ACÓRDÃO N J W i/

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1 . GABINETE DO CONSELHEIRO HÉLIO PARENTE DE VASCONCELOS PILHO PROCESSO N. : 32413/05 M UNICÍPIO: JUAZEIRO DO N O RTE - PREFEITURA MUNICIPAL ASSUNTO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL RESPONSÁVEL: CARLOS ALBERTO DA CRUZ EXERCÍCIO: 2004 RELATOR: H ÉLIO PARENTE DE VASCONCELOS FILH O ACÓRDÃO N J W i/ OQNST3TUQONAL. PROCESSUAL. ADMINISTRATIVO. TOMADA ESPECIAL DE CONTAS ORIUNDA DE PROVAÇÃO D O ÓRGÃO TÉCNICO. INDICAÇÃO DE IRREGULARIDADES DIVERSAS N O ÂMBITO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE JUAZEIRO D O NORTE DURANTE O EXERCÍCIO DE AUTUAÇÃO OCORRIDA EM 23/11/2005 E AINDA NÃO JULGADA EM PRIMEIRA INSTÂNCIA. DECURSO DE MAIS DE OITO ANOS E OITO MESES SEM QUE HAJA REGISTRO DE QUALQUER SITUAÇÃO, CIRCUNSTÂNCIA OU CAUSA SUSPENSIVA D O PRAZO PRESCRIQONAL, CONFORME AS SITUAÇÕES. DISCIPLINADAS N O ART. 114-B D O REGIMENTO INTERNO D O TCME-CE. REOONHEOMENTO DA PRESCRIÇÃO N O CASO CONCRETO EM CONTRARIEDADE AO PARECER MINISTERIAL, QUE PROPUNHA O RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO APENAS EM RELAÇÃO AOS ATOS QUE NÃO OCASIONARAM DANO AO ERÁRIO. AUSÊNCIA DE DISTINÇÃO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE DE O INTÉRPRETE RESSALVAR ONDE O PRÓPRIO LEGISLADOR NÃO O FEZ. COMPATIBILIDADE' VERTICAL ENTRE ART. 35-C DA LEI ESTADUAL /93 E O ART. 37, 5o DA CARTA REPUBLICANA DE POSSIBILIDADE DE PERSECUÇÃO JUDICIAL DOS PREJUÍZOS AOS COFRES PÚBUCOS, AINDA QUE O TRIBUINAL DE CONTAS DECLARE A PRESCRIÇÃO DE SUA PRETENSÃO ADMINISTRATIVA SOBRE O MESMO FATO. RESOLUÇÃO DE MÉRITO NOS TERMOS LEGAIS. EXTINÇÃO DAPUNIBIUDADE COM BAIXA NOS ASSENTAMENTOS. 1 ^ ^ ^ " 2

2 ACÕRDÃO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de Tomada de Contas Especial do Município de Juazeiro do Norte de responsabilidade de Carlos Alberto da Cruz durante o exercício de 2004, ACORDAM os membros da 2 a Câmara deste Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceara em pronunciar a prescrição, decretando a extinção do processo com resolução de mérito, nos termos do voto do eminente relator. E x ped ie n tes N ecessários. SALA DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS D O ESTADO D O CEARA, em Fortaleza, o27- de de

3 PROCESSO N. : 32413/05 M UNICÍPIO: JUAZEIRO DO N O RTE - PREFEITURA MUNICIPAL ASSUNTO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL RESPONSÁVEL: CARLOS ALBERTO DA CRUZ EXERCÍCIO: 2004 RELATOR: H ÉLIO PARENTE DE VASCONCELOS FILHO 1. RELATÓRIO Cuida-se de Tomada de Contas Especial do Município Juazeiro do Norte, de responsabilidade do então prefeito, Sr. Carlos Alberto da Cruz, durante o exercício de Processados os autos com intervenção dos órgãos competentes e apresentação das defesas e esclarecimentos de estilo, o Ministério Publico Especial, em parecer derradeiro, emitiu o opinativo de fls. 343/345, sugerindo a consumação do prazo de prescrição, ante ao decurso de mais de cinco anos entre o fato e a data da autuação do expediente. Definitivamente çonclusos. E o relatório 2. VOTO Examinando os presentes autos, observo, de saída, e mediante impulso espontâneo, a incidência de questão prejudicial cuja percepção e análise hão de conduzir ao terminativo e prematuro desfecho da quaestio deducta, em detrimento da analise do m ritum causae propriamente dito. Na linha de tal esforço, verifico tratar-se, na origem, de tomada de contas especial de Juazeiro do Norte comunicando a ocorrência de irregularidades praticadas, por suposto, pelo ex-chefe do poder executivo, Sr. Carlos Alberto da Cruz, durante o exercício. No caso concreto, todavia, vislumbro que o processo restou autuado em 23 de novembro de 2005, sendo que, desde tal ocasião até a presente data, cujo lapso temporal é superior a oito anos _e nove meses, não ha registro de nenhuma circunstância ou causa suspensiva do prazo de prescrição, considerando as que previstas e disciplinadas no art. 114-B, do Regimento Interno A propósito do assunto, a novel lei estadual /2014, que deu redação ao art. 35- Q da lei /93, fixou em cinco anos o prazo prescricional para o exercício das competências deliberativas desta Corte, contados da data do fato, ou do primeiro dia útil seguinte ao encerramento do termo para o encaminhamento voluntário da prestação de contas ao Tribunal, interrompendo-se em razão da autuação do processo e de seu julgamento respectivo. Nesse sentido:

4 . Art. 35-C Prescreve em 5 (cinco) anos o exercício das competências de julgamento e apreciação do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceara previstas nesta Lei, como as previstas nos arts. I o, 13,19 e 55 ao 59. Parágrafo único. O prazo previsto no caput: I - inicia sua contagem a partir da data seguinte à do encerramento do prazo para encaminhamento da prestação de contas ao Tribunal, nos casos de contas de gestão e de governo; II - nos demais casos, inicia-se a partir da data de ocorrência do fato; III - interrompe-se pela autuação do processo no Tribunal, assim como pelo julgamento. Sob esse enfoque, considerando que o expediente originário, como antes dito, teve protocolo inicial em 23/11/2005, esta Corte dispunha de até o dia 23/11/2010 para exercer, de fato, sua competência de apreciá-lo e de submeter ao responsável as respectivas sanções e penalidades que lhe fossem cabíveis. No entanto, como não o fez até a ocasião atual, impõe-se, no caso concreto, o reconhecimento de ofício da prescriptio temporis, a teor do que preconiza o inciso m, do parágrafo único, do dispositivo legal supramencionado. Por fim, no que tange ao opinátivo ministerial de fls. 343/345, em que sugere a necessidade de identificação pontual das irregularidades que tenham ocasionado dano ao erário, as quais, por suposto seriam imprescritíveis, cumpre assentar, a propósito do assunto que, ao discorrer acerca dos parâmetros legais da prescrição em relação à atividade jurisdicional incumbida a esta Corte, a lei n /2014 não estabeleceu nenhuma distinção ou ressalva de tal natureza, o que significa dizer, na esteira do princípio segundo o qual não cabe ao intérprete distinguir onde o próprio legislador não o fez (ubi k x non distinguit rnc nos distinguere debemus), que o mencionado comando normativo detém aptidão para incidir sobre toda e qualquer situação de fato sujeita ao descortino deliberativo do Tribunal de Contas, independentemente de sua predisposição, ou não, para causar prejuízos materiais aos respectivos cofres públicos. Em todo caso, é fundamental esclarecer que a imprescritibilidade de que trata o art. 37, 6, da Carta Republicana compreende apenas a pretensão propriamente dita de reparação de danos civis ao Erário, nao abrangendo, pois, o julgamento de contas públicas cuja virtual nota de irregularidade possa ensejar, em tese, uma imputação de débito decorrente de lesão às finanças de certa entidade federativa. Essa conclusão emerge do fato de que a imprescritibilidade constitui verdadeira exceção à regra geral da estabilização das relações jurídicas, carecendo, nesse sentido, de previsão expressa, específica e dotada de igual estatura e dignidade normativa. Dito argumento, é bom que se ressalte, não traduz pressuposto assertivo indiferente a dicção do antes mencionado art. 37, 5o. Trata-se, aqui, de duas proposições legais compatíveis entre si e objetivamente capazes de conviverem em harmonia

5 A propósito, uma coisa é dizer que o exercício das competências do TCM prescreve em cinco anos, inclusive para a apuração e declaração de dano ao Erário. Outra coisa, completamente diversa, é aduzir que o dano ao Erário é imprescritível. Mesmo porque, o pronunciamento, pela Corte de Contas, da prescrição de sua pretensão/competência para analisar determinar fato, não impede que outros órgãos e instituições detentores de legitimidade mobilizem suas próprias demandas visando a reparação material dos respectivos prejuízos, com a única diferença de que, em tais hipóteses, precisarão necessariamente se socorrer da via do processo judicial de conhecimento. A esse respeito, por oportuno e pertinente, cito passagem do acórdão de julgamento da Tomada-Especial de Contas n 03283/07, da Secretaria de Serviços Rodoviários e Urbanos do Município de Nova Russas (Relator. Conselheiro Pedro Ângelo. Relator p / Acórdão: Conselheiro Helio Parente. Data de Publicação): (...) ao disciplinar os limites da prescrição sobre a atividade jurisdiáonal incumbida a esta Corte de Contas não estabeleceu nenhuma distinção relativamente aos atos e fatos abrangidos por seu espectro objetivo (contrariando, aliás, o próprio anteprojeto normativo por nós aprovado em ra%ão da 'Resolução n ), não cabendo, portanto, ao intérprete, tampouco ao julgàdor in concreto restringir ou aferir ressalvas que o próprio legislador, por discrição legal, entendeu por bem não fa%er (Ubi JLex non distinguit nec nos distinguere debemus). E m todo caso, urge esclarecer que a imprescritibilidade de que trata o art. 37, 6, da Carta Republicana abrange apenas a ação civil de ressarcimento de danos, não englobando, pois, o exercício das competências desta Corte de Contas cuja pretensão se ampare em tese ou em fatos de tal natureza. No horizonte dessas reflexões, e rogando vimas ao parecer de fls. 343/345, pronuncio a prescrição no caso concreto, motivo pelo qual, declaro a extinção do processo com resolução de mérito, por ser medida de direito. Sem embargo disso, e considerando a verificação de indícios do cometimento de crime e tese conforme relatado no opinativo ministerial retro, comunique-se à Procuradoria Geral de Justiça, por meio de ofício, para a adoção das providências que julgar cabíveis SALA DAS SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS M UNICÍPIOS DO ESTADO DO CEARA, em Fortaleza, de 'É êt de Hélio Patente de Vasconcelos Filho