Governo do Estado de São Paulo RELATÓRIO DA MISSÃO. Seminário Técnico São Paulo-Baviera sobre Gestão de Resíduos Sólidos no Estado da Baviera
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- Augusto Custódio Filipe
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1 RELATÓRIO DA MISSÃO Seminário Técnico São Paulo-Baviera sobre Gestão de Resíduos Sólidos no Estado da Baviera Maio de 2011
2 SUMÁRIO PARTICIPANTES DA MISSÃO... 3 ORGANIZAÇÃO... 3 REALIZAÇÃO OBJETIVO HISTÓRICO DA COOPERAÇÃO TÉCNICA ENTRE SÃO PAULO E BAVIERA TEMAS DE INTERESSE DOS PARTICIPANTES DA MISSÃO PALESTRAS, REUNIÕES E VISITAS TÉCNICAS REALIZADAS Reunião com as Secretarias de Estado da Baviera Visita à URE MVA Cidade de Ingolstadt Visita ao centro de entrega voluntária de resíduos Cidade de Ingolstadt Visita ao Aterro Sanitário de Eberstetten Visita à Planta de Fermentação Seca AWM Cidade de Munique Visita à URE MKW Cidade de Schwandorf Visita à URE AVA Cidade de Augsburg Reunião com a Empresa Martin GmbH OBSERVAÇÕES E CONSIDERAÇÕES... 42
3 PARTICIPANTES DA MISSÃO ANTONIO BOLOGNESI(Chefe de Missão) Diretor-Presidente da Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. (EMAE) ARUNTHO SAVASTANO NETO Gerente do Setor de Apoio a Programas Especiais da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) CARLOS ALBERTO RODRIGUES DA SILVA Engenheiro Especialista da Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. (EMAE) CESAR CUNHA FERREIRA Secretario Municipal de Meio Ambiente de Cubatão SP DONIZETE TAVARES DO NASCIMENTO Presidente da Câmara de Vereadores do Município de Cubatão SP LUIZ ANTONIO CARVALHO PACHECO Assessor Técnico da Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano do Estado de São Paulo MILTON FLÁVIO MARQUES LAUTENSCHLAGER Assessor Especial da Secretaria de Energia do Estado de São Paulo RODOLFO JOSÉ DA COSTA E SILVA Assessor Técnico da Secretaria de Desenvolvimento Metropolitano do Estado de São Paulo ORGANIZAÇÃO IÊDA MARIA DE OLIVEIRA LIMA Secretaria de Energia do Estado de São Paulo MARTIN LANGEWELLPOTT Representante do Governo da Baviera na Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha MARTIN STRÄHLE BfzgGmbH Divisão Internacional Centros de Formação Profissional dos Sindicatos Empresariais da Baviera
4 APOIO FINANCEIRO Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo - SMA/Companhia Ambiental do Estado de São Paulo - CETESB Secretaria de Energia do Estado de São Paulo - SE/Empresa Metropolitana de Águas e Energia - EMAE Secretaria de Economia, Infraestrutura, Transporte Tecnologia do Estado Livre da Baviera REALIZAÇÃO MARTIN STRÄHLE BfzgGmbH Divisão Internacional Centros de Formação Profissional dos Sindicatos Empresariais da Baviera WOLFGANG SCHOLZ Secretaria do Meio Ambiente, Saúde Pública e Proteção ao Consumidor da Baviera (StMUG) THOMAS KÖNIG ATAB Arbeitsgemeinschaft der Betreiberthermischer Abfalbehandlungsanlagen in Bayern (Associação dos Operadores de Incineradores da Baviera) GERHARD MEIER ATAB Arbeitsgemeinschaft der Betreiberthermischer Abfalbehandlungsanlagen in Bayern (Associação dos Operadores de Incineradores da Baviera) NINA GRAY Intérprete CRISTINA ARAÚJO Intérprete
5 Participantes da missão
6 1 OBJETIVO Este relatório técnico tem por objetivo apresentar as principais informações sobre o Seminário Técnico realizado no período de 08 a 14 de maio de 2011, na Alemanha, por uma missão composta por representantes da Secretaria de Energia do Estado de São Paulo (SEE) / Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. (EMAE), Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA) / Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), Secretaria de Desenvolvimento e Gestão Metropolitana do Estado de São Paulo (SDM), Secretaria do Meio Ambiente do Município de Cubatão e Câmara Municipal de Cubatão. Esta missão foi realizada no âmbito do Acordo Complementar de Cooperação Técnica entre o Estado Livre da Baviera e o Estado de São Paulo, a Secretaria de Meio Ambiente, Saúde Pública e de Proteção ao Consumidor (StMUGV) do Estado da Baviera (Termo assinado em dez/2010). O Seminário foi constituído de palestras e visitas técnicas a Usinas de Recuperação Energética de resíduos (URE) e outras instalações de tratamento de resíduos e reuniões com empresas e instituições bávaras da área de gerenciamento e tratamento de resíduos sólidos domiciliares e de lodo de ETE. 2 HISTÓRICO DA COOPERAÇÃO TÉCNICA ENTRE SÃO PAULO E BAVIERA Em dezembro de 2004, o Estado de São Paulo, por meio da SMA, e o Estado Livre da Baviera (Alemanha), com sua Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Saúde Pública e Defesa do Consumidor, firmaram um Acordo de Cooperação Técnica para avaliar alternativas para o gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos, principalmente em Regiões Metropolitanas. Em 2006 foi produzido, no âmbito do Acordo de Cooperação, pelos técnicos da Baviera, um estudo comparativo entre a destinação de resíduos em aterro e em Usinas de Recuperação Energética, denominado Total Costs of Ownership (TCO): Comparison Incineration Plant- Landfill (Comparação entre Planta de Incineração e Aterro Sanitário). O estudo objetivou dar subsídios à tomada de decisão entre os dois métodos de disposição. O resultado da análise 2
7 demonstrou as vantagens econômicas da incineração dos resíduos, com um alto aproveitamento da energia e segurança ambiental. Merece, ainda, destaque dentre os resultados alcançados pelo Estado de São Paulo no âmbito da cooperação, a promulgação da Resolução SMA 79, de , que estabelece diretrizes e condições para a operação e o licenciamento da atividade de tratamento térmico de resíduos sólidos em Usinas de Recuperação de Energia URE. Em dezembro de 2010, os Governos dos Estados de São Paulo e da Baviera/Alemanha, por intermédio das Secretarias de Saneamento e Energia e do Meio Ambiente, assinaram um Protocolo de Intenções, do qual a EMAE é também signatária, complementar ao Acordo de Cooperação Técnica existente, na área de energias renováveis. Constitui objeto do Protocolo de Intenções externar o propósito dos Estados de São Paulo e da Baviera, no âmbito de suas atribuições legais e por meio de suas áreas responsáveis, de apoiar as iniciativas conjuntas concernentes à implantação e operação de Usinas de Recuperação de Energia (URE) nas Regiões Metropolitanas do Estado de São Paulo e à ampliação dos conhecimentos nas áreas de eficiência energética e utilização de energias renováveis. Com foco nesse objeto, os partícipes se propuseram a desenvolver cooperação nos seguintes tópicos: Licenciamento, procedimentos de supervisão e plano de comunicação para conferir transparência às informações para a comunidade, em relação às URE; Gerenciamento de resíduos sólidos, avaliação dos modelos de estruturação do negócio, análise de linhas de financiamento e fundos de investimento, descrição detalhada dos projetos, elaboração de estudos de viabilidade técnica e econômica, considerando aspectos de engenharia e de construção para a instalação de plantas de tratamento térmico e aproveitamento energético de resíduos sólidos, incluindo sistemas de tratamento de emissões, treinamento técnico para a organização e a operação da planta, estudos de aplicação dos resíduos da incineração (escórias e cinzas) e tecnologia de operação e manutenção desses empreendimentos; 3
8 Intercâmbio de informações e experiências no desenvolvimento de programas que promovam e apliquem tecnologia de eficiência energética no gerenciamento on-demand e a produção de energia de fontes renováveis, com ênfase no aproveitamento energético para resíduos sólidos urbanos, incluindo também, energia proveniente de outras fontes renováveis tais como: pequenas centrais hidroelétricas, biomassa, solar e eólica. No âmbito do referido Protocolo de Intenções estava prevista a realização deste Seminário Técnico sobre Gestão de Resíduos Sólidos na Baviera. 3 TEMAS DE INTERESSE DOS PARTICIPANTES DA MISSÃO Os temas de interesse expressados pelos participantes da missão aos organizadores do evento foram os seguintes: Visão geral sobre legislação e regulação das URE Licenciamento Ambiental e respectivas exigências Programas de educação ambiental voltados à divulgação e implantação de URE Estruturação e modelo de negócio Linhas de financiamento e fundos de investimento Como se inserem os produtos das URE no mercado Políticas públicas de energias renováveis Estudo das soluções adotadas para o encaminhamento do problema em outros países, particularmente a incineração de resíduos com recuperação energética Aspectos técnicos do tratamento térmico de resíduos Custos de implantação e de operação Aterro sanitário para "sobras" da incineração Projetos de reciclagem dos resíduos Níveis de gases poluentes oriundos da incineração Geração de energia 4
9 Sistemas de operação e tratamento de resíduos domiciliares, lodo de flotação e lodo de usinas de tratamento de esgotos, geração de energia, bem como, o tratamento e o monitoramento contínuo das emissões atmosféricas desses sistemas Sistemas de manutenção dos equipamentos das usinas com visão de planejamento e execução dos serviços Tecnologias de controle de emissões atmosféricas, incluindo sistemas de intertravamento e procedimentos de supervisão Planejamento, construção e comissionamento de usinas de tratamento de resíduos domiciliares Aplicação dos rejeitos dos sistemas de tratamento (escória) e de efluentes atmosféricos das usinas (cinzas) Meio ambiente e desenvolvimento sustentável, disposição de resíduos sólidos, coleta seletiva, poluição atmosférica e hídrica, projetos socioambientais Meio ambiente no geral, água, resíduos sólidos Plano de Comunicação das Usinas de Recuperação de Energia Impactos na saúde pública decorrentes da implantação das Usinas de Recuperação Energética de Resíduos Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, disposição de resíduos sólidos, coleta seletiva, poluição atmosférica e hídrica, projetos socioambientais. 4 PALESTRAS, REUNIÕES E VISITAS TÉCNICAS REALIZADAS 4.1 Reunião com as Secretarias de Estado da Baviera Data: 09/05/2011 Meio Ambiente e Saúde Pública (StMUG) Michael Richter e Ludwig Kohler Economia, Infraestrutura, Transportes e Tecnologia do (StMWIVT) Georg Reichl 5
10 Reunião da missão com autoridades da Baviera Nessa reunião, foram apresentadas: i) a retrospectiva do projeto São Paulo, desenvolvido no âmbito do Acordo de Cooperação Técnica; e ii) uma introdução à gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no Estado da Baviera. A EMAE falou da importância do Estado de São Paulo no PIB do Brasil e no consumo de energia elétrica. Falou também sobre os problemas de gestão de Resíduos Sólidos Urbanos - RSU, principalmente na Região Metropolitana da Baixada Santista, onde está se estudando a implantação da primeira Unidade de Recuperação de Energia a partir de RSU - URE, a qual deverá ser o modelo para uma nova gestão. A CETESB explanou sobre o Acordo de Cooperação Técnica firmado em 2004 e de seus primeiros resultados, destacando a segurança adquirida para o licenciamento ambiental da tecnologia de incineração, com a elaboração das regras para tal. A ATAB salientou que está disposta a apoiar o empreendimento, não só nos aspectos tecnológicos quanto nos de organização, uma vez que tem confiança na solução para São Paulo, em função do conhecimento adquirido nesse tempo de cooperação. 6
11 Dentre as principais informações expostas pelas autoridades da Baviera nessa reunião destacam-se: Características geográficas e demográficas: EUROPA ALEMANHA BAVIERA 492 milhões de habitantes 82 milhões de habitantes 12 milhões de habitantes 27 países 16 estados 7 distritos km² km² km² O Estado da Baviera teve um crescimento econômico de 33,5% (1995 a 2010), o maior da Alemanha. Possui alto poder aquisitivo ( euros/habitante/ano em 2010) e baixo índice de desemprego (4,5%, na Alemanha é 7,7%). Possui também alto potencial de inovação (27,6% das patentes da Alemanha). Na área de educação conta com 11 universidades de elite e 17 universidades voltadas às ciências aplicadas. A Baviera é considerada um centro financeiro, especialmente de empresas seguradoras, tendo a Allianz como principal. Mais de 1500 empresas internacionais operam na Baviera, tendo 8 das 30 empresas alemãs cotadas no DAX (Deutsche BörseGroup). 7
12 Princípios básicos do sistema de gestão de RSU da Baviera: Conceito do sistema de gestão RSU Os Resíduos Sólidos Industriais (RSI) e resíduos para reciclagem são de responsabilidade das empresas. Os fabricantes são responsáveis pelo recebimento de veículos, ao final de suas vidas úteis, eletroeletrônicos, baterias e embalagens. Os resíduos domiciliares são de responsabilidade do serviço público, que é também responsável pelo aparelhamento e incentivo à coleta seletiva (comunicação via internet, TV, jornais). Há ainda os pontos de entrega voluntária (bringing systems) de sucatas metálicas, papelão, vidros e entulhos. Os resíduos perigosos são coletados por empresa estatal, chamada GSB. Foi informado que nas cidades onde há URE, os cidadãos têm maior disposição em separar adequadamente os resíduos. As primeiras URE foram implantadas nas grandes cidades da Alemanha há 70 anos, e agora que a Alemanha decidiu eliminar a energia nuclear de sua matriz energética, as URE estão se tornando ainda mais importantes. 8
13 No gráfico a seguir pode ser observado o aumento do número de URE e diminuição do número de aterros, de 1970 a Em 1970 havia aterros e apenas 2 URE; já em 2007, no Estado da Baviera, o número de aterros caiu para 36, e o de URE subiu para 16. URE (azul escuro) Aterros (azul claro) A seguir, pode ser observada novamente a redução, em massa, dos resíduos destinados em aterros e o crescimento da reciclagem e do tratamento térmico. 9
14 As URE são plantas de incineração de resíduos sólidos, que os utilizam como combustível de caldeiras dotadas de grelhas mecanizadas. O calor resultante é aproveitado para produção de vapor para a geração de energia elétrica, aplicação direta em processos industriais ou a combinação das duas possibilidades. Entrega e armazenagem dos resíduos Queima dos resíduos Geração de energia Tratamento dos efluentes líquidos e gasosos Corte longitudinal típico de uma URE As URE possuem equipamentos de controle de poluição, dimensionados para garantir níveis de emissões que atendam às mais rigorosas normas ambientais. Destaca-se que as URE trabalham com emissões significativamente abaixo dos limites legais para esse tipo de usina, os quais são mais rigorosos do que os exigidos da indústria em geral. Limites legais evalores praticados para as emissões principais 10
15 Ciclo termodinâmico de uma URE com geração de eletricidade e aquecimento distrital Modelo de implantação das URE na Baviera: Após debates desde o final dos anos 80, em 1992 houve um referendo, em que a população decidiu pela implantação de URE de 2ª geração tecnológica, obedecendo a seguinte hierarquia: Separação e coleta seletiva Reciclagem (incluindo a compostagem) Tratamento térmico Por último os aterros sanitários A coleta seletiva começou, de fato, a partir dos anos 90, e demorou de 10 a 12 anos para evoluir. As 16 URE da Baviera pertencem ao Estado e aos municípios. Os investimentos para implantação de URE são geralmente compostos de 1/3 pelo Estado e 2/3 pelos municípios. 11
16 Serviço de tratamento dos resíduos (tippingfee): pago pelos munícipes (remunera a construção e O&M). A energia produzida pelas URE é privilegiada em relação às outras fontes da matriz energética. 4.2 Visita à URE MVA Cidade de Ingolstadt Data: 10/05/2011 Gerente da URE: Gerhard Meier Palestra da ATAB (Srs. Gerhard Meier e Thomas König): Apresentada a visão geral do tratamento de RSU na Baviera, especialmente da incineração. O diagrama abaixo mostra as opções de tratamento de RSU. URE O Tratamento Mecânico Biológico (MBT) constitui o pré-tratamento para outros processos de destinação, tais como a incineração ou os aterros sanitários. 12
17 Visita às instalações da URE: Inaugurada em 1996, URE MVA, localizada na Cidade de Ingolstadt,utiliza em seu processo de incineração, RSU e lodo proveniente de Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), desidratado e secado termicamente, com o vapor da própria URE, para posterior incineração com os RSU. Utiliza também resíduos industriais, com características semelhantes ao RSU. Vista geral da planta Características técnicas: Capacidade de incineração de RSU: t/ano = 800 t/dia Tipo de grelhas: móvel inclinada Número de linhas de incineração: 3 Poder Calorífico Inferior (PCI) dos RSU: MJ/kg = Kcal/kg Número de turbo - geradores de energia elétrica: 2 Capacidade térmica: 35 MW por linha Energia elétrica gerada por ano: MWh Quantidade de vapor à 130 o C gerado por ano: t Características do vapor gerado: 400 o C a 40 bar 13
18 Número total de funcionários: 104 (64 O&M + 40 engenharia e administração) Número de operadores por turno: 8 A indústria automobilística Audi consome a maior parte da energia gerada pela URE Capacidade do bunker de armazenamento: toneladas Utiliza gás natural para partida do incinerador O projeto foi concebido para incinerar os RSU produzidos por cerca de 1,1 milhão de pessoas (5 distritos + a cidade de Ingolstadt). Vista da URE em corte longitudinal 14
19 Parede da caldeira, palheta da turbina, tubulação de vapor e filtro eletrostático Elementos do filtro tipo manga (responsável pela retenção de material particulado e grande parte das dioxinas e furanos) Possui instalações de recebimento e armazenamento de RSU, divididas em duas câmaras (bunkers), onde são constantemente revolvidas as camadas de resíduos, de modo a homogeneizar antes de alimentar as caldeiras. 15
20 Garra movimentando resíduos no bunker Tanto o revolvimento como o carregamento dos RSU nos alimentadores da caldeira são realizados por meio de garras mecânicas, controladas à distância pelos operadores, a partir de uma sala envidraçada e isolada dos bunkers, onde realizam continuamente a avaliação da melhor região a ser revolvida, de modo a evitar picos de determinados materiais no incinerador, mantendo certa homogeneidade da composição do material a ser incinerado. No bunker, pode ocorrer fermentação dos RSU e, consequentemente, o surgimento de combustão espontânea, eliminada através de hidrantes controlados remotamente. Detalhes da composição dos resíduos 16
21 Os resíduos são incinerados em uma grelha, durante aproximadamente uma hora, a uma temperatura de até 1400 o C. Os gases gerados na incineração são tratados, utilizando-se lavadores de gases, filtros mangas, filtros eletrostáticos e catalisadores antes de serem lançados na atmosfera. Os principais poluentes monitorados on-line são: CO, NOx, SOx e particulados. O controle de qualidade do processo é contínuo e fiscalizado também por laboratório externo e independente. Vista do interior da câmara de combustão da caldeira Escória bruta Escória peneirada 17
22 Sucata ferrosa separada da escória Os resíduos do processo são encaminhados via esteira e separados através de peneiramento vibratório e remoção eletromagnética de metais. As cinzas resultantes do processo de limpeza dos gases (fly ashes) são encaminhadas para aterros de resíduos perigosos, os metais são encaminhados para reciclagem e as escórias utilizadas na composição da base dos pavimentos asfálticos. Sala de supervisão e controle 18
23 Planta de secagem de lodo de Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Na ETE, existente junto à URE MVA, o lodo é desidratado por centrifugação e segue para um biodigestor. O biogás produzido é utilizado para geração de energia elétrica, que alimenta os equipamentos auxiliares da planta de secagem do lodo, restante da biodigestão. O lodo seco, com cerca de 90% de sólidos é encaminhado para o incinerador, compondo cerca de 10% do total da massa a ser incinerada (RSU + lodo). A secagem do lodo é realizada, em duas linhas, com vapor oriundo da URE. Linhas de secagem 19
24 Placas de extrusão conforme umidade do lodo em processo de secagem Filtro biológico dos gases da secagem 20
25 Galpões dos filtros de remoção de odor (lascas de madeira) Lodo seco com cerca de 90% de sólidos 21
26 4.3 Visita ao centro de entrega voluntária de resíduos Cidade de Ingolstadt Empresa IngolstädterKommunalbetriebe AöR Data: 11/05/2011 A empresa é responsável pela coleta de recicláveis e operação do centro de entrega voluntária de resíduos da cidade de Ingolstadt ( habitantes). Possui 77 funcionários, sendo 45 garis, 10 motoristas e 12 administrativos. Foi apresentado, pelo gerente da empresa, o conceito de gerenciamento de resíduos da cidade de Ingolstadt, destacando o sistema de separação de resíduos na origem (residências). CINZA MARROM AZUL OU VERDE Sistema de separação dos RSU Exemplos de caixotes residenciais e contêineres 22
27 Contêineres embutidos no chão É importante destacar que os resíduos que são encaminhados para incineração na URE são apenas aqueles denominados não diferenciados (os dos caixotes cinza). Os munícipes pagam entre 34 e 120 euros/ano, pela coleta e incineração na URE, conforme quantidade de RSU gerada, sendo que o serviço de incineração corresponde cerca de 30% do custo total de gestão. Seguem abaixo fotos das instalações do centro de entrega voluntária de resíduos, operado pela empresa. 23
28 24
29 Armazém de resíduos perigosos 4.4 Visita ao Aterro Sanitário de Eberstetten Data: 11/05/2011 Gerente do aterro: Gerhard Meier O aterro está encerrado para resíduos in natura, desde 1984, e hoje é utilizado pela URE MVA de Ingolstadt, para deposição das escórias de incineração. Sistema de tratamento, por osmose reversa, da lixiviação do aterro (ao fundo) 25
30 Sistema de captação de gás metano do aterro encerrado Motogerador de eletricidade e flare (ao lado) Detalhe do moto gerador 4.5 Visita à Planta de Fermentação Seca AWM Cidade de Munique Data: 11/05/2011 A planta de fermentação seca é de responsabilidade da gestão municipal de resíduos de Munique, localizada no norte do município (junto a um aterro sanitário encerrado), utiliza o potencial energético dos resíduos orgânicos da cidade, processando-os com o método de fermentação seca. Em 2008, a nova planta iniciou suas operações regulares. 26
31 Vista geral da planta Características técnicas: Capacidade da planta de fermentação seca: t/ano = 70 t/dia de resíduos orgânicos (alimentos, poda e jardinagem) Produção de biogás: 1,8 milhões de m³/ano 13% da biomassa é convertida em biogás com 50 a 60% de metano, em volume 1 t de resíduos orgânicos produz de 120 a 150 Nm³ de metano Geração de energia elétrica = kwh/ano (3motogeradores de 190 kw cada) 1 m³ de biogás gera 5,5 kwh de eletricidade Resíduos da fermentação: t/a = 45 t/dia (destinadas à produção de composto) Produção de composto: t/ano = 20 t/dia (composto produzido é doado) 2 t de resíduos orgânicos produzem 1 t de composto Quantidade de plásticos retirados dos resíduos: de cada 20 tde resíduos orgânicos é retirada 1 t de plásticos (encaminhada para incineração em URE) A fermentação seca para produção do biogás ocorre no biodigestor durante 5 a 6 semanas, dependendo da qualidade dos resíduos orgânicos da época do ano. A temperatura do processo de fermentação é mantida entre 34 e 37 o C, por meio de injeção de água com bactéria (tecnologia desenvolvida para o processo). 27
32 Biodigestor Esquema do processo de fermentação seca para produção de biogás A compostagem é realizada utilizando os resíduos do processo de fermentação seca durante 6 a 8 semanas, em um galpão fechado, com revolvimento contínuo e mecanizado dos resíduos. Após esse processo, o pré-composto é encaminhado para um pátio coberto, onde é disposto em leiras até a formação do produto final. Armazém de recebimento dos resíduos orgânicos 28
33 Detalhe da composição dos resíduos orgânicos Biodigestor do processo de fermentação Sala dos moto geradores de eletricidade Galpão de compostagem Pátio de disposição do pré composto em leiras 29
34 Pré composto espalhado em leiras Composto orgânico final (produto acabado) Rejeitos (plásticos) após o peneiramento do composto 4.6 Visita à URE MKW Cidade de Schwandorf Data: 12/05/2011 Gerente da URE: Thomas Knoll A URE MKW foi fundada em 1979, com objetivo de atender à demanda de energia de uma indústria de produção de alumínio. Hoje a URE atende a um consórcio de 17 municípios, totalizando cerca de habitantes, recebendo seus resíduos sólidos domiciliares ou resultantes de atividades comerciais. 30
35 As atuais instalações da URE datam de 1982 (unidades 1 a 3) e 1992 (unidade 4). Os RSU chegam diretamente à URE de Schwandorf por via férrea, de distâncias de até 135 km, sendo que apenas 20% do volume total de RSU chegam via transporte rodoviário (caminhões). Vista geral da planta Características técnicas: Capacidade instalada de incineração de RSU: t/ano = t/dia Quantidade atual de incineração de RSU: t/ano = t/dia Tipo de grelhas: móvel horizontal Nº de linhas: 4 Linhas 1 a 3: 13,5 t/h cada Linha 4: 23,5 t/h Capacidade de armazenamento do bunker: m³ Poder Calorífico Inferior (PCI) dos RSU: MJ/kg = Kcal/kg Tempo de permanência dos resíduos no incinerador: 1,5 h (1.000 C) Capacidade de geração de vapor: Linhas 1 a 3: 42 t/h 31
36 Linha 4: 72 t/h Características do vapor (caldeiras 1 a 4): 72 bar / 410 C Número de turbo geradores de energia elétrica: 2 de 11MW cada + 1 de 32MW Composição ferroviária para descarga na URE Contêiner sendo descarregado no bunker 32
37 Detalhe da composição dos resíduos sendo movimentados no bunker Os resíduos chegam à URE também por caminhões 33
38 Lavagem dos gases antes dos filtros manga Edificação dos filtros eletrostáticos Tratamentos da escória Escória tratada 34
39 Sala de supervisão e controle Detalhe das moradias junto à URE Desde 1982, o consórcio de municípios opera estações de transbordo de resíduos em Amberg, Bayreuth, Cham, Kulmbach, NeumarktiOberpfalz, Regensburg, Straubing e Weiden/Oberpfalz. Ali é realizada a entrega dos resíduos das localidades vizinhas. Em seguida, os resíduos são pesados, compactados com prensas hidráulicas em contêineres especiais, içados com um guindaste para um vagão de trem e preparados para o transporte à URE, em Schwandorf. 35
40 Modelo de uma estação de transbordo 4.7 Visita à URE AVA Cidade de Augsburg Data: 13/05/2011 Gerente da URE: Dirk Mattes A planta entrou em operação em 1994 e é constituída de instalações de recebimento de resíduos, de seleção, compostagem e incineração, tanto de resíduos não diferenciados, residenciais e comerciais, quanto os de saúde (hospitalares e medicamentos). Os resíduos chegam à planta por caminhões. Vista geral da planta 36
41 Características técnicas: Área ocupada pelas instalações: m² Quantidade de incineração de resíduos comuns: t/ano ( RSU industriais) = 720 t/dia Tipo de grelhas: móvel inclinada Nº de linhas de incineração: 3(10 t/h cada) Capacidade de armazenamento do bunker: m³ (cerca de 10 dias) Tempo de permanência dos resíduos no incinerador: 1 h (850 a 960 o C) Quantidade de vapor produzido: 80 MWh térmicos (3/4 da energia total) Quantidade de energia elétrica gerada: MWh (1/4 da energia total) Quantidade de escórias tratadas: t/ano Quantidade de incineração de resíduos de saúde: t/ano (não 24 horas por dia) Nº de fornos: 2 (0,5 t/h cada) Tempo de permanência dos resíduos de saúde no incinerador: 12 h (900 o C) Quantidade de composto orgânico produzido: t/ano Resíduos orgânicos para compostagem Os resíduos orgânicos são triturados para separação dos plásticos e depois seguem para o processo de fermentação, que ocorre em 10 etapas, com revolvimento mecanizado dos resíduos e controle de temperatura em 50 o C, por meio de injeção de vapor ou água fria. 37
42 Introdução dos resíduos orgânicos no galpão de fermentação Composto orgânico no estado final (produto acabado) Filtro biológico, com lascas de madeira, para neutralizar o odor do sistema de exaustão da unidade de compostagem. 38
43 Resíduos empacotados em fardos (podem ficar armazenados até 1 ano) Interior da câmara de combustão da caldeira Detalhe da escória da incineração Cabine de operação das garras de movimentação dos resíduos no bunker 39
44 Sala de supervisão e controle da URE Os resíduos de saúde são acondicionados em caixas de plástico lacradas e incinerados em forno separado. As caixas são introduzidas no incinerador por processo mecânico, sem contato humano. 4.8 Reunião com a Empresa Martin GmbH Data: 13/05/2011 Vice Presidente: Ekkehart Gartner A Martin é uma empresa familiar, fundada em É projetista de equipamentos para URE, especialmente de grelhas móveis para caldeiras de incineração de resíduos sólidos, sendo líder de mercado nesse setor. Possui parceiros fabricantes e construtores, podendo fornecer uma URE completa, em regime turn key job. O prazo para implantação de uma URE é de 30 a 36 meses. Na oportunidade, foi feita uma apresentação dos passos para implantação de URE e de modelos institucionais e de negócio. O menor tamanho de URE, em função das limitações técnicas, está em torno de 4 a 5 t/h de capacidade de incineração, que corresponde 96 a 120 t/dia. Entretanto, foi salientado que o tamanho de URE com melhor economicidade está em torno de a t/ano, que corresponde a t/dia. 40
45 A Martin informou que atualmente o custo do sistema de tratamento de emissões de uma URE está em torno de 25% do custo total da planta. Modelo de grelha móvel inclinada 41
46 5 OBSERVAÇÕES E CONSIDERAÇÕES Foi possível observar durante as visitas técnicas às plantas listadas, que a incineração dos resíduos sólidos é um processo amplamente utilizado na Alemanha, com a observância de um rigoroso nível de proteção ambiental, especialmente quanto ao controle das emissões atmosféricas, cujo controle de qualidade do processo é contínuo e fiscalizado também por laboratório externo e independente. Os alemães consideram a incineração como uma solução ambientalmente mais adequadado que os aterros sanitários, e economicamente também, se considerados os custos do passivo ambiental desses aterros. O processo de incineração em URE reduz o volume dos resíduos em até 90%. É possível realizar o co-processamento de lodos de ETE com RSU. As emissões atmosféricas oriundas do processo de incineração dos resíduos das URE visitadas são significativamente inferiores aos limites estabelecidos na legislação. As escórias resultantes do processo de incineração podem ser destinadas a aterros, como material de cobertura, ou utilizadas como agregados em pavimentos ou outros tipos de obras civis. As cinzas resultantes dos processos de limpeza dos gases são destinadas em minas de sal ou encaminhadas para aterros específicos. A proposta de incineração de resíduos sólidos não ocorre de modo isolado, mas em complementação e de forma integrada a processos de coleta seletiva, reciclagem e compostagem. Importante destacar que a compostagem compõe o índice de 67% de reciclagem na Baviera, em relação ao total de resíduos gerados. A EMAE entregou, a cada gerente das URE visitadas, um questionário para obtenção de informações técnico-econômicas, com vistas à subsidiar o refinamento dos estudos de viabilidade para a implantação desse tipo de empreendimento no Brasil. São Paulo, 06 de junho de
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