TUMORES GIGANTES DE OVÁRIO
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- Esther Ávila Monteiro
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1 TUMORES GIGANTES DE OVÁRIO Os autores apresentam três casos de Tumores Gigantes de Ovário, sendo um com alto grau de malignidade (Linfoma do tipo Burkitt), dois benignos (Cisto Seroso e Teratoma), porém todos apresentaram uma boa evolução após a sua ressecção e no caso do Linfoma, a paciente se encontra ainda em quimioterapia. CASO 1 Criança com 5 anos de idade com história de aumento progressivo do volume abdominal, palidez e emagrecimento. Ao exame físico notamos um abdome globoso, com tumoração palpável, principalmente à esquerda, ultrapassando a linha média, de limites imprecisos., presença de ascite a qual dificultava o exame. Realizada ultra-sonografia abdominal que mostrou uma massa sólida envolvendo todo o hemiabdome esquerdo, de superfície irregular e a presença de grande quantidade de liquido na cavidade (ascite), (Fig. 1). Fig. 1 Urografia excretora, presença de volumosa massa abdominal deslocando o Rim Esquerdo com compressão do ureter deste mesmo lado, com sinais de hidronefrose (Figuras 2a e 2b).
2 Fig. 2a Fig. 2b Indicado Laparotomia Exploradora e através de uma incisão transversa à esquerda ultrapassando a linha média, houve a saída de uma grande quantidade de líquido seroso (cerca de 2000 ml) e identificamos uma volumosa massa envolvendo o ovário esquerdo de aspecto lobulado e necrótico e com grande friabilidade, (Fig.3). Fig. 3 Praticamos a ressecção desta tumoração em toda a sua totalidade, (Fig.4). Fig. 4
3 Revisado a cavidade, inclusive com biópsia do ovário direito, não foram detectados adenomegalias. Estudo anátomo-patológico mostrou um tumor de 14.0 x 10.0 x 6.0 cm em seus maiores diâmetros com peso de 500 g. Diagnóstico histológico de Linfoma Maligno Difuso, grupo de Alto Grau de Malignidade, Tipo Burkitt, na figura 5, temos um aumento de 100 vezes, aspecto de Céu Estrelado e na figura 6, aumento de 200 x,aspecto em Roseta. Fig. 5 Fig. 6 Estudo imunohistoquímico, perfil condizente com Linfoma Linfoblástico com Imunofenótipo de Células B e Imunoidentificação de antígenos do Vírus Epstein-Barr (Linfoma de Burkitt), nas figuras 7 e 8 temos as células EBV com núcleo acastanhado. Fig. 7 Fig. 8 Mielograma: não foram identificados infiltrados blástico. Ovário Direito : normal. A paciente foi encaminhada para o serviço especializado de Oncologia Pediátrica e atualmente se encontra em tratamento ambulatorial fazendo uso de quimioterápicos e até a presente data foram realizados cinco ciclos com boa evolução. CASO 2 Paciente com 11 anos de idade, com volumosa tumoração abdominal, envolvendo desde a região epigástrica até a hipogástrica inclusive os flancos direito e esquerdo (Fig.9). Ultra-sonografia nos mostrou uma massa cística envolvendo todo o abdome médio e inferior, podendo se tratar de um cisto de ovário ou um cisto de mesentério.
4 Fig. 9 Indicado Laparotomia Exploradora e através de uma incisão ampla infra-umbilical identificamos uma tumoração cística gigante ocupando o ovário esquerdo, (Fig. 10). Esse cisto foi ressecado completamente, (Fig.11) e a paciente recebeu alta no 5 O dia de pósoperatório sem intercorrências. Diagnóstico histopatológico mostrou um cisto seroso de ovário esquerdo. Fig. 10 Fig. 11 CASO 3 Paciente com 7 anos de idade com história de 4 meses de evolução com aumento progressivo do volume abdominal. Ao exame físico constatamos uma volumosa tumoração com características sólidas que ocupava desde a região epigástrica até o púbis. RX simples de abdome nos revelou uma imagem calcificada à esquerda (Fig.12) Fig. 12
5 Diagnóstico pré-operatório : Teratoma de Ovário Esquerdo. Indicado Laparotomia Transversa Esquerda ampla, onde identificamos uma tumoração gigante, sólida e que envolvia completamente o ovário esquerdo,(fig.13) Fig. 13 Ressecamos completamente este tumor,(fig.14). Fig. 14 Diagnóstico histopatológico : Teratoma Benigno de Ovário com restos embrionários e com a presença de cabelo, osso e cartilagem em seu interior. (Fig.15). Fig. 15 A paciente apresentou boa evolução tendo alta no 5 O dia de pós-operatório.
6 DISCUSSÃO Os cistos de ovário e tumores são relativamente incomuns na criança com uma incidência de 1 % de todas as patologias malignas em pacientes com idade inferior a 15 anos de idade. O Linfoma do tipo Burkitt é muito comum na África, talvez devido às condições geográficas, apresentando temperaturas elevadas, copiosas chuvas e grande quantidade de mosquito, sugere a transmissão de um agente viral por mosquito. Presumivelmente as crianças são as mais afetadas, devido a não ter sido desenvolvida resistência imunológica prévia ao agente infeccioso (Burkitt 1968). O vírus Epstein Barr (EBV) tem sido isolado de células linfomatosas de Burkitt. As partículas Virais C têm sido identificadas pelo microscópio eletrônico. Embora usualmente presente como um difuso tumor de mandíbula, envolve também o abdome em mais de 50% dos pacientes. Nos Estados Unidos, outros locais de envolvimento incluem a medula óssea, pleura, líquido cérebro espinhal, SNC, nódulos periféricos, rins e faringe. O ovário é o mais comum local de apresentação nos USA e na África. Os cistos ovarianos não neoplásicos geralmente apresentam como uma massa palpável acima do ligamento inguinal ou pode ser identificada com exame retal ou uma palpação bimanual. A menos que a torção ocorra, ele é macio, móvel e não doloroso. Quando volumoso pode ser acompanhado de obstipação ou retenção urinária. Nas crianças maiores apresentam aumento considerável do abdome porém sem ganho de peso. Devido àquela elasticidade do pedículo, pode ocorrer torção com uma certa freqüência. À direita podem simular abdome agudo inflamatório sendo a apendicite a causa mais comum no diagnóstico diferencial. Monteleone et al descreveram puberdade precoce associada com cisto folicular de ovário em uma criança de dois anos de idade qual regrediu quando o tumor foi incisado. No caso em que o cisto é de grande tamanho, como este nosso, o tecido ovariano é destruído por compressão e, freqüentemente, impossível detectar qualquer parênquima, neste caso a ooforectomia unilateral está indicada. Nos casos de serem pequenos e de parede fina e translúcida 90% podem ser aspirados. Naqueles de tamanho médio e bilateral a enucleação e ressutura é recomendada. O mais comum tumor ovariano benigno na criança é o teratoma cístico benigno. Apresentam todos os três folhetos mesodérmicos. Calcificação é vista ao RX em cerca de 50% dos pacientes. Torção é duas vezes mais comum em pacientes com cistos não neoplásicos. Essas lesões são sempre benignas na criança, embora podem sofrer degeneração maligna envolvendo elementos escamosos na idade adulta. O tratamento é cirúrgico e a ooforectomia unilateral naqueles casos volumosos é indicada. Em outros casos especialmente em tumores bilaterais, a ressecção conservadora é indicada.
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