COMO NÃO PASTOREAR O REBANHO DE DEUS

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1 COMO NÃO PASTOREAR O REBANHO DE DEUS Sérgio Franco Q ualquer líder que pastoreia pessoas, tenha ou não o título de "pastor", sempre foca os problemas das ovelhas e não os seus próprios; raramente alguém avalia seu próprio trabalho e dificuldades. Recordo-me de alguns homens e mulheres, ministérios de Deus, que passaram e ainda passam muitos momentos de embates, confrontos, desânimos etc. e, invariavelmente, estão com os olhos postos para fora de si mesmos, apenas preocupados com os outros. Raramente alguém para e avalia sua própria vida. Quando o apóstolo Pedro, em sua epístola, orienta os pastores sobre como proceder diante do rebanho de Deus, primeiramente ele diz o que não devem fazer. Isso é importante, pois eliminamse várias coisas que estão erradas ou em demasia no trabalho pastoral. Se algo está sendo feito de maneira incorreta, certamente dará errado, seja para si mesmo ou para outrem. O pastor americano Philip Wagner publicou em seu Blog ( um interessante e inspirador artigo sobre a difícil tarefa de ser pastor. Ele começa dizendo que Peter Drucker, uma espécie de guru de liderança, disse que os quatro trabalhos mais difíceis na América são: Presidente dos Estados Unidos, Reitor de Universidade, Diretor de Hospital e Pastor. Wagner achou estranha a afirmativa, pois pastores amam a Deus, amam as pessoas, oram por elas, levam-nas a uma fé pessoal em Jesus, ensinam a Palavra de Deus, portanto, deveria ser o trabalho dos sonhos. Já imaginou você poder ler a Bíblia todos os dias, ter tempo para orar, brincar, sair com sua família, passear não deveria ser trabalho difícil. Todavia, diz Wagner, aqui está o segredo: ser pastor é trabalho duro, não é para os fracos. O trabalho pastoral tem desafios únicos e muitos se desgastam tentando ajudar as pessoas. Muitos ferem suas famílias por causa do ministério pastoral. Creio estar certa esta afirmação, pois a Bíblia sempre mostra a figura do pastor como a de um guerreiro, um lutador. Moisés, quando soube que seria substituído, orou a Deus pedindo por um pastor para que o povo não ficasse disperso e Deus levantou a Josué que era, antes de tudo, um guerreiro, um valente: Números 27:15-18: "Então, disse Moisés ao SENHOR: O SENHOR, autor e conservador de toda vida, ponha um homem sobre esta congregação que saia adiante deles, e que entre adiante deles, e que os faça sair, e que os faça entrar, para que a congregação do SENHOR não seja como ovelhas que não têm pastor. Disse o SENHOR a Moisés: Toma Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e impõe-lhe as mãos..." Página 1

2 Davi também era um pastor valente e guerreiro, assim como o próprio Senhor Jesus que afirmou que o "bom pastor dá a vida pelas ovelhas" (João 10:11). Diferente do mercenário, que era apenas um pastor profissional e cuidava das ovelhas pelo salário que recebia, mas que não enfrentava os lobos na hora de defendê-las. Quando alguém realmente tem um chamado pastoral, ele luta até o fim pelas ovelhas, receba ou não benefícios por isso. O ministério pastoral é realmente um trabalho árduo e desgastante em prol das ovelhas e muitos acabam ferindo a si mesmos e às suas famílias por esta causa. Não é raro encontrarmos expastores, homens que se aposentaram prematuramente no ministério por estarem abalados, frustrados e desgastados em todos os sentidos. Na pesquisa realizada por Wagner, ele apresenta a realidade das igrejas nos EUA, onde, aproximadamente, 85% têm menos de 200 pessoas; 60% têm menos de 100 pessoas. A congregação de tamanho médio nos EUA é de 89 pessoas, de acordo com o Grupo Barna. São poucos os líderes e muitas as necessidades. Em muitas situações, o pastor é um professor de Bíblia, contador, estrategista, visionário, técnico em informática, conselheiro, orador público, dirigente de culto, guerreiro de oração, mentor, instrutor de liderança e o captador de recursos financeiros. Muitos pastores se sentem frustrados por não verem o rebanho multiplicando apesar de seu trabalho e esforço. Mas, o principal problema é que olhamos para as ovelhas como pessoas que sempre precisam ser assistidas, pastoreadas, e não como pessoas que podem ajudar a pastorear a outros também. Em Mateus 9:37,38, quando Jesus manda os discípulos orarem ao Pai pedindo por trabalhadores, ele estava se referindo a pessoas dentre a multidão e não aos discípulos que estavam com ele, que já eram potencialmente pastores. Muitos se frustram com números porque querem ter muitos discípulos mas não os veem como futuros pais e, sim, eternas ovelhas e seguidoras. Esse é um problema de paternalismo e não de paternidade, pois não enxergam as ovelhas como futuros pais e se sobrecarregam. Se ressentem ao não ver crescimento numérico em seu trabalho, comparando-se com outros que crescem rapidamente. A pesquisa diz que 90% dos pastores consideram o ministério como algo completamente diferente do que imaginavam quando iniciaram, ou seja, tiveram suas expectativas frustradas. Existem dois tipos de entendimento ou conceitos acerca dos pastores: um, que os veem como profissionais, usam terno, fazem seminário, fazem de tudo na igreja etc. Outro, que os veem como pessoas que se relacionam, apascentam, tocam as pessoas etc. A pesquisa americana se refere mais ao primeiro tipo. Entretanto, existem ministérios feridos nos dois tipos. Ainda, segundo a pesquisa, 70% dos pastores têm mais baixa autoimagem agora do que quando começaram. O que me parece é que antes de iniciar o ministério esses pastores tinham um conceito muito elevado de si mesmos e, ao trabalharem, esse conceito foi diminuindo. Nesse caso é melhor que não tenhamos essa autoimagem, permitindo que Jesus tenha toda liberdade para formar a imagem dele em nós. O que nos cabe é o que João Batista disse: "Importa que ele cresça e que eu diminua" (João 3:20). Página 2

3 Finalmente, a pesquisa relata que: 40% dos pastores têm problemas com algum membro da igreja pelo menos uma vez ao mês; 85% queixam-se que seu maior problema é o cansaço em lidar com pessoas problemáticas, principalmente presbíteros, diáconos, líderes de louvor, equipes de louvor, conselheiros e outros pastores descontentes com alguma coisa; 40% dizem que pensaram em deixar o pastorado nos últimos três meses; 70% não têm alguém que considerem como amigos próximos; 50% dos que começam o ministério não permanecem por mais de cinco anos; 70% dizem que Deus os chamou ao ministério pastoral antes de ter começado, entretanto, após três anos pastoreando, apenas metade permanece crendo nesse chamado; 50% dos pastores se sentem tão desanimados que deixariam o ministério a qualquer momento se pudessem, mas não têm outra maneira de se sustentarem. 45,5% dizem que têm depressão ou esgotamento, necessitando parar ou tirar licença. As causas apontadas pelas situações acima, que são válidas para os dois tipos ou modelos pastorais, são as seguintes: Primeiro, as críticas. Pastores podem ser criticados por um monte de gente e por uma infinidade de coisas. Tudo que não funciona ou acontece de ruim é por culpa do pastor. A música é muito alta. A adoração está levando muito tempo. O sermão não é profundo o suficiente e é muito longo. O pastor se acha muito importante: levei 3 semanas para conseguir que ele me atendesse. O pastor fala demais sobre dinheiro. Posso falar com você por um minuto, pastor?. Essa simples pergunta pode levar um pastor a pensar: O que foi agora? Nós, pastores, precisamos encontrar uma maneira de não aceitar críticas pessoalmente e aprender com as verdades que poderiam estar escondidas nas mesmas. Segundo, a rejeição. "Se alguém sai da igreja é porque está rejeitando o pastor". Isso gera sentimentos de culpa, frustração e menosprezo nos pastores. A saída de membros e líderes da igreja apresenta uma realidade: as pessoas saem. Alguns saem por decisões razoáveis, outros saem sem motivo algum. Wagner diz: Quando a nossa igreja tinha cerca de 150 pessoas e alguns saíram, foi tão decepcionante. Tentei me consolar pensando: dezenas podem estão saindo de nossa igreja, mas milhares de pessoas saíram da igreja de Jack, e ele é um grande pastor. Isso só ajudava por um minuto. Estamos saindo. Queremos algo mais profundo. Minhas necessidades não estão sendo supridas aqui. Esses comentários podem soar como uma rejeição pessoal. Cada pastor já ouviu: Eu não estou sendo alimentado aqui. Não sendo alimentado? Na igreja? Como isso é possível? Uma das condições mais difíceis de conseguir é ter uma pele dura e um coração mole. Página 3

4 Terceiro, a traição. A verdadeira traição vem de pessoas que nunca esperamos. Se já esperamos, não é traição (Salmos 41:9). Infelizmente isso é muito frequente no meio evangélico. Confiar assuntos pessoais a membros da igreja pode ser um tiro pela culatra. Eles podem acabar abrindo as questões pessoais a amigos ou outros pastores. Outra questão é quando o pastor confia em outros pastores e eles acabam tirando as pessoas de sua congregação. É o "beijo de Judas". Quarto, a solidão. Não têm amigos, pessoas para abrir o coração; têm medo de confessar um pecado e isso virar um problema muito grande etc. Quem é meu amigo? Em quem posso confiar? Se eu contar a outro pastor meus problemas, ele vai me criticar, dizer aos outros ou simplesmente me tratar de forma diferente? São meus amigos realmente ou apenas membros da igreja, que são amigos temporários, que podem sair a qualquer momento? Amizades saudáveis são fundamentais para uma vida satisfatória, especialmente para o bem-estar de um pastor. Quinto, o cansaço. Físico, mental, emocional e espiritual. Manter-se atualizado pessoalmente é uma arte e uma ciência extremamente importante. Quando a fadiga chega, a fé pode se dissolver. Cansaço muda a nossa interpretação de tudo. Falta de momentos de descanso podem nos levar a ver o copo com metade de água como um copo metade vazio e ainda achar que a água é suja e contaminada. Sexto, decepções e frustrações de diversas causas. Dificilmente passam um mês sem ter problemas com pessoas na congregação. Muitos crentes manipulam seus pastores gerando-lhes frustrações. Desilusões vêm de várias formas. Por causa de congregações pequenas, a remuneração dos pastores passa a ser um elemento de frustração e decepção. Isto acontece especialmente quando, na própria igreja, o pastor não consegue dar à sua família o que muitos de seus membros podem dar às suas famílias. Trabalhar no ministério pode não ser algo que traga sucesso. Pastores trabalham em uma área que, mesmo desempenhando um bom trabalho e com esforço, nem sempre garantem sucesso. Muitos pastores trabalham duro, são boas pessoas, crentes sinceros, amam a Deus, conhecem a Palavra, têm grande conteúdo em seus sermões, mas, de alguma forma, não estão tendo sucesso. É frustrante. É como um líder de louvor que ama Jesus e tem uma voz ótima, mas de alguma forma não pode levar as pessoas a uma experiência de adoração eficaz. Alguns dos líderes sentem que não conseguem fazer nada direito. Quando seu ministério finalmente recebe impulso, um líder na igreja cai. As coisas estão indo bem e, em seguida, um casal, seus maiores contribuintes, decidem sair. A igreja precisa de dinheiro, mas o pastor não quer colocar Página 4

5 muita ênfase em dinheiro. Não é sobre o dinheiro, mas torna-se sobre o dinheiro. Tudo isso pode ser esmagador. Nos EUA, cerca de pessoas por dia deixaram suas igrejas em 2012 e mais de pastores deixaram o ministério a cada mês. Apesar de ser uma realidade americana, o Brasil não caminha muito atrás. Encontramos ex-pastores em todos os segmentos da sociedade. Muitos estão sem igreja, machucados, feridos, frustrados, decepcionados. Alguém disse que no Brasil o número de desviados é maior do que aqueles que frequentam as igrejas. Realmente, se compararmos o perfil dos evangélicos de hoje com a Palavra de Deus, concluímos que não somos mais evangélicos pois, infelizmente, não podemos mais nos enquadrar nesse perfil atual. Como cristãos e membros da igreja podem ajudar? a) Ore por seu pastor. Ore pedindo orientação, proteção, amigos saudáveis, casamento e família. Ore por inspiração, unção, pela equipe de liderança, por unidade e clareza. b) Proteja o seu pastor. Não permita, nem participe de fofocas e críticas. c) Incentive o seu pastor. Ajude-lhe a prevenir a sobrecarga. d) Agradeça por seu trabalho e ministério. Agradeça-lhe por seu sacrifício. Diga-lhes um momento específico em que você ou alguém que você conheça experimentou uma mudança de vida em sua igreja. Honre-o para os outros. Deixe seus pastores saberem que você está orando por eles. Para os pastores: a) Não desista, persistência é uma poderosa ferramenta. Siga em frente. Realimente seu trabalho de amor, dedicação e sacrifício. A última coisa que um pastor precisa é de outro sermão. "Por isso, não abram mão da confiança que vocês têm; ela será ricamente recompensada. Vocês precisam perseverar, de modo que, quando tiverem feito a vontade de Deus, recebam o que ele prometeu;" (Hebreus 10:35-36) E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos." (Gálatas 6:9) b) Tenha cuidado com a armadilha da comparação. Olhar para outros ministérios pode ser inspirador. Comparar-se a outras igrejas pode ser destrutivo e desanimador. c) Faça novos amigos. Exponha-se a novas influências, a novos líderes, a igrejas ou ministérios que estão fazendo algumas coisas de forma diferente. d) Descubra algumas novas ideias. Algumas vezes uma nova ideia pode mudar a dinâmica do ministério. e) Procure aconselhamento. Pastores que estão lutando ou que não estão mais no ministério, podem ter experimentado a dor. Busque a cura. Procure compartilhar seus segredos com pessoas seguras. Lembre-se: você estará tão doente quanto os seus segredos. Página 5

6 NÃO POR CONSTRANGIMENTO, MAS ESPONTANEAMENTE, COMO DEUS QUER Sérgio Franco E ste assunto mexe muito com meu coração, pois toda vez que vejo o lamento de pastores machucados e feridos, fico com a sensação de que no final de tudo o responsável é Deus. Parece-me que nosso Pai os chamou, ungiu, desafiou seus corações e que agora os abandonou. Se foi Ele quem chamou, como pode haver tanta miséria e derrota? Eu acredito que a causa dos nossos maiores e mais sérios problemas está em nós mesmos, quando começamos e continuamos a fazer as coisas da maneira errada. Quando algo que compramos apresenta um defeito, o fabricante quer saber se o usamos de acordo com o manual. Assim também é com Deus. Se as coisas não estão dando certo, talvez não estejamos fazendo de acordo com a direção ou vontade do Senhor. O apóstolo Pedro foi pessoalmente chamado para ser pastor pelo Supremo Pastor, o Senhor Jesus. Mas vemos que ele também fracassou como pastor. Certa vez ele fez uma pescaria maravilhosa mas as redes se romperam. Entretanto, anos depois, ele pescou 153 grandes peixes e as redes não se romperam. Então, Pedro teve essa experiência de fracassar e depois acertar. Ele também teve um chamado que hoje não encaixaria em nenhum modelo de igreja: ele havia acabado de pecar, de negar a Jesus e, ao invés de ficar um ano em disciplina, Jesus o chamou para pastorear as ovelhas, confiou a ele seu rebanho. Mais à frente, Pedro escreve aos pastores: 1 Pedro 5:1-4: "Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória." Presbítero, pastor, bispo ou ancião é a mesma pessoa. Eles eram responsáveis pelo apascentamento da igreja. Pedro, apóstolo de ministério e presbítero de função, fez um apelo a esses homens para que apascentassem o rebanho de Deus que havia entre eles. Pastorear não é só pregar e acumular tarefas, mas é alimentar, cuidar, guiar, corrigir, animar as pessoas, curar as feridas, ir atrás daqueles que se desviaram, enfrentar os lobos quando atacam; tudo isso tendo sua própria vida como modelo. Isso envolve enfrentar todo tipo de situações, problemas, demônios, pessoas, resistências, críticas e até ameaças de morte em prol de defender as ovelhas. Precisamos lembrar que o rebanho é do Senhor, e não nosso. Às vezes nos viciamos em dizer "minhas ovelhas, minha igreja etc.", mas as ovelhas que apascentamos são de Deus. Somos apenas Página 6

7 cooperadores e vamos prestar contas dessa responsabilidade ao Senhor. Responsabilidade possui uma raiz no verbo 'responder'. O responsável pelo rebanho vai responder Àquele que lhe confiou o rebanho. Pastores constrangidos Pedro disse: "não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer". É um fato que podemos pastorear por constrangimento. Paulo afirmou: 1 Coríntios 9:16,17: "Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho! Se o faço de livre vontade, tenho galardão; mas, se constrangido, é, então, a responsabilidade de despenseiro que me está confiada." Podemos, sim, anunciar o evangelho contra nossa própria vontade, constrangidos por Deus. Jonas foi um exemplo de alguém que pregou constrangido. Muitos missionários alegam que precisam antes amar um povo para pregar a eles, mas o que precisam é obedecer a Deus e pregar o evangelho, amem ou não, queiram ou não. O que acontece na maioria das vezes é que depois se apaixonam pelas pessoas a quem pregaram. Ou seja, aquilo que começou por constrangimento termina em um profundo amor pastoral. Outro exemplo foi Moisés. Ele obedeceu ao Senhor, primeiramente por constrangimento. Depois de um tempo, quando Deus lhe falou que iria matar todo o povo e começar uma nova nação, ele se colocou como defensor do povo com um extremo amor pastoral. Agora ele já estava pastoreando o povo e seu coração havia mudado. Pedro, quando foi enviado à casa de Cornélio, também foi por constrangimento, sem vontade. Precisou receber três vezes a mesma visão do Senhor para obedecer. Talvez se fosse para converter alguém daquela casa para o judaísmo ele teria ido de bom grado; entretanto, deveria ir para falar do reino de Deus a gentios. Inclusive ele temia que os próprios judeus lhe fizessem algum mal. Talvez ele próprio repreendesse a outros que tivessem ido lá fazer o que ele fez, caso não houvesse tido a visão do Senhor. Os religiosos judeus, inclusive, repreenderam a Pedro por ele ter ido anunciar o reino aos gentios. Isso é religião ou religiosidade. Temos grandes exemplos dessa religiosidade em nossos dias. Vivemos em um tempo onde as pessoas não querem ser nem católicas e nem evangélicas e, por isso, torna-se difícil evangelizá-las. Outra questão é usar o título de pastor ao evangelizar. É melhor nem fazê-lo, sob o risco de perder as pessoas, pois existe muito preconceito e ideias negativas formadas na cabeça das pessoas em relação aos pastores. Assim, duas coisas que impedem o evangelismo hoje são a religião e os títulos. Se Jesus estivesse andando hoje em nosso meio e o pressionassem para saber qual sua religião, o que ele diria? Católico, evangélico, judeu, fariseu? Ele não defendeu qualquer religiosidade mas veio pregar e ensinar o Reino de Deus! Esse é o evangelho que também nós devemos anunciar. Não o evangelho de alguma igreja, de alguma religião, mas do Reino! Inclusive, só faz parte dessa igreja quem recebe e vive este evangelho. Hoje, muitos gastam mais tempo defendendo suas igrejas, religiões e doutrinas do que falando de Jesus. Nós não estamos vendendo nenhuma religião, não estamos trazendo Página 7

8 ninguém para dentro de um clube. Ou as pessoas nascem novamente como filhos de Deus ou serão apenas membros de um clube, dando trabalho e sendo pastoreados a vida inteira. Muitos apenas mudaram de religião mas não nasceram de novo. Dessa forma, até pode-se pregar constrangido, mas é impossível pastorear constrangido. Jorge Himitian, em um estudo intitulado "Cuidemos de nossa Vinha", cita o texto de Filipenses 1:23 ("Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor.") para explicar o que é constrangimento: alguém apertado, pressionado de todos os lados para fazer algo. Prioridades certas Como é que um pastor que está repleto de atividades deve fazer para viver menos estressado e apertado? Definindo prioridades. Como se define prioridades? Entendendo aquilo que lhe foi confiado e que somente ele pode fazer. Todas as demais coisas que puder passar a outros ajudará a aliviar sua carga ou peso. Se tudo depender de nós é porque algo está errado e não irá funcionar. O acúmulo de tarefas e responsabilidades é uma fonte de estresse. Como evitar o constrangimento? Aprendendo a priorizar as coisas. É muito importante e necessário definir prioridades na vida ministerial, fazer uma análise de tudo que nos pressiona. Existem algumas pressões que são legítimas, por exemplo, aquelas que vêm do Senhor em nossa consciência. Outras pressões não são legítimas, mas auto impostas, quando construímos uma autoimagem e não queremos perdê-la. Muitas vezes são devido às inúmeras tarefas que julgamos que devemos cumprir, principalmente se formos 'assalariados' da igreja. Assim, julgamos que não podemos nos dar ao 'luxo' de descansar um pouco mais, de não ir a algumas reuniões, de se esquecer de fazer algo etc. Isso é pastorear por constrangimento, debaixo de cargas, pressões e cobranças. Himitiam citou uma frase interessante: "Reconcilia-te com tua humanidade." Ou seja, somos homens, podemos fraquejar, esquecer, ter sono, ter fome, divertir-se. Se não for assim, viveremos de forma falsa, forçada, dissimulada, nos cobrando, carregando um peso maior do que podemos suportar. 2 Timóteo 2:15: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." Paulo orienta Timóteo a se apresentar aprovado diante de Deus. Ao homem é fácil se apresentar aprovado, pois este se impressiona com uma roupa, um perfume, um título. Mas o desafio é se apresentar diante de Deus. Ele conhece as nossas fraquezas e debilidades. Ou tememos a Deus ou tememos aos homens; não dá para temer aos dois. Lucas 12:1,2: "Posto que miríades de pessoas se aglomeraram, a ponto de uns aos outros se atropelarem, passou Jesus a dizer, antes de tudo, aos seus discípulos: Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Nada há encoberto que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser conhecido." A hipocrisia se estabelece através do medo de ser rejeitado. A única maneira de vencê-la é temendo a Deus, considerando o que Ele pensa como a coisa mais importante para nós. Muita gente Página 8

9 teme mais aos homens do que a Deus e se afundam numa vida hipócrita. A prioridade correta é Deus, nossa responsabilidade é "apresentar-se aprovado a Deus". Quando nossa prioridade é Deus, a máscara e a hipocrisia desaparecem porque Ele conhece tudo. Como Jesus lidava com as pressões? Lucas 5:15,16: "Porém o que se dizia a seu respeito cada vez mais se divulgava, e grandes multidões afluíam para o ouvirem e serem curadas de suas enfermidades. Ele, porém, se retirava para lugares solitários e orava." Imagine uma pressão dessas, milhares de pessoas dizendo o que devemos fazer, para onde temos que ir, onde devemos visitar etc. Os apóstolos até faziam um papel de 'filtro' entre as pessoas e Jesus. Mas, o que ele fazia? Se retirava para lugares solitários e orava. Obreiro que não tem lugar secreto de oração não tem prioridade, não está fazendo a coisa certa, está atendendo mais ao povo do que a Deus. Está como Moisés antes de receber o conselho de Jetro, ouvindo as milhares de pessoas que vinham até ele. Tudo começa NELE, se sustenta NELE, por meio DELE e para a glória DELE. Assim, se tudo é para Deus, devemos sempre buscá-lo em oração. Oração não é um ato religioso, mas uma expressão de humildade, de alguém que sabe que depende de Deus para tudo, que não consegue fazer nada sem Ele. Senso da Missão Quando temos um tempo regular com Deus não perdemos o senso da nossa missão. Marcos 1:35-38: "Tendo-se levantado alta madrugada, saiu, foi para um lugar deserto e ali orava. Procuravamno diligentemente Simão e os que com ele estavam. Tendo-o encontrado, lhe disseram: Todos te buscam. Jesus, porém, lhes disse: Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de que eu pregue também ali, pois para isso é que eu vim." Uma prova contundente da confusão que as pessoas fazem acerca de sua missão, do que devem ou não fazer, é a falta de oração. Quando perdemos o tempo com Deus, perdemos também o senso da missão. Esse era o estilo de vida de Jesus e deve ser também o nosso ele é o nosso modelo. Não tem nada a ver com religião, mas com a prática da autêntica vida cristã. Se não cuidarmos, passaremos dias sem orar e ler a Palavra e quem não recebe da fonte não tem o que dar a outros. Assim, viveremos debaixo de pressões totais. Noção do tempo Esse é um drama que muitas vezes eu particularmente vivo. Fico angustiado quando percebo que estou fora do time, do tempo de Deus, atrasado ou acelerado. A melhor coisa que existe é estar no lugar e na hora certa de Deus em todas as situações. Imagine se o eunuco estivesse indo embora para sua terra e Felipe não estivesse naquele lugar e naquele momento certo para pregar-lhe o evangelho? Felipe estava no meio de um avivamento em Samaria mas o Espírito Santo o levou ao deserto para falar àquele homem, naquele lugar, naquele momento. João 7:6: "Disse-lhes, pois, Jesus: O meu tempo ainda não chegou, mas o vosso sempre está presente." Página 9

10 Esse tempo a que Jesus se referiu foi apenas uma questão de horas. Seus irmãos foram à sua frente na festa e ele foi horas depois. Mas era o tempo certo. Às vezes queremos fazer tudo ao nosso tempo, na mesma hora, sem esperar, sem orar, sem ouvir a Deus. Mas devemos parar e ouvir o que Deus quer de nós e quando Ele o quer. Não precisamos responder agora, ir agora, fazer agora, falar agora, decidir agora precisamos, antes, ouvir o Senhor para o tempo Dele. Eclesiastes 8:6: "Porque para todo propósito há tempo e modo; porquanto é grande o mal que pesa sobre o homem." Para tudo há um tempo de Deus e uma maneira de Deus. Quando algo é feito no tempo e ao modo de Deus, o milagre acontece. Quando Jesus, na oração do Pai Nosso, refere-se ao mal, o termo ali utilizado é 'maligno'. Entretanto, existe um tipo de 'mal' que aparece na Bíblia que não tem a conotação de maligno. Por exemplo, a parábola do 'homem malvado' que enterrou o talento. O sentido ali é de alguém sobrecarregado, cheio de trabalho. Em João 17, quando Jesus pede ao Pai que livre os discípulos do 'mal', este também não é algo maligno, mas refere-se aos dias 'cheios', pesados que temos. Jesus pediu ao Pai que não permitisse que vivêssemos debaixo do estresse; que não nos tirasse do mundo, mas que tirasse a pressão do mundo de sobre nós. Essa pressão nos leva às preocupações e ansiedades: "o que vou comer, o que vou beber, o que vou vestir, como vou fazer, com que vou fazer" etc. Traduzindo para o contexto pastoral, imagine alguém acordar já com a cabeça 'a mil' por hora. Quem dorme tenso, com a mente acelerada, também acorda assim. Quem dorme repousado, descansado, rendido a Deus, também acorda desse jeito. Assim, Jesus pediu ao Pai que livrasse Seus filhos dessa tensão, dessa carga ilegítima. Existem, então, pressões internas (autoimpostas), pressões externas (familiares, financeiras, de trabalho, das pessoas etc.) e também pressões malignas, pois o diabo "vive em derredor procurando a quem possa devorar" (Tiago 5:8), principalmente aqueles que guiam, influenciam, apascentam a outros. Tudo isso nos constrange, nos oprime diariamente e muitos acabam vivendo como robôs, fazendo as coisas mecanicamente. Nós, que escolhemos fazer discípulos, não estamos livres das pressões e constrangimentos. Na época da igreja primitiva, que não havia toda estrutura que existe hoje, já havia pressões. Elas sempre existiram e sempre existirão, de um jeito ou de outro, estejamos fazendo as coisas de forma errada ou de acordo com a vontade do Espírito. Entretanto, a orientação é: não pastoreie debaixo de pressão! Se você precisar pregar onde quer que seja debaixo de constrangimento, de pressão, vá; mas não faça pastoreamento constrangido. Isso não agrada a Deus. Isso fará mal a você e às ovelhas de Jesus. Não faça a obra de Deus debaixo de pressão, em nome de Jesus! Pare tudo que estiver fazendo, vá buscar a Deus, lance sobre Ele toda a sua ansiedade, reveja suas prioridades, repense sua missão e busque ao Senhor para ter a revelação do time Dele para todas as situações em sua vida! Página 10

11 NÃO PASTOREAR POR SÓRDIDA GANÂNCIA Sérgio Franco 1 Pedro 5:2: "Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade;" Pastorear espontaneamente, como Deus quer A expressão exata da palavra 'espontaneamente' significa 'voluntariamente'. Existe em nosso meio a necessidade de pessoas de tempo integral em vários trabalhos e muitos se dispõem de forma voluntária porque amam fazer a obra de Deus. Entretanto, depois de um tempo se tornam profissionais, mercenários, não trabalham mais de forma voluntária mas pelo salário ou posição. A cultura brasileira entende que 'emprego' não implica em 'trabalho'. Muitos são ensinados assim e trazem esse espírito para dentro da igreja anulando, inclusive, o poder do voluntariado pois é provado que quem faz algo voluntariamente, faz melhor. Quem faz o que ama, faz com excelência pois não está movido pelo dinheiro. Assim, quando Pedro diz para não pastorear pressionado, por constrangimento, e também diz que o correto é espontaneamente, voluntariamente, movido por amor e paixão pelo que faz. O aperto sempre rouba o que é voluntário. A maioria das pessoas começa a servir a Deus voluntariamente, com um sentimento de entrega, de satisfação, de gratidão. Entretanto, quando começam os constrangimentos, os apertos, perdem a voluntariedade. Já não há mais alegria em fazer, em servir. O que antes era movido por amor, agora torna-se um peso e não produz mais os frutos que Deus quer. Pedro usa a expressão "espontaneamente, como Deus quer". Ou seja, Deus quer que aqueles que O sirvam, o façam com um espírito voluntário, movidos por amor e gratidão. Muitos perdem a visão do chamado devido aos problemas que acabam lhes assolando, gerando, muitas vezes, feridas interiores. As pressões sempre acabam ferindo os pastores ("Fere o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas", Zacarias 13:7). O diabo vive a promover e articular situações para nos machucar. Daí, vemos a importância da pluralidade ministerial, pois quando um é ferido os outros o sustentam. Feridas não são fáceis e rápidas de sarar. Quando, em um primeiro momento, tomamos consciência delas, não significa que estão fechadas; qualquer toque pode fazê-las sangrar de novo. Mas Deus sempre trabalha para nos curar e restaurar. Página 11

12 Não por sórdida ganância, mas de boa vontade Pedro fala de fazer a obra de Deus sem ganância e de boa vontade. Quando alguém começa a fazer obra por constrangimento, por pressões (principalmente econômicas), acaba fazendo de má vontade. Servir a Deus é um investimento, uma semeadura onde parece que só existem saídas, despesas. Muitos, além de investirem dinheiro na obra, ainda deixam de ganhar devido ao tempo que despendem às coisas do Reino. Quando as pressões financeiras aparecem, muitos começam a viver momentos críticos no ministério que pode levá-los a esta "sórdida ganância". Passam a fazer a obra não somente de má vontade, mas por motivos que lhe compensem. Quando fazemos algo de má vontade significa que estamos fazendo por algum tipo de compensação: "Quanto estou ganhando para fazer isso?". Pastorear por sórdida ganância afeta a vida inteira e norteia a agenda a pessoa só faz o que lhe interessa, só vai onde há ganho. Neste momento é hora de corrigir o motivo. O que trata com a pressão é definir prioridades, mas o que trata com a ganância é corrigir os motivos. Ganância fala de motivação. Todos devem ter uma certa ganância na vida, mas desde que seja para o Reino de Deus. Os motivos, quando purificados, cooperam para o nosso crescimento em Deus. 1 Timóteo 6:6-10: "De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores." Paulo fala que a motivação correta é a atitude de contentamento. Viver contente com o que tem, confiar que Deus está cuidando de nós. Se Deus é nosso Pai, quando murmuramos por uma razão qualquer estamos dizendo que Ele não está cuidando bem de nós. Quando abrimos a boca para reclamar estamos comunicando que o Pai está falhando em Seu cuidado paternal. Esta é a mensagem que passamos, independente do que pregamos. Ninguém consegue, em sã consciência, pregar algo que não crê, que não vive, a não ser que seja movido pela ganância. Muita gente não consegue ganhar dinheiro com a vida ministerial e, então, começa a criar mecanismos para lucrar com isso. O contentamento é a motivação correta para servir a Deus. Ninguém leva nada desta vida para a eternidade. Todos os projetos, sonhos e tesouros acabam na morte. Uma das coisas que acontecem a um cristão quando está debaixo de uma sentença de morte é que começa a valorizar as coisas que realmente têm valor o cônjuge, os filhos etc. Basta passar um susto para entender que dinheiro, bens etc. não têm valor real. Diz Paulo que "os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição." Deus faz o pobre e Deus faz o rico. Jesus disse que "os pobres, sempre os tereis convosco" (Mateus 26:11). A Bíblia é clara que nunca haverá uma sociedade onde todos serão iguais. Isso não significa que o pobre Página 12

13 não pode ser próspero, e nem que ser pobre implica em ser sujo ou miserável. Os ricos, obviamente, serão provados, pois Deus exige mais de quem Ele mais dá. As riquezas são instáveis, efêmeras. Mas a atitude de quem ama a Deus acima de todas as coisas é a de contentamento por aquilo que Deus lhe dá. Marcos 4:19: "...mas os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera." Pessoalmente, acredito que Deus começou a tratar da minha avareza em uma situação que vivi com um irmão. Eu não me julgava avarento, mas muito generoso. Depois de um tempo, percebi que eu era generoso comigo apenas. Esse irmão, sempre que passava em casa, eu lhe dava alguma coisa. Um dia, arrumando meu escritório, encontrei alguns papéis do Banco Nacional, que já havia falido. Neste dia aquele irmão passou em casa e eu lhe dei aqueles papéis e, caso ele conseguisse algum dinheiro, seria dele. Mais tarde ele voltou em casa e disse que havia conseguido um valor altíssimo por aqueles títulos e eu fiquei angustiado, pois havia dado achando que não valia nada. Mas Deus falou comigo naquela hora, pois lembrei de Ananias e Safira e conclui que eu teria feito a mesma coisa que eles fizeram. Aquele irmão era muito avarento e na semana anterior ele havia encontrado R$ 50,00 na rua, e Deus o constrangeu a dar de oferta no culto. No dia seguinte, ele passou em casa e ganhou aqueles papéis. O que mexeu comigo e me gerou uma tristeza profunda é que eu havia participado daquela bênção inconscientemente e descobri que eu não tinha um coração livre para dar, pois talvez se soubesse não teria feito. Eu vi que era avarento, apegado ao dinheiro e Deus não poderia contar comigo na minha consciência. Então orei para Deus me livrar daquele mal. Coloquei meu primeiro salário debaixo dos meus pés e declarei ao dinheiro que a partir daquele dia ele iria me servir, e não o contrário. Lembrei-me que as ofertas na igreja primitiva eram colocadas aos pés dos apóstolos, que era o lugar que deveriam realmente estar. Clamei ao Senhor para fazer de mim um servo que abençoaria a outros conscientemente. Passado um tempo, a primeira experiência que tive nessa área foi quando Deus me pediu para dar o apartamento em que eu morava e viver de aluguel. Pedi ao Senhor que se fosse Ele falando comigo, que confirmasse com minha esposa. Ao chegar em casa, o Espírito Santo já havia falado com ela. De lá para cá já aconteceram muitas outras entregas, porque até hoje Deus confronta a minha avareza. Ele está me ensinando e eu quero aprender. Como é que Deus lida com a avareza? Hebreus 13:4-6: "Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros. Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?" Quando vivemos em função daquilo que não temos, não desfrutamos do que temos. A pior coisa na vida de uma pessoa é quando ela, por avareza, não consegue desfrutar daquilo que tem e Página 13

14 sempre fica contemplando algo que não tem. O que liberta um homem da avareza é quando ele tem fé em Deus, quando acredita que Deus cuida dele. O que faz de alguém um avarento é o medo. Avareza é idolatria (Colossenses 3:5) e um ídolo nasce no coração através do medo. As nações mais medrosas e oprimidas da face da Terra são as que têm mais ídolos. Assim, o que gera a avareza é o medo de não ter, de faltar algo. Muita gente tem medo de ofertar e dizimar porque teme que irá faltar. Faz contas e acredita que não vai dar, gerando esse sentimento maligno. Esse medo constrói o ídolo, que é o dinheiro. Como se livrar disso? Contentamento com as coisas que têm e fé que Deus nunca nos abandonará! Jamais ficaremos desamparados, jamais mendigaremos o pão porque Deus é conosco! Não precisamos ter medo, não precisamos nos agarrar a nada, não precisamos reter e segurar nada porque tudo é de Deus. "Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?" O que o homem pode fazer para me ajudar, para me agregar alguma coisa? Muitos só descobrem que o Senhor é o seu refúgio na hora da tribulação. Se corrermos para o homem, ele é o nosso refúgio. Se corrermos para Deus, Ele é o nosso refúgio. Tenho visto muitos cristãos vivendo amedrontados por causa da saúde ou do dinheiro. Estes dias, conversando com um irmão, ele me disse que tinha síndrome do pânico. Os sintomas são reais e a solução, no auge da crise, é correr para Deus e não para médicos e remédios. Todo medo da doença e da morte termina quando chegamos diante de Deus e dizemos: "Senhor, estou pronto para morrer. Se quiser me levar agora, eis-me aqui." Essa entrega tira todo o poder da morte e até os sintomas desaparecem. O medo da morte só tem poder quando a julgamos maior do que Deus. O que confunde nosso coração é quando vemos as notícias e nos deixamos, por medo, levar por elas. Jó disse: "Aquilo que temo me sobrevém, e o que receio me acontece." (3:25) O medo é um abismo e uma brecha. Ele gera dúvidas no coração. Mateus 14:25-31: "Na quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando por sobre o mar. E os discípulos, ao verem-no andando sobre as águas, ficaram aterrados e exclamaram: É um fantasma! E, tomados de medo, gritaram. Mas Jesus imediatamente lhes disse: Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais! Respondendo-lhe Pedro, disse: Se és tu, Senhor, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas. E ele disse: Vem! E Pedro, descendo do barco, andou por sobre as águas e foi ter com Jesus. Reparando, porém, na força do vento, teve medo; e, começando a submergir, gritou: Salva-me, Senhor! E, prontamente, Jesus, estendendo a mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste?" Pedro estava andando por fé mas, de repente, sentiu medo e começou a afundar. Ele tirou os olhos de Jesus e colocou os olhos nas circunstâncias. Medo gera idolatria, e muitos idolatram médicos, remédios, planos de saúde, patrões, pastores etc. olhando para eles como a solução para suas vidas. Ou cremos totalmente e unicamente no Senhor, ou seremos eternos escravos do medo e de ídolos humanos. O medo angustia e oprime o ser humano impedindo-o de viver. 1 João 4:18: "No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor." Página 14

15 O avarento, como qualquer outro idólatra, precisa se arrepender e confiar em Deus pois, do contrário, viverá uma vida escravizada. Medo gera dúvida e dúvida é falta de fé. "De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei." Salmos 118:8,9: "Melhor é buscar refúgio no SENHOR do que confiar no homem. Melhor é buscar refúgio no SENHOR do que confiar em príncipes." Página 15

16 NÃO COMO DOMINADOR, MAS COMO MODELO Sérgio Franco N 1 Pedro 5:3: "...nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho." este texto, o apóstolo Pedro reforça a questão de que as ovelhas não nos pertencem, mas nos foram confiadas para delas cuidarmos e, dessa forma, prestaremos contas delas ao Senhor. Quando um verdadeiro pastor entende que irá responder pelas pessoas, o anseio por uma "mega Igreja" em seu coração diminui. Se o desejo é para a glória pessoal, então esse anseio existe; entretanto, se é para a glória de Deus, seu desejo é fazer com que todas as ovelhas estejam sendo bem cuidadas, pastoreadas, alimentadas, instruídas etc. Pedro diz que o modo errado de pastorear é sendo "dominador" do rebanho. Na verdade, existem apenas duas maneiras de apascentar: ou dominando ou sendo modelo. Essas maneiras, inclusive, definem o lugar onde estamos. O domínio faz com que estejamos na retaguarda, mandando as pessoas irem e mantendo o máximo de controle possível. Mas não é um controle sadio, por cuidado, zelo ou interesse, mas doentio, paternalista, de querer manter todos debaixo de uma autoridade pessoal com o fim de realizar sonhos e projetos pessoais; interesse de manter o ministério, a posição ou o título conquistado. A motivação do dominador quando corrige as pessoas sempre é de agradar e proteger a si mesmo, manter o respeito à sua autoridade. Isso não é amor, mas opressão e autoritarismo. É muito difícil em nossos dias um líder ter a noção clara de que ele responde ao Senhor pelas ovelhas de seu pastoreio. O ministério não é dele, não é ele quem decide o que quer e o que não quer, o que e como fazer e não fazer. Um pastor que faz parte de um presbitério não tem o direito de decidir sobre sua própria vida, de ser independente em suas decisões. Se está sujeito a outros, sempre colocará seus anseios, questionamentos e decisões à opinião e sujeição dos demais, para ter a certeza que uma direção é do Senhor e não independente, de si próprio. O ministério é do Senhor e não nos pertence; nós apenas participamos desse serviço. Tudo "é dele, por meio dele e para Ele" e sempre prestaremos contas a alguém que Ele coloca sobre nós. O dominador não presta contas a ninguém mas domina a tudo e a todos. Já, a característica principal do pastor modelo é que ele está sempre à frente do rebanho e nunca na retaguarda. Ele mostra, ensina e conduz as ovelhas que o seguem. Raramente um pastor que é modelo dá um caminho que ele mesmo não trilhou anteriormente. João 10:3-5: "Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora. Depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o Página 16

17 seguem, porque lhe reconhecem a voz; mas de modo nenhum seguirão o estranho; antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos." Lembro-me de várias repreensões que o Espírito Santo me fez em momentos de apascentamento por apontar caminhos a outros que eu mesmo ainda não havia trilhado. Qual é, então, a posição certa? A palavra "modelo" que Pedro usou em sua carta, significa "a marca de um golpe". É como imprimir em alguém um "tipo", uma marca muito forte. Modelo é aquilo que está impresso, registrado. 1 Coríntios 4:16: "Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores." 1 Coríntios 11:1: "Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo." 2 Timóteo 3:10: "Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança..." Paulo refere-se a si mesmo como modelo, pois ele mesmo era modelo de Cristo. Mas, como Paulo imitou Cristo se nunca andou pessoalmente com ele? Efésios 5:1,2: "Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave." Da mesma forma, como vamos imitar a Deus se nunca O vimos? Filipenses 3:17: "Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós." Também, Paulo orienta a igreja em Filipos para observá-lo como modelo, mas ele próprio não estava lá. Assim, entendemos que o modelo não precisa estar necessariamente diante de nossos olhos. Muitos, inclusive, se escusam por suas falhas e pecados alegando falta de modelos, de referências próximas. 1 Tessalonicenses 1:6,7: "Com efeito, vos tornastes imitadores nossos e do Senhor, tendo recebido a palavra, posto que em meio de muita tribulação, com alegria do Espírito Santo, de sorte que vos tornastes o modelo para todos os crentes na Macedônia e na Acaia." Hebreus 6:12: "...para que não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas." Deus Se deu a conhecer por intermédio de Jesus, ou seja, nós temos o conhecimento de Deus e de Cristo através da revelação do Espírito Santo. Jesus teve o testemunho de homens que andaram com ele, que escreveram sobre ele, mas também teve o testemunho do próprio Deus de coisas que nenhum olho ou ouvido humano jamais viu e ouviu (1 Coríntios 2:9). Muitas destas coisas foram, também, ditas pelo próprio Senhor Jesus. João 1:10: "O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu." Página 17

18 Muitas pessoas, mesmo não crendo em Jesus como Deus, acreditam que ele foi um personagem importante. Eles admitem que Jesus foi uma pessoa diferente, um verdadeiro profeta. Entretanto, muitas coisas que sabemos sobre Jesus foram ditas por ele mesmo. Por exemplo, "eu e o Pai somos um" (João 10:30), "eu vim do Pai" (João 16:28) etc. Inclusive, ele foi crucificado por ter falado várias coisas afirmando sua divindade e gerado a ira dos religiosos. Assim, se essas pessoas entendem que Jesus foi um profeta e que um profeta não mente, então deveriam crer no que Jesus falou acerca de si próprio, que ele é Deus. Caso contrário, será uma incoerência chamá-lo de profeta. Então, quando o Espírito Santo revela Jesus a nós, passamos a entender quem ele é. Nosso conhecimento acerca dele deixa de ser apenas mental e passa a ser de natureza espiritual; temos a revelação do verdadeiro caráter de Deus marcado, impresso em Jesus Cristo homem. E, da mesma forma como o caráter de Jesus deve estar marcado em nós como um "golpe", também devemos nos tornar modelos para o rebanho. Toda palavra de Deus que sai para a Igreja deve, primeiramente, estar marcada, ser prática na vida nos pastores, pois eles são o modelo. Bill Bright diz que "O testemunho de uma vida difícil ministra muito mais às pessoas do que o preletor mais eloquente". Jym Cimbala diz que "Precisamos urgentemente de pessoas que nos encorajem e inspirem a nos aproximar de Deus e nos afastar dos prazeres atraentes do mundo". Dwight Moody afirmou que "A vida santa causará a impressão mais profunda. Os faróis não fazem barulho; eles apenas iluminam" (frases extraídas do livro "100 Dias de Integridade para Homens", Editora BV, 2012). O que é que temos inspirado às pessoas? Que tipo de modelo temos sido? A vida santa tem um impacto muito maior do que as palavras. Nosso desafio não é falar, pregar, vestir ou andar igual a alguém, mas viver conforme o modelo que temos de Cristo, pois reproduzimos o que somos e fazemos. 1 Timóteo 4:12: "Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza." "Padrão" é marca, modelo, impressão, imagem. Modelo em que? a) Na palavra (logos). Conhecimento não só de falar, mas de experimentar ou vivenciar a palavra; viver o que se prega e fala. b) No procedimento. Modo de vida, postura, comportamento, conduta. c) No amor (ágape). Não um amor sentimentalista, de boca ou palavras, mas sacrificial, doador (Efésios 5:2). Não existe amor bíblico sem entrega, sem cruz (João 3:16; 1 João 3:16). Essa entrega não precisa ser visível a outros. As maiores entregas e decisões que fazemos, normalmente não são em reuniões públicas, mas de forma pessoal, em "secreto" diante do Pai (Mateus 6:6; Romanos 12:1,2). Página 18

19 Cada vez que morremos para nós mesmos, Deus é testemunha a nosso favor. Quando tomamos a cruz por causa de Jesus, além de estarmos declarando ao Senhor que O amamos de verdade, também estamos sendo exemplos para nossos discípulos, pois a pior coisa para eles é ver que estamos deixando a cruz e vivendo uma vida só de aparência. Não tem golpe maior na vida de uma igreja do que ver seu pastor abrir mão de Jesus. No casamento, os cônjuges só sobrevivem quando ambos morrem para si mesmos e abraçam a cruz de Cristo. d) Na fé. Crer em Deus para si mesmo e não somente para os outros. Dúvida e medo refletem incredulidade e vida inconstante (Hebreus 11:1,6; Tiago 1:8). A fé é o que move nossa vida e nos torna referência aos que nos seguem. Quem crê em Deus se beneficia de tudo que Ele é e de tudo que Ele faz. Hebreus 13:7: "Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram." e) Na pureza (inocência, castidade). 2 Timóteo 1:13: "Mantém o padrão das sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que está em Cristo Jesus." Tito 2:7,8: "Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado, não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito." Integridade fala de "falta de dano, de doença, de corrupção". Reverência fala de "respeito, zelo, temor". Linguagem sadia fala de "fazer alguém completo, restaurar saúde a alguém"; não comprometer os princípios, não falar de forma vil, mundana, pervertida. Irrepreensível é aquilo que não pode ser contaminado, condenado ou censurado. Que tipo de modelo somos nós? Que inspiração damos às pessoas que nos estão próximas e aos que nos estão longe? Por que algumas pessoas nos inspiram tanto, sem nem ao mesmo conhecêlas? Que as pessoas possam ver em nós modelos de integridade e seriedade no Reino de Deus, conhecedores e praticantes da vida e exemplo de Jesus Cristo! Página 19

20 A HONRA E A CONSIDERAÇÃO COM OS QUE TRABALHAM E PRESIDEM Sérgio Franco É Gálatas 6:6,7: "Mas aquele que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas aquele que o instrui. Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará." muito difícil para o ego humano, quando se trata do assunto Igreja, receber algo de outras pessoas, principalmente se forem mais pobres. A sensação é que estamos tirando algo de alguém que não tem ou que tem menos que nós. Entretanto, o entendimento correto é que quando alguém dá, ele é que está sendo abençoado pois está praticando uma semeadura. Assim, precisamos ensinar esses princípios para que todos sejam abençoados. 1 Coríntios 9:11: "Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais?" Paulo declarou que as coisas espirituais têm muito mais valor que as materiais, pois estas são passageiras, efêmeras, enquanto aquelas são eternas. Esse assunto é, portanto, constrangedor mas legítimo, pois é um mandamento do Senhor. Honra, amor e cuidado não deveriam nos constranger, mas fazer parte da nossa vida diária. Marcos 10:29,30: "Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna." 1 Tessalonicenses 5:12,13: "Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós e os que vos presidem no Senhor e vos admoestam; e que os tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam. Vivei em paz uns com os outros." Paulo roga aos irmãos que aprendam como tratar aqueles que os presidem, ensinam e admoestam: com amor (ágape) e máxima consideração. Mas há um temor nessa palavra, pois vivemos hoje em um tempo de falsos evangelhos, falsos ministérios e esse texto, à primeira vista, parece até que 'equipa' os falsos pastores. Mas a palavra "acateis com apreço" tem o sentido de "perceber, discernir, examinar" a liderança. Acatar, receber o líder, mas com percepção e entendimento; caso contrário, corre-se o risco de ficar subjugado a uma liderança carnal e corrompida. O que nos faz dar valor às pessoas é o nosso discernimento acerca delas. Quando discernimos alguém de valor espiritual e moral devemos receber e acatar plenamente essa pessoa, mesmo sem conhecê-la mentalmente. Página 20