Macro Visão. Opinião Macroeconômica. Política Fiscal: Procurando Receita. Relatório Semanal de Macroeconomia
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- Marisa de Mendonça Gonçalves
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1 Opinião Macroeconômica Macro Visão segunda-feira, 5 de outubro de 2009 Relatório Semanal de Macroeconomia Política Fiscal: Procurando Receita Ilan Goldfajn Economista-Chefe Agustina De Marotte Adriano Lopes Aurélio Bicalho Darwin Dib Fernando Avalos Giovanna Siniscalchi Guilherme da Nóbrega João Pedro Bumachar Resende Laura Haralyi Luiz G. Cherman Murilo Cavalcanti Mauricio Oreng Roberto Prado Tomás Málaga O governo segue utilizando-se de instrumentos diversos depósitos judiciais, recebimento de dividendos, anistia tributária e represamento de gastos - para evitar uma queda mais acentuada no superávit primário. A estratégia do governo pode ser de promover medidas extraordinárias de aumento de arrecadação até que a recuperação da economia e a reversão das desonerações tributárias elevem as receitas naturalmente. As contas públicas seguem em deterioração, e o governo busca soluções para melhorar o superávit primário. Com a persistente expansão de gastos, a saída tem sido recorrer a receitas extraordinárias para compensar a queda na arrecadação, que ocorre devido à desaceleração da economia e às isenções de impostos. O superávit primário consolidado de R$ 5.0 bi de agosto foi melhor que o de julho (R$ 3,2 bi), mas a metade do registrado no mesmo mês do ano passado (R$ 10,1 bi). O resultado em doze meses permanece em queda, atingindo em agosto 1,6% do PIB, valor da nova meta (reduzida) estabelecida pelo governo para O resultado primário do governo central de agosto R$ 3,7 bi na conta acima da linha do Tesouro (R$ 3,9 bi estimado pelo BC) foi influenciado pela apropriação de R$ 1,8 bi em depósitos judiciais referentes a contestações de tributos federais (cujas decisões da corte podem eventualmente obrigar o governo a restituir as contrapartes). Também ajudou a receita de R$ 7,8 bi em dividendos recebidos pela União no mês (valor R$ 6,1 bi acima do mesmo período em 2009). macroeconomia.itau-unibanco@itaubba.com.br O crescimento real de 49% nas demais receitas (que incluem A última página deste relatório contém informações importantes sobre o seu conteúdo. Os investidores não devem considerar este relatório como fator único ao tomarem suas decisões de investimento.
2 dividendos, royalties, concessões, receitas de órgãos governamentais, recuperação de dívidas, entre outros) contrasta com a queda de 9% nas receitas com impostos, contribuições e da previdência. Com isso, a receita federal total ficou estável em termos reais no mês (contra 2008). O conjunto de instrumentos do governo contra a queda na arrecadação inclui ainda um programa de parcelamento de dívidas e anistia de multas que pode gerar, segundo estimativas preliminares e ainda imprecisas, receitas de pelo menos R$ 5 bi em 2009 e ainda mais nos anos seguintes. Outro fator temporário de contribuição às contas do governo federal foi um aparente represamento no pagamento de despesas com investimentos. Os gastos reais com Outras de Custeio e Capital OCC, a parte discricionária do orçamento recuaram em cerca de 1% em agosto, contra o mesmo mês do ano passado. Mas os gastos reais de capital caíram 29% em relação ao ano anterior, enquanto as despesas com custeio da máquina cresceram 10% no mesmo critério. Apesar de uma visível desaceleração dos gastos discricionários nos últimos meses, as despesas como um todo mantiveram, em agosto, o mesmo ritmo de crescimento real dos primeiros meses de 2009: +12%. Há duas razões para acreditar que os gastos discricionários crescerão mais rapidamente nos próximos meses, contribuindo para manutenção de um forte ritmo de aumento de despesas no total do ano de A primeira razão é a expansão fiscal já orçada: a nova programação orçamentária (set/09) aumentou em R$ 6 bi a dotação para gastos discricionários (em que pese à arrecadação prevista ter diminuído em R$ 7 bi). Se o governo cumprir todo o programa de gastos (cenário provável), deveremos ter uma crescimento de despesas federais em 2009 de 14% em termos reais (excluindo-se os gastos com a capitalização do FSB no ano passado). A segunda razão para aceleração de gastos nos próximos meses é a redução da meta de esforço fiscal para 1,6% do PIB, baseada na dedução, na meta fiscal, das despesas com investimentos no montante de R$ 28 bilhões. Até aqui, foram executados R$ 17 bi. Uma eventual sobra de investimentos não poderá ser deduzida da meta para fins de conformidade com a LDO. Recorrendo a esses mecanismos de receitas extraordinárias e pagamentos represados (não confundir com contingenciamento de gastos), o governo alcançou a meta do quadrimestre de R$ 25 bi de superávit primário (considerando-se neste número o desempenho das estatais federais). A estratégia parece ser de recorrer a medidas temporárias até que a atividade econômica eleve a arrecadação. No curto prazo, entretanto, a economia ainda se encontra sob os efeitos das desonerações de impostos para estimular a demanda, e as receitas ainda sofrem com o uso dos créditos tributários a serem compensados. Tudo isto adia a retomada nas receitas tributárias. Quanto aos resultados primários das outras esferas de governo - 2 -
3 estados, municípios e estatais as contribuições para o resultado consolidado seguem em queda. E nos doze meses até agosto, o desempenho já é inferior à meta prevista na LDO. Em agosto, o resultado primário de governos regionais, R$ 1,1bi, foi menos da metade daquele registrado no mesmo mês de O saldo primário em doze meses de estados e municípios atingiu 0,8% do PIB, contra 1,1% em dez/08 (e meta de 0,9%). Ainda que essa estatística melhore no fim do ano com a substituição dos piores meses da crise (4º tri), é preciso monitorar o desempenho fiscal dos governos regionais, que também tiveram perdas de arrecadação com a atividade e com as isenções, muitas deles compartilhadas com o governo federal. No caso das estatais, o resultado anual também está abaixo do previsto na LDO (0,1% do PIB; meta de 0,2%). Porém, o resultado das empresas do governo tende a reverter mais rapidamente com o ciclo. Além disso, a pequena magnitude das contribuições dessa esfera tira dali o foco das preocupações. O déficit nominal - que inclui o pagamento de juros - também se eleva, atingindo 3,5% do PIB, comparado com 2.0% em dez/08. A queda do superávit primário foi apenas parcialmente compensada pela diminuição na conta de juros (ago/09: 5,1% do PIB; dez/08: 5,7%) resultante da Selic mais baixa. Se o governo atingir a nova meta ajustada de primário de 1,6% do PIB, o déficit nominal fechará o ano em 3,7% do PIB. A razão dívida líquida sobre o PIB ficou estável em 44,0% em agosto. No acumulado do ano, o endividamento líquido acumula alta de cinco pontos percentuais, devido ao crescimento mais lento do PIB, do baixo superávit primário, e da apreciação do câmbio (que reduz o valor em Reais das reservas internacionais). Esse último fator foi responsável por dois pontos percentuais do PIB de aumento da dívida no ano. Para o final deste ano, projetamos razão dívida/pib em 43,3%, tomando como dada uma taxa de câmbio de R$ 1,80 no fim do ano. Uma maior apreciação do Real elevaria a relação dívida/pib no final deste ano, já que cada R$ 0,10 de apreciação do Real (frente ao dólar) causa uma alta de 0,6 pontos percentuais na razão dívida/pib. De uma forma geral, avaliamos que o governo terá dificuldades de alcançar a meta de superávit primário em 2009, mesmo após a aprovação de novas deduções de investimentos (PPI), que reduzem a meta de esforço fiscal do ano de 2,0% do PIB para 1,6%. Não se pode descartar as chances de uso de pelo menos uma parte do Fundo Soberano (FSB) já em Mas as medidas extraordinárias de arrecadação como o programa de renegociação de dívidas tributárias e a apropriação de depósitos judiciais - podem levar ao atingimento da meta fiscal de Mauricio Oreng Analista econômico - 3 -
4 Calendário da Semana Brasil Quando Evento Projeção Consenso Segunda-feira, 5 de outubro Não está prevista a divulgação de nenhum dado relevante. - - Terça-feira, 6 de outubro 8:00 AM FGV IGP-DI (set) -M/M 0,32% 0,48% 11:00 AM ANFAVEA Indústria Automobilística (set) - - Quarta-feira, 7 de outubro 11:00 AM CNI Indicadores Industriais (ago) Quinta-feira, 8 de outubro 9:00 AM FGV IPCA (set) -M/M 0,28% 0,21% 9:00 AM IBGE Emprego e Salário Industrial (ago) - - 9:00 AM IBGE Custos e Índices da Construção Civil (set) 9:00 AM - - Sexta-feira, 9 de outubro 8:00 AM FGV IGP-M (1a prévia - out) -M/M - - Fonte: Bloomberg, Banco Central, Broadcast,. Projeções Economia Mundial E 2010E Crescimento do PIB Mundial 5.1% 5.2% 3.2% -1.2% 3.4% EUA 2.8% 2.0% 1.1% -2.6% 2.1% Zona do Euro 2.9% 2.7% 0.9% -3.7% 1.0% Japão 2.0% 2.4% -0.6% -5.2% 1.3% China 11.6% 11.9% 9.7% 8.0% 8.5% Setor Externo e Taxa de Câmbio BRL / USD final de período BRL / USD year avg Exports USD bn Imports USD bn Balança Comercial (Bilhões de dólares) Total Trade Flows (exp + imp) % GDP 21.0% 21.1% 23.6% 17.7% 15.4% Current Account USD bn Conta Corrente % do PIB 1.3% 0.1% -1.8% -1.0% -2.6% Foreign Direct Investment USD bn Investimento Externo Direto % do PIB 1.7% 2.6% 2.9% 2.0% 2.3% Reservas Internacionais (Bilhões de dólares) International reserves % GDP 7.9% 13.5% 12.3% 15.9% 14.2% Atividade Econômica Nominal GDP BRL bn 2, , , , ,262.0 Nominal GDP USD bn 1, , , , ,869.1 Crescimento real do PIB 4.0% 5.7% 5.1% -0.6% 4.8% Inflação IPCA 3.1% 4.5% 5.9% 4.3% 3.9% IGP M 3.8% 7.8% 9.8% -1.0% 4.1% Taxa de Juros Selic final de período 13.25% 11.25% 13.75% 8.75% 9.50% Selic year avg 15.1% 12.0% 12.5% 9.8% 8.3% Taxa real de Juros (Selic/IPCA) - final de período 9.8% 6.5% 7.4% 4.3% 5.4% Finanças Públicas Superávit Primário - % do PIB 3.4% 3.5% 3.4% 1.6% 2.4% Nominal budget surplus % GDP 2-3.4% -2.7% -2.2% -3.7% -2.9% Dívida Líquida % do PIB 46.1% 43.9% 39.1% 42.9% 42.7% Fonte:
5 Informações Relevantes As informações contidas neste relatório foram produzidas pelo Holding, dentro das condições atuais de mercado e conjuntura econômica, com base em informações e dados obtidos de fontes públicas. Tais informações não constituem, tampouco devem ser interpretadas como sendo uma oferta ou solicitação de compra ou venda de um instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. Todas as recomendações e estimativas aqui apresentadas derivam de nosso julgamento e podem ser alteradas a qualquer momento sem aviso prévio. O Holding não se responsabiliza por quaisquer decisões de investimento tomadas com base nos dados aqui divulgados. Este material é para uso exclusivo de seus receptores e seu conteúdo não pode ser reproduzido, redistribuído publicado ou copiado de qualquer forma, integral ou parcialmente, sem a expressa autorização prévia do Holding
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