Resumo Aula-tema 03: Desenvolvimento Econômico da China
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- Thiago Galvão da Cunha
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1 Resumo Aula-tema 03: Desenvolvimento Econômico da China Esta aula trata da história econômica e do processo de desenvolvimento da China, país que se tornou a segunda economia do mundo, atrás dos Estados Unidos, mas que, em termos de PIB per capita, continua sendo uma economia bem distante das chamadas economias desenvolvidas e de outras economias emergentes. Vamos analisar os principais fatores que possibilitaram o crescimento econômico da China e suas perspectivas futuras em termos de desenvolvimento humano, competitividade e sustentabilidade ambiental. A China é uma das civilizações mais antigas do mundo com existência contínua, existem documentos sobre a fundação de cidades-estado independentes que foram unificadas por volta de 221 A.C. O país alternou períodos de unidade e fragmentação e recebeu influências culturais e políticas de diversas partes da Ásia, levadas por ondas sucessivas de imigrantes. O Tratado de Nanquim foi firmado entre a China e a Grã-Bretanha em 1842, como condição para o encerramento da primeira das Guerras do Ópio, determinando, entre outros aspectos, a liberdade de moradia de cidadãos ingleses em Cantão, Fuzhou, Xiamen, Ningbo e Xangai. Cedia, também, a posse de Hong Kong por tempo indeterminado para Rainha Vitória da Inglaterra e seus sucessores. Recentemente esta cidade voltou a fazer parte da República Popular da China. A República Popular da China foi fundada em 1949, pelo Partido Comunista Chinês (PCC) comandado por Mao Tsé-Tung. Entre 1957 e 1958, implantou um plano denominado Grande Salto, buscando a industrialização do país e a reforma agrária, levando milhões de pessoas de volta ao campo. Do ponto de vista social, o governo implantou medidas de controle da natalidade, cotas de consumo e coletivização da propriedade privada. As casas passaram a ser divididas por várias famílias, as pessoas usavam roupas padronizadas de cor azul e recebiam vales para aquisição de uma cesta padrão de alimentos e bens de consumo não duráveis 1, toda a população recebia treinamento militar. 1 Uma boa descrição sobre esta fase da China pode ser lida no livro HENFIL. Henfil na China: antes da Coca-Cola. Rio de Janeiro: Codecri, 1981.
2 Por outro lado, Mao Tse-Tung rompeu com a antiga União Soviética, que deixou de auxiliar financeiramente e com tecnologia a economia chinesa. Como resultado, o Grande Salto fracassou, pois as indústrias não eram competitivas e a agricultura era atrasada, levando à escassez e à fome em massa. A China era um país de baixo índice de desenvolvimento econômico e social. Mao Tse-Tung também promoveu a Revolução Cultural ( ), que mobilizou as massas contra as velhas lideranças do Partido Comunista Chinês e possibilitou a ele dirigir o país de forma ditatorial. Esta fase se encerrou em 1976 com a morte de Mao. Assume o poder Deng Xiaoping, que inicia um período de reformulação dos rumos econômicos e sociais da China, que alteraram substancialmente o desenvolvimento e o crescimento, levando o país a ter uma nova inserção na economia internacional. A China manteve a estrutura política de partido único e não há uma oposição formal ao PCC, o que diferencia e distancia o regime político chinês daqueles praticados pela maioria das economias ocidentais. A China hoje tem uma economia integrada com o mundo, tanto em termos de comércio externo, como em termos de fluxos de capitais para investimentos diretos (IDE), o que ajuda a explicar a sua taxa de crescimento do PIB durante as últimas três décadas. Em suma, a economia da China, durante os últimos 30 anos, mudou de um sistema de planejamento central para uma economia voltada para o comércio externo, com grande crescimento do setor exportador, tornando-se um importante país na determinação da dinâmica do comércio mundial de bens e serviços, com mais de 6% do total das exportações mundiais. A China deixou de ser um país subdesenvolvido, com problemas econômicos e sociais graves, para se tornar uma economia emergente, uma candidata a nova potência mundial. Mas vejamos como isto foi feito. As reformas iniciadas no final dos anos 1970 eliminaram gradualmente o sistema de agricultura coletiva, liberaram os preços dos produtos, deram autonomia para a atuação das empresas estatais, iniciaram uma reforma do sistema bancário e possibilitaram o desenvolvimento do mercado acionário chinês. Tudo isto possibilitou o crescimento do setor não estatal e a abertura comercial e financeira, atraindo cada vez mais empresas multinacionais dispostas a produzir no país utilizando a mão de obra barata e que não faz exigências trabalhistas importantes. Um exemplo disto está no
3 fluxo de investimento direto estrangeiro (IDE) em 2007, que foi de cerca de US$ 84 bilhões de dólares. O crescimento do PIB per capita na China foi em média de 8% ao ano desde 1980, mas como vimos acima, está muito abaixo das economias desenvolvidas. O crescimento do PIB Total deste país tem sido elevado, alcançando taxas acima de 11% em vários anos. Entre 1990 e 2007 o PIB chinês cresceu em média 9,96% ao ano. Os setores que mais crescem são a indústria e os serviços. Estes dados estão detalhados na Tabela 9 do capitulo 2 do livro-texto. O PIB chinês medido pela Paridade de Poder de Compra (PPC) representou até % do PIB Mundial. Esse país detinha até % das exportações mundiais de produtos manufaturados de todos os tipos. Esses dados estão na Tabela 1 abaixo. Tabela 1 Participação percentual do PIB Mundial (PPC) e nas exportações Fonte: DAMASCENO, et al., (PLT - Capítulo 2) Esse crescimento chinês foi puxado pela grande Formação Bruta de Capital Fixo, ou seja, pelos investimentos em construção de fábricas, compra de equipamentos e infraestrutura básica. A formação bruta de capital Fixo na China manteve-se em patamares acima do 30% do PIB, sendo que a média anual de 1990 até 2007 foi de 35,5% (Tabela 8 do livro-texto). Quando se analisa a formação bruta de capital doméstico, ou seja, o investimento financiado das empresas chinesas, esse valor atinge 39% em média. O que significam esses números? Que em média 40% do PIB chinês é gerado por atividades ligadas à construção de fábricas, modernização das indústrias, melhoria na infraestrutura do país, moradias, etc. A China tem sido um grande canteiro de obras, onde são construídas fábricas de grandes multinacionais de todos os setores e de várias origens.
4 A Tabela 2 mostra a participação percentual dos principais países que tem investindo em atividades econômicas na China. Deve-se destacar a importância de Hong Kong como origem de mais de 50% dos recursos por ser esta cidade um importante centro financeiro e sede de uma das maiores bolsas de valores do mundo. É necessário destacar também a elevação dos investimentos dos Estados Unidos, do Japão e da Coréia, grandes potencias industriais que tem instalado subsidiárias de empresas de vários setores na China. Tabela 2 Distribuição Percentual dos Principais Investidores Diretos na China Fonte: DAMASCENO, et al., (PLT - Capítulo 2) O investimento direto externo na China foi aumentando até 2010, mas os investidores têm fortes críticas ao país por conta da corrupção e da burocracia estatal vigente, que dificultam os negócios. É verdade que estas dificuldades são compensadas pelos baixos custos de mão de obra e pelo aumento da qualificação da população. Como destacamos acima, a China respondeu até 2010 por cerca de 6% das exportações mundiais de produtos industriais de vários tipos. Até alguns anos os produtos chineses exportados eram de baixo preço e de baixa qualidade. A China exportava principalmente produtos industriais básicos, como calçados, roupas e eletrônicos simples. Atualmente, este país já está exportando produtos de maior valor agregado como carros, eletrônicos, químicos etc. A Tabela 3 abaixo mostra os principais destinos destas exportações e algumas alterações com relação aos anos Deve-se destacar o aumento da participação dos Estados Unidos e do Japão, por conta do aumento do número de indústrias destes países produzindo na China para exportar para suas sedes.
5 Tabela 3 Distribuição Percentual dos Principais Destinos das Exportações da China Fonte: DAMASCENO, et al., (PLT - Capítulo 2). Do ponto de vista das importações chinesas, pode-se ver, pela Tabela 4, que não existem grandes mudanças nos parceiros comerciais. O Japão é o país que mais vende para a China, seguido da União Européia e de Taiwan. A China importa destes países máquinas e equipamentos com tecnologia que ainda não tem e os utiliza para fabricação para exportação. A China tem um papel significativo na importação de bens primários, sendo um dos principais compradores de minérios, soja, açúcar, entre outros produtos básicos. Seus parceiros nestas transações são o Brasil, Argentina, Austrália e países da África. Tabela 4 Distribuição Percentual das Principais Origens das Exportações da China Fonte: DAMASCENO, et al., (PLT - Capitulo 2). O desenvolvimento econômico chinês tem sido mais rápido nas províncias costeiras do que no interior, e cerca de 200 milhões de trabalhadores rurais e seus dependentes foram realocados para as zonas urbanas com o objetivo de encontrar emprego. Em outras áreas do país ainda predomina uma população residente no campo, com baixa educação e baixa renda. Esse crescimento da economia tem sido afetado por causa do impacto da crise na Europa desde 2011 e do arrefecimento da economia americana. A China tem registrado um descenso de suas exportações líquidas da produção industrial e dos investimentos em ativos fixos.
6 As previsões do Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD) é que a economia da China crescerá 8,2% em 2012 e 8,5% em 2013, abaixo dos 8,5% e 8,7% que foi previsto em abril de Dada a política demográfica baseada na regra de que cada família só pode ter um filho, percebe-se que a China é hoje um país com um rápido envelhecimento da população, o que se torna mais grave por conta da ausência de uma política planejada de seguridade social, como aposentadoria e assistência médica. Em suma, o governo chinês enfrenta ainda inúmeros desafios de desenvolvimento econômico, incluindo: a necessidade de crescimento sustentado do nível de emprego para inserir dezenas de milhões de imigrantes, novos ingressantes na força de trabalho e empregados egressos de empresas estatais, formulação e implementação de uma política social e ambiental que seja adequada às demandas de uma economia em rápida e crescente transformação, e redução dos níveis de corrupção. Conceitos Fundamentais Investimento Direto Estrangeiro (IDE): Aquisição de empresas, equipamentos, instalações, estoques ou interesses financeiros de um país por empresas, governos ou indivíduos de outros países. O investimento de capital estrangeiro pode ser direto, quando aplicado na criação de novas empresas ou na participação acionária em empresas já existentes, e indireto, quando assume a forma de empréstimos e financiamentos a longo prazo. Produto Interno Bruto medido pela Paridade de Poder de Compra (PIB ppc): Esse indicador é o PIB Total de um país ajustado pela taxa de câmbio para eliminar os efeitos das taxas valorizadas e desvalorizadas de cada país. Este indicador permite uma melhor comparação dos dados de cada país. Assim, nos países em que o dólar compra mais produtos, como nos Estados Unidos, o PIB ppc é maior do que o corrente ou nominal. Naqueles países em que o dólar tem menor poder de compra, o PIB ppc é menor do que o corrente ou nominal.
7 Valor nominal ou corrente: É o valor do PIB de um dado ano fiscal, que sofre os efeitos da inflação e da desvalorização da moeda. É diferente do valor REAL, do qual são retirados os efeitos monetários da inflação, taxa de juros. Referências Asian Development Bank. Disponível em: < Acesso em: 18 Jul DAMASCENO, Aderbal O. D. et al. Desenvolvimento econômico. 1ª ed. Campinas: Alínea, SOUSA, Nali de Jesus de. Desenvolvimento econômico. 5ª ed. São Paulo: Atlas, VIAN, Carlos E. F.; PELLEGRINO, A. C.; PAIVA, C. C.. Economia: fundamentos e práticas aplicados à realidade brasileira. 1ª ed. Campinas: Alínea, 2005.
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