PROJECÃO FUTURA DO BALANCO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO PARA MESORREGIÃO SUL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Tamanho: px

Começar a partir da página:

Download "PROJECÃO FUTURA DO BALANCO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO PARA MESORREGIÃO SUL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO"

Melissa Sabrosa Espírito Santo
6 Há anos
Visualizações:

1 PROJECÃO FUTURA DO BALANCO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO PARA MESORREGIÃO SUL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Gabriela Rodrigues da Costa 1 ; Henderson Silva Wanderley 2 (1) Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, Rio de Janeiro. Brasil (gabirodrigues.ufrrrj@gmail.com), (2) Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, Rio de Janeiro. Brasil(henderson@ufrrj.br) RESUMO: O objetivo deste estudo foi analisar projeção climática futura do balanço hídrico climatológico para a cidade de Resende, localizada na mesorregião sul do estado do Rio de Janeiro. Para esse fim, foram utilizados dados de precipitação e temperatura do ar disponível no site do INMET para o período de , e projeção de cenário futuro de mudanças climáticas realizada pelo modelo ETA-CPTEC INPE para o período de 2071 a Os dados médios de temperaturas e precipitação dos respectivos períodos foram submetidos ao balanço hídrico climatológico de Thornthwaite. Os resultados mostraram que no período correspondente a o déficit hídrico da região foi maior do que na projeção pra , seguindo de acordo com a tendência climática, que indica uma diminuição no déficit hídrico e um aumento na ocorrência de chuvas da região. Palavras-chave: Mudanças climáticas, modelo Eta, precipitação, temperatura INTRODUCAO As mudanças climáticas apresentam uma enorme relevância e importância de conhecimento a nível mundial, sendo uma das principais áreas de estudo das mais importantes instituições de pesquisa do planeta. Essas mudanças possuem um impacto principalmente em práticas agrícolas que dependem de um nível determinado de temperatura e disponibilidade de água no solo e na atmosfera. Recentemente ocorreu a reunião do G20 na Alemanha, onde os EUA, um dos maiores emissores de gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera, que são responsáveis por alterações climáticas em escala global, saíram do Acordo de Paris. Esse acordo é um tratado entre países que só entrará em vigor em 2020, e visa a diminuição dos GEE, possuindo uma meta de reduzir o aquecimento da atmosfera de no máximo 1,5⁰C até Ao redor do mundo diversos especialistas e estudiosos realizam pesquisam sobre os processos que levam a este aumento de temperatura buscando metodologias para evitar uma piora no quadro e frear esse aquecimento. O objetivo deste estudo foi analisar projeção climática futura do balanço hídrico climatológico para a cidade de Resende, localizada na mesorregião sul do estado do Rio de Janeiro. MATERIAL E METODOS Para o desenvolvimento dessa análise foram utilizados dados de temperatura do ar e precipitação para o período atual, compreendidos entre , provenientes de uma estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia-INMET (Lat. -22,4º, Long. -44,44º, Alt. 429 m), e futuro, compreendidos entre 2071 a 2100, A análise foi localizada para o município de Resende, Mesorregião do Sul Fluminense, no estadodo Rio de Janeiro, Brasil. 1

2 Para a projeção futura foram utilizadas informações obtidas pelo modelo climático regional ETA CPTEC, a partir de condições de fronteira do modelo global HadCM3 fornecidas pelo Metoffice Hadley Centre (MOHC) do Reino Unido, onde foi utilizado o cenário de emissões AIB (IPCC, 2007), para realização de suas projeções. A disponibilidade hídrica foi definida com a utilização do balanço hídrico climatológico definido por Thornthwaite (1948). O balanço hídrico foi calculado para dois períodos distintos dos dados meteorológicos. Para ambos os períodos foi calculado o balanço hídrico climatológico utilizado CAD de 100 mm nos cálculo do balanço hídrico. RESULTADOS E DISCUSSAO 1. A) Dados de Temperatura, ETP, Deficiência, Excedente, Retirada e Precipitação obtidas pelo INMET para o intervalo de e avaliadas pelo metodologia do balanço hídrico definido por Thornthwaite (1948) 2

3 mm Precipitação, ETP, Deficiência, Excedente, Retirada e Reposição Hídrica ao longo do ano Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Deficiência Excedente Retirada Reposição Precip ETP 1. B) Dados de Temperatura, ETP, Deficiência, Excedente, Retirada e Precipitação obtidos com base nas informações geradas pelo modelo ETA-CPTEC para o intervalo de e avaliadas pelo metodologia do balanço hídrico definido por Thornthwaite (1948) Pode-se observar no primeiro gráfico que o período correspondente ao intervalo atual, 93-15, teve como característica um alto indicie de precipitação para o período de dezembroaté marco, compreendendo um correspondente a aproximadamente 62% do total de chuvas ocorridas, como jáera esperado devido a épocado ano ser marcada por fortes chuvas e acontecimento de eventos extremos, e consequentemente a esse aumento da ocorrênciade chuvas pode-se notar um aumento na agua disponível no solo, ou seja no excedente hídrico onde 85,36% de sua totalidade ao longo dos meses para esse período se mostrou maior nos meses de janeiro a marco. A variação da ETP também se mostrou maior no mesmo intervalo com 45,30% ocorrendo nessa época do ano, o que pode estar relacionada a altas temperaturas e condiçõeslocais de temperatura e umidade relativa do ar. Já em relação a Déficit o período em que ocorreu de forma mais acentuada foi nos meses de maio a setembro, onde nos meses de julho e agosto os maiores valorespara a retirada foram registrados, sendo equivalente a 83,41% do total. Em outubro já começa a reposição de água no solo que se estendeu até novembro onde já foi observado o início do excedente hídrico, coincidindo com as altas temperaturas característicaspara esse mês. Já no segundo gráficouma diferença entre estes intervalos aparece. A projeção futura de precipitação e temperatura feita pelo modelo ETA-CPETEC mostra uma diferençapara os valores dos indicies analisados, assim como para os intervalos em que os maiores registros foram observados. 3

4 Na projeção nota-se uma variação nos meses com maior precipitação, que agora ficam entre o intervalo de outubro a fevereiro com 57,53% da ocorrênciade chuvas, o que pode ser justificado pelas altas temperaturas desse períododo ano. Em concordância com essa alta incidência de agua no solo, marca o início da reposição que começa em outubro e logo após o excedente hídrico apresenta seus maiores valores em novembro e dezembro com 58,15% do total somado somente para estes dois meses. A variação da ETP também e consequente da precipitação, temperatura e umidade do ar, que vai de acordo aos dados encontrados ao apresentar seus maiores indicies nos meses de outubro a fevereiro com o total de 53,74% dos valores somados estimados para o período. O Déficit de agua no solo, ou seja, a retirada ocorreu nos meses de maio a setembro, sendo mais acentuada nos meses de agosto e setembro onde o valor correspondente de retirada de agua do solo foi de 82,98% do totalsomente para esses dois meses. Em outubro inicia-se a reposição de agua e o inicio do excedente. Assim, analisando os resultados obtidos através dos gráficos pode ser observado uma mudança no calendário de chuvas, que antes se iniciava em Dezembro e na projeção tem seu início em outubro, assim como consequênciaaumentando o período de disponibilidade de agua e excedente hídrico no solo. Essas mudanças indicam uma possível mudança no calendário agrícola que poderá fazer uma ajuste da produção de acordo com o calendáriode chuvas, umas vez que para a maioria das culturas e feita a projeção e o planejamento do cultivo em cima deste período. Esse aumento da ocorrênciade chuvas também pode estar relacionado a um aumento na temperatura de aproximadamente 10%, ou seja, 2,3⁰C do período atual para Um aumento da ETP também foi observado, passando de uma média de 83,81mm para 91,68mm, ou seja um aumento de aproximadamente 9%, que pode ser relacionado ao aumento da temperatura local visto anteriormente. Em relação a precipitação não houve aumento, foi observado uma leve diminuição na ocorrência de chuvas equivalente a 2%. As medias de retirada de agua do solo e de excedente hídricotambém diminuíram, e houve um aumento para o valor médio de ETR. CONCLUSAO Pode-se concluir que de acordo com a projeção climática para o próximos 100 anos, se a tendência de aquecimento global se mantiver, teremos um aumento de 10% na temperatura local para Resende. Esse aumento pode estar relacionado a um aumento na evapotranspiraçãoreal (ETR) que ocorre com o aumento do intervalo de incidência de altas temperaturas, fazendo com que as plantas transpirem mais e assim aumentando a pressão de vapor de agua na atmosfera levando a um aumento de temperatura. Esse comportamento vai de acordo com as projeções globais já mostradas em diversos trabalhos científicos e por diversos pesquisadores ao redor do mundo. Porem por serem dados dinâmicos, os resultados obtidos devem sofrer análisesperiódicasde acordo com as mudanças comportamentais da atmosfera e suas variáveis. 4

5 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS a. Livro ANGELOCCI L.R.;PEREIRA, A.R; SENTELHAS P.C., Meteorologia Agricola, USP- Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Departamento de Ciências Exatas, Piracicaba, SP, Fevereiro de 2007 b. Periodicos THORNTHWAITE, C.W. An approach toward a rational classification of climate.geogr.rev, v.38, p.55-94,

Documentos relacionados

A PREVISIBILIDADE DAS CHUVAS PARA O MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE

A PREVISIBILIDADE DAS CHUVAS PARA O MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE Laíse do Nascimento Cabral¹; Monalisa Cristina Silva Medeiros²; José Adailton Lima Silva ¹Universidade Federal de Campina Grande UFCG/CTRN