AVALIAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL DE RECICLADORAS DE BATERIAS E PROPOSTA DE NOVA METODOLOGIA
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1 AVALIAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL DE RECICLADORAS DE BATERIAS E PROPOSTA DE NOVA METODOLOGIA Carlos Alberto Ferreira Rino (*) Engenheiro Químico (UNICAMP, 1990). Mestre em Engenharia Química (UNICAMP, 1996). Especialista em Engenharia de Controle da Poluição (USP, 1999), Gestão Ambiental (USP, 2000) e Engenharia de Saneamento Básico (UFSCar, 2001). Engenheiro de Meio Ambiente da Petrobras RPBC. Diretor da empresa V.C. Treinamento, Consultoria e Projetos Ambientais S/C Ltda. Presidente do IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais e de Saneamento. Flávio José Berghmann Guedes Acumuladores Ajax Ltda. Endereço (1) : Rua Dr. Fuas de Mattos Sabino 15-70, CEP , Bauru/SP - Tel: (14) carlosrino@uol.com.br RESUMO Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise dos modelos convencionais de indústrias recicladoras de baterias existentes no Brasil. O trabalho apresenta uma avaliação da gestão ambiental de diferentes indústrias recicladoras em diferentes estados brasileiros, enfatizando os aspectos negativos dos modelos, dentre os quais: posição da matéria prima em relação ao processo de fundição (fornos), posição do sistema de controle da poluição do ar em relação ao galpão produtivo, modelo de galpão produtivo, gerenciamento produtivo e ambiental e equipamentos de ventilação local exaustora. Concluiu-se que a gestão ambiental das indústrias recicladoras de baterias no Brasil é feita de forma inadequada. Deste modo, é proposto um modelo denominado Sistema Modular tem o intuito de reduzir as possibilidades de poluição ambiental, utilizando um modelo de galpão fechado, dificultado a ação dos ventos, equipamentos de ventilação local exaustora estrategicamente posicionados e cálculos de projetos de sistema realizados por especialistas, matéria-prima armazenada dentro do galpão e disposta de modo organizado, simplificando a operação e o transporte, sistema de controle da poluição do ar dentro do galpão produtivo, simplificando a operação e o transporte do material particulado e fumos. PALAVRAS-CHAVE: Recicladora de baterias automotivas, gestão ambiental, controle da poluição ambiental. INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, com o crescimento populacional e o desenvolvimento tecnológico, desenvolveram-se vários tipos de indústrias, dentre as quais algumas são classificadas como potencial poluidora. As recicladoras de baterias, ou fundições secundárias de chumbo, são indústrias do tipo potencial poluidora, na qual deve-se ter cuidados especiais já que ela é responsável pela geração de efluentes líquidos, gasosos e sólidos. Deve-se destacar que este tipo de industria é de grande importância econômica e ambiental, pois é responsável pela reciclagem de aproximadamente 90% do chumbo produzido no Brasil. Os cuidados para o funcionamento adequado para este tipo de indústria são: equipamentos de ventilação local exaustora, tratamento adequado para os efluentes líquidos, disposição final adequada para os resíduos sólidos (fumos, lodo da ETE, escória) e operações de manejo adequadas da matéria prima e equipamentos.
2 Dentre os três efluentes produzidos, os efluentes gasosos são os que devem ter um controle mais rígido, devido à complexidade e da maior probabilidade dos mesmos fugirem do controle. São produzidos a partir dos processos internos de combustão em fornos do tipo revérberos e rotativos e de poeiras geradas em processos de carga e descarga de fornos, varrição de pátios, confecção de cargas e que são arrastadas para o meio ambiente através dos ventos e transportes de máquinas ou caminhões com pneus sujos, podendo causar a poluição do ar, das águas e do solo. OBJETIVOS Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise dos modelos convencionais de indústrias recicladoras de baterias existentes no Brasil. Tem ainda o objetivo de apresentar um modelo alternativo de lay out das indústrias, visando a integração entre meio ambiente, produtividade e baixo custo. METODOLOGIA Como base metodológica, o trabalho apresenta uma avaliação da gestão ambiental de diferentes indústrias recicladoras em diferentes estados brasileiros, enfatizando os aspectos negativos dos modelos, dentre os quais: Posição da matéria prima em relação ao processo de fundição (fornos) Posição do sistema de controle da poluição do ar em relação ao galpão produtivo Modelo de galpão produtivo Gerenciamento produtivo e ambiental Equipamentos de ventilação local exaustora RESULTADOS Posição da matéria prima em relação ao processo de fundição (fornos) Nas empresas avaliadas, verificou-se que as matérias primas ficam armazenadas de maneira inadequada. Devido ao fato que a movimentação desses materiais geralmente serem feitos por equipamentos do tipo pá carregadeira ou empilhadeiras, durante o transporte pode ocorrer queda de materiais potencialmente poluidores e os mesmos serem levadas pelos pneus das máquinas. Verificou-se que os galpões de matéria prima ficam separados do galpão produtivo. Também foi verificada a estocagem de matéria prima a céu aberto e sem proteção, sujeita à ação dos ventos e espalhando poeiras contendo chumbo. Em ambos os caso, pode ocorrer poluição do ar, das águas e do solo. A figura 1 apresenta foto mostrando este aspecto. Figura 1 - Galpão de matéria prima separado do processo produtivo (fornos).
3 Figura 2 - Material exposto a céu aberto, sem proteção, sujeito á ação dos ventos espalhando poeiras contendo chumbo. Posição do sistema de controle de poluição do ar em relação ao galpão produtivo. Verificou-se que o sistema de controle de poluição do ar encontra-se em posição inadequada em relação ao galpão produtivo. Foi observado que o mesmo encontra-se localizado fora do galpão produtivo, muitas vezes à longa distância, sendo os equipamentos expostos à ação dos ventos e das chuvas. Verificou-se também área de recebimento dos fumos sem proteção, podendo ocorrer o espalhamento de poeiras para a atmosfera, devido à ação dos ventos. A figura 3 apresenta a longa distância entre o sistema de controle da poluição do ar e o galpão produtivo. Figura 3 Longa distância entre o sistema de controle de poluição do ar e o galpão produtivo. Modelo de Galpão produtivo. No galpão produtivo ficam localizados os fornos e demais fontes poluidoras. Os galpões convencionais são geralmente abertos possibilitando a passagem de ventos, que podem espalhar poeiras contendo chumbo para a atmosfera. A figura 4 mostra um exemplo de pavilhão produtivo aberto.
4 Figura 4 - Galpão produtivo aberto sujeito à ação dos ventos (nota-se do lado direito da foto a fumaça saindo para fora do pavilhão). Gerenciamento produtivo e ambiental O gerenciamento ambiental foi considerado inadequado. Foram constatados alguns descuidos de construção, falta de conhecimento técnico e até mesmo falta de noção dos cuidados na operação. Verificou-se sistema de ventilação local exaustora feita de alvenaria e em condições precárias, tubulações e câmaras de sedimentação em péssimo estado (figura 5), sistema de controle da poluição do ar instalado em cima do solo sem proteção (figura 6) e forno rotativo sem coifa de captação dos gases gerados no processo de vazamento e carregamento (figura 7). Figura 5 - Sistema de ventilação local exaustora em condições precárias, tubulações e câmaras de sedimentação em péssimo estado.
5 Figura 6 - Sistema de controle da poluição do ar instalado em cima do solo sem proteção. Figura 7 - Forno rotativo sem coifa de captação de gases. Equipamentos de ventilação local exaustora Talvez este aspecto seja o de maior relevância para uma empresa recicladora de baterias, pois a boa performance ambiental da empresa vai depender muito do posicionamento e dimensionamento adequado dos equipamentos de ventilação local exaustora. Observou-se sistema de ventilação local exaustora mal dimensionado, com a chama do maçarico para fora do forno rotativo e a coifa de exaustão ineficiente (Figura 8), equipamento de ventilação local exaustora inadequado ou mal operado (Figura 9) e coifa de captação dos gases em operação de vazamento do forno inadequada.
6 Figura 8 - sistema de ventilação local exaustora mal dimensionado. Figura 9 - Equipamento de ventilação local exaustora inadequado ou mal operado. CONCLUSÕES E SUGESTÕES Verificou-se que a gestão ambiental das indústrias recicladoras de baterias no Brasil é feita de forma inadequada. O modelo proposto denominado Sistema Modular tem o intuito de reduzir as possibilidades de poluição ambiental, utilizando um modelo de galpão fechado, dificultado a ação dos ventos, equipamentos de ventilação local exaustora estrategicamente posicionados e cálculos de projetos de sistema realizados por especialistas, matéria-prima armazenada dentro do galpão e disposta de modo organizado, simplificando a operação e o transporte, sistema de controle da poluição do ar dentro do galpão produtivo, simplificando a operação e o transporte do material particulado e fumos. O modelo prevê um Programa de Monitoramento Ambiental, o qual é de suma importância como medida de segurança para o meio ambiente e para a própria empresa, caso ocorra alguma desconfiança do órgão ambiental ou da população circunvizinha. Medidas mitigadoras podem ser tomadas, sem que haja dano ao meio ambiente, sem alarde da mídia ou pânico da população. O modelo prevê também um trabalho de educação ambiental para os operadores. Com uma gestão ambiental adequada, agindo de maneira preventiva e tomando os devidos cuidados ambientais, é possível se ter uma recicladora de baterias ambientalmente correta. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
7 CHESTER, R. et all. (1974), J. Res. Atmos. 10, CHOW, T. J. (1978), Lead in Natural Waters, in: Nriagu, J.O (e.d): The Biogeochemistry of Lead in the Environment, Part A, pp Elsevier, Amesterdam-New York-Oxford. ECKARD, R. e BERTRAM, H.P. (1987), Lead in Wine - Toxicological Aspects, Trace Elem. Med. 4, 1-3. EWERS, U. e SCHLIPKÖTER, H.W. (1991), In: Metals and Compounds in the Environment. pp , by E. Merian. VCH, Weinheim-New York. FELLENBERG, G. (1980): Introdução aos Problemas da Poluição Ambiental - E.P.U., São Paulo. MACHADO, IRACI PEREIRA.Dissertação de Mestrado,Unicamp, Jornal da Unicamp, Campinas, 2002.
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