determinam o comportamento e as consequências do comportamento no contexto de interação, ou seja, na relação funcional dos comportamentos.
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- Luciana Castilho da Fonseca
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1 Psicoterapia comportamental infantil Eliane Belloni 1 A psicoterapia comportamental infantil é uma modalidade de atendimento clínico que visa propiciar mudanças no comportamento da criança a partir de uma proposta de intervenção cujos princípios baseiam-se na Análise do Comportamento. Tal intervenção, tem suas bases na filosofia behaviorista radical proposta por seu mentor, B.F.Skinner. Esta filosofia, diferentemente do que um leigo poderia pensar, não se baseia numa postura radicalista, uma vez que a palavra radical, está ligada ao significado de ir às raízes; à base, ao fundamento, à origem de qualquer coisa. Buscar as causas do comportamento na sua origem, é de acordo com a proposta skinneriana, pensar sempre em três grandes instâncias : a filogênese, segundo a qual, a nossa interação com o meio advém da evolução de nossa espécie( neste sentido, certos comportamentos poderão ser aprendidos pelos humanos, outros não). Além desse aspecto, padrões determinantes filogenéticos poderão estar ligados diretamente ao indivíduo e será a base sobre a qual o organismo irá interagir com o meio, formando o que vem a ser a individualidade. O segundo nível de causalidade a que Skinner se refere, e sobre o qual desenvolve sua teoria do operante ( as consequências produzidas pelo comportamento é que faz com que ele se mantenha) é o nível ontogenético. Neste nível, a análise aborda o comportamento em interação com o meio durante a vida do organismo, mais especificamente, a aprendizagem do organismo em contato com o meio. Segundo Skinner, a Psicologia como 1 Psicóloga, mestre em Psicologia e Sociedade(UNESP/Assis), docente da UniFil/Londrina-Pr.
2 ciência do comportamento deveria se ocupar de estudar tal interação, uma vez que é dela que surge o que chamamos de subjetividade. É das interações entre organismo e meio que temos o que chamamos pessoa, e delas resulta estados subjetivos e emoções. Por fim, Skinner se refere ao terceiro nível de causalidade, conhecido por Ontogênese sociocultural ou simplismente nível sociocultural. Nele, Skinner diz estar contidas as variáveis grupais responsáveis por reforçar ou não padrões comportamentais específicos para a sobrevivência daquele grupo social. Assim, de forma sucinta, temos os três níveis de análise para explicar as causas dos comportamentos humanos. Observa-se que o ponto fundamental para o analista do comportamento é a importância dada para a interação do organismo com o seu meio. Dessa forma podemos dizer que numa análise comportamental baseada nos princípios do behaviorismo radical o que de fato importa não é a topografia do comportamento, ou seja a forma como o comportamento se apresenta, mas a função do comportamento no contexto específico.por isso, a metodologia de trabalho utilizada pelo analista do comportamento é a análise funcional. O conceito de análise funcional caracteriza a intervenção dos psicólogos comportamentais na clínica, independente da faixa etária da pessoa atendida; é a mola-mestra que propicia o estudo do comportamento e norteia as intervenções do terapeuta. A psicoterapia comportamental infantil guarda as mesmas características,ou seja, busca entender que os comportamentos desadaptativos trazidos como queixa na psicoterapia infantil, são, em última análise, funcionais para o contexto familiar, escolar, social, etc, onde ocorrem. Ser funcional significa que aquele comportamento está numa relação específica com o meio onde ocorre e está sendo mantido por consequências. Isto também não significa que as pessoas envolvidas com as consequências saibam que cooperam para a manutenção dos problemas, isto é, elas não discriminam, não percebem sua participação, portanto de maneira mais
3 coloquial pode-se dizer então que não têm consciência do quanto colaboram para com a manutenção do problema em questão, uma vez que não percebem as relações funcionais existentes na manutenção do comportamento problema. Para ter uma compreensão mais abrangente dos comportamentos problemas e das relações funcionais estabelecidas entre o comportamento da criança e o contexto de interação, o psicólogo lança mão da anamnese, que nada mais é que um levantamento de dados sobre o histórico de vida da criança e o histórico da queixa trazida. Este passo é fundamental para se traçar quaisquer propostas de intervenção junto à criança. Quanto ao diagnóstico, este se caracteriza por ser constante durante o processo terapêutico. Não se resume a uma fase estanque, todavia, parece estar localizado no início, pois é nesse momento que hipóteses são levantadas para nortear o trabalho do psicoterapeuta, e se caracteriza mais como processo do que como uma fase distinta deste processo, pois como o comportamento é multideterminado probabilisticamente, o comportamento alvo pode mudar de função e novas leituras deverão ser feitas por parte do psicoterapeuta, necessitando assim de novos diagnósticos. Segundo Lettner (1988), a psicoterapia comportamental infantil é uma modalidade psicoterápica reeducativa, dirigida à criança e seus relacionamentos com o meio, preenchendo uma lacuna existente, uma vez que os modelos tradicionais, predominantemente interpretativos, não atingiam a maior parte da população infantil problemática. Sua prática está baseada em paradigmas de aprendizagem, metodologia científica de análise e técnicas empiricamente constatadas como eficientes. O conjunto de princípios comportamentais orienta a prática psicoterapêutica, bem como a visão que se tem dos chamados comportamentos normais e anormais, uma vez que, de acordo com a proposta comportamental, ambos são adquiridos pelos mesmo princípios de aprendizagem. Sem desconsiderar a influência das variáveis constitucionais e orgânicas, a importância maior recai sobre as variáveis situacionais que
4 determinam o comportamento e as consequências do comportamento no contexto de interação, ou seja, na relação funcional dos comportamentos. Quanto aos objetivos da psicoterapia infantil, estes podem ser subdivididos em dois grupos: um trabalho tendo por foco diretamente a criança e um trabalho do profissional como intermediário entre a criança e seu contexto, isto é, entre a criança e outras pessoas de seu meio de convívio que poderão facilitar o aparecimento de padrões comportamentais considerados desajustados. Pode-se ressaltar que a psicoterapia comportamental infantil, além de possuir uma metodologia própria, considera que os procedimentos psicoterápicos têm um efeito duplamente significativo ao compreender o psicoterapeuta não só como modelo, mas como agente reforçador no contexto terapêutico. Além disso, o programa de intervenção é sempre individualizado. Isto é, cada criança é atendida considerando-se as características específicas de seu desenvolvimento e considerando-se a pecualiaridade de sua história de vida, as condições em que vive e atua. Importante salientar que o plano de intervenção em psicoterapia comportamental infantil busca integrar os vários aspectos do desenvolvimento humano: motores, cognitivos, sociais, emocionais, verbais e possui um caráter educativo e profilático, uma vez que se entende que mudar comportamentos não significa mudar a topografia dos mesmos, ou como os leigos falam substituir sintomas. Mudar comportamentos significa ajudar a criança a se tornar consciente, discriminar a função dos comportamentos em sua própria vida e decidir mudá-los para obter uma vida melhor. Para tanto, cabe ao psicoterapeuta intervir junto ao contexto social da criança(pais, escola) e sair, portanto, de uma relação unicamente diádica, na qual nem sempre se alcança a eficácia desejada no tratamento. A criança é vista como parte de um sistema social integrado, não como um ente isolado que carrega consigo os problemas independentemente do contexto de interação.
5 Apesar de não restar mais dúvidas quanto à eficácia da Psicoterapia Comportamental na sua prática clínica com crianças,, uma vez que se respalda em referencial teórico científico e tem um campo conceitual e técnico-empírico satisfatório e compatível com a ética humana, ainda assim observa-se alguns equívocos quanto a interpretação que psicólogos e não psicólogos têm dado a ela. Alguns dos principais equívocos: a) em psicoterapia comportamental infantil trabalha-se com a criança como se fosse um infra-humano; b) não se considera sentimento, porque este faz parte do mundo interno e a análise do comportamento não se preocupa com isto, sua preocupação é com comportamentos visíveis; c) a terapia comportamental infantil é tida como mecânica, uma vez que a ênfase se dá nas técnicas e não na relação terapeuta-cliente. É preciso, portanto, deixar claro que a Psicoterapia Comportamental Infantil é uma modalidade de atendimento psicoterápico que cumpre o seu papel social de promoção de qualidade de vida, uma vez que seu compromisso maior é com o ser humano em toda sua extensão e com a Psicologia como Ciência. Bibliografia Lettner, H. Manual de Terapia Comportamental.São Paulo: Manole MOREIRA,M.B.; MEDEIROS,C.A. Princípios Básicos de análise do comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2007.
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