V/Referência: Data: Insolvência de Albérico Manuel Dias e Cristina Zulmira Mateus de Oliveira Dias

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1 Exmo(a). Senhor(a) Doutor(a) Juiz de Direito da Secção de Competência Genérica da Instância Local de Mirandela J1 Processo nº 293/15.9T8MDL V/Referência: Data: Insolvência de Albérico Manuel Dias e Cristina Zulmira Mateus de Oliveira Dias Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova de Famalicão, contribuinte nº , Administrador da Insolvência nomeado no processo à margem identificado, vem requerer a junção aos autos do relatório a que se refere o artigo 155º do C.I.R.E., bem como o respectivo anexo (inventário). Mais informo que não foi elaborada a lista provisória de créditos prevista no artigo 154º do CIRE, uma vez que nesta data é junto aos autos a relação de credores a que alude o artigo 129º do CIRE. P.E.D. O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 6 de agosto de 2015 Página 1

2 I Identificação dos Devedores Albérico Manuel Dias, N.I.F e Cristina Zulmira Mateus de Oliveira Dias, N.I.F , casados sob o regime da comunhão de adquiridos, residentes na Rua da Cocheira, nº 144, 1º Direito-Trás, freguesia e concelho de Mirandela. II Situação profissional e familiar dos devedores Os devedores residem, de favor, em casa de familiares com os seus dois filhos menores, Ricardo Manuel Oliveira Dias (de 14 anos) e André Filipe Oliveira Dias (de 11 anos). O devedor marido encontra-se desempregado desde Abril de 2014 auferindo, no momento, subsídio de desemprego no valor mensal de Euros 396,00. A este valor acresce o subsídio de alimentação e transporte que recebe pela frequência de um curso de formação no valor mensal de Euros 126,00. A devedora esposa sofre de doença do foro oncológico e não aufere qualquer rendimento desde Fevereiro de III Actividade dos devedores nos últimos três anos e os seus estabelecimentos (alínea c) do nº 1 do artigo 24º do C.I.R.E.) O devedor marido trabalhou, desde Novembro de 2000 até 31 de Março de 2014, como motorista, na sociedade Norberto dos Santos Gil 1, N.I.F , com sede na freguesia de Lamas de Orelhão, altura em que a sociedade foi declarada em situação de insolvência. Actualmente a única fonte de rendimento do agregado familiar respeita ao subsídio de desemprego auferido pelo devedor marido, a que se acumula o subsídio de 1 Que se dedicava ao comércio a retalho de material de bricolage, equipamento sanitário, ladrilhos e materiais similares, em estabelecimentos especializados (CAE 4752). Página 1 de 5

3 alimentação e transporte que recebe pela frequência de um curso de formação, totalizando Euros 522,00. As dificuldades que já eram evidentes pelas doenças que afectaram os devedores (o marido devedor sofreu um enfarte de miocárdio e a devedora esposa é doente do foro oncológico e foi-lhe efectuada uma mastectomia total com esvaziamento axilar de um dos peitos) ficaram assim acentuadas com a situação de desemprego que o devedor marido passou a viver desde Abril de Contudo, de acordo com o indicado pelos devedores na petição inicial e pela reclamação de créditos recepcionada, a quase totalidade do seu passivo respeita ao contrato de mútuo com hipoteca contraído junto do Banco Comercial Português, S.A. em Março de 2004 e que passaram a incumprir em Maio de Resultante deste incumprimento, o Banco Comercial Português, S.A. intentou a acção executiva nº 146/14.8T8BGC 2, tendo sido penhorado o imóvel descrito na Conservatória do Registo Predial de Mirandela sob o nº D, da freguesia de Mirandela e inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 6091º, da freguesia e concelho de Mirandela (verba nº 1 do inventário). Verificou-se a acumulação de passivo também junto da Fazenda Nacional respeitante a IUC e IMI vencidos em 2012, 2014 e Pelas reclamações apresentadas 3, verificamos que os insolventes apresentam um passivo superior a Euros ,00, sendo que este valor está maioritariamente relacionado com o incumprimento junto do Banco Comercial Português, S.A.. Comprova-se assim uma total incapacidade dos devedores para cumprir com as suas obrigações vencidas, não dispondo igualmente de património capaz de responder pelas mesmas. Viram-se assim os devedores no dever de se apresentarem a tribunal e requerer que fosse declarada a sua insolvência, tendo iniciado os procedimentos para tal necessários em Dezembro de A correr termos na Instância Central de Bragança, Secção Cível e Criminal J3. 3 Para além do valor reclamado pelo Banco Comercial Português, S.A. no que respeita ao contrato de mútuo com hipoteca, encontra-se também em debito junto desta entidade o valor de Euros 285,86 por saldo devedor em conta de depósito à ordem. Página 2 de 5

4 IV Estado da contabilidade dos devedores (alínea b) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) Não aplicável. V Perspectivas futuras (alínea c) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) Os devedores apresentaram o pedido de exoneração do passivo restante, nos termos do artigo 235º e seguintes do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Estabelece o nº 4 do artigo 236º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas que na assembleia de apreciação do relatório é dada aos credores e ao administrador da insolvência a possibilidade de se pronunciarem sobre o requerimento do pedido de exoneração do passivo. Por sua vez, o artigo 238º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas enumera as situações em que o pedido de exoneração do passivo é liminarmente indeferido. A aceitação do pedido de exoneração do passivo determina que durante um período de 5 anos o rendimento disponível que os devedores venham a auferir se considere cedido a um fiduciário. Integram o rendimento disponível todos os rendimentos que advenham a qualquer título aos devedores com exclusão do que seja razoavelmente necessário para o sustento minimamente digno dos devedores e do seu agregado familiar, não podendo exceder três vezes o salário mínimo nacional (subalínea i da alínea b) do nº 3 do artigo 239º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas). Actualmente o salário mínimo nacional mensal é de Euros 505,00. Conforme atrás foi referido, o devedor marido encontra-se desempregado, auferindo subsídio de desemprego no valor mensal de Euros 396,00. Por seu lado, a devedora esposa não aufere qualquer rendimento, pelo que o rendimento disponível é, nesta altura, nulo. De acordo com a alínea d) do nº 1 do artigo 238º do CIRE, o pedido de exoneração é liminarmente indeferido se os devedores tiverem incumprido o dever de Página 3 de 5

5 apresentação à insolvência ou, não estando obrigado a se apresentar, se tiver abstido dessa apresentação nos seis meses seguintes à verificação da situação de insolvência, com prejuízo em qualquer dos casos para os credores, e sabendo, ou não podendo ignorar sem culpa grave, não existir qualquer perspectiva séria de melhoria da sua situação económica. Da análise desta disposição legal verifica-se que, para além do incumprimento de apresentação à insolvência se torna necessário que disso advenha prejuízo para os credores e, ainda, que os devedores saibam, ou não possam ignorar sem culpa grave, não existir qualquer perspectiva séria de melhoria da sua situação económica. Tal significa que, se do atraso na apresentação não advier prejuízo para os credores, o mesmo não deve ser negativamente valorado. E ainda é necessário que os devedores saibam que a sua situação é definitiva, no sentido de não ser alterável a curto prazo, ou que não possa deixar de disso estar consciente, a não ser por inconsideração grave. Tais requisitos são cumulativos. Assim que o indeferimento do pedido de exoneração do passivo restante por violação do dever de apresentação à insolvência passará pela verificação cumulativa de três pressupostos: 1- Incumprimento do dever de apresentação à insolvência ou, não estando os devedores obrigados a se apresentarem, se se tiverem abstido dessa apresentação nos seis meses seguintes à verificação da situação de insolvência; 2- Inexistência de perspectivas sérias de melhoria da situação financeira dos devedores que os mesmos conhecessem ou não pudessem ignorar sem culpa grave; 3- Existência de prejuízo para os credores, decorrente do atraso dos devedores na apresentação à insolvência; Verificamos que os devedores atingiram um ponto de ruptura em 2008 com o incumprimento junto do Banco Comercial Português, S.A., a partir do qual não seria expectável uma melhoria séria da sua situação financeira, capaz de determinar o cumprimento das suas obrigações, o que se agravou com a situação de desemprego que o devedor passou a viver em Abril de Apesar disso, apenas em Dezembro do Página 4 de 5

6 mesmo ano os devedores iniciam os procedimentos necessários para se apresentarem a tribunal. Preenchidos os dois primeiros pressupostos supra mencionados, resta verificar da existência de prejuízo decorrente do atraso dos devedores na sua apresentação à insolvência. Pela análise das informações existente verificamos que, os valores em divida contraídos depois de atingirem um ponto de ruptura não constitui prejuízo para os credores, nem diminuiu a espectativa de estes verem ressarcidos os seus créditos. Não entende o signatário que se tenha subtraído o acervo patrimonial dos devedores e que consequentemente, se verifique a oneração do seu património ou mesmo qualquer comportamento sejam gerador de novos débitos que agravem as dificuldades financeiras em que já se encontravam. Pelo exposto, o signatário não considera preenchidos todos os pressupostos previstos na alínea d) do nº 1 do artigo 238º do CIRE. Nesta conformidade, sou de parecer que nada obsta a que seja deferido o pedido de exoneração do passivo apresentado pelo devedores, devendo fixar-se o rendimento disponível nos termos previsto na subalínea i da alínea b) do nº 3 do artigo 239º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Os credores deverão ainda deliberar no sentido da liquidação dos activos constantes do inventário elaborado nos termos do artigo 153º do CIRE. Castelões, 06 de Agosto de 2015 O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Página 5 de 5

7 Insolvência de Albérico Manuel Dias e Cristina Zulmira Mateus de (Artigo 153ºdo C.I.R.E.)

8 Insolvência de Albérico Manuel Dias e Cristina Zulmira Mateus de Inventário (artigo 153º do Código da Insolvência e da Recuperação das Empresas) Relação dos bens e direitos passíveis de serem apreendidos a favor da massa insolvente: Verba Tipo Localização Descrição da Verba Valor 1 Imóvel Lugar de Cocheira, freguesia e concelho de Mirandela Fracção autónoma designada pela letra D, constituído por primeiro andar destinado a habitação, com divisão no sótão para arrumos com a letra E e garagem na cave designada pelo nº 5; Descrito na Conservatória do Registo Predial de Mirandela sob o nº D da freguesia de Mirandela e inscrito na matriz predial urbana sob o artigo 6091º da freguesia e concelho de Mirandela. Valor Tributável: Euros ,29 O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 06 de Agosto de 2015 Página 1 de 1 do Inventário