PIBID-BIOLOGIA E O PLANEJAMENTO ESCOLAR: UMA ANÁLISE DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA PARCEIRA
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- Luciano Regueira Frade
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1 PIBID-BIOLOGIA E O PLANEJAMENTO ESCOLAR: UMA ANÁLISE DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA PARCEIRA Marco A. M. A. Nicolau (graduando, Ciências Biológicas, UEG-Itapuranga) Milena L. Alves (graduanda, Ciências Biológicas, UEG-Itapuranga) Nayara R. Bertolino (graduanda, Ciências Biológicas, UEG-Itapuranga) Divina M. N. Alainho (graduanda, Ciências Biológicas, UEG-Itapuranga) Kamilla de F. Santos (graduanda, Ciências Biológicas, UEG-Itapuranga) Gabriela de A. Cardoso (graduanda, Ciências Biológicas, UEG-Itapuranga) Karolina M. A. e Silva (Professora, Mestre em Educação, UFT/UnB) Sabrina do C. de Miranda (Professora, Doutora em Ecologia, UEG- Itapuranga) Tássia B. P. S. Silva, (Profa. Especialista, Col. Est. Dep. José Alves de Assis) Modalidade: Comunicação Científica Resumo Entendemos que o Projeto Político Pedagógico (PPP) é o princípio orientador das ações educativas anuais e que suas determinações refletem as intencionalidades da comunidade escolar acerca do cidadão que se pretende formar. Nesse sentido, a análise do PPP faz parte de um rol de atividades relacionadas à formação para a docência que vem sendo desenvolvidas pelo subprojeto Biologia da UEG Unidade Universitária de Itapuranga-GO, no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID. O objetivo do presente trabalho é apresentar discussões relacionadas aos aspectos pedagógicos e administrativos suscitados a partir da análise do PPP da escola-parceira. A pesquisa foi desenvolvida nos moldes da abordagem qualitativa e foram consultadas bibliografias sobre o planejamento escolar que serviram de base teórica para a discussão dos dados. A partir da análise do documento evidenciamos que os projetos e ações mencionados não estavam anexados ao PPP e nem explicitavam seus objetivos com a proposta, o que dificultou nossa compreensão sobre as atividades. Questões relacionadas ao objetivo geral do PPP; atividades propostas para o ano letivo; a relação da formação profissional com as disciplinas ministradas foram elementos de discussão da análise do referido PPP. Compreendemos que além da contribuição para a dimensão formativa docente dos envolvidos com o processo de análise do PPP, o grupo PIBID-Biologia UnU-Itapuranga também tenha contribuído com o processo avaliativo da referida proposta ao identificar pontos importantes que deverão ser discutidos pela comunidade escolar quando da (re)elaboração das ações para o ano seguinte. Palavras-chave: Projeto Político Pedagógico; Biologia; PIBID; Formação de Professores. Introdução
2 No âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) o subprojeto do curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária de Itapuranga-GO (UEG- UnU Itapuranga), vem desenvolvendo suas atividades em parceria com o Colégio Estadual Deputado José Alves de Assis. Com apoio financeiro da CAPES 1, participam diretamente do referido projeto seis acadêmicos do curso de Ciências Biológicas, uma professora em exercício (escola-parceira) e a professora orientadora (UEG-UnU Itapuranga). As ações foram planejadas para serem desenvolvidas em três etapas ao longo de um ano (Quadro 1). Na primeira etapa se propôs a elaboração da diagnose da escola-parceira por meio da análise do Projeto Político Pedagógico (PPP) e observação da realidade escolar e das aulas da professora regente. Na segunda etapa estão sendo (re)pensadas atividades pedagógicas relacionadas ao ensino de Biologia. As atividades de intervenção ocorrerão na terceira etapa do subprojeto, no decorrer do primeiro semestre de É importante ressaltar que todas as atividades são avaliadas e, em caso de necessidade, podem sofrer alterações durante o andamento do projeto. Quadro 1: Atividades do Grupo PIBID-Biologia UEG-UnU Itapuranga 1ª Etapa: Observação Geral da Rotina Escolar - Análise do Projeto Político Pedagógico da escola-campo e acompanhamento da rotina escolar; - Elaboração da diagnose em conjunto com o professor regente; - Elaboração do plano de ação em conjunto com o professor regente, professor orientador e licenciandos; - Apresentação da análise do PPP aos professores da escola parceira. 2ª Etapa: Análise da Proposta Curricular do Professor Regente - - Participação nas atividades da escola; - Planejamento, em equipe, das atividades docentes; - Discutir o currículo escolar em Grupo de Estudos. 3ª Etapa: Intervenção - Atuação dos licenciandos em atividades de docência em parceria com o professor regente; - Planejamento das aulas em conjunto abordando diferentes metodologias de ação (aula prática de experimentação, aula campo, visitas técnicas e estudos de caso); - Planejamento e desenvolvimento de eventos científicos e culturais na escolaparceira (mostras, feiras, oficinas, cinema pedagógico, palestras, mesasredondas e debates envolvendo aspectos sócio científicos). Os envolvidos no subprojeto Biologia-UnU Itapuranga reúnem-se semanalmente para discussão e análise do contexto escolar em sentido amplo e restrito, associando a teoria como cultura objetivada, importante na formação docente, uma vez que além de seu poder formativo, dota os sujeitos de pontos de vista variados para uma ação contextualizada (PIMENTA, 2006). As atividades pedagógicas são propostas a partir das demandas advindas da análise do 1 CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de nível Superior.
3 contexto da escola-parceira. Compreendemos que as demandas surgem das vivências no contexto escolar e que as mesmas devem ser refletidas com base em teorias e experiências dos participantes do grupo para que, então, sejam (re)planejadas as atividades de intervenção. Como afirma Libâneo (1994) o planejamento é pensado, organizado e coordenado pela ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social. Portanto, o ato de planejar é uma atividade consciente na qual prevê a atuação docente baseada em ações político-pedagógicas que visam a formação do cidadão participativo e mais crítico, bem como sua inclusão no meio social. Nesse sentido, o processo de conhecer o contexto escolar desenvolvido pelo subprojeto Biologia-UnU Itapuranga entende que o PPP, como princípio orientador das atividades da escola, deverá ser compreendido tanto no seu eixo pedagógico como também administrativo, pois o mesmo é considerado a organização documentada das intencionalidades da comunidade escolar com a formação dos educandos. Portanto, há necessidade de conhecê-lo e analisá-lo. Inicialmente nos questionamos: como se apresentam as propostas de ação no PPP da escola-parceira? Como é apresentada a organização pedagógica e administrativa no PPP? Deste modo, além de conhecer as propostas da escola presentes no PPP, evidenciamos a sua importância enquanto uma orientação para a organização do trabalho escolar e do processo de ensino-aprendizagem. Assim, o presente trabalho objetiva apresentar as discussões referentes à análise do PPP do Colégio Estadual Deputado José Alves de Assis (escola-parceira) apresentando um diagnóstico sobre o planejamento dos aspectos pedagógicos da referida escola. Referencial Teórico O marco histórico acerca da necessidade em torno da elaboração do PPP pode ser orientado desde a institucionalização da gestão democrática a partir da Constituição de Foi em meio a esse movimento que diversos estudiosos passaram a se dedicar a essa temática. Em geral, as pesquisas sobre o PPP consideram o mesmo enquanto documento de planejamento das ações escolares e também como instrumento de autonomia da instituição escolar, embora este último seja relacionado a outros fatores complementares que podem garantir a autonomia institucional. O PPP tem uma grande importância na conquista e consolidação da autonomia da escola, onde professores se sintam responsáveis por aquilo que ocorre na instituição, e em relação ao desenvolvimento do aluno. É o projeto que vai movimentar no interior da escola a delicada vivencia da descentralização e, com isso, facilitar o diálogo rijo da comunidade escolar com os órgãos dirigentes. A escola necessita da participação dos professores na elaboração do PPP, pois assim a sua autonomia é inserida numa luta maior no coração da própria sociedade. Sua qualidade depende da determinação de cada escola em experimentar o novo (VASCONCELLOS, 2002; MALHEIRO, 2005). A oportunidade de cada instituição de ensino de elaborar e direcionar os projetos e ações foi garantida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9394/96). No entanto, a responsabilidade de atender as necessidades e prioridades da comunidade escolar como um todo é de cada escola. De acordo com a nova LDBEN (9394/96) nos Artigos 12, incisos I, III e V;
4 e 13, incisos I, II, IV e V, apresenta claramente questões relacionadas à elaboração do PPP, associadas ao direito à educação, como podemos observar a seguir: Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; (BRASIL, 1996). Partindo do pressuposto de que a escola é comprometida com um ensino com finalidades intencionais, o trabalho pedagógico oferecido pelos professores deve ser realizado pensando na necessidade educacional do educando. Para isso, as ações pedagógicas devem ser direcionadas para construção coletiva do PPP, permitindo a resolução de problemáticas na comunidade escolar. A escola procura estabelecer um olhar crítico da realidade com base nos estudos das disciplinas e da metodologia, procedendo assim os desenvolvimentos intelectuais para a formação de conhecimentos independentes. No sentido etimológico, o termo projeto vem do latim projectu que significa lançar para diante, ou seja, ao construirmos um projeto temos a intenção de fazê-lo acontecer. Segundo Alberto e Balzan (2008) o PPP é um documento de orientação das atividades escolares, funciona como um direcionador de ações a serem desenvolvidas em cada instituição de ensino, definindo as suas metas para que as práticas pedagógicas se tornem melhores. O PPP é o planejamento global de uma instituição escolar, e a partir dele são elaborados o plano de ensino ou plano de curso, que de acordo com Libâneo (1994) é um roteiro que organiza as unidades didáticas para um ano ou semestre; e o plano de aula que é um detalhamento do plano de ensino levando em consideração que a aula é um período variável. Os três planos (PPP, de ensino e de aula) são as bases para uma instituição escolar, contribuindo para organização e o direcionamento durante o ano letivo. O PPP é um ato de planejamento que reúne ações a serem realizadas ao longo do período letivo (MALHEIRO, 2005). É o guia, a direção, um documento definido coletivamente, por isso também é um projeto político por estar articulando o compromisso sócio-político com os interesses reais de todos os envolvidos. Alberto e Balzan (2008) definem a palavra político no PPP como direcionamento da formação de alunos no meio social, pois o projeto está inserido numa instituição de ensino, e assim é construído coletivamente envolvendo professores, alunos e funcionários. A palavra pedagógico indica que a instituição, por meio do PPP, tem por objetivo desenvolver o senso crítico e a criatividade do ser humano que se formará à medida que as etapas do processo de ensino-aprendizagem forem concluídas. Libâneo (1994) afirma que o PPP é importante para o educando porque é nele que está inserido a aprendizagem. Dessa forma, o PPP precisa ser elaborado pelos professores, alunos e toda comunidade escolar numa integração dinâmica das relações sociais, e considerar que o meio escolar está relacionado
5 com as influências econômicas, políticas e culturais que caracterizam as classes sociais. O envolvimento de toda a comunidade escolar na elaboração e planejamento do PPP o torna a atividade de reflexão em respostas das nossas opções e ações, de que se não pensarmos criticamente sobre o caminho que devemos dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos interesses da sociedade dominante. Metodologia Este trabalho é parte de um projeto (PIBID Biologia-UnU Itapuranga) em que são desenvolvidas atividades no qual a metodologia se configura nos moldes da abordagem qualitativa, sendo que a coleta de dados se deu através da observação participante e da análise documental (LUDKE; ANDRÉ, 1986). Para a análise do PPP nos amparamos nas bases metodológicas da pesquisa documental, que de acordo com Martins (2006) é necessária para o melhor entendimento do caso e também para corroborar evidências coletadas por outros instrumentos e outras fontes, possibilitando a confiabilidade de achados através da triangulação de dados e resultados. A análise documental constitui uma técnica importante na pesquisa qualitativa, seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema (LUDKE; ANDRÉ, 1986). A análise se constituiu em duas etapas, a saber: 1) compreensão da estrutura organizativa do documento na apresentação das propostas; 2) evidenciação de pontos de discussão que de alguma forma não apresentavam clareza diante da nossa interpretação. Para a análise e discussão dos dados foram consultadas bibliografias sobre o planejamento escolar que serviram de base teórico-metodológica. Resultados e Discussão Ao analisar o PPP identificamos que o mesmo apresenta as seguintes subdivisões: Identificação de Unidade Escolar (aspectos legais); Justificativa; Visão Estratégica; Metas e Ações; Filosofia da Unidade Escolar; Objetivos Gerais; Objetivos Específicos; Estrutura (organizacional); Recursos Materiais; Recursos Humanos; Recursos Financeiros; Aspectos pedagógicos; Metodologia de Ensino; Unidades Complementares; Funcionamento da Unidade Escolar; Avaliação da Proposta Política Pedagógica; e Bibliografia. O objetivo geral do PPP De acordo com o PPP da escola-parceira, o mesmo foi elaborado com base nos pressupostos teóricos de Paulo Freire 2, sendo por isso nomeado Projeto Político Pedagógico Paulo Freire. No documento encontramos como objetivo geral da (re)elaboração do projeto a mudança da avaliação tradicional, como podemos observar na citação á seguir: 2 Paulo Freire foi um dos pensadores mais notáveis da educação brasileira, é autor de várias obras, dentre elas destacam-se: Pedagogia do Oprimido (1987), Pedagogia da autonomia (1996), Pedagogia da esperança (1992).
6 O projeto político pedagógico Paulo Freire tem como objetivo a mudança na tradicional avaliação periódica tornando-a um processo contínuo e cumulativo, onde serão observados os conhecimentos já adquiridos pelo estudante e também a valorização de sua cultura, orientando-o para um crescimento global. E a recuperação acontecerá de forma contínua e cumulativa (PPP, 2012, p. 58). Evidenciamos de acordo com a citação acima, que o foco das novas orientações para o ano letivo de 2012 é a avaliação da aprendizagem. Deste modo, o documento especifica que a avaliação deve ser compreendida como processual e cumulativa, valorizando a cultura do educando. No entanto nos objetivos específicos não há elementos relacionados ao processo avaliativo como se propõe no objetivo geral. Procedendo com a análise, no subtítulo metas o documento retoma o objetivo: Fazer uma avaliação cumulativa direta e constante em todos os momentos dentro da sala de aula, observando a atividade do aluno (p.60). Percebemos o termo avaliação cumulativa direta, nesse sentido nos questionamos: mas qual seria a compreensão do corpo docente sobre a avaliação cumulativa direta? A partir dessa perspectiva, como são elaboradas as atividades e como são avaliadas? Deste modo, nos voltamos para a compreensão das atividades propostas para o ano letivo de Atividades propostas para o ano letivo O PPP apresenta ações e projetos planejados para serem executados durante o ano letivo. As atividades propostas estão discriminadas em um cronograma que encontra-se em anexo no referido documento. O PPP como documento explicita a diversidade de atividades extracurriculares a serem desenvolvidas durante o ano letivo. Assim, identificamos que o PPP da escolaparceira corrobora com essa necessidade. Essas atividades são propostas pelos professores na reunião anual de planejamento. Para tanto, o professor que se propõe a desenvolver o projeto apresenta um esboço geral da sua proposta aos demais colegas para a avaliação e sugestão dos mesmos. Caso ocorra necessidade de modificações o seu projeto é readequado e ao ser finalizado deve ser anexado ao PPP. No subtítulo Ações identificamos as seguintes propostas de atividades: palestras (dia da mulher; auto-estima; sexualidade; prevenção às drogas; violência; metodologia de ensino; ressignificação estruturação escolar; família, valores e ética; teste vocacional; meio ambiente; o verdadeiro sentido de Natal). Também estão presentes ações pedagógicas (ciclos de estudos e planejamento; conselho de classe; conselho escolar; reforço em língua portuguesa; oficinas de produção de texto e de matemática; Olimpíada de Matemática de Física, e Língua Portuguesa e um simulado). Datas comemorativas também são propostas, como: dia das Mães; do Índio, Páscoa, dos Pais, Semana da Pátria, dos Professores; dia Nacional da Consciência Negra - Lei As Feiras de Ciências, Semana Esportiva, Festa Junina, Gincana de Conhecimentos Gerais, Projeto de Biologia (saúde e prevenção), Projeto de Danças Culturais e Jornal da Escola aparecem como projetos de ação.
7 Apesar das atividades estarem discriminadas como ações a serem implementadas durante o ano letivo, e de haver um cronograma de execução, não encontramos no PPP as especificações de cada proposta, ou até mesmo os projetos anexados ao PPP, o que acabou dificultando as nossas interpretações acerca dos objetivos e metodologias das referidas ações. Corpo Docente, formação profissional e disciplinas ministradas O corpo docente do Colégio é composto por 35 professores de acordo com o quadro demonstrativo do corpo docente (PPP, 2012, p. 38). Destes, de acordo com o documento cedido pela secretaria da escola-parceira que explicita a modulação dos professores, vários professores ministram disciplinas que não estão de acordo com sua área de formação, conforme podemos observar no Quadro 2, a seguir: Quadro 2: Formação profissional e disciplinas ministradas Formação profissional Magistério Lic. em História Lic. em História Graduado em Farmácia Lic. Plena em Geografia e Lic. em Matemática Graduada Biologia e Matemática e Lic. Plena Matemática Lic. em Geografia Disciplinas ministradas Matemática Geografia/ Sociologia Inglês/História Filosofia/ Sociologia Física, História Física Química Química Biologia Espanhol Química/Física Química/ Física Espanhol Matemática/Física Matemática/ Sociologia Artes Educação Física Fonte: Quadro demonstrativo do corpo docente compatibilizado com a matriz curricular. Reconhecimento Ensino Médio; Resolução CEE/CEB nª 905 de 10/10/2008. De acordo com a LDBEN (9394/96), em seu artigo 62, os docentes do ensino fundamental e médio devem possuir formação de nível superior em licenciatura. Nesta perspectiva, identificou-se imediatamente um enorme déficit de licenciados para a Educação Básica em todo país, principalmente nas disciplinas de Biologia, Física, Química e Matemática. Este fato pode ser observado também
8 no Estado de Goiás onde cerca de 19 mil professores até o ano de não possuíam formação de nível superior. Contudo, a promulgação do artigo 62 trouxe consigo lacunas que deram margem a atos permitidos por lei, como é o caso de escolas estaduais e municipais que se veem obrigadas a aderirem à contratação de pessoas que muitas vezes ainda estão em processo de formação inicial, ou ainda, são formados em outras áreas do conhecimento, ou até mesmo, assumem a sala de aula como emprego momentâneo. Nesse sentido questionamos: como um profissional que não vivenciou uma formação embasada nas especificidades do conhecimento biológico e tampouco das atividades pedagógicas sobre esse conhecimento, poderá exercer essa atividade com compromisso político e social? Essa questão implica na desvalorização da carreira docente, alimentando a ideia de que qualquer profissional pode dar aula, basta ter um conhecimento básico da referida disciplina. As Instituições de Ensino Superior (IES) públicas não aumentaram expressivamente o número de vagas dos cursos de licenciatura, e deram abertura para que os IES particulares se tornassem indústrias de diplomas para licenciados (FRIGOTTO; CIAVATTA, 2004). Em Goiás, cabe ressaltar, que existem cerca sete IES sendo, quatro da iniciativa privada, que oferecem cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas. Na cidade de Itapuranga encontra-se uma Unidade Universitária do Estado de Goiás que oferece cursos de licenciatura em Ciências Biológicas, Geografia, História e Letras. Podemos citar ainda a formação aligeirada, um fato permitido por lei (LDB, art. 63, inciso I; Parecer CNE nº 04/97), pelo mero complemento de estágio em sala de aula para quem possui diploma de Ensino Superior em qualquer área do conhecimento, como apresenta o Título VI, que se refere aos Profissionais da Educação, no artigo 61 da LDBEN: Art. 61. A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: I - a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; (BRASIL, 1996, grifo nosso). Essa lei possibilita que o profissional formado em outras áreas e que esteja no exercício da docência torne-se professor por meio da realização de um curso de formação docente de 540 horas. Destas, 300 horas são de prática de ensino, que poderão ser aproveitadas mediante a capacitação em serviço, em outras palavras, a formação docente se dará pela realização de um curso de apenas 240 horas. Considerações Finais O PPP é de suma importância para a escola, pois a partir do momento que ocorre a participação de todos os envolvidos diretamente com o âmbito educacional, no momento de sua elaboração, ele se tornará a base orientadora 3 Disponível em: < Acesso em: 12 de nov Tabela: Professores por Nível de Graduação. Fonte: MEC/INEP/SEE/SUDA.
9 da unidade escolar. É por meio deste, que os participantes demonstram seu comprometimento e refletem sobre o desenvolvimento do educando. Ao que se refere ao PPP da escola-parceira do PIBID-Biologia UnU Itapuranga, o mesmo apresenta todos os elementos necessários para compreender a estruturação pedagógica e administrativa das ações escolares. No entanto, evidenciamos que muitos elementos não apresentam objetivos, metodologias e avaliação, como é o caso dos projetos, por exemplo, de Feira de Ciências. Deste modo, nos questionamos: Como procede a avaliação das atividades, bem como sua execução? Um problema que identificamos está relacionado à incoerência entre a formação docente e as disciplinas ministradas que não condizem com a área de formação de alguns professores do quadro docente da escola-parceira. Infelizmente, essa não é uma realidade somente da referida escola como identificado nas pesquisas realizadas no sítio eletrônico do Secretaria da Educação do Estado de Goiás. Por fim, acreditamos que a análise do documento realizada pelo Grupo PIBID-Biologia (UEG-UnU Itapuranga) além da contribuição para a dimensão formativa dos futuros docentes e dos envolvidos com o processo de análise do PPP, contribuímos efetivamente com o processo avaliativo da referida proposta ao identificar pontos importantes que deverão ser discutidos pela comunidade escolar quando da (re)elaboração das ações para o ano seguinte. Agradecimentos A CAPES pela concessão de bolsas de estudos aos membros do PIBID subprojeto Biologia da Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Itapuranga-GO. Referências ALBERTO, J. L. M.; BALZAN, N. C. Avaliação de projeto político-pedagógico pelos funcionários: espaços e representatividade. Avaliação, Campinas; Sorocaba: São Paulo, v.13, n. 3, p , nov BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 20/12/1996. FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M. Educação Básica No Brasil na Década de 1990: subordinação ativa e consentida à lógica do mercado. Educação & Sociedade. Campinas, vol. 24, n.82, p , LIBÂNEO, J. C. Didática, São Paulo: Cortez, LUDKE, M.; ANDRÉ, M. E. A. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU, MARTINS, G. A. de. Estudo de Caso: uma estratégia de pesquisa. São Paulo: Editora Atlas S. A., MALHEIRO, J. Projeto político-pedagógico: Utopia ou Realidade?. Pesquisa em síntese. Ensaio: aval. Pol. Publ. Educ, v.13, n.46, p , Rio Janeiro, 2005.
10 PIMENTA, S. G. Professor reflexivo: construindo uma crítica. In: ; GHEDIN, E. (orgs.) Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica do conceito. 4.ed.São Paulo: Cortez, PPP. Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Deputado José Alves de Assis. Itapuranga-GO, VASCONCELLOS, C. dos S. Planejamento: Projeto de ensino-aprendizagem e projeto político-pedagógico. 16ª ed., Libertad Editora, São Paulo, 2006.
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