O USO DE TECNOLOGIAS LEVES EM PRONTO SOCORRO PEDIÁTRICO: RELATO DE EXPERIÊNCIA 1
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- Dina Madureira Rocha
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1 O USO DE TECNOLOGIAS LEVES EM PRONTO SOCORRO PEDIÁTRICO: RELATO DE EXPERIÊNCIA 1 LAMPERTI, Vanessa Telles 2 ; ARRUÉ, Andrea Moreira 3 ; NEVES, Eliane Tatsch 4 ; LAMB, Fabrício Alberto 5 ; PIESZAK, Greice Machado 6, ZAMBERLAN, Kellen Cervo 7 ; SANTOS, Raíssa Passos dos 8 RESUMO Este trabalho tem por objetivo relatar e analisar a vivência de uma estudante de enfermagem ao utilizar elementos lúdicos no cuidado de crianças internadas em um prontosocorro pediátrico. Trata-se de uma descrição crítico-reflexiva que teve como cenário um Hospital Universitário do interior do Estado do Rio Grande do Sul. Os sujeitos foram crianças e adolescentes na faixa etária de zero a 14 anos e seis meses que estiveram internadas durante os meses de março e abril de 2012 e seus familiares. Durante esse período foram incluídas no processo de cuidar tecnologias leves, tais como: brincadeiras, diálogo, músicas e filmes. O lúdico revelou-se uma forma criativa e diferenciada, porém não menos eficaz de prestar cuidados a esta clientela neste cenário. Nesse sentido, o enfermeiro empodera-se com o conhecimento das tecnologias leves, para transformar o ambiente de trabalho em um lugar mais acolhedor e agradável. 1 Relato de Experiência. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 2 Apresentador. Graduanda do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Integrante do Grupo de Pesquisa Cuidado a Saúde de Pessoas, Família e Sociedade PEFAS, Santa Maria, RS, Brasil. vanessalamperti@hotmail.com 3 Enfermeira. Mestranda pelo Programa de Pós Graduação em Enfermagem da UFSM (PPGEnf./UFSM), Bolsista CAPES/REUNI. Integrante do PEFAS. andrea.mor@hotmail.com 4 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Coordenadora do Curso de Graduação em Enfermagem da UFSM. Docente do Departamento de Enfermagem e do PPGEnf./UFSM. Integrante do PEFAS. E- mail: elianeves03@gmail.com 5 Enfermeiro. Funcionário do Pronto Socorro Pediátrico do Hospital Universitário de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil. fabriciolamb@hotmail.com 6 Enfermeira. Mestranda pelo PPGEnf./UFSM. Integrante do PEFAS. 7 Enfermeira. Mestranda pelo PPGEnf./UFSM. Integrante do PEFAS. kellencz@hotmail.com 8 Graduanda do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Integrante do Grupo PEFAS. ra_enf@yahoo.com.br 1
2 Descritores: Enfermagem Pediátrica; Hospitalização; Cuidados de Enfermagem. 1. INTRODUÇÃO O ambiente hospitalar mostra-se por vezes hostil, pois em uma internação o paciente se distancia do convívio com familiares e amigos. No caso de internações de crianças isso só intensifica. Nesse momento, as brincadeiras, vídeos e atividades lúdicas surgem como um importante instrumento lúdico no trabalho do enfermeiro. Tais atividades que acabam por envolver pacientes e familiares contribuem para melhorar o ambiente hospitalar, tornando-o mais tranquilo e agradável, além de possibilitarem a construção de vínculo entre profissional, criança e sua família. No processo de trabalho em saúde, podemos utilizar diversos tipos de tecnologias que podem ser classificadas como: tecnologia dura, que se relaciona aos equipamentos tecnológicos; leve-duras que se refere aos saberes estruturados que atuam no processo de saúde; e a tecnologia leve que compreende as tecnologias das relações, de produção, de comunicação, de acolhimento, de vínculos e de autonomização.¹ Estas últimas caracterizam-se pelos componentes que valorizam os atributos humanos como a escuta, o diálogo, a criatividade e a sensibilidade. Nesse sentido, o lúdico apresenta-se como uma forma de cuidado que permite a utilização das tecnologias leves na expressão de sentimentos e atitudes pelo cuidador e pelo doente hospitalizado. Estudos recentes mostram que a interação enfermeiro paciente favorece a existência de um ambiente agradável, seja por meio da música, de vídeos, das conversas, das brincadeiras, o lúdico surge como elemento qualificador do cuidado de enfermagem que se manifesta com criatividade e sensibilidade no ato de cuidar.² A presença do lúdico nas Unidades Pediátricas ainda não é uma realidade, e sua inserção se processa gradativamente. 3 Acredita-se que as tecnologias leves bem como a utilização de elementos lúdicos como vídeos e brincadeiras são formas diferentes, porém não menos eficazes de prestar cuidados aos pacientes. Ainda, com relação ao cuidar e ao cuidado, estar presente e ser fonte de cuidado significa incluir o cuidado emocional e psicológico em todo o processo de cuidar, além dos procedimentos técnicos OBJETIVO 2
3 O presente estudo tem por objetivo relatar e analisar a vivência de uma estudante de enfermagem ao utilizar elementos lúdicos no cuidado de crianças internadas em um pronto socorro pediátrico. 3. METODOLOGIA Trata-se de um relato de experiência descrito de forma crítico-reflexiva, baseada na vivência de uma acadêmica de enfermagem durante a realização do Estágio Supervisionado em Enfermagem do 8 semestre do curso de graduação. As atividades foram desenvolvidas em uma unidade de pronto socorro pediátrico de um hospital de ensino do interior do estado do Rio Grande do Sul, o qual atende crianças e adolescentes de zero a 14 anos e seis meses. Para relatar esta vivência observou-se as crianças e adolescentes enquanto desenvolviam atividades dirigidas e orientadas pela acadêmica na videoteca no período de março a abril de Tal atividade inclui-se na prática do cuidado que utiliza tecnologias leves e busca humanizar a relação de assistência neste cenário. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES A idéia de utilizar elementos lúdicos no cuidado de crianças internadas em um pronto socorro pediátrico foi sugerida pelos profissionais da enfermagem que trabalham no local, para amenizar o processo de hospitalização. Os sentimentos apontados pelas crianças, durante esse processo, são de restrição, medo, dor, preocupação, saudades e ansiedade, a maioria percebe a hospitalização como algo negativo. 5 A participação da enfermagem contribui para diminuição da ansiedade e do estresse causado pela hospitalização. Com esse intuito a unidade havia recebido uma televisão e um DVD, para uso comum dos pacientes. Como há poucos programas adequados para faixa etária, sentiu-se a necessidade de elaborar uma videoteca que teria a função de distrair e educar tanto os pacientes quanto os familiares. Para isso foram adquiridos diversos filmes infantis, além de coleções educativas. A existência de um espaço dedicado ao brincar dentro de um hospital reflete a preocupação com o bem-estar global do indivíduo, proporcionando maior confiança nos pacientes e em seus familiares 3. A videoteca foi financiada com recursos próprios da estudante. A reação dos pacientes e familiares foi observada durante todo o mês de março de
4 Segundo relatos dos profissionais que atuam no local as crianças ficavam mais calmas durante as sessões de filmes, distraíam se com facilidade e frequentemente adormeciam. Entendendo que o cuidado de enfermagem à criança se faz por meio do encontro verdadeiro entre os pares, faz-se necessário valorizar o mundo da criança, que é cercado pelo ato de brincar. 6 Os filmes tornaram se um motivo de diálogo entre os profissionais, pacientes e familiares um assunto em comum, as crianças ao dialogar com a equipe pediam para escolher os filmes possibilitando a formação de vínculo. Nesse sentido, a construção de vínculos entre profissionais e familiares pode amenizar as percepções negativas do ambiente hospitalar, as experiências dolorosas, e ainda auxiliar no enfrentamento do medo e da angústia, inerentes ao processo de hospitalização. 7 Essa experiência nos mostra ser benéfica, pois com as crianças mais calmas e distraídas é possível realizar os cuidados de enfermagem com mais facilidade e gerando menos estresse entre profissionais, pacientes e familiares. Para colocar em prática as atividades lúdicas, torna se necessário avaliar alguns itens como as diferenças de faixa etária, pois cada idade tem suas peculiaridades, demonstrou-se essencial observar as reações diante das atividades propostas, alguns lactentes ficam mais atraídos pelos sons como música, chocalhos e conversas. Pela sua associação à arte de cuidar, o lúdico facilita as manifestações de carinho e afeto, contribuindo para a qualidade da relação humana tão necessária à efetivação do cuidado de enfermagem. 8 Mesmo não compreendendo os desenhos os bebês acompanham as imagens. Já as crianças pré-escolares, escolares e os adolescentes preferem filmes mais longos e geralmente acompanham a historia até o final e gostam de escolher os filmes que irão assistir. Exigindo uma boa variedade de filmes. A perspectiva lúdica abre a possibilidade de as enfermeiras transgredirem o instituído e transformarem o cotidiano do cuidado pelo bom humor e descontração no falar e no agir, tornando o convívio acolhedor, divertido e agradável. 2 De acordo com o relato verbal de algumas mães elas vêem as atividades lúdicas como uma forma da equipe demonstrar atenção e preocupação com o bem estar do filho hospitalizado. Existe também o pedido de alguns acompanhantes para assistirem as novelas, no intuito de contemplarem familiares e pacientes à equipe procura negociar os horários de novelas e filmes. 4
5 A equipe de enfermagem procura estar atenta para que os programas sejam adequados para as faixas etárias, sendo a videoteca uma opção quando não há programação adequada para crianças. Possíveis divergências que apareceram durante a experiência como reclamações de excesso de volume, barulho para os que desejavam dormir, trocas constantes de filmes, foram dialogadas até que se chegasse a um acordo. 5. CONCLUSÃO Ações como estas, permitem a visibilidade do enfermeiro enquanto profissional envolvido com o cuidado à criança e seus familiares. O enfermeiro empodera-se com o conhecimento das tecnologias leves, para transformar o ambiente de trabalho em um lugar mais acolhedor e agradável. Comprometendo-se com o cuidado que vai além das técnicas, mas compreende também a expressão da criatividade e sensibilidade. Promovendo a socialização e comunicação de pacientes, acompanhantes e profissionais de enfermagem. REFERÊNCIAS 1 Merhy EE. Em busca do tempo perdido: a micropolítica do trabalho vivo em saúde. In: Merhy EE, Onocko R. Praxis en salud un desafío para el público. São Paulo: HUCITEC; Beuter M, Alvim NAT. Expressões lúdicas no cuidado hospitalar sob a ótica de enfermeiras. Esc. Anna Nery. 2010; 14 (3): Brito TRP, Resck ZMR, Moreira DS, Marques SM. As práticas lúdicas no cotidiano do cuidar em enfermagem pediátrica. Esc. Anna Nery. 2009; 13 (4): Gonzaga MLC, Arruda EN. O cuidado na hospitalização: uma perspectiva infanto-juvenil. Revista Texto e Contexto Enfermagem. 1998; 7(2): Lapa DF, Souza TV. Scholars' perception about hospitalization: contributions for nursing care. Rev. esc. enferm. USP. 2011; 45 (4): Mendes LR, Broca PV, Ferreira MA. A leitura mediada como estratégia de cuidado lúdico: contribuição ao campo da enfermagem fundamental. Esc Anna Nery Rev Enferm 2009 julset; 13 (3): Ruedell LM, Beck CLC, Silva RM, Lisboa RL, Prochnow A, Prestes FC. Relações interpessoais entre profissionais de enfermagem e familiares em unidade de tratamento intensivo: estudo bibliográfico. Cogitare Enferm 2010 Jan/Mar; 15(1):
6 8 Mendes LR, Broca PV, Ferreira MA. A Leitura Mediada Como Estratégia de Cuidado Lúdico: Contribuição Ao Campo da Enfermagem Fundamental; Esc Anna Nery. Rev. Enferm Jul/Set; 13(3):
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