VIABILIDADE DE AUTOGERAÇÃO DE ENERGIA PARA ILUMINAÇÃO PÚBLICA, APLICADO AO METRÔ DE SÃO PAULO, SOB UMA PERSPECTIVA DE SUSTENTABILIDADE
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- Luana Bergler Benevides
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1 VIABILIDADE DE AUTOGERAÇÃO DE ENERGIA PARA ILUMINAÇÃO PÚBLICA, APLICADO AO METRÔ DE SÃO PAULO, SOB UMA PERSPECTIVA DE SUSTENTABILIDADE Narjara Laryssa Francischeto Stivanin (Metrô) Uiara Bandineli Montedo (Vanzolini) Muitos estudos têm apontado as implicações do crescimento exacerbado do consumo de energia. As fontes renováveis são apontadas como a principal alternativa para a solução deste problema devido a sua abundância e ao baixo impacto ambiental ggerado. Este artigo apresenta uma revisão dos conceitos físicos relacionados à energia eólica e fotovoltaica na geração de eletricidade e uma aplicação simples, porém eficiente do ponto de vista energético, econômico, ambiental e social. Este trabalho descreve a evolução tecnológica e de aproveitamento das energias eólica e solarfotovoltaica e apresenta um estudo teórico de viabilidade de autogeração de energia elétrica para iluminação externa do Pátio Jabaquara da Companhia do Metropolitano de São Paulo - Metrô. O objetivo é reforçar o debate sobre a diversificação da matriz energética e da emissão de gases do efeito estufa, atentando-se para as tendências mercadológicas futuras dos créditos de carbono propiciado pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Kyoto. Palavras-chaves: metrô; sustentabilidade; energia; energia eólica; energia solar.
2 1. Introdução A Companhia do Metropolitano de São Paulo Metrô é responsável pela operação e expansão do transporte metroviário de alta capacidade e está em operação comercial desde Transporta em média 3,6 milhões de passageiros por dia, em 900 carros, por uma extensão de 65,3 km, distribuídos em 4 Linhas e 58 estações de embarque. É considerado o 3º mais carregado do mundo, perdendo apenas para Hong Kong e Moscou (METRÔ, 2011a). Neste estudo analisamos a viabilidade da implantação de equipamentos de autogeração de energia elétrica, através do aproveitamento eólico e solar no Metrô de São Paulo. Mais especificamente, pensamos em sua aplicação nos sistemas de iluminação e monitoramento do Pátio Jabaquara, o maior e mais importante dentre os pátios de manutenção e manobras dos trens do Metrô paulistano. A captação eólica e solar são fontes limpas, renováveis e de baixo custo de geração de energia elétrica. Nessa perspectiva, a adoção dessa estratégia implica em redução de gastos com energia, bem como contribui para minimizar o impacto ambiental, incluindo o Metrô de São Paulo entre os pioneiros no setor na autogeração de energia limpa e de baixo custo. A sustentabilidade já é um conceito aplicado pelo Metrô de São Paulo desde 2007, com a inserção da questão no Planejamento Estratégico 2007/2010 (METRÔ, 2007 b), buscando requalificar a empresa nessa área e antecipar as Políticas de Mudanças Climáticas dos Governos Estadual (Decreto /07 e Lei Nº /09) e Municipal (Lei Nº /09) de São Paulo. Hoje os principais investimentos estão direcionados para o tratamento adequado do lixo (Programa 3R, reciclagem de lâmpadas e destinação correta de materiais), sistemas de aproveitamento de água da chuva e água de reuso e tratamento de resíduos sólidos, manutenção da certificação NBR ISO 14001:2000 [1], obtida em 2008 (METRÔ, 2011c) e projetos para geração de créditos de carbono, nos moldes do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), uma das resoluções do Protocolo de Kyoto [2] (METRÔ, 2011d). Entretanto, na área de co-geração de energia e energias renováveis, também dispostas no Planejamento Estratégico, os projetos estão atrasados, tal como a maior parte das companhias de trens urbanos pelo mundo afora. Este trabalho busca exatamente propor uma alternativa para preencher esta lacuna. Apesar de estudar um local específico, o Pátio Jabaquara, posteriormente a expansão deste modelo será possível para outros pátios e até para parte das vias permanentes. Primeiro discutimos as problemáticas em torno da sustentabilidade como conceito bastante difundido mundialmente na atualidade. Em seguida, apresentamos uma breve revisão teórica acerca da geração de energia solar fotovoltaica e eólica, abordando suas origens, desenvolvimento e utilização atual como forma de geração de energia limpa. Passamos ao detalhamento de sistemas híbridos e fazemos uma ambientação da situação do Metrô, diante dos avanços e perspectivas de crescimento sustentável. Desta forma subsidiaremos o desenvolvimento da análise proposta. Os métodos serão apresentados e discutidos no item a seguir, o terceiro do trabalho. Depois é desenvolvida a análise teórica do estudo e ao final retomamos algumas considerações finais e discussões a título da viabilidade. 2. Revisão teórica Dados divulgados pela Organização das Nações Unidas ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), em janeiro de 2011, apontam que pela primeira vez na história os 2
3 países emergentes receberam mais investimentos que os ricos (O ESTADO DE SÃO PAULO, 2011). Estudos da Agência Internacional de Energia (AIE) estimam que até 2030 a demanda mundial por energia crescerá em torno de 60% e que dois terços serão consumidos por países em desenvolvimento, dentre os quais o Brasil se inclui como a oitava economia do mundo (AIE, 2010). Diante da situação econômica do país, a questão energética é um dos tópicos de maior importância na atualidade, visto que a energia é um fator fundamental para a manutenção do desenvolvimento e que o país está limitado por este gargalo. Nas últimas décadas, com as perspectivas de esgotamento das reservas de petróleo, os problemas políticos e sociais nas principais regiões produtoras e as mudanças climáticas, a reestruturação da matriz energética do Brasil, com a adoção de fontes alternativas, é importante para impulsionar o crescimento econômico e sustentável do país. Segundo a ANEEL (2010), o Brasil concentra sua produção energética nas hidroelétricas (66,28%), que são fontes renováveis. Diferentemente, o restante do mundo gera a maior parte de sua energia por meio de combustíveis fósseis, cerca de 80% (SEGUEL, 2009). Com as alterações climáticas e a possibilidade da não sustentabilidade das formas tradicionais de geração de energia, é necessário estimular cada vez mais a diversificação da produção energética. As fontes eólicas e solares despontam como as energias alternativas e limpas mais atrativas para o Brasil, tendo em vista a sua posição geográfica privilegiada entre a linha do Equador e o Trópico de Capricórnio. Posição esta que garante a grande incidência solar por todo o ano, além dos regimes de ventos favoráveis, praticamente em todo território nacional (OLIVEIRA, 2008). O sol é fonte de energia inesgotável, além de ser necessário para praticamente todos os tipos energéticos utilizados pelos homens, excetuando-se apenas a energia atômica (VICHI, 2009) A energia solar fotovoltaica A conversão direta da energia solar em energia elétrica pode ocorrer através de dois processos: conversão termoelétrica e conversão fotoelétrica. Neste trabalho daremos ênfase na conversão fotoelétrica ou fotovoltaica. O efeito fotoelétrico foi observado pela primeira vez em 1839, por Edmond Becquerel. O fenômeno foi aprimorado por Hertz, W. Smith e Siemens. O surgimento da primeira célula fotovoltaica se deu em 1880, desenvolvida em selênio por Fritts e apresentava 1% de eficiência (SEGUEL, 2009). A célula fotovoltaica é constituída por junções de materiais semicondutores dopados, com a finalidade de criar propriedades de condução controlada, geralmente o silício, e é responsável pela transformação da energia solar em elétrica. O efeito fotoelétrico se dá pelo aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos da estrutura de material semicondutor, produzida pela radiação incidente da luz. Essa intensa energia faz com que elétrons se desprendam do átomo e fiquem livres, criando um campo elétrico que acelera as cargas, na forma de corrente, que será captada e armazenada em baterias. Segundo Benedito (2009), cada célula produz cerca de 3 W de potência, com tensão de 0,5 V e a geração depende das variações ambientais (temperatura e radiação). Para obter uma potência maior, é necessário o agrupamento de várias células, constituindo-se os módulos ou 3
4 painéis fotovoltaicos, que quando conectados em série e/ou paralelo possibilitam a geração de potências maiores para a alimentação das cargas. O aproveitamento desta alternativa é uma das mais promissoras fontes de energia renovável, pela total ausência de poluição. O Brasil tem um bom potencial para geração fotovoltaica, pois possui altos níveis de radiação solar, com médias entre 4,5 kwh/m 2 e 6,1 kwh/m². Entretanto, conforme Salamoni (2004), os sistemas fotovoltaicos vêm sendo utilizados no país apenas em lugares distantes, desprovidos de rede de transmissão, e em pequenos sistemas conectados diretamente a rede. Apesar deste tipo de energia está em expansão em diversos países, seu aproveitamento ainda não se tornou economicamente viável, tendo em vista a falta de políticas públicas e regulamentação adequada, o alto custo de produção dos painéis e as limitações de rendimento da produção. Entretanto, com crescimento do mercado e do volume de investimentos que vêm sendo aplicados em pesquisas tecnológicas, este tipo de geração de energia limpa caminha para a viabilidade econômica, tornando possível sua implantação em larga escala em um futuro próximo. A Figura 1 apresenta o mapa de distribuição da irradiação solar média do Brasil. Fonte: Atlas de Irradiação Solar do Brasil (1998) Figura 1 Irradiação Média Anual De acordo com o mapa acima, vemos que no Estado de São Paulo conta com índices considerados razoáveis a boa para a geração solar fotovoltaica, os níveis médios anuais de irradiação estão entre 4,9 kwh/m2 a 5,7 kwh/m2, sendo seu regime distribuído com maior intensidade no verão e menor intensidade no inverno A energia eólica A energia eólica é aquela gerada pelo vento. Como a radiação solar atinge a superfície terrestre irregularmente, criam-se áreas de temperaturas, densidades e pressões diferentes, causando a movimentação das massas de ar, ao que chamamos de vento. Os ventos são utilizados para geração de energia mecânica desde ano 200 a.c, nos antigos 4
5 moinhos (DUTRA, 2009). Porém, a energia cinética dos ventos pode ser convertida tanto em energia mecânica como em energia elétrica, sendo esta a mais usual atualmente. A tecnologia empregada para aproveitamento eólico vem sendo modernizada progressivamente, apesar de o princípio de funcionamento ser basicamente o mesmo dos moinhos antigos. A massa de ar em movimento atinge as pás de uma turbina, que ao serem atravessadas, giram e movimentam o eixo preso ao seu centro, que nos modelos antigos acionavam engrenagens. Agora, este eixo é ligado ao rotor de um gerador, que é o responsável por transformar a energia do movimento em energia elétrica (MONTEIRO, 2007). A geração de energia eólica está ligada as características estruturais da turbina (altura, capacidade do gerador e rendimento de todo o sistema) e a força do vento, ou seja, quanto maior a velocidade do vento, maior a quantidade de energia disponível para transformação. Como a quantidade de vento está ligada à incidência solar, podemos dizer que a potência de conversão depende também das estações do ano, da hora do dia e das características topográficas da região. As primeiras turbinas eólicas para geração elétrica foram construídas no final do século XIX, em Ohio/EUA. Seu aprimoramento deu-se na Rússia, em 1931, onde foram construídas as primeiras turbinas de grande capacidade, chamadas de aerogeradores. Durante a 2ª Guerra Mundial, com a necessidade de economizar combustíveis fósseis, os aerogeradores tiveram um salto de desenvolvimentos tecnológico. Após a guerra, a geração eólica passou a ser coadjuvante na produção de energia por falta de competitividade em relação aos combustíveis fósseis, sendo utilizada principalmente para fins de pesquisa (DUTRA, 2009). Hoje, com as questões sobre sustentabilidade em foco e o grande desenvolvimento tecnológico alcançado na área, segundo o relatório da Global Wind Energy Council - GWEC (2008), a energia eólica é a fonte renovável que mais cresce no mundo. Além do baixo impacto ambiental gerado, ela passou a ser competitiva quando comparada às formas tradicionais de geração. O Brasil, a partir do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas Renováveis (PROINFA), vem aumentando sua participação no setor de geração eólica. Hoje o país já conta com uma capacidade instalada de 744 MW, MW em processo de instalação e MW previstos para entrar no Sistema Interligado Nacional (SIN) até 2013 (ECO 21, 2011). A Figura 2 apresenta o mapa de fluxo de potência e velocidade média dos ventos no Brasil, no qual podemos observar que o Estado de São Paulo possui boas condições para a produção eólica. Nesta região, a potência eólica varia de 200 a 600 W/m², com velocidade média entre 3 e 8 m/s. 5
6 Fonte: Atlas do Potencial Eólico Brasileiro (2001) Figura 2: Fluxo de Potência Eólica e Velocidade Média Anual do Vento 2.3. Sistemas híbridos de produção de energia Sistemas híbridos são sistemas autônomos de geração, que apresentam várias fontes de energia interligadas em conjunto, com intenção de exploração máxima das diversas fontes e confiabilidade de disponibilidade energética. O sistema híbrido eólico-solar agrupa duas fontes renováveis e é de grande confiabilidade devido à existência constante de sol e/ou vento. A união de várias formas de geração é mais complexa, pois necessita de um banco de baterias e um controlador de carga e descarga para garantir a disponibilidade e aumentar a vida útil do sistema, que pode alimentar diretamente cargas em corrente contínua (CC) (DUTRA, 2009). O esquema é apresentado na figura 3. Fonte: DUTRA (2009) Figura 3: Diagrama Esquemático de Sistema Híbrido 2.4. O Metrô de São Paulo e sua contribuição à sustentabilidade A tendência da sustentabilidade está tomando conta dos mercados. Atualmente não basta apenas oferecer produtos e serviços de qualidade, é preciso comprometer-se com o planeta. 6
7 Nesta linha de pensamento, o Metrô de São Paulo se engajou na missão de Prover transporte público com rapidez, segurança, confiabilidade e sustentabilidade ambiental (METRÔ, 2011e, grifo nosso). Por ser alimentado por energia renovável, visto que a matriz energética do país é baseada na produção hidroelétrica, e pela sua alta capacidade de transportar pessoas, o Metrô é considerado uma alternativa de transporte limpa. Entretanto, como é um grande consumidor de energia, e a matriz energética nacional é fortemente apoiada na produção de grandes hidrelétricas, responsáveis por impactos ambientais, socioeconômicos e por emissão de gases do efeito estufa, a empresa tem tomado medidas para melhorar a eficiência do consumo. As novas estações do Metrô, como Alto do Ipiranga, Sacomã, Tamanduateí e Vila Prudente, da Linha 2-Verde, já contam com projetos de utilização eficiente dos recursos, valorizando a iluminação natural e a instalação de equipamentos inteligentes, como escadas rolantes com sensores de fluxo de demanda. Desde 2009 o Metrô vem levantando o seu Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), buscando direcionar as ações para a redução de emissões e atender à Lei nº /09, a qual define a Política de Mudanças Climáticas do Estado de São Paulo e estipula a redução de 20% das emissões entre 2005 e Em iniciativa pioneira no setor de transportes do país, a empresa teve a implantação do trecho Ana Rosa Alto do Ipiranga, da Linha 2 Verde, reconhecido pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) como gerador de Créditos de Emissão Reduzida (CER). Futuramente, com a expansão da rede, o Metrô poderá gerar novos créditos. Em 2010, o Metrô consumiu cerca de 550 mil MWh, para a operação do sistema e para abastecer prédios administrativos, áreas comerciais das estações, estacionamentos, etc. Estes números são aproximadamente 3,5% superiores ao ano anterior, devido ao crescimento e melhorias do sistema metroviário. Seguindo esta tendência de expansão dos serviços, o consumo de energia também tende a seguir um viés de crescimento. 3. Metodologia Este trabalho apresenta um estudo teórico da viabilidade de implantação de novas tecnologias para iluminação pública, com o objetivo de mostrar um caminho para se alcançar a eficiência de forma sustentável. O modelo proposto consiste em substituir os postes, luminárias e lâmpadas das vias públicas do pátio Jabaquara do Metrô, por postes híbridos e luminárias com módulos de diodos emissores de luz (LED s) de alta potência. Para sustentar o estudo foi feita uma revisão teórica sobre os principais assuntos a serem abordados, dando-se ênfase nos conceitos de geração de energia solar fotovoltaica e eólica, assim como a geração conjunta das duas, conhecida como geração híbrida. Foi também abordado a relevância das questões de sustentabilidade para a empresa. Dando continuidade ao objetivo do estudo, fazemos uma análise de potencial eólico e solar do pátio Jabaquara, através da consulta aos simuladores de Potencial Energético Solar (SunData) e de Potencial Eólico (SWERA), disponibilizado pelo Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito (CRESESB). Diante da constatação teórica da viabilidade técnica para implantação de postes híbridos, foram analisados alguns modelos disponíveis no mercado, dos seguintes fabricantes: Neolux (250 watts), Energia Pura (350 watts), Urban Green Energy (380 watts), Desmex (500 watts) 7
8 e Gram-eollic (1400 watts). XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Tendo em vista que os modelos apresentam diferenças construtivas significativas, adotamos como critério para escolha do equipamento, aquele que apresenta maior capacidade de geração. Dessa forma, utilizaremos na análise o poste híbrido da empresa Gram-eollic. 4. Estudo de caso teórico Uma vez delineadas as tecnologias a serem empregadas neste estudo, partiremos para a análise da viabilidade de implantação de um sistema híbrido eólico-solar, em que serão apresentadas suas principais características, bem como as vantagens e desvantagens de sua implantação. Através dos simuladores disponibilizados pelo CRESESB e com as coordenadas geográficas da região onde está situado o pátio Jabaquara (latitude º Sul e longitude º Oeste), foram calculadas a radiação solar diária média e as médias sazonais de velocidade dos ventos. Das verificações, temos que a região está exposta a uma radiação média diária de 3,96 kwh/m². Os ventos atingem velocidade mínima de 3,4566 m/s, no verão, podendo chegar a máxima de 4,6297 m/s, no inverno. A Tabela 1 apresenta a distribuição das médias diárias de radiação solar durante o ano. Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Média Delta 4,50 5,00 4,06 3,61 3,19 2,94 3,22 3,72 3,75 4,03 5,00 4,53 3,96 2,06 Distância em linha reta do ponto de medição 11,7 km. Fonte: CRESESB Programa SunData (2011, adaptada) Tabela 1: Índices Médios Diários de Radiação na Região do bairro Jabaquara/SP [ kwh/m².dia] A partir da análise desta tabela, podemos identificar a quantidade de energia possível de ser gerada na região. Esses índices encontram-se em faixas medianas e baixas de incidência de radiação solar, porém atendem as especificações de funcionamento do poste. A geração solar contribui com a menor parcela da produção do equipamento, cerca de 28% da geração. É válido acrescentar que em relação à energia fotovoltaica, qualquer lugar onde tenha incidência solar é passível de geração. A diferenciação se dá em relação à quantidade produzida e não em relação à possibilidade de produção. A Tabela 2 traz a distribuição sazonal média da velocidade do vento na região. Dez/Fev Mar/Maio Jun/Ago Set/Nov 3,4566 3,9955 4,6297 4,2862 Distância em linha reta do ponto de medição 0,6 km Fonte: CRESESB Programa SunData (2011, adaptada) Tabela 2: Índices Sazonais de Velocidade do Vento a 50m de altura na Região do bairro Jabaquara/SP [m/s] Da Tabela 2, temos que a região apresenta baixo potencial de geração eólica para grande escala, pois a velocidade do vento seria baixa para movimentar grandes hélices. Entretanto, como se trata de geração em pequena escala e de hélices pequenas, as velocidades apresentadas são suficientes, tendo em vista que o equipamento exige uma velocidade mínima de 2,5 m/s. A partir da constatação da viabilidade teórica de implantação, iniciaremos a discussão em torno do equipamento determinado pelo critério de maior capacidade de geração. 8
9 Ressalta-se ainda, que por ser uma análise teórica, utilizamos apenas os índices médios de radiação solar e velocidade do vento. Porém, os locais para implantação de sistemas híbridos solar-eólico devem ser estudados de forma bastante criteriosa. As características da velocidade do vento e da radiação solar devem ser examinadas através das variações diárias, horárias e intersazonais, para se ter certeza de que foram encontradas as melhores condições de instalação. O poste híbrido eólico-solar da Gram-eollic é autossuficiente e traz a independência do SIN. De fabricação nacional, é constituído por um gerador de energia em formato de avião, bateria, poste metálico e luminárias com lâmpadas LED. O avião, construído em fibra de carbono, fica preso ao topo do poste e é capaz de girar 360º em torno de si. Possui nas asas células de captação solar. No bico, hélices e um pequeno gerador com rotor de imãs permanentes e estatores para a transformação eólica. Logo abaixo do avião está localizada uma bateria para armazenamento da energia gerada. A possibilidade de giro de 360º melhora sua eficiência na geração eólica, sendo possível o auto-ajuste às mudanças de direção do vento, em tempo real e sem necessidade de controladores, estando sempre perpendicular ao mesmo. O equipamento é capaz de gerar até 400 watts com a captação solar, 1000 watts com a captação eólica (REVISTA BRASIL ENGENHARIA, 2010), e possui vida útil de 20 anos (INOVA, 2010). Junto ao sistema híbrido, de forma a aumentar a eficiência do conjunto, são empregadas lâmpadas LED, devido ao seu baixo consumo e por serem ambientalmente corretas. Elas não contêm substâncias nocivas à saúde e à natureza (chumbo, mercúrio e ácido fluorídrico), possuem maior rendimento de lumens por watt, são mais fáceis de serem instaladas e dão pouca manutenção, pois não utilizam reator ou ignitor, e chegam a durar em média horas, quatro vezes a vida útil das atuais, de vapor metálico. Abaixo, na Figura 4, apresentamos o poste híbrido eólico-solar da Gram-eollic. Fonte: Revista Brasil Engenharia (2010) Figura 4: Poste Híbrido Eólico e Solar com Avião de Energia desenvolvido pela Gram-Eollic Características técnicas do equipamento: Avião fabricado em fibra de carbono, composto de células solares e hélice frontal, gira 9
10 360º. Bateria suspensa no poste, com autonomia de 70 horas. Poste galvanizado em aço e epóxi de 12 metros. Luminária com lâmpada LED de 150 e 250 watts e vida útil de horas. Sensores High Tecnology, desenvolvido pela Gram-eollic, para evitar que as lâmpadas fiquem ligadas durante o dia. No ano de 2010 o Metrô consumiu um total de 550 mil MWh, destes, cerca de 410 MWh foram para iluminação do pátio Jabaquara, 1,1 MWh por noite (considerando um período de 12 horas de funcionamento por noite). Considerando-se o consumo total de 2010, a iluminação do pátio corresponde a um percentual aparentemente pequeno, cerca de 0,07% do total, o que já era de se esperar, visto que o grande consumo da empresa está na operação dos trens. Este consumo, no entanto, representa um gasto anual de aproximadamente R$ ,00 (considerada a média dos valores pagos por MWh dos meses de outubro, novembro e dezembro de 2010). Esse valor é relativamente baixo, devido ao fato do Metrô ser um consumidor livre e comprar energia em alta tensão. Diante desse contexto, com a implantação do sistema de iluminação pública híbrido, além dos benefícios ambientais pelo consumo de energia limpa, notamos uma economia de R$ ,00 com a conta de energia, a redução de manutenção em torno de 75% e a diminuição de 43,6% no consumo e necessidade de geração de energia. Isso, sem considerar os ganhos com a segurança patrimonial da área, com diminuição de estoque, com o marketing ambiental e os possíveis recursos gerados pelos créditos de carbono. Apesar do estudo não trazer dados mais específicos da viabilidade econômica da implantação, estima-se que o investimento se pagaria em aproximadamente cinco anos. Portanto, em 75% da vida útil o equipamento gera apenas retorno. 5. Considerações finais É importante ressaltar que o presente estudo é precursor e teórico. Para o correto dimensionamento do sistema na sua implantação, será necessária uma análise mais detalhada e precisa das variáveis, o que interferirá diretamente nas análises necessárias para instruir as decisões, e que estarão diretamente relacionadas ao seu custo final. Assim como o dimensionamento, o preço de tarifas de energia e os dados de consumo são orientativos, visto que o Metrô não possui medições específicas para a iluminação pública do pátio Jabaquara e que as tarifas são variáveis, já que se trata de consumidor livre. O retorno do investimento real é elevado, mas à época da implantação poderá ser ainda maior, caso seja considerada uma análise mais efetiva do impacto nos estoques, da utilização de créditos de carbono e o possível aproveitamento da estrutura já existente, como postes e fiação. O sistema permite a expansão conforme haja necessidade, sem grandes custos de adaptação, e pode ser estendido para a alimentação de câmeras, alarmes, sensores de incêndio, sonoro, segurança e transmissores via rádio, freqüência, áudio, entre outros. Outro benefício desse sistema é a independência do SIN. Como a energia é produzida junto à carga, diminuem-se as perdas na transmissão e distribuição, e diante das melhorias de processo o custo da energia fica menor. 10
11 A autonomia em relação ao SIN contribui também com o aumento da segurança patrimonial, pois diante de um possível apagão, a área não ficaria sem iluminação e equipamentos de vigilância, inibindo ações de vandalismo. Do ponto de vista ambiental, a energia eólica e solar são fontes de geração energética inesgotáveis, disponíveis em todos os locais, produzem energia limpa, renovável, silenciosa e segura, diminuindo as emissões de CO2. Quanto à oportunidade de ganhos com os créditos de carbono, apesar de o sistema implantado possuir as características para certificação, é necessário avaliar se o custo do processo é viável financeiramente, visto que os estudos de certificação ainda são muito caros. Caso não se tenha recursos suficientes para a implantação de todo o sistema, apenas a troca das lâmpadas já traria um resultado considerável na redução do consumo e, consequentemente, uma redução nos gastos com a compra de energia. As lâmpadas LED, apesar de mais caras que as atualmente utilizadas, apresentam muitos benefícios. Dentre eles, pode-se salientar que a distribuição de luminosidade é mais eficiente, as luminárias possuem vida útil superior, visto que não estão expostas ao calor excessivo, apresentando menor desgaste. Além destas vantagens acrescenta-se àquela relacionada à diminuição da necessidade de manutenção, o que permite reduzir consideravelmente a necessidade de manutenção de estoque de reposição. Cabe ainda aqui uma consideração final, pois estima-se que esta pesquisa enfrentou dificuldades quando procurou avaliar a viabilidade econômica da implantação do sistema. Devido a dificuldades para a obtenção de dados junto ao fornecedor, esse aprofundamento não se tornou possível no presente momento. Referências AMBIENTE BRASIL. Energia Solar. Histórico das células fotovoltaicas e a evolução da utilização de energia solar. Disponível em: Acesso em: 14 de dezembro AIE Agência Internacional de Energia. Publications. Disponível em: Acesso em: 12 de dezembro ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica. Capacidade Geração Brasil. Matriz de Energia Elétrica. Disponível em: Acesso em: 06 de fevereiro ATLAS DO POTENCIAL EÓLICO BRASILEIRO. Disponível em: Acesso em: 11 de dezembro BENEDITO, R. S. Caracterização da geração distribuída de eletricidade por meio de sistemas fotovoltaicos conectados à rede, no Brasil, sob os aspectos técnicos, econômico e regulatório. São Paulo, f. Dissertação (Mestrado em Ciências) Programa de Pós-Graduação em Energia, Universidade de São Paulo. CRESESB Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito Programa SunData. DUTRA, Ricardo M. Energia eólica princípios e tecnologia. CRESESB. Disponível em: Acesso em: 11 de dezembro GWEC Global Wind Energy Council. Global Wind Energy Outlook. Disponível em: Acesso em: 07 de dezembro INOVA, 6, 2010, Fortaleza. Resumo. Poste Híbrido (eólico e solar com avião gerador de energia). Ceará: Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), MONTEIRO, R. R. Análise técnica de um sistema híbrido eólico-solar para alimentar ERBs em lugares isolados: o caso da estação Antonina/PR. Curitiba, f. Monografia (Graduação) Curso de Engenharia Industrial Elétrica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. O ESTADO DE SÃO PAULO. Economia. Brasil entra na lista dos 10 maiores destinos de investimentos. Disponível em: Acesso em: 17 de janeiro
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