DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REVISÃO DE COMISSÕES TEXTO COM REDAÇÃO FINAL

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1 DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REVISÃO DE COMISSÕES TEXTO COM REDAÇÃO FINAL COMISSÃO DE TRABALHO, DE ADMINISTRAÇÃO E SERVIÇO PÚBLICO EVENTO: Audiência Pública N : /01 DATA: 23/08/01 INÍCIO: 10:23 TÉRMINO: 11:12 DURAÇÃO: 0:49 TEMPO DE GRAVAÇÃO: 0:49 PÁGINAS: 16 QUARTOS: 10 REVISORES: MARLÚCIA, LEINE SUPERVISÃO: GILZA CONCATENAÇÃO: GILZA DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO JOSÉ ANTÔNIO DE LIMA Presidente Nacional do Conselho Federal de Detetives Profissionais CONFIPAR. LAURENI ALVES Presidente do Conselho Federal de Detetives Profissionais no Distrito Federal CONFIPAR/DF. JOSÉ ANTÔNIO NUNES DA SILVA Presidente do Conselho Federal dos Detetives Profissionais CFDP. SUMÁRIO: Debate sobre a regulamentação do exercício da atividade de detetive profissional. OBSERVAÇÕES O SR. PRESIDENTE (Deputado Freire Júnior) Declaro abertos os trabalhos da presente reunião de audiência pública da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, destinada à discussão do Projeto de Lei nº 3.130, de 2000, que regulamenta o exercício da atividade de detetive profissional, cujo Relator é o eminente Deputado Paulo Paim, que já nos honra com sua presença na Mesa de direção dos trabalhos. Convido para tomar assento à mesa o Sr. José Antônio de Lima, Presidente Nacional do Conselho Federal de Detetives Profissionais CONFIPAR; o Sr. Laureni Alves, Presidente do Conselho Federal de Detetives Profissionais do Distrito Federal CONFIPAR/DF; e o Sr. José Antônio

2 Nunes da Silva, Presidente do Conselho Federal dos Detetives Profissionais CFDP. Antes de passar à Ordem do Dia, esclareço que esta reunião está sendo gravada para posterior transcrição. Por isso, solicito aos que forem fazer uso da palavra que declinem seus nomes para efeito de facilitar a degravação das fitas. Para melhor ordenamento dos nossos trabalhos, vamos adotar os seguintes critérios, que não serão tão rígidos em função da elasticidade de tempo que podemos adotar nesta reunião: cada expositor terá em torno de dez minutos para fazer suas considerações; em seguida, quem quiser fazer alguma pergunta ou debate terá a palavra franqueada. Antes de passar a palavra ao primeiro expositor, Sr. José Antônio de Lima, peço desculpas aos presentes porque, em função de compromissos previamente agendados a reunião deveria ter início às 10h, e já são 10h30min, terei de ausentar-me. Solicitarei ao eminente amigo e brilhante Parlamentar Deputado Paulo Paim que presida a reunião. Sendo S.Exa. o Relator da matéria, acredito que nos trará muitos ganhos, promovendo o debate de forma ampla, transparente e objetiva, o que todos buscamos. A Comissão do Trabalho tem buscado promover reuniões de audiências públicas a fim de debater os mais diversos projetos de leis e proposições que tramitam por esta Comissão e por esta Casa. Assim, todos os segmentos da sociedade podem participar de nossa atividade legislativa, discutindo, dando sua colaboração e fazendo suas críticas, para que possamos evoluir na elaboração de leis e regulamentações que, de forma direta ou indireta, influenciarão a vida de cada um dos brasileiros que aguardam desta Casa ações que venham ao encontro do exercício pleno da cidadania. Mais uma vez peço desculpas por não poder permanecer nesta reunião. Passo a Presidência dos trabalhos ao eminente Deputado Paulo Paim, Parlamentar que o Rio Grande do Sul empresta ao Brasil, cuja competência, visão, discernimento e capacidade de trabalho abrilhantam a representação daquele Estado nesta Casa. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Paulo Paim) Gostaria de cumprimentar todos os presentes e agradecer ao nosso Presidente, que protelou seu vôo para poder abrir esta audiência pública, por mim requerida e aprovada por unanimidade nesta Comissão. De antemão, digo-lhes que minha obrigação é jogar muito franco. Na abertura da audiência pública, já tenho de adiantar-lhes que há uma tendência majoritária na Comissão para que não se aprove a maioria das propostas aqui encaminhadas sobre regulamentação de profissões, ou seja, há uma tendência a não se aprovar mais regulamentações de profissão. Sou daqueles que não têm esse entendimento. Penso que há profissões que têm de ser regulamentadas e outras, não, porque realmente não procede. Por isso, a melhor forma de se chegar ao convencimento sobre a posição mais adequada é mediante audiência pública. Esta reunião, de minha parte, visa muito mais a ouvi-los. Sei que há divergências profundas entre os mais variados setores aqui representados. Vou repetir aqui o que disse quando relatava o projeto sobre regulamentação da profissão de professor de educação física: só conseguimos fazer com que os professores de educação física tivessem sua profissão regulamentada e hoje é realidade, estão regulamentados em todo o País como profissionais quando eles se entenderam. A divergência entre eles era muito grande. Estou numa posição imparcial, não tenho lado. Para mim é muito fácil dizer: "Olha, aqui inicia o projeto". É a maior tranqüilidade para mim, quanto a isso não há problema; se assim os senhores

3 entenderem, peço para arquivá-lo já amanhã. Não haveria empecilho de minha parte. Não estou aqui para defender este ou aquele setor. É claro que gostaria que fosse construída a melhor proposta para os profissionais que atuam na área. Esse é o meu objetivo e o do nosso Presidente, entendo eu. Adianto mais para os senhores com o seguinte testemunho: ontem fui procurado pela Deputada Maria Elvira, que encabeça o principal projeto. S.Exa. me disse e é bom que os senhores saibam disso que está disposta a retirar o projeto. Se retirá-lo, cai tudo. Já os alerto nesse sentido. Não sei qual vai ser o encaminhamento que os senhores vão dar, mas S.Exa. está disposta a retirar o projeto. Se ocorrer isso, os senhores vão ter de começar da estaca zero, com outra discussão mais à frente. Faço esses considerandos no sentido de contribuir para o debate. Minha intenção é a mais tranqüila possível. Se os senhores considerarem que não é esse o caminho, que não deve ser regulamentada a profissão, que não deve haver um projeto de lei, não há problema. Para mim é o mais tranqüilo e vou, inclusive, seguir nas águas da própria Comissão, que tem essa tendência. Mas se os senhores entenderem que há condição de se construir um projeto nem mesmo o substitutivo que apresentei é definitivo, se, a partir deste debate, os senhores entenderem que o substitutivo que temos até o momento, elaborado via assessoria, não é bom, construiremos outro, alteraremos todo o substitutivo. Aliás, alteramos, rejeitamos ou arquivamos. Vou pedir aos companheiros que vão fazer uso da palavra que o façam, como disse o Presidente, por no máximo dez minutos. Vamos permitir que o Plenário fale. Depois da exposição dos painelistas, vamos conceder a palavra aos Deputados, para que também possam dar alguma sugestão, a fim de que saiamos daqui com o melhor para a categoria. Só isso me move neste momento em que estou presidindo a reunião. Passo a palavra ao Sr. José Antônio de Lima, que dispõe de dez minutos para sua exposição. O SR. JOSÉ ANTÔNIO DE LIMA Exmo. Sr. Presidente da Mesa, Deputado Paulo Paim, de antemão, em nome do CONFIPAR, queremos agradecer a V.Exa. todo o empenho. Tomamos conhecimento da vontade que tem V.Exa. de ver nossa profissão definitivamente regulamentada. É isso o que almejam todos os profissionais que lidam na atividade com seriedade. É sabido dos colegas presentes que a luta tem sido muito árdua. Já passaram outros projetos por esta Casa que também não atingiram seu objetivo em razão da falta de união da nossa categoria. E é isso que o Conselho Federal, o qual represento desde 1993, hoje com dezoito Conselhos em Estados diferentes da Federação, tem como objetivo, ou seja, buscar cada vez mais a união e a credibilidade de seus profissionais. Tomamos conhecimento do projeto em pauta. Não concordando com seu teor, propusemos sua retirada ao Exmo. Sr. Deputado Freire Júnior, Presidente da Comissão, com o total apoio do Deputado Paulo Paim, que nos recebeu com o respeito que lhe é peculiar e em seguida requereu esta audiência pública. O objetivo é chegarmos a um denominador comum, ao consenso sobre o que é melhor para a categoria. Como S.Exa. mesmo afirmou, existem divergências. Elas existem e continuarão existindo enquanto se levar para o lado particular. Esse não é nosso objetivo; nossa intenção é a união da categoria. Portanto, o Conselho Federal de Detetives Profissionais do Brasil, denominado de CONFIPAR, conforme consta da petição enviada a S.Exa., opta por que esse projeto seja definitivamente retirado em virtude das circunstâncias em que foi apresentado e da total falta de conhecimento a respeito dele por parte de nossos colegas de todo o Brasil. O CONFIPAR tomou essa decisão porque, tendo em vista as dificuldades que existem na atividade, ao se aprovar esse projeto, regulamentar-se-ia, na realidade, o profissional detetive, porque todos

4 trabalham baseados em uma lei anterior, que regulamenta a informação reservada por meio de uma empresa. Regulamentando-se o detetive, no entender do Conselho Federal, estaríamos fugindo dos anseios dos demais colegas, que desejam não o reconhecimento da palavra detetive, que todos confundem, mas, sim, dessa atividade. O que almejamos é o seguinte: que seja regulamentada a atividade profissional, restringindo com isso a forma de ensino, que hoje é lamentável no meio da nossa categoria. Regulamentar a palavra detetive é muito fácil, embora esteja sendo difícil. Para V.Exas. terem idéia, se fizermos uma seleção técnica, cultural e de conhecimentos profissionais dos 120 mil profissionais com carteira que temos hoje, não retiraríamos 5%. Isso tudo se dá em razão dos chamados cursos livres ou a distância, com duração de quinze, trinta dias. Se atentarmos para o conhecimento necessário numa atividade que lida com a população, com o público, concluiríamos que esses profissionais precisariam ter muito mais conhecimento técnico. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Paulo Paim) Passamos a palavra ao Sr. José Antônio Nunes da Silva, Presidente do Conselho Federal dos Detetives Profissionais CFDP. O SR. JOSÉ ANTÔNIO NUNES DA SILVA - Quero agradecer ao nobre Presidente e ao Relator do projeto esta oportunidade. Em primeiro lugar, gostaria de dizer que o projeto é muito importante e foi elaborado dentro das exigências e normas legais. Antes de tudo, gostaria que o Sr. José Antônio de Lima apresentasse a documentação legal que realmente confirme a existência do CONFIPAR, porque até agora não o fez. Exijo a documentação legal que comprove estar o CONFIPAR legalizado perante os órgãos públicos. O SR. PRESIDENTE (Deputado Paulo Paim) O senhor tem dez minutos. Depois que o senhor esgotar seu tempo, iniciaremos o debate. O SR. JOSÉ ANTÔNIO NUNES DA SILVA Não quero que se retire o projeto; ele é importante e eu o aprovo. Discordo da documentação do Sr. José Antônio de Lima. Portanto, consideramos aprovado o projeto, em nome do CFDP, o único órgão legítimo da classe. Peço que seja dada a palavra ao Reinaldo, para explicar melhor o assunto. O SR. PRESIDENTE (Deputado Paulo Paim) Sei que o senhor, dentro do seu tempo, deu mais espaço para outro companheiro falar. Porém, como há mais um convidado, vamos fazer o seguinte: passaremos a palavra para S.Sa. e, depois, concederemos a palavra para quem quiser fazer uso dela. Passo a palavra ao Sr. Laureni Alves. O SR. LAURENI ALVES Bom dia a todos. Agradeço ao Presidente da Mesa por nos ter concedido esta oportunidade. Não estou aqui para julgar nem prejulgar quem quer que seja. Queremos ser fortes. Unidos, apresentaremos um projeto contendo o que desejamos para nossa profissão. Muitos já passaram pela Câmara dos Deputados, mas não foram sancionados pelo Presidente da República, porque não continham as necessidades da nossa categoria. Essa é a razão pela qual a autoridade máxima do País não os aprovou. Temos grande responsabilidade. Lidamos com a vida privada de terceiros. Cursos de quinze ou quarenta dias não habilitam ninguém para esse ofício.

5 Se fizermos um projeto melhor, com certeza será aprovado e teremos nossa tão sonhada regulamentação profissional. Tentamos reunir o pessoal para trabalhar nesse sentido, mas encontramos dificuldade. Todos querem trabalhar à vontade, ninguém quer ser fiscalizado. As coisas não podem ser assim. Nossa categoria necessita de aperfeiçoamento. A maioria dos que exercem a atividade de investigação sequer possui o 4º ano primário. Na hora de preencher uma ficha, notamos que grande parte não sabe escrever corretamente. Não é esse o tipo de profissional que o Brasil quer. Essas pessoas devem ter pelo menos o 2º grau. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Paulo Paim) Com a palavra o Sr. Reinaldo Pacífico de Oliveira Filho. O SR. REINALDO PACÍFICO DE OLIVEIRA FILHO Sou representante do Conselho Federal dos Detetives Profissionais do Estado de Minas Gerais. Saúdo o nobre Deputado Paulo Paim, demais representantes dos Conselhos Federais, bem como o Presidente do nosso Conselho, Sr. José Antônio Nunes da Silva, a quem agradeço mais uma vez a oportunidade de aqui estar. Estamos nesta Casa para trazer à tona nossa aspiração. Somos pessoas de bons costumes. Queremos contribuir com a segurança do nosso País. Embora todos saibam que a segurança é dever do Estado, é também nossa responsabilidade contribuir com ela. Na nossa área, há os detetives investigadores de crimes. Eles trazem à tona o que está oculto. O interesse de regulamentar nossa profissão não é particular. Esse não é um desejo apenas nosso, mas de toda a sociedade, que sofre com seqüestros, roubos, homicídios e diferentes formas de crime. Nenhum profissional terá o respeito da sociedade se sua profissão não estiver regulamentada. Quando se fala do detetive particular, logo se pensa em investigação de caráter pessoal. Não é bem assim. Há empresas de investigação legalizadas. Temos amor ao próximo. Queremos a segurança das pessoas. Em nome do Presidente do Conselho Federal dos Detetives Profissionais, José Antônio Nunes da Silva, deixo patente o interesse pleno de aprovação do projeto que regulamenta essa profissão. Obrigado. O SR. PRESIDENTE (Deputado Paulo Paim) Vamos fazer uma reunião bem informal. Amigos e amigas, a tendência desta Comissão é não regulamentar mais profissão alguma, a não ser algumas exceções. Digo-lhes isso como Relator. Não adianta eu dar parecer favorável, enquanto a posição da Deputada Maria Elvira pelo menos foi o que S.Exa me disse ontem é de retirada do projeto. Não sou juiz para julgar qual entidade tem maior ou menor credibilidade. Pelo que percebi, das três, duas dizem que não querem a regulamentação da profissão. Proponho aos senhores que cheguem ao entendimento, caso queiram um dia regulamentá-la. Como Relator não tenho força alguma na Comissão nem que eu quisesse, porque a própria categoria está dividida. Sempre que aprovamos alguma regulamentação de profissão, fomos pressionados pelos interessados. Os senhores já pensaram se no dia da votação meu substitutivo for rejeitado. Será algo muito ruim para mim e para a categoria. Não quero dividir a categoria, apenas contribuir para o debate entre os senhores. Tentem elaborar uma proposta de consenso e nos enviem. Não sou autor da proposta, mas o Relator. Os autores são os Deputados Maria Elvira e Paulo Octávio.

6 Na condição de Relator, minha tendência é dar parecer favorável na forma do substitutivo. A Deputada Maria Elvira disse-me que está predisposta a retirar o projeto. Sinto-me desarmado, sem condições, até porque sei a posição da Comissão. Na minha opinião algumas profissões têm de ser regulamentadas. Para que isso ocorra, a categoria tem de chegar unida aqui. Se não for assim, muitos colegas vão pedir-me para dar parecer contrário ao projeto. A Deputada Maria Elvira disse-me que está disposta a retirar o projeto. Se não houver entendimento, vamos ficar horas e horas discutindo-o em vão. Ele vai acabar sendo rejeitado. Peço-lhes que se entendam. Nada tenho contra a regulamentação dessa profissão. Os senhores têm de nos trazer uma posição unânime. Como Relator adotarei uma posição que contemple os interesses da categoria. O SR. PAULO MACHADO DA SILVA Sr. Presidente, sou representante do Conselho Federal dos Detetives Profissionais CFDP do Estado do Rio de Janeiro. Olhando a relação de documentos sobre a regulamentação, pensei que ela já estivesse aprovada por V.Exa. e pela Câmara dos Deputados. O pessoal do CONFIPAR não quer a regulamentação do nosso Conselho. Temos documentos para provar isso. Até hoje, o CONFIPAR não nos mostrou nenhum documento. Existem muitas carteiras do CONFIPAR falsas. Há uma pessoa presa em uma delegacia de Polícia com documento falso. Ela estava inclusive com um Brasão da República bordado no paletó. Foi presa em flagrante. Lamento não estar com a prova aqui. Se dermos uma olhada na ficha de seus integrantes, veremos coisas incríveis. O Sr. José Antônio de Lima foi preso em Água Santa, na 22ª DP. Ele é ex-presidiário. O SR. PRESIDENTE (Deputado Paulo Paim) Vejam bem o caminho que está tomando a reunião. Se cada um que usar a palavra relatar a ficha policial de outras pessoas, não chegaremos a lugar algum. O projeto não está aprovado. A Comissão ainda não o votou. Se isso já tivesse acontecido, não haveria razão para esta audiência pública. Existe apenas a opinião deste Relator, fazendo um substitutivo, aproveitando a proposta dos dois autores Maria Elvira e Paulo Octávio, para no momento final dar sua posição, depois da audiência pública. Há divergência entre os profissionais que atuam na área. Não gostaria que esta reunião fosse sobre a ficha corrida desse ou daquele cidadão. Temos de trabalhar com idéias e argumentos favoráveis ou contra a regulamentação. Não estamos aqui para fazer investigação, embora todos sejam detetives. Imaginem minha situação como Relator. Os senhores são profissionais na área; eu, não. Não tenho como fazer investigação da ficha histórica e da vida pregressa de cada pessoa. Posso fazer dois encaminhamentos. Concederei a palavra para um convidado falar a favor e outro, contra. A partir daí vamos ter de encerrar a audiência pública. O Relator vai analisar os pontos de vista junto ao Presidente da Comissão no momento do debate. Quem pode falar a favor da regulamentação? Quem pode falar contra ela? O SR. JÚLIO TATIS - 0 Sou Júlio Tatis, detetive há 42 anos, residente no Distrito Federal. Cumprimento V.Exa. e a nobre Deputada Maria Elvira, autora do projeto de lei que visa regulamentar a profissão dos detetives particulares. Meu caro Relator e também Presidente da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, com a experiência que tenho no decorrer do exercício profissional, sinto-me à vontade nesta oportunidade para externar o que penso sobre os detetives particulares do Brasil.

7 Quando se fala em detetive profissional, comete-se grande erro. Se a profissão é detetive, ele é profissional. Não vejo a necessidade de colocar mais um termo em relação a detetive particular. Deputado Paulo Paim, V.Exa. é um lutador. Quero parabenizá-lo pelos brilhantes trabalhos realizados, não apenas como Relator, mas como autor de vários projetos de lei que beneficiaram diretamente muitas profissões em nosso País. Meus parabéns! Quero agradecer carinhosamente à ilustre Deputada Maria Elvira, por ter tolerado os detetives particulares do Brasil que a procuraram insistentemente com o objetivo de conseguir esta audiência pública. Sr. Presidente, os Conselhos são regionais e seus profissionais regulamentados. Desconheço regulamentação em âmbito nacional. Como subsídio à Comissão, gostaria de dizer que está havendo aqui disputa entre os Conselhos de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Se cada um recuasse dentro da lei, haveria consenso em torno da regulamentação da profissão. Cabe ao Ministério do Trabalho indicar os Presidentes e os demais membros do Conselho. É ele quem dá legitimidade à profissão. Sr. Presidente, quero mais uma vez agradecer a V.Exa. a oportunidade de externar meu modesto raciocínio. Infelizmente não conheço o conteúdo do projeto. Confio, contudo, na capacidade legisladora de V.Exas. O SR. PRESIDENTE (Deputado Paulo Paim) Quero comunicar ao Deputado Pedro Celso, que acaba de chegar, que um orador falará a favor e outro, contra. Depois S.Exa. terá a palavra. Com a palavra o Sr. Lauriano Silva dos Santos. O SR. LAURIANO SILVA DOS SANTOS Sou detetive profissional há 32 anos, no Rio de Janeiro. Atualmente, sou Vice-Presidente do Conselho Federal de Detetives Profissionais CONFIPAR. Gostaria de agradecer à Casa a oportunidade de aqui estar. Agradeço também ao nosso Presidente, José Antônio de Lima, que há muitos anos vem lutando por este encontro. É lamentável que ainda assim seja apedrejado pelos colegas. Sou contra a votação, porque com ela estaríamos aprovando não a profissão, mas a bagunça existente. Continuam sendo apedrejados aqueles que lutam em prol da classe e da moralização da categoria. No entanto, não se chega a lugar algum. O CFDP está interessado na continuação da bagunça. Inclusive, da parte de seu Presidente, que ataca o Presidente do CONFIPAR, pedindo documentações, enquanto outros dizem que não as conhecem. Se não as conhecem, por que não as procuraram? É fácil destruir; construir é difícil. Perde-se essa oportunidade pela falta da comunicação, do companheirismo. Sou contra a regulamentação. Era apenas isso o que teria a dizer. O SR. PRESIDENTE (Deputado Paulo Paim) Passamos a palavra ao nobre Deputado Pedro Celso. O SR. DEPUTADO PEDRO CELSO Sr. Presidente, ilustres membros da Mesa, demais participantes, de fato, cheguei há pouco. Já havia passado aqui antes para ver o início da reunião, registrei minha presença e estou retornando agora. Não vou dizer que estou acompanhando a fundo o caso, mas tenho algumas informações a respeito da questão e gostaria de dar minha modestíssima

8 contribuição ao debate. Parabenizo V.Exa., Deputado Paulo Paim, e os Deputados Paulo Octávio e Maria Elvira pelo projeto. Congratulo-me também com todos os presentes nesta Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados pelo debate de tão importante e relevante tema. É oportunidade ímpar para a regulamentação da profissão. Todos querem os parâmetros mínimos para exercê-la. Sr. Presidente, pelo que noto, não há acordo entre as partes. A tarefa do Deputado Paulo Paim e considero-a minha também, porque apóio a proposição da regulamentação e a luta dos senhores por ela não está sendo fácil. O Partido dos Trabalhadores sempre pregou que o único meio de as pessoas conseguirem o que reivindicam é por meio da pressão exercida democraticamente. É essa a única forma de conseguir êxito. Somente por intermédio da organização pode-se conseguir progressos. Apenas por meio da organização dos senhores podemos debater o assunto nesta Comissão. A resistência que enfrentamos na Comissão com relação à regulamentação de profissões é muito grande. Gostaria de mencionar um rol de pedidos de regulamentação de profissões. A maioria desses pedidos sequer é votada. Quando se vai votar a regulamentação de profissões, a base do Governo Fernando Henrique Cardoso, que tem maioria nesta Comissão, retira-se do plenário. Não se consegue quorum; portanto, não se tem como discutir, tampouco votar. Considero fundamental e aí gostaria de dar minha sugestão que os senhores tirem uma posição única, consensual. O debate é democrático. Nem todos vão sair vencedores; nem todos, perdedores. É assim que se dá o processo. A democracia pode não ser um regime ótimo, mas até agora tem sido o melhor. É o que há de melhor para que a sociedade se organize. Os senhores, pela falta de consenso, colocaram o Deputado Paulo Paim e nós também numa sinuca de bico. Qual a atitude que S.Exa. deve tomar? Há uma parcela a favor; outra, contra. Como ficamos? Nosso intuito é defender os interesses dos trabalhadores. Para isso estamos aqui. Se os trabalhadores apresentam-se diante de nós divididos, como podemos proceder? Por isso, os senhores têm de se reunir, por mais difícil, espinhoso e árduo que seja o debate, chegar a um consenso e apresentar-nos uma proposta concreta. Não é tarefa fácil convencer os demais Deputados, especialmente os da base do Governo, a aceitar uma situação dessas. Do jeito que os senhores estão divergindo diante de nós, é mais complicado ainda. Tão logo cheguem a um consenso, estaremos aqui, prontos para lhes dar apoio na luta pela regulamentação da categoria. Queremos ajudá-los a conseguir uma legislação que dê algum parâmetro legal às suas reivindicações. Estou à disposição para ajudá-los naquilo que puder. Meu nome é Pedro Celso, sou Deputado do PT do Distrito Federal, meu gabinete é o de nº 572. Os senhores têm de buscar uma linguagem única, afinar as violas como se diz popularmente e entrar em apenas uma sintonia. Há pessoas em AM; outras, em FM. Ficamos de marisco na história, ou seja, entre o mar e o rochedo. É uma situação desconfortável. Os senhores devem procurar o consenso, o debate e o diálogo. Apenas depois disso terão condição de nos apresentar uma posição única. Aí poderemos apoiá-los. Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Deputado Paulo Paim) A posição do Deputado Pedro Celso e não

9 combinamos nada é exatamente a mesma que já expus na abertura dos nossos trabalhos. Nossas posições coincidem. Portanto, mediante esse fato, dou-me por satisfeito. Entendo que o encaminhamento feito pelo Deputado Pedro Celso foi na linha do pronunciamento com que abri esta reunião, coerente com o quadro aqui apresentado. Agradeço a todos a participação. Encerro nossos trabalhos, antes convocando nova reunião para o dia 28 de agosto, terça-feira, às 14h. Está encerrada a reunião.

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