IX Legislatura Número: 53 II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 17 de Junho de Suplemento
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- Adriana Estrela Braga
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1 Região Autónoma da Madeira Assembleia Legislativa IX Legislatura Número: 53 II Sessão Legislativa (2008/2009) Quarta-feira, 17 de Junho de 2009 Suplemento Sumário Projectos de decreto legislativo regional: - Cria o observatório Social da violência escolar (CDS/PP); - Cria o programa Extremos Programa regional de desenvolvimento das zonas rurais socialmente deprimidas.
2 Projecto de Decreto Legislativo Regional Cria o Observatório da Violência Escolar Vários factores de violência no interior e exterior dos espaços escolares, têm vindo a pôr em causa um ensino condigno para crianças e jovens. Estes actos cada vez mais recorrentes causam vários constrangimentos ao normal funcionamento das escolas, bem como se repercutem no sucesso escolar dos alunos, directa ou indirectamente envolvidos. O Relatório de Segurança Interna de 2008 veio pôr a descoberto a situação preocupante da violência dentro e fora das nossas escolas. Na Madeira o rácio ocorrência/escola foi de 0,24, número muito superior à média nacional que é de 0,11. Trata-se da maior cifra depois de Lisboa e Setúbal. Quanto ao rácio de ocorrências por 10 mil alunos a Região registou 8,8, uma percentagem superior á média nacional que é de 7,7. Trata-se de um fenómeno preocupante e que merece uma actuação urgente por parte do Governo Regional. A violência nas escolas assiste a um crescimento acelerado nas mais variadas formas e graus de intensidade, desde a simples indisciplina até à prática de crimes como agressões físicas, injúrias, actos racistas e xenófobos, actos de vandalismo, detenção de armas brancas, ofensas sexuais. É consensual que o fenómeno da violência é extremamente complexo, tem inúmeras origens e variadíssimos catalisadores. É firme a convicção de que, na escola ou nas suas imediações, surgem manifestações de violência de índole muito diferenciada, carecendo, por isso, de respostas também diferentes. A consciência destas realidades exige um estudo aprofundado do fenómeno da violência escolar e consequente apresentação de medidas eficazes por parte do poder político e executivo, na certeza, porém, de que as respostas exigem uma acção concertada e que a solução resultará sempre de um esforço conjunto dos vários intervenientes. Toda a Europa Ocidental tomou um novo caminho para combater o fenómeno, e que hoje se traduz na existência de organizações que têm como função exclusiva estudar e combater a questão da violência escolar nas suas várias vertentes. A este propósito, e a título de exemplo, refira-se a criação, em 1998, do Observatório Europeu da Violência Escolar, no âmbito de uma parceria dos países da União Europeia, patrocinada pela Comissão Europeia, precisamente para intensificar o combate a estes fenómenos. Torna-se imperioso, portanto, que o Governo Regional assuma um papel liderante no combate a este flagelo, mobilizando e coordenando esforços de diversos agentes para atalhar o problema nas suas causas e procurar erradicá-lo nos seus efeitos. O Programa Escola Segura é um elemento fundamental para que actualmente o fenómeno não atinja proporções ainda maiores. O seu trabalho é por todos os agentes educativos saudado, sendo no entanto já, insuficiente para prevenir ou colmatar falhas de segurança nas escolas. A insuficiência do programa Escola Segura para, por si só, controlar as manifestações de violência no ambiente escolar tornou-se evidente, e a prova desse facto é que o referido Gabinete de Segurança sugere a criação de uma entidade que acompanhe e analise cientificamente os dados estatísticos relativos à violência em meio escolar, elabore estudos de vitimação, e, em conjunto com a estrutura do programa Escola Segura identifique as medidas necessárias e as implemente nas escolas que delas careçam. É a criação de uma entidade com essas características, à qual designamos de Observatório da Violência Escolar, que trata o presente projecto de Decreto Legislativo Regional. Esta entidade, que conjuga os poderes políticos e a sociedade civil, estudará o fenómeno nas suas múltiplas vertentes e preparará medidas para dar combate democrático a situações de insegurança, violência e vandalismo na escola ou na comunidade educativa. Entre as competências deste Observatório destaca-se a realização de um esforço global e coordenado de prevenção destes comportamentos, elaborando um estudo que identifique as causas e as formas de combate, alertando a sociedade civil para as suas consequências negativas, promovendo campanhas publicitárias de sensibilização, criando uma linha de atendimento ao público de acompanhamento das vítimas, melhorando a legislação existente e envolvendo neste objectivo toda a comunidade educativa, desde alunos, professores, pais e os demais auxiliares da acção educativa e a sociedade em geral. Nestes termos, a Assembleia Legislativa da Madeira, decreta ao abrigo da alínea a) do número 1 do artigo 227.º da Constituição da República Portuguesa e da alínea c) do n.º 2 do artigo 37.º do Estatuto Político-Administrativo da RAM aprovado pelas Leis n.º 130/99 de 21 de Agosto e 12/2000 de 21 de Junho, o seguinte: Artigo 1.º (Criação do Observatório da Violência Escolar) 1 - É criado o Observatório da Violência Escolar, que funcionará junto da Secretaria Regional da Educação e Cultura. 2 - Os encargos com o funcionamento desta estrutura são suportados pela Secretaria Regional da Educação e Cultura. Artigo 2.º (Composição do Observatório) 1 - O Observatório referido no artigo anterior tem a seguinte composição: a) Um responsável, nomeado pelo Secretário Regional da Educação e Cultura de entre personalidades de comprovado mérito e competência na área educativa, que exercerá as funções de Presidente do Observatório da Violência Escolar; b) Dois representantes, a título permanente, cada um nomeado pela Direcção Regional de Juventude e pelo Instituto da Administração da Saúde e Assuntos Sociais; c) Oito representantes, a título permanente, sendo dois indicados pelas estruturas representativas dos docentes, dois pelas associações de pais e encarregados de educação, dois pelas associações de estudantes e dois pelos auxiliares de educação. 2 - O Observatório desenvolverá os meios necessários a uma colaboração permanente com o Programa Nacional Escola Segura. Pág. 2
3 Artigo 3.º (Competências do Observatório) Compete ao Observatório previsto no artigo anterior: a) Elaborar e aprovar o regulamento de funcionamento; b) Elaborar um relatório semestral que proceda ao levantamento da situação regional relativamente à violência escolar, bem como identificar as escolas que carecem de uma intervenção urgente; c) Promover a realização de acções de sensibilização da sociedade civil, designadamente através da realização de acções de esclarecimento, debates, colóquios, campanhas publicitárias e outros mais adequados; d) Criar uma linha de atendimento permanente às vítimas de violência escolar, e encaminhando as denúncias para as entidades competentes em razão da matéria; e) Formular recomendações de alteração ou aperfeiçoamento da legislação, das medidas ou dos programas já existentes; f) Em função das informações recolhidas, indicar à Secretaria Regional de Educação e Cultura quais as escolas que prioritariamente carecem de serviços de psicologia e orientação, previstos na lei, em regime de permanência, com vista à prestação de apoio psicopedagógico a alunos, professores e encarregados de educação, bem como à identificação e análise das causas de insucesso escolar e formulação de propostas de medidas tendentes à sua eliminação; g) Promover e acompanhar a progressiva colocação em todas as escolas do ensino básico e secundário de equipas técnicas completas no âmbito dos serviços de psicologia e orientação a que se refere a alínea anterior. Artigo 4.º (Competência do Presidente) Compete ao Presidente do Observatório da Violência Escolar: a) Representar institucionalmente o Observatório; b) Desenvolver, coordenar e acompanhar os trabalhos do Observatório; c) Autorizar a realização das despesas correntes necessários ao funcionamento do Observatório; d) Promover a audição de quaisquer entidades públicas e privadas que entender por necessárias à consecução dos seus objectivos; e) Praticar todos os actos necessários à realização dos objectivos e acções da competência do Observatório, podendo para isso contar com a colaboração e cooperação dos serviços e organismos da administração directa e indirecta da Região. Artigo 5.º (Membros do Observatório) 1 - O Presidente do Observatório tem estatuto remuneratório correspondente ao cargo de direcção superior de 1.º grau da administração pública regional. 2 - Os representantes das direcções regionais e de entidades privadas que participam nas reuniões do Observatório não são remunerados. Artigo 6.º (Regulamentação) O presente decreto legislativo será regulamentado pelo Governo Regional no prazo de noventa dias. Artigo 7.º (Entrada em vigor) O presente diploma entra em vigor com o Orçamento da Região Autónoma da Madeira para Funchal, 31 de Março de 2009 O Grupo Parlamentar do CDS/PP, Ass.: José Manuel, Lino Abreu.- ****** Projecto de Decreto Legislativo Regional Cria o Programa Extremos Programa Regional de Desenvolvimento das Zonas Rurais Socialmente Deprimidas Preâmbulo Na Região Autónoma da Madeira (RAM) encontram-se diversas áreas geográficas, nomeadamente nas circunscrições a que estão confinadas algumas das freguesias em zonas rurais, nas quais se depara com as situações de depressão social. São territórios envelhecidos, socialmente desqualificados e economicamente deprimidos. Nessas freguesias e concelhos, com a diminuição da população residente, com a redução gradual dos residentes com menos de quinze anos, e em que boa parte dos que ficam vivem da Segurança Social, mais vulneráveis se tornam estas zonas da Madeira às situações de exclusão e de pobreza tratar de uma tendência estrutural que marca a história recente de muitas das freguesias e concelhos do mundo rural da RAM, essas mesmas localidades correm risco de novos agravamentos da situação social em virtude da actual crise económica e financeira. Geralmente, estas localidades em situação de depressão social caracterizam-se por serem marcadas por um elevado número de pensionistas, por terem, em alguns dos casos, maior número de pensionistas do que pessoas empregadas. Predomina nesses territórios administrativos um grande número de pessoas com um baixo valor médio das pensões de velhice, invalidez e sobrevivência. Aí registam-se situações graves de analfabetismo, problemas do ponto de vista das qualificações escolares e, por vezes, de abandono escolar. Pág. 3
4 Na sua maioria, essas freguesias e concelhos ostentam características muito rurais, penalizadas pela desactivação de infraestruturas e de serviços públicos, e um peso relevante de um trabalho agrícola ligado a uma tipificação da chamada pequena agricultura de subsistência. Outro dos indicadores dos territórios com recessão ou depressão social é o da privação económica, que remete directamente para a noção de pobreza, inclui na caracterização o valor médio das pensões e o índice de poder de compra ou IRS per capita. Nas freguesias e concelhos que incorrem no risco de recessão económica e de depressão social verificam-se os piores valores de IRS per capita, fazendo desses territórios habitados zonas empobrecidas. Portanto, nas áreas geográficas tipificadas como apresentando uma situação que se aproxima da ultraperiferia rural e social, surgem essencialmente os seguintes traços: - Redução da população residente; - Baixo valor das pensões de velhice, invalidez e sobrevivência; - Elevadas taxas de analfabetismo; - Médias do IRS que em pouco ultrapassam os 150 euros; - Cidadãos pensionistas em maior número do que os cidadãos activos ; - Envelhecimento da população. Num quadro de crise global e de recessão que afecta as zonas geográficas ultraperiféricas de forma agravada, justifica-se a criação de novos instrumentos de intervenção capazes de contribuírem para a prevenção de impactos mais gravosos para as populações dessas zonas geográficas e sociais mais vulnerabilizadas e que, de igual modo, se constituam enquanto meios de combate aos efeitos mais directos da crise que já estão a penalizar essas freguesias e concelhos do mundo rural da RAM. Assim, nos termos do artigo 227.º, n.º 1, alínea a) e 232.º, n.º 1 da Constituição da República Portuguesa, e artigo 37.º, alínea c) da Lei n.º 130/99, de 21 de Agosto, a Assembleia Legislativa da madeira, decreta o seguinte: Artigo 1.º Objecto O presente diploma tem por objectivo criar o Programa Extremos Programa de Desenvolvimento das Zonas Rurais Socialmente Deprimidas, adiante designado por Programa Extremos. Artigo 2.º Âmbito territorial O Programa Extremos aplica-se aos concelhos e freguesias do mundo rural da Região Autónoma da Madeira (RAM) com elevados níveis de pobreza ou em zonas rurais social e economicamente deprimidas. Artigo 3.º Objectivos O Programa Extremos tem os seguintes objectivos: a) Desenvolver projectos de combate ao isolamento, à desertificação e à exclusão social em zonas deprimidas; b) Promover o desenvolvimento socioeconómico das zonas rurais ultraperiféricas com elevados níveis de pobreza; c) Intervir junto das populações confrontadas com a pobreza persistente; d) Apoiar iniciativas locais em territórios identificados como prioritários; e) Fomentar iniciativas económicas das populações ou de instituições locais. Artigo 4.º Entidades promotoras Podem candidatar-se à execução do Programa Extremos as entidades de direito privado sem fins lucrativos com trabalho desenvolvido na RAM na área da solidariedade social e as autarquias locais. Artigo 5.º Coordenação A coordenação de cada uma das fases do Programa Extremos é atribuída ao Centro de Segurança Social da Madeira. Artigo 6.º Meios financeiros Para a concretização das fases de implementação do Programa Extremos, será anualmente assegurada uma dotação financeira em sede de Orçamento Regional, a inscrever nas verbas a atribuir ao Centro de Segurança Social da Madeira. Artigo 7.º Territórios prioritários A indicação das localidades do mundo rural, das freguesias e concelhos identificados como de intervenção prioritária no quadro do Programa Extremos, serão objecto de publicação anual e antecederá os prazos para a apresentação das candidaturas pelas entidades promotoras. Artigo 8.º Regulamentação 1 - A definição dos critérios, das regras, dos princípios e procedimentos necessários à apresentação das candidaturas ao Programa Extremos será objecto de regulamentação específica. 2 - O Governo Regional regulamentará o presente diploma no prazo de 90 dias. Pág. 4
5 Artigo 9.º Entrada em vigor O presente diploma entra em vigor com a aprovação do Orçamento Regional subsequente à sua aprovação. Funchal, 17 de Abril de 2009 O Grupo Parlamentar do PCP-M, Ass.: Edgar Silva, Leonel Nunes.- ****** Pág. 5
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