. Porém no decorrer da década de 1960 do século passado, o país passa por uma crise no modelo de governo populista, gerando uma instabilidade política no governo de João Goulart, conhecido popularmente por Jango ( ). Também nessa década, houve uma intensa organização política da classe trabalhadora dando origem há diversos movimentos sociais, causando preocupação às classes dominantes que temiam um golpe comunista. De um lado, a esquerda considerava que as medidas de Jango eram insuficientes para alterar o quadro social do país, e do outro lado, a direita o acusava de corrupto, e de que ele ia prepara um golpe de Estado, conduzindo o país ao regime comunista. O governo percebeu que precisava do apoio popular para defender o seu programa de reformas, onde no dia 13 de março de 1964 realiza, no Rio de Janeiro, o Comício das Reformas, anunciando mudanças na estrutura agrária, econômica, educacional, entre outras. Os conservadores responderam contra as intenções de João Goulart organizando uma manifestação conhecida como Marcha da família com Deus pela Liberdade, tendo a participação de milhares de pessoas. Os militares se organizarão em uma assembléia no Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de janeiro, considerando este ato uma quebra da hierarquia que colocava em risco a organização militar.
9 9 E foi na madrugada de 31 de março que as tropas lideradas pelos generais Olympio Mourão Filho e Carlos Luiz Guedes, foram ao Rio de Janeiro para depor Jango. O mesmo refugiou-se no Uruguai, para evitar uma guerra civil. Inicia-se nesse momento no Brasil a Ditadura Militar. No período ditatorial 3 o Serviço Social passa por transformações significativas no seu fazer profissional. Nesse período houve uma expansão quantitativa, com a abertura no mercado de trabalho, e qualitativa, devido o amplo debate no interior da categoria profissional sobre a teoria e o método do Serviço Social, porém com uma visão modernizadora, cientificista e tecnicista. Essas transformações ocasionaram o que se convencionou chamar, inicialmente, de Movimento de Reconceituação do Serviço Social em 1965, o qual para Silva (2002) permitiu canalizar as insatisfações acumuladas pelos profissionais que se conscientizam, progressivamente, de suas limitações, tanto teórico-institucionais como político ideológicas. A renovação se inicia mediante ação organizadora de uma entidade que aglutinam profissionais e docentes, em seguida tem o seu centro de gravitação transferido para o interior das agencias de formação e, enfim, espraia-se desses núcleos para organismos de clara funcionalidade na imediata representação da categoria profissional. (NETTO, 2007, p. 153) Na abordagem de José Paulo Netto (2007), a trajetória do Serviço Social assume diferentes direções: Perspectiva Modernizadora, Perspectiva de Reatualização do Conservadorismo, Perspectiva de Ruptura. Essas direções apontavam formular novas alternativas teóricas e ideológicas ao Serviço Social tradicional. Mas em cada país esse movimento atuou de forma diferenciada. Nos países onde o processo social eram mais fortes, o Movimento de Reconceituação também o foi; já nos países onde esse processo era de forma lenta, também o era a dinâmica da Reconceituação. Esse foi o caso do Brasil que vivia a Ditadura Militar, e ocasionou uma adequação do Serviço Social as necessidades do Estado e da grande empresa monopolista. 3 A análise da profissão durante o período ditatorial não é alvo deste trabalho acadêmico, resumindo-se ao início da profissão até o Golpe Militar.
10 10 Diante do exposto, percebe-se que a trajetória do Serviço Social caminha junto com as mudanças na sociedade capitalista. Que a formação e institucionalização da profissão se dá devido existir um ambiente favorável, um contexto pelo qual a profissão se tornou socialmente necessária, tendo em vista que em cada década apresentada, se vivia um crescimento urbano e industrial, que ocasionava o acirramento da questão social. REFERÊNCIAS ESTEVÃO, Ana Maria Ramos. O que é Serviço Social. São Paulo: Brasiliense, 1999 (Coleção Primeiros Passos). GOHN, Maria da Gloria. História dos Movimentos Sociais a construção da cidadania dos brasileiros. 3º ed. São Paulo, Loyola, IAMAMOTO, Marilda Villela e CARVALHO, Raul. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: esboço de uma interpretação histórica metodológica 17. ed. São Paulo, Cortez; [Lima, Peru]: CELARS, MORAES, José Geraldo Vinci de. Caminhos das Civilizações historia Integrada: Geral e Brasil.- São Paulo: Atual, NETTO, José Paulo. Ditadura Militar e Serviço Social: uma analise do Serviço Social no Brasil pós ed. São Paulo: Cortez, SILVA, Maria Ozanira da Silva. O Serviço Social e o Popular: resgate teóricometodologico do projeto profissional de ruptura. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2002.
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