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1 (...) Com essas publicações, busca-se conceder voz a esses estudantes e ampliar sua visibilidade nas universidades públicas e em outros espaços sociais. Esses livros trazem os relatos sobre as alegrias e lutas de centenas de jovens, rapazes e moças, que contrariaram a forte estrutura desigual que ainda impede o pleno acesso dos estudantes mais pobres às universidades de excelência do país ou só o permite para os cursos com menor prestígio social. Ricardo Henriques Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade - SECAD Ministério da Educação Caminhadas de universitários de origem popular UFPR Universidade Federal do Paraná UFPR Caminhadas de universitários de origem popular

2 Caminhadas de universitários de origem popular UFPR

3 Copyright 2006 by Universidade Federal do Rio de Janeiro / Pró-Reitoria de Extensão. O conteúdo dos textos desta publicação é de inteira responsabilidade de seus autores. Organização da Coleção Coordenação Editorial Programação Visual Revisão de Textos: Imagem da Capa: Jailson de Souza e Silva Ana Inês Sousa Jorge Luiz Barbosa Seção de Produção Editorial da Extensão / PR-5 / UFRJ Coordenação: Claudio Bastos Anna Paula Felix Iannini Thiago Maioli Azevedo Lucinda José de Oliveira C183 Caminhadas de universitários de origem popular : UFPR / Aderlan Silvério... [et al.]. Rio de Janeiro : Universidade Federal do Rio de Janeiro, Pró- Reitoria de Extensão, p. ; il. ; 24 cm. (Coleção Caminhadas de universitários de origem popular) Ao alto do título: Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada., Alfabetização e Diversidade. Programa Conexão de Saberes : Diálogos entre a Universidade e as comunidades Populares. Parceria: Observatório de Favelas do Rio de Janeiro. ISBN: Estudantes universitários Programas de desenvolvimento Brasil. 2. Integração universitária Brasil. 3. Extensão universitária. 4. Comunidade e universidade Brasil. I. Silvério, Aderlan. II. Programa Conexões de Saberes : Diálogos entre a Universidade e as comunidades Populares. III. Universidade Federal do Paraná. IV. Universidade Federal do Rio de Janeiro. V. Observatório de Favelas do Rio de Janeiro. CDD:

4 Ministério da Educação Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade Programa Conexões de Saberes: diálogos entre a universidade e as comunidades populares Caminhadas Caminhadas universitários de origem popular dedeuniversitários de origem popular Rio de Janeiro

5 Coleção Caminhadas de universitários de origem popular Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministério da Educação Fernando Haddad Ministro José Henrique Paim Fernandes Secretário Executivo André Luiz de Figueiredo Lázaro Secretário Executivo Adjunto Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade - SECAD Ricardo Henriques Secretário Departamento de Desenvolvimento e Articulação Institucional Francisco Potiguara Cavalcante Junior Diretor Programa Conexões de Saberes: Diálogos entre a Universidade e as Comunidades Populares Jailson de Souza e Silva Coordenação Nacional Miriam Elizabeth Mendes Angelucci Coordenação Geral na Universidade Federal do Paraná Rosa Maria Zagonel Coordenação Pedagógica na Universidade Federal do Paraná Marcus Vinicius Vidal Coordenação Executiva na Universidade Federal do Paraná Bolsistas Aderlan Silvério André Luiz Knapik Ariane Cristine Custódio dos Santos Camila Oliveira Taborda Carolina do Pilar Araújo Edicléia Furlanetto Edson Barbieiri Fernanda Henriques Alonso Giselle Cristine dos Santos Pereira Josiane Wolf Veiga Juliana Cristina da Silva Juliano Hilário Nascimento Maicon Fernando Marcante Marcelo Nogueira de Souza Marcelo Silvério Mirian Raquel Padilha Nahyr Carneiro da Silva Peterson Fernandes dos Santos Regiane Kock de Souza Rosana Maria Rodrigues de Paula Rosemeire Carvalho da Silva Simone Kuhne Rodrigues Vanessa Cristina Hohmann Estudantes Voluntários Hellen Cristhina Ferracioli Jahyr de Almeida Pinto Anderson Lee Universidade Federal do Paraná Carlos Augusto Moreira Júnior Reitor Marcia Helena Mendonça Vice-Reitora Sandra Regina Kirschner Guimarães Pró-Reitora de Extensão e Cultura Rita de Cássia Lopes Assistente de Assuntos Estudantis Instituição Parceira: Observatório de Favelas do Rio de Janeiro Dalcio Marinho Gonçalves Coordenação Técnica da Coleção Caminhadas de Universitários de Origem Popular

6 Prefácio A sociedade brasileira tem como seu maior desafio a construção de mecanismos que permitam, sem abrir mão da democracia, o enfrentamento da secular desigualdade social e econômica que caracteriza o país. E, para isso, a educação é um elemento fundamental. A possibilidade da educação contribuir de forma sistemática para esse processo implica uma educação de qualidade para todos, portanto, uma educação que necessita ser efetivamente democratizada, em todos os níveis de ensino, e orientada, de forma continuada, pela melhoria de sua qualidade. No atual governo, o Ministério da Educação persegue de forma intensa e sistemática esses objetivos. Conexões de Saberes é um dos programas do MEC que expressa de forma nítida a luta contra a desigualdade, em particular no âmbito educacional. O Programa procura, por um lado, estreitar os vínculos entre as instituições acadêmicas e as comunidades populares e, por outro, melhorar as condições objetivas que contribuem para os estudantes universitários de origem popular permanecerem e concluírem com êxito a graduação e pós-graduação nas universidades públicas. Criado pelo MEC em dezembro de 2004, o Programa é desenvolvido a partir da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD-MEC) e representa a evolução e expansão, para o cenário nacional, de uma iniciativa elaborada, na cidade do Rio de Janeiro no ano de 2002, pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Observatório de Favelas do Rio de Janeiro. Na ocasião constitui-se uma Rede de Universitários de Espaços Populares com núcleos de formação e produção de conhecimento em várias comunidades populares da cidade. O Programa Conexões de Saberes criou, inicialmente, uma rede de estudantes de graduação em cinco universidades federais, distribuídas pelo país: UFF, UFMG, UFPA, UFPE e UFRJ. A partir de maio de 2005, ampliamos o Programa para mais nove universidades federais: UFAM, UFBA, UFC, UFES, UFMS, UFPB, UFPR, UFRGS e UnB. Em 2006, o Ministério da Educação assegurou, em todos os estados do país, 32 universidades federais integrantes do Programa, sendo incluídas: UFAC, UFAL, UFG, UFMA, UFMT, UFPI, UFRN, UFRR, UFRPE, UFRRJ, UFS, UFSC, UFSCar, UFT, UNIFAP, UNIR, UNIRIO e UNIVASF. Através do Conexões de Saberes, essas universidades passam a ter, cada uma, ao menos 25 universitários que participam de um processo contínuo de qualificação como pesquisadores; construindo diagnósticos em suas instituições sobre as condições pedagógicas dos alunos de origem popular e desenvolvendo diagnósticos e ações sociais em comunidades populares. Dessa forma, busca-se a formulação de ações voltadas para a melhoria das condições de permanência dos alunos de origem popular na universidade pública e, também, aproximar os setores populares da instituição, ampliando as possibilidades de encontro dos saberes destas duas instâncias sociais.

7 Nesse sentido, o livro que tem nas mãos, caro(a) leitor(a), é um marco dos objetivos do Programa: a coleção Caminhadas chega a 14 livros publicados em 2006, reunindo as contribuições das universidades integrantes do Conexões de Saberes em Em 2007, teremos 18 novas obras, que reunirão os relatos dos estudantes das universidades que ingressaram no Programa em Com essas publicações, busca-se conceder voz a esses estudantes e ampliar sua visibilidade nas universidades públicas e em outros espaços sociais. Esses livros trazem os relatos sobre as alegrias e lutas de centenas de jovens, rapazes e moças, que contrariaram a forte estrutura desigual que ainda impede o pleno acesso dos estudantes mais pobres às universidades de excelência do país ou só o permite para os cursos com menor prestígio social. Que este livro contribua para sensibilizar, fazer pensar e estimular a luta pela construção de uma universidade pública efetivamente democrática, uma sociedade brasileira mais justa e fraterna e uma humanidade a cada dia mais plena. Ricardo Henriques Secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade Ministério da Educação

8 Sumário Apresentação Rita de Cássia Lopes...09 Introdução Miriam Elizabeth Mendes Angelucci Rosa Maria a Zagonel Marcus Vinícius Vidal...11 Depoimentos Eu só tinha dezesseis Aderlan Silvério...13 Cheiro de mato e enxofre André Luiz Knapik...17 Minha vida A. C. Santos...21 Minha vida Anônimo...26 Minha vida Carolina do Pilar de Araújo...28 Passado presente Edi Furlanetto...31 História da minha vida Edson Barbieiri...34 Minha vida Fernanda Henriques Alonso...36 Minha vida Giselle Cristine dos Santos Pereira...42 Minha vida Juliano Hilário Nascimento...45 Relato Maicon Fernando Marcante...47

9 Minha vida Marcelo Silvério...58 Minha vida Mirian Raquel Padilha...61 Minha vida Nahyr Carneiro da Silva...63 Minha vida Rafael F. F. S Depoimento Regiane Kock de Souza...68 Minha vida Rosana Maria Rodrigues de Paula...72 Minha vida Rosemeire Carvalho da Silva...74 Meu relato de vida Sandra...80 Minha vida Simone Kuhne Rodrigues...82 Minha vida Vanessa Cristina Hohmann...84

10 Apresentação A Universidade Federal do Paraná, através da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, ao implantar o Programa Conexões de Saberes: diálogos entre a universidade e as comunidades populares da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade SECAD/ MEC, amplia a sua atuação voltada para a democratização do acesso à Educação Superior ao acolher e valorizar os jovens universitários oriundos de comunidades populares. Estimulados a desenvolver a capacidade de produzir conhecimentos científicos, bem como uma visão integrada do social, nossos jovens, de forma protagonista, participam da elaboração de projetos de inclusão social voltados a uma das regiões de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado do Paraná, o Vale do Ribeira. É com grande satisfação que apresentamos à comunidade universitária esta publicação, que mostra a trajetória de vida dos estudantes que integram o primeiro grupo da UFPR vinculado ao Programa. Rita de Cássia Lopes Pró-Reitora de Extensão e Cultura Universidade Federal do Paraná 9

11 Introdução Caminhadas de Universitários de Origem Popular da UFPR é uma coletânea das trajetórias de vida dos bolsistas do Projeto Conexões de Saberes Universidade Federal do Paraná. Ao ler estes depoimentos poderemos verificar a importância de políticas afirmativas que garantem o acesso e permanência na universidade de estudantes de origem popular. Pode-se constatar que muitos dos estudantes têm ao mesmo tempo trajetórias comuns, porém muito particulares. A grande maioria deles sequer imaginou que ingressaria em uma universidade pública. Apesar das inúmeras dificuldades e de todas as barreiras existentes, alguns conseguiram: entre eles, os que têm oportunidade de escrever aqui suas trajetórias de vida. Nestes casos, vimos que alguns fatores foram primordiais para a tão sonhada conquista, o acesso à universidade pública. Foram eles: cursinhos prévestibulares gratuitos e políticas afirmativas na instituição de ensino superior. No caso da UFPR, foram instituídas em 2005 cotas raciais e sociais, com 20% de vagas para afro-descendentes e 20% para estudantes que fizeram todo o ensino em escolas públicas, além do vestibular específico para indígenas. Outro fator importante foi constatar a influência de programas de inclusão digital e de cursos profissionalizantes. Além destas políticas e de pré-vestibulares gratuitos que permitiram o acesso, foi importante, também, a presença de políticas de permanência do estudante de origem popular na universidade. As bolsas, como a do Projeto Conexões de Saberes, além de outras existentes na UFPR, as Casas de Estudantes Universtitários, os Restaurantes Universitários e os Programas de Atendimento à Saúde (Sistema CASA) mostraram-se particularmente significativos em algumas narrativas. Em outros casos, vimos a importância do processo de ocupação de vagas remanescentes (PROVAR), que garantiu a re-opção ou reintegração de curso dentro da UFPR. Observam-se também os muitos conflitos que acompanham ou acompanharam estes jovens ao longo de suas vidas, bem semelhantes em alguns casos, como: Conflitos dificuldade de passar no primeiro vestibular; incerteza sobre qual curso escolher; descrédito dos pais no sucesso acadêmico, pouco ou nenhum incentivo ao estudo por parte dos familiares em relação à possibilidade de ingresso na universidade, quanto mais a uma instituição pública; não acesso ao estudo de boa qualidade e as necessidade básicas não supridas resultando na obrigação de trabalhar na infância ou adolescência. Em muitos casos pode-se notar, ainda, a morte precoce de familiares bastante próximos, aumentando o sofrimento. Universidade Federal do Paraná 11

12 Vê-se, às vezes positiva por um lado e, infelizmente, negativa por outro, a influência dos professores em suas trajetórias. Estes, hoje graduandos, podem e devem ser protagonistas nas suas comunidades de origem, na sua família, levando aos estudantes de origem popular a esperança e a visão de oportunidade do acesso, permanência e sucesso em sua vida acadêmica. Miriam Elizabeth Mendes Angelucci Rosa Maria Zagonel Marcus Vinícius Vidal 12 Caminhadas de universitários de origem popular

13 Eu só tinha dezesseis Aderlan Silvério Findando o império de Geisel, aliás, muito mais democrático que os Atos Institucionais (A.I.) anteriores, cheguei por aqui. Poderia muito bem ter parafraseado algum César: Vim, vi e Fugi! Não havia mais Juscelino Kubitschek, nem Vandré, nem Julinho de Adelaide. Ainda não havia Engenheiros, Paralamas, Legião, sequer um Titã para dar uma força. Não havia mais Pelé, nem ainda o PT, e ignorávamos que teríamos que agüentar uma cavalgadura, digo, o cavaleiro Figueiredo, os 80% ao mês de inflação do bigodinho e sua fábrica de pacotes econômicos. Dava pra piorar? Claro que dava, o troço ficou tão ruim que tivemos que mandar o minha gente para Miami lavar as mãos em suas torneiras de ouro. Ops! Mas aí já é outra década. Voltemos à minha infância... Nesse período, as Diretas Já morreram, o Tancredo morreu, o Raul morreu, a Elis morreu, o Vinícius morreu, e os Bush foram eleitos pela primeira vez. É mole? Só mesmo o Betinho pra ter esperança. Em meio a uma situação como essa, meus pais foram tentar a sorte no interior, na contramão do êxodo rural. Obviamente, voltaram desempregados assim como a grande maioria da população. Mas (nem todo mas da vida dos subdesenvolvidos é negativo), ocorreu que a minha mãe, por obra do destino e, é óbvio, por sua determinação, foi contratada pela UFPR. Aliás, naquele tempo, o Estado era a única instituição com capacidade de contratar. Enquanto isto meu pai tentava o que era mais lógico, qualificar-se para o mercado de trabalho, qualificação esta que deixou profundas marcas na minha índole. Infelizmente, ele escolheu uma área de trabalho que, em época de recessão, é a primeira a ser cortada pelo mercado consumidor: a indústria moveleira. Ele poderia e talvez tivesse realmente sido um excelente marceneiro, caso houvesse alguém disposto a comprar móveis no final dos anos de Trabalhando das 13h às 19h, distando de casa uma hora de ônibus, era inviável para minha mãe nos matricular em nossa vizinhança, então meu irmão e eu fomos estudar em um colégio estadual de um bairro nobre de Curitiba. Na época os melhores professores do estado faziam fila para lecionar na Escola Estadual Professor Brandão, que, segundo a lenda, garantia a entrada nos principais centros de formação profissionalizante da metrópole, dentre eles o gigante Colégio Estadual do Paraná e o CEFET-PR. Talvez o trauma do desemprego e dos baixos salários nos tenha tornado obcecados pelo profissionalismo; então, começamos a estudar, mas estudar não bastava: para minha família era indispensável estar entre os primeiros. Eu era pequeno, fraco e feio. Para ser aceito na comunidade me restava apenas ser inteligente. E foi este o fardo que me coube: suplantar a agilidade dos colegas com erudição. Universidade Federal do Paraná 13

14 Convencê-los a fazer força para mim através da Matemática, conquistar as menininhas exclusivamente com o Português. Confesso que teria sido muito mais simples ter nascido loiro, alto e com olhos azuis. A tarefa, além de extremamente árdua, nem sempre se revelava eficiente: demorei dois ou três anos na escola para perceber que o meu excesso de erudição incomodava as pessoas. Acabava formulando juízos exageradamente críticos que simplesmente não eram compatíveis com o senso comum, o que aos poucos me tornou antipático e sisudo, até encontrar o Marcus, o cara mais popular da quarta série, que já havia sido reprovado duas vezes em Matemática. Pois é, os pais do menino não estavam dispostos a tolerar mais uma reprovação e, como a minha média nos anos anteriores nesta disciplina fora próxima de 100, estabeleceu-se uma relação de dependência bastante produtiva, eu lhe ensinava a tomar o que se tem e ele me colocava na turma. Resolvido definitivamente meu problema de relacionamento escolar, sem qualquer dificuldade em compreender os conteúdos ou resolver os problemas escolares, comecei a estudar por hábito e, enfim, por esporte, pois na quadra de futebol eu era um fracasso. Um belo dia, encontramos uma professora de Português que nos obrigou a levantar das cadeiras e irmos até o púlpito para fazer uma palestra sobre Literatura. Via de regra, aos alunos mais proeminentes cabem os maiores problemas, e fui agraciado com o tema José de Alencar. Enfim, eu encontrara uma dificuldade real na minha vida escolar, jamais imaginara que alguém pudesse escrever tanto e tão complicadamente. Visitando a Biblioteca Pública, descobri que havia prateleiras inteiras dedicadas ao romancista e optei pelo óbvio, o livro mais fino: Ubirajara. O resultado foi simplesmente fantástico, devorei o romance em questão de horas, tornei-me um aficionado. Passei a ler José de Alencar como quem lê gibi e, conseqüentemente, acabei sobrevoando por Machado de Assis, Castro Alves e até Camões (sem muito entusiasmo, é claro). A dedicação e as palestras continuaram até Vinicius de Moraes no segundo grau do CEFET-PR, quando a professora teve que interromper a palestra porque já ultrapassara o tempo estipulado em 10 minutos. Antes do fim do meu namoro com a literatura, encontrei uma pessoa interessantíssima, a professora Adail: agitada, de estatura baixa e cabelos cor de caju, que lecionava Português, Religião, Filosofia e o que mais fosse necessário. Ela descobriu uma técnica infalível para se decorar os modos e conjugações verbais e aprendi até o modo imperativo com toda aquela maluquice de não ter EU. O projeto secreto dela, provavelmente, era formar uma geração de pretensos escritores e, para tal ambição, a escola adotou o método de redação mais completo do mercado, que continha uma resma para redação com umas trinta peças já com os temas e as instruções nos mais diversos estilos literários. Acompanhava, ainda, um Dicionário de Idéias Afins que até hoje guardo comigo para os momentos de vácuo criativo. Contudo, a peça chave do belíssimo método era uma brochura com uma austera encadernação branca e umas cem folhas pautadas, que se destinava ao trabalho final daquele ano letivo do início da década de A ambiciosa professora estava certa de que prepararia seus 120 ou mais alunos para escrever um conto até o final do ano. A preparação foi longa e cansativa: uma redação de vinte linhas por semana, verbo, gramática, sintaxe, ortografia e literatura diretamente na veia, até o momento em que a professora considerou sua obra pronta. Ofereceu-nos então um prazo 14 Caminhadas de universitários de origem popular

15 de vinte ou trinta dias para a confecção do trabalho - um conto com umas vinte páginas que seria integralmente avaliado para o último bimestre. Pois bem, eu que tinha o hábito de terminar as tarefas antes de sair da sala de aula, naquela ocasião passei a adiar, adiar até o completo esquecimento do trabalho. Nesta época eu já estudava no período da manhã, horário que me acompanhou por dez anos e me ensinou a odiar acordar cedo, pelo fato de ser obrigado a utilizar o transporte coletivo. Mesmo sabendo que teria que entregar o famigerado conto no dia determinado, não fiz absolutamente nada. No dia anterior ao combinado, passei aproximadamente 10 horas assistindo televisão, perto das 23 horas, quando,finalmente resolvi escrever. Como teria que apanhar o maldito ônibus lotado às 6h10min, era óbvio que não haveria tempo para rascunho ou correção de vinte páginas; elas deviam ser entregues em sua versão definitiva com caneta azul. A confecção desse texto, ainda hoje, para mim é um simples lapso de memória. A única lembrança restante é o nome do bandido, Roberto, referindo-se a um preposto do meu pai na indústria em que ele então trabalhava. De resto, não tenho a menor noção de como e o quê foi escrito. O fato é que aproximadamente às 6h eu punha um ponto final no texto e não tinha tempo sequer de lê-lo novamente. Alguns dias depois, aparece a querida professora com as brochuras para que nós apreciássemos nossa obra, o que me gerou surpresa quando ao folhear o texto descobri que cometera um erro de ortografia e tirara a única nota integral da sala, pois o erro fora perdoado por ser único. Eu só tinha 16, que isto sirva de aviso pra vocês 1, quando entrei em contato com meu maior carrasco. Não foi um Opala metálico azul, nem um peruano que morava na Bolívia, mas um grande amigo que me fez um dos maiores favores que já recebi. Marco Antônio Pedroso, a quem sou muito grato. Ele foi um camarada que cuidou de mim quase como babá e um belo dia bateu em minha porta com seu jeito sério e prazenteiro: Te arruma guri, tenho um estágio para você. Pronto, estava eu em contato com o famigerado Mercado de Trabalho dois anos antes de terminar o curso técnico e me preparar para o vestibular. O estágio era extremamente promissor, quase uma regalia (cinco salários mínimos por mês, seis horas por dia, cinco dias por semana). Toda essa grana me conduziu a um padrão de consumo que eu jamais conhecera e, obviamente, às drogas. Resumidamente, minha brilhante carreira estudantil acabou em seis meses juntamente com o estágio. Passei a procurar outros estágios, mas a remuneração normal era mais ou menos 1,5 salário mínimo para oito horas de trabalho por dia, o que obviamente não me permitia sequer um rango decente. Toda minha preocupação passara então para o mercado de trabalho, até conhecer o meu segundo carrasco, a URBS, uma entidade de economia mista na qual fui trabalhar e que pagava em torno de quatro salários, com a vantagem de não haver possibilidade de ser demitido. Passei seis anos completamente dopado pela minha pequena capacidade de consumir. A sorte colocou quatro anjos em meu caminho, minha esposa e os três maravilhosos filhos que fizemos. Entre os 18 e 20 anos vieram os primeiros, que me ensinaram a contemplar a vida e amar o que é simples, motivo fundamental que me levou a passar no vestibular sem cursinho e com mérito em Filosofia - a minha segunda namorada. 1 N.R:. Música de Renato Russo, Dezesseis. Universidade Federal do Paraná 15

16 Em três anos de academia recebi os outros anjos, estes da maturidade, tão lindos quanto os demais que me ensinaram a entender a vida com mais realismo. Em determinado momento, dez dias antes do nascimento da minha caçula, pedi demissão da semi-estatal e quebrei definitivamente os grilhões do empreguismo, sendo levado a um outro estágio de percepção da sociedade, o empreendedorismo. Esta visão me viabilizou a vontade e a determinação de mudar o rumo material da minha vida. Fiz o PROVAR e vim parar onde estou, no curso de Engenharia Industrial Madeireira. 16 Caminhadas de universitários de origem popular

17 Cheiro de mato e enxofre André Luiz Knapik Cheiro de mato e enxofre. Assim foi a minha infância na pequena São Mateus do Sul. Cidade com mais ou menos 35 mil habitantes, de colonização polonesa, cortada pelo rio Iguaçu e de uma beleza paisagística compensadora. O ar não é o mais limpo, a cidade tem uma usina de xisto onde trabalham boa parte das pessoas que lá moram. Bem na frente da usina, tem um clube que antigamente se chamava ADESPE, uma espécie de Jardim do Éden para as crianças. Ali ao lado ficava a minha escola. Com os muitos amigos que tinha, perdi o contato quase que por completo. Dentre eles os gêmeos, com quem eu disputava aulas de teclado e piruetas no intervalo das aulas. Às vezes, a minha escola fazia visitas à majestosa PETROBRAS, que talvez tenha sido uma das minhas primeiras referências quanto à escolha de vocação. Era simplesmente um palácio, cheio de bichos, chaminés, rochas e também um excessivo cheiro de enxofre, que mais tarde viraria perfume para mim. Certa vez, após uma dessas visitas, foi pedido que fizéssemos um desenho sobre o que mais nos chamou a atenção na Petrobras. Eu ainda sem muito senso de observação desenhei a portaria e, de fundo, umas chaminés. Depois mandaram a gente escrever uma carta com o desenho, pra mandar por correio para a majestosa. Foi aí que surgiu a minha surpresa, fui o único da turma que recebeu a resposta de um dos funcionários. Foi muito marcante, pois me senti importante. Não lembro bem o que havia escrito, mas além da resposta acompanhavam dois adesivos e o envelope era muito bonito. Bom, apesar disso eu nem sabia ainda o que fazia a Petrobras e a minha escolha pela vocação estava entre ser índio ou pedreiro, mas dava pra unir os dois, quem sabe! A minha casa, é outra coisa de que tenho saudades, morei lá por 10 anos. Era espaçosa, tinha um mato na frente onde encontrava uma fonte (cachoeirinha). Era o meu lugar favorito. Um amigo e eu adorávamos fazer fogueira e explorar o mato. Era bom, pois eu me aproximava muito da minha vocação de índio! Era legal também porque poderíamos encontrar os duendes, o puma preto que era meu amigo, ouro e diamante. Eu demarcava territórios com uma cruz de malta desenhada na terra. Só faltava mesmo cavar. Talvez os diamantes pudessem estar camuflados, assim sendo eu levava as pedras mais bonitas pra casa e botava em um copo com água do lado da cama. Passavam algumas horas e elas sumiam. Eu as esquecia e a minha mãe jogava fora. Uma vez, ao ouvir que se retirava óleo do Xisto (que verdadeiramente são folhelhos) pelo processo de queima, joguei uma rocha no meio de uma fogueira. Infelizmente, não aconteceu nada. Depois, me mudei para Curitiba com meus pais. Foi o grande golpe social. O impacto da cidade grande e antipática, os amigos deixados em São Mateus, o poder econômico familiar havia ganhado outra realidade. Isso tudo se transformou em conflitos. Agora, tendo que viver em um espaço menor e cheio de problemas para administrar. Tudo se tornaria um Universidade Federal do Paraná 17

18 caos. A perda de respeito, testemunhada em novelas e televisão (mente quem afirmar que não é influenciado), vinha a tomar nossa família com a mesma falta de respeito. E aí foi surgindo o desgaste excessivo, novas idéias, novas esperanças e com isso o grande fantasma da separação. Eu e a minha irmã ficamos um pouco perdidos, a alienação tomou conta das nossas vidas (mais da minha que da dela). Foi um golpe que talvez mais tarde pudesse se definir como necessário, ou então somente aceitar o destino. Nesse momento, surgem duas figuras importantíssimas, tanto para mim quanto para minha irmã: meus avós. Religiosos, e de infinita bondade, seus exemplos de vida ainda me servem como inspiração. Seriam necessárias algumas dezenas de páginas para descrevê-los. Já tive diversos desentendimentos, porém, é olhando pra eles que se vê como existe gente feliz e em harmonia com a vida hoje em dia, vivendo tranqüilamente mesmo com suas restrições. Foi perto deles também que tive a maior parte dos momentos felizes da minha vida. A minha família por parte de mãe é grande. Como qualquer família, sempre houve cobranças e julgamentos, principalmente de mim, pois como eles mesmos diziam: O André puxou o gênio da mãe. Mas também não posso reclamar disso, talvez essas cobranças tenham sido importantes para minha educação. Tudo serve como um aprendizado e acredito que com as dificuldades aprendidas internamente eu esteja melhor preparado para enfrentar tudo o que acontece fora de casa. Apesar disso, as alegrias se evidenciavam nos feriados do ano, com direito a churrasco, comida boa, família reunida, piadas, gargalhadas, brincadeiras. Era só felicidade! Com destaque aos Natais e às Páscoas. Esses momentos ficaram registrados em mim e o que não poderia deixar de escrever é o lugar especial onde isso tudo aconteceu: Rio Negro-PR. Cortada pelo Rio Negro, fica situada na divisa entre os estados do Paraná e Santa Catarina. Seu perímetro urbano é embutido ao de outra cidade, Mafra-SC. Os mais íntimos da região costumam apelidar as cidades de RioMafra. Mas é em Rio Negro que meus avós por parte de mãe moram. E foi lá também que eu nasci. Desde que eu era criança, meus pais e eu viajávamos muito para lá. Vão agora com menos freqüência, mas eu mantive esse hábito por várias razões. Uma delas é oculta, nem eu mesmo sei; brigado com a vó, sem amigos ou qualquer outro atrativo, continuei indo sozinho constantemente. Os atrativos foram aparecendo, e com eles uma maior admiração pelo vô e pela vó. O ano de 1995, em Curitiba, foi difícil. Meu único amigo era o meu primo Rafael que talvez nem saiba o quanto eu lhe sou grato, pois esteve presente num momento em que eu precisei muito. No ano seguinte, a minha família viria a se mudar novamente, agora para um apartamento maior, com quadra de esportes e uma sacada muito boa que era praticamente uma extensão do meu quarto. Rede, violão, som, lua e céu. Era quase um sonho. Nessa mesma época tive amigos importantes. Um deles foi o Guilherme, amizade relâmpago que me proporcionou uma importante abertura social. A partir dessa abertura, as coisas começavam a melhorar. Comecei a conhecer bastante gente e fiz muitos amigos. Estudei no colégio Bom Jesus, do qual tenho muito orgulho. Era um colégio excelente em quase todos os sentidos, apesar de ter reprovado duas vezes lá, das quais uma delas foi, em parte, injustamente. De fato, meu rendimento não condizia totalmente com a minha capacidade, até porque eu estava entregue por completo à alienação, mas ainda havia um restinho de mim que estudava bastante e ter sido reprovado por três décimos acabou comigo, pois minha família ficou decepcionada por eu ter perdido um ano de escola. Contudo, no ano seguinte não precisei estudar nada e passei fácil, pois já sabia toda a matéria. Nunca 18 Caminhadas de universitários de origem popular

19 fui educado com muita disciplina. Um dos únicos hábitos, que era estudar, foi perdido por completo. Assim, reprovei a oitava série em diversas matérias. Não posso dizer também que esses anos relatados até agora tenham sido perdidos, mas é claro que poderiam ter sido melhores não fosse a alienação. Além dos amigos do Colégio, eu tinha os piás do prédio e ainda a turminha do Juventus. Nesses dois lugares tive muitas histórias e uma paixão - o futebol: no prédio ou no clube, eu estava o tempo todo jogando futebol. Poderia até não ter nascido com o dom, mas treino para poder ficar razoavelmente bom não faltou. Tive vontade de seguir carreira e até um pequeno incentivo dos amigos, mas por falta de coragem ou até senso de realidade, a idéia não foi pra frente. Quando reprovei pela segunda vez, a cobrança foi grande. Meu pai queria me colocar em uma escola estadual, mas minha mãe não deixou. Em meio a isso já havia despertado em mim uma vontade de tomar jeito. Quis trabalhar. Uma propaganda me chamou a atenção, prepara para o vestibular e insere cedo no mercado de trabalho, dizia. Era de um colégio particular, mas, se pensar pelo lado bom, dinheiro entra e dinheiro sai. Teria a experiência e um curso técnico no currículo. Mas era furada. Os estágios arranjados lá davam pouca experiência e nenhum plano de carreira. Tive de buscá-los por conta própria, através de outra agência e então consegui um estágio no qual trabalhei por oito meses. Entretanto, não foi nada do que eu pensava. O que era para facilitar acabou complicando. O trabalho, não posso negar que naquelas condições, era bom. O problema é que eu não tinha uma boa rotina, dormia e comia mal. Tive uma pequena regressão como pessoa, mas nesse mesmo tempo, começou uma grande amizade que segue até os dias de hoje. Felipe apareceu na minha vida numa segunda época de solidão. Em seguida, dessa amizade surgiriam outras que daí em diante viriam a se somar. Em casa as coisas continuavam péssimas e junto com isso chegou o terceirão. Desiludido com o caminho de entrar cedo no mercado de trabalho, procurei a esperança de passar no vestibular. Alguns amigos e eu entramos num cursinho com a idéia feita de se dedicar ao máximo. No primeiro semestre, sentava na primeira fileira e bem que tentava prestar atenção, mas em vão, pois a má rotina e mais uma vez a alienação me dominaram. Sentia muito sono nas aulas e então resolvi mudar para a noite, para tentar levar a sério. Passado um curto período de tempo tudo voltou como antes, ou seja, nenhuma produtividade. A briga continuava e a última derrota foi a das segundas-feiras, nas quais eu prometia para mim mesmo: a partir desta segunda, vou levar a serio. Bom, já em cima da hora do vestibular, vitória minha, ou melhor, em parte. Mesmo que freqüentasse todas as aulas, não chegava nem perto do ideal a ser estudado. Aconteceu! Voltando de Balneário Camburiú nas férias, no táxi com o Felipe e sua família, recebi a notícia de que tinha passado no vestibular! Justamente no curso que estuda a natureza, as rochas, o folhelho de São Mateus, curso chave da majestosa Petrobras. Sempre fui um amante do universo, da terra, da natureza e dentro do curso descobri mais do que nunca a minha paixão vocacional. Não é legal dar títulos às coisas, mas eu afirmo que a geologia é uma mistura de lógica com intuição, imaginação com ciência e do certo com o incerto. É essa harmonia derivada dos opostos que eu procuro para o resto da minha vida. Mas nem tudo é sonho. No meu primeiro ano de faculdade, a minha mãe foi morar sozinha em outra casa e eu fiquei morando com meu pai. As coisas em casa até que melhoraram, porém a minha falta de rotina e o desconhecimento da importância que ela tinha me atrapalharam muito. O meu Universidade Federal do Paraná 19

20 curso exigiu que eu mudasse bastante meu estilo de vida. Levei relativamente bem o primeiro semestre até a metade. Sabe-se lá porque motivos, no final, marquei a maior bobeira da minha vida e reprovei em muitas disciplinas, interrompendo assim o período normal do curso. Foi outro choque. Nesse mesmo tempo, alguns amigos de Curitiba começaram a viajar comigo para Rio Negro, tinham gostado do lugar e mais ou menos na virada de 2003 para 2004 conheci alguém que viria receber um lugar especial na minha vida. Não só como namorada, mas como a melhor amiga que tive até então. Alguém que se preocupa, que me dá valor, que divide os momentos, que curte as coisas simples também e que, por fim pensa, como eu, que não existe força maior que o amor (não aquele que se refere somente aos casais). O nome dela é Adriana e faz exatamente um ano que estamos namorando. O futuro, eu não sei. Mas o que vivemos até agora foi muito importante para mim. Ela me dá a maior força para tudo. O segundo semestre da faculdade foi bem parado, com poucas disciplinas a fazer. Tive que dar um tempo forçado na faculdade, talvez desnecessário, mas consegui mudar minha vida para sempre. Venci finalmente por completo a alienação. Dormindo e comendo melhor, descobri a disciplina, ainda que não seja a mais perfeita de todas. Comecei a fazer almoço em casa, estudei os mais variados assuntos por minha conta, sem faltar é claro com a Geologia. Participei de seminários, alimentei muitos sonhos e vontades. Tudo perfeito para começar o ano de Estudei tudo que pude no primeiro semestre, mas infelizmente, a incapacidade, fruto de nove anos de alienação, colocou limites novamente em minha vida. Não se aprende a guardar informações cobradas do dia para a noite. Eu tenho um bom conhecimento e paixão pela matéria que reprovei pela segunda vez. Vivo nesse momento, porém. uma tristeza e uma alegria. A tristeza é que por mais uma vez, eu adiei um sonho. E a alegria é que, dessa vez, eu merecia ter passado. Essa é a minha história, e vale lembrar que muitos acontecimentos e influências não foram citados aqui, não por serem menos importantes, mas porque não cabia aqui relatar. 20 Caminhadas de universitários de origem popular

21 Minha vida A. C. Santos Estava aqui pensando e relembrando de muitos fatos marcantes da minha vida. Alguns mais importantes e nostálgicos outros nem tanto. Lembrei-me de uma vez que mamãe ficou doente e eu precisei ficar na casa da vovó Rosi, em Jaguaruna, a 400 km de Mafra/SC. Essa foi a primeira vez que fiquei mais tempo longe de casa. Foram cerca de três meses e eu tinha apenas quatro anos. Bom, foi também exatamente nesta época que tomei a minha primeira decisão: resolvi deixar de chupar chupeta, pois a vovó dizia que era muito feio. Então, em uma noite juntei as três que eu tinha, joguei no latão de lixo e nunca mais voltei a chupar chupeta. Mas continuei com a mamadeira, pois todo dia de manhã a vovó me acordava com suco de cenoura. No começo, achei meio estranho, mas depois me acostumei e acabei gostando. Recordo-me que o período entre meus quatro e cinco anos foi uma época de muita aprendizagem. Um dia estava na rua e tive vontade de comer um salgadinho. Pedi para minha mãe comprar e ela respondeu que não porque não tinha dinheiro. Então, eu falei com se não houvesse problema nenhum. Ah mãe, faz um cheque! Foi engraçado e ao mesmo tempo angustiante, depois disso passei a entender um pouco mais sobre as coisas e valores financeiros. Vivíamos em uma situação econômica estável e simples; meu pai trabalhava de motorista e minha mãe estava terminando a faculdade. Morávamos em Mafra, cidade onde meus pais se casaram. Ambos eram muito jovens, meu pai tinha 20 e minha mãe 16 anos. Após um ano de casados minha irmã, Aristiane, nasceu e depois de cinco anos eu nasci, no dia 30 de julho de Foi na mesma época em que minha mãe resolveu voltar a estudar, passando no vestibular e ingressando em um curso superior (Letras). Ainda era muito pequena, mas sei que foi uma época muito difícil para meus pais e para a gente também. Meu pai viajava permanecendo alguns dias afastado e minha mãe precisava cuidar da casa, da gente (minha irmã e eu), fazia faculdade à noite e em seu último ano do curso começou a trabalhar fora, tanto para ajudar nas despesas de casa como para dar continuidade a seus sonhos, colocando em prática seus estudos e proporcionando melhor estrutura educacional e qualidade de vida para a gente. Posso dizer que tive uma infância muito simples, porém muito saudável. Nunca me faltou nada, tive tudo o que era necessário para crescer e ser uma criança feliz. Acho este um fato muito importante, pois sempre me senti muito amada pela minha família. Além disso, sempre brincava na rua. Adorava brincar de esconde-esconde, na estação de trem e aos finais de semana brincava muito no terreno da casa da vovó Ivone com minhas primas. Ah, mas lembro que a minha maior alegria era quando meu pai chegava de viagem e eu ia Universidade Federal do Paraná 21

22 correndo pra sentar em seu colo. Ele sempre trazia balinhas e cantava umas músicas com o meu apelido - Nani. Quando meu pai não estava em casa, eu dormia com minha mãe e sempre antes de dormir ela lia um livro ou uma revista. Mamãe era leitora compulsiva e quando eu tinha uns seis anos eu a acompanhava toda semana à biblioteca pública da cidade e emprestava livros ilustrativos, pois eu ainda estava aprendendo a ler. Na verdade, minha mãe sempre se preocupou em investir em nossa educação, mas devido à falta de recursos financeiros para bancar um bom colégio estudei desde a 1ª série do ensino fundamental em escola pública. Apesar disso, havia cursos que eram mais acessíveis e, como eu gostava muito de dança, aos sete anos fui matriculada no curso de balé clássico na Casa da Cultura. Mais tarde, com 12 anos, iniciei o curso de pintura e me identifiquei intensamente com a pintura em porcelana. Minha professora, Clenir, era minha vizinha e me incentivava muito em relação à Arte. Por esse ser um curso de custo elevado eu prestava auxílio à professora nas aulas, na organização dos materiais e no ateliê. Dessa forma, ganhava um desconto generoso nas mensalidades e nos materiais, chegando a fazer quatro aulas por semana. Depois de uns dois anos, as coisas lá em casa começaram a ficar instáveis, a minha irmã trabalhava o dia todo para poder ajudar a pagar a faculdade (ela estava cursando Informática) e, ainda assim, seria difícil eu continuar o curso. Então, uma tia minha, Nilza, irmã do meu pai, se comprometeu a ajudar a pagar as mensalidades para eu não desistir de pintar, pois era uma coisa de que eu gostava muito. Continuei pintando até os meus 15 anos, pois a professora ia se mudar para Curitiba. Bom, foi exatamente nesse ano que muitas coisas começaram a mudar. Ah, mas ainda falando da época do balé, eu fiquei muito amiga de uma menina, a Mariana. Estudávamos juntas no mesmo colégio (Colégio Estadual Barão de Antonina) e fazíamos dança também. Esse tempo de amizade foi muito bom, éramos adolescentes naquela fase de extremos com nossos problemas imaginários. Mas, sem dúvida foi uma época maravilhosa, da qual eu guardo imensas lembranças. Acho que a 8ª série foi a mais marcante. Adorávamos quando o professor de Matemática faltava e íamos para o ginásio matar o tempo. O problema é que o professor faltava muito, quase toda semana. Apesar de que nessa época ninguém achava que isso era um problema. Boas também foram as viagens, as bagunças, as danças e músicas que inventávamos. No segundo grau, Mary e eu começamos a participar do grupo de jovens da igreja perto da casa dela. Foi tudo muito bom, era sempre na quinta-feira e no sábado. No grupo havia vários amigos nossos e isso serviu de aprendizado e também de apoio, pois nessa época iniciou-se um problema que não era imaginário, era muito real envolvendo as pessoas que eu mais amava, minha família. Nesse ano de 2000, minha irmã já estava formada e foi para Joinville-SC trabalhar, então ficamos em casa minha mãe, meu pai e eu. A relação de meus pais estava passando por altos e baixos, daí então, minha mãe decidiu morar em Joinville. Em fevereiro, alugamos um apartamento e nos mudamos. No começo, meu pai ficava junto conosco, mas passado algum tempo ele voltou para Mafra. Ficamos somente minha mãe, minha irmã e eu. Logo que mudamos minha irmã perdeu o emprego. Meu pai ficou longe, viajando de caminhão sem dar notícias e minha mãe trabalhando freneticamente de manhã, de tarde e a noite. Bom, eu achava que tudo ia melhorar, só não imaginava que iria demorar tanto. Joinville era uma cidade maior que Mafra, muito bonita, com colégios bons e mais baratos. Assim, fui matriculada no 2º ano do ensino médio no Colégio Energia. Hoje penso que minha mãe deveria estar insana na época, cheia de despesas e ainda bancar colégio pago. 22 Caminhadas de universitários de origem popular

23 Quando começaram as aulas, minha irmã conseguiu emprego em Curitiba e mudou-se, ficamos então só mamãe e eu. Em Joinville morava a tia Marisol, tio Celso e meus primos. Estávamos sempre juntos e eu almoçava várias vezes da semana na casa da tia. Bom, no colégio senti dificuldade no começo, tanto pelo choque social quanto pela malvada Matemática. Precisei estudar para acompanhar o ritmo do pessoal e foi aí que notei a falta das aulas que não tive na 8ª série. Em compensação, conheci um professor fabuloso, Nicácio. Ele lecionava Língua Portuguesa, Literatura e Redação. Foi com ele que aprendi a gostar do nosso idioma e passei a amá-lo. Lembro que a aula terminava às 12h30min e em Joinville fazia muito calor, um sol forte, difícil de se adaptar. O apartamento era gostoso e bem fresquinho; até arranjei um gatinho preto (Fred). Ele era muito daninha e percebi que não dava certo ter bichinhos de estimação em apartamentos. Desde criança eu adorava animais, principalmente gatos, mas tive que abrir mão e deixar o Fred livre, levando-o para casa da vovó Rosi. Já tive outros gatos, cachorros, coelhos. Na verdade tenho paixão por animais, até pensei em fazer curso de veterinária, mas eu queria mesmo era trabalhar com pessoas. Quando chegou o terceirão, comecei a pesquisar sobre a minha escolha profissional. O problema é que eu gostava de muitas coisas e em todas elas faltava algo. Então, descobri a Terapia Ocupacional (TO), área da saúde que engloba o indivíduo em sua totalidade. Como instrumento terapêutico era possível utilizar-se da arte, pintura e dança. Apaixonei-me! O público alvo era bastante diversificado, desde gestantes e bebês até idosos. Foi intensa a minha identificação com a TO e, desde então, não tive mais dúvidas, minha escolha estava feita. Estava decidida a prestar vestibular em várias universidades, mas o foco principal era a UFSC. A primeira barreira foi descobrir que no sul do Brasil existiam apenas quatro cursos de TO, sendo que apenas um em universidade pública, na UFPR. Percebi que eu tinha apenas uma opção, apesar de que na minha cidade havia uma faculdade particular com este curso. No dia do vestibular eu estava muito ansiosa e realmente não me dei bem, mas tinha que esperar o resultado para confirmar. Enquanto isso, aconteceu minha formatura, na qual eu me diverti muito. Lembro que minha irmã estava com um barrigão (de oito meses de gravidez). Falando na minha irmã, a melhor época de entendimento entre nós foi quando de sua ida para Curitiba onde ficou grávida. A nossa relação de irmãs foi completa, ela sempre me ajudou no que era possível, pagou minha viagem de formatura entre outras coisas e eu estava super feliz com a chegada do meu sobrinho. Em janeiro de 2002, fomos para Curitiba, ficar com minha irmã. Meu sobrinho nasceu dia 17 e no outro dia saiu o resultado do vestibular. Infelizmente não passei, ou melhor, hoje já penso de maneira positiva. Esse foi outro momento de pensar no que fazer, optei por não cursar TO na faculdade particular e resolvi esperar até o próximo vestibular da Federal. Seguiu-se um ano meio parado; eu fazia almoço todos os dias e me dediquei a estudar Física e Matemática. Passaram-se meses e eu ainda estava firme na minha decisão em relação ao curso escolhido, mas resolvi tentar Design na Faculdade de Joinville caso não desse certo TO na UFPR. O que aconteceu foi que passei e fiquei tranqüila. Fiz a prova da UFPR e achei que tinha ido bem, mas não o suficiente para passar. Já estava conformada. Em um final de semana qualquer estava no carro com mamãe indo para Curitiba visitar minha irmã e meu sobrinho Guilherme. No momento em que passamos pela BR-116, trecho paralelo ao Campus do Centro Politécnico da UFPR, olhei, pensei e veio à tona o anseio: Universidade Federal do Paraná 23

24 O que eu queria mesmo era estudar aqui! Mamãe como sempre otimista respondeu: Ah, mas eu tenho certeza de que você vai passar em todos os vestibulares, inclusive o da Federal. Fiquei calada e prosseguimos. No dia do resultado entrei na internet. A conexão estava muito lenta e eu bastante ansiosa. Primeiro fui ver se meu ex-namorado tinha passado - achava que ele tinha mais chances do que eu, mas o nome dele não estava lá. Consequentemente, imaginei que o meu também não estaria. Fiquei olhando outros cursos que meus amigos tentaram e por último olhei o meu. O meu nome estava lá... Na hora fiquei bem confusa, achando que não era, mas depois fiquei muito feliz e a minha família mais ainda! Apenas uma pessoa não gostou muito porque sabia que o meu destino era a Universidade Federal do Paraná e eu não tinha nem o que pensar, apenas abraçar a oportunidade que eu tanto queria. Na verdade, o fato de minha irmã estar morando em Curitiba facilitou muito. Fui morar com ela. Eu a ajudava com uma quantia simbólica nas despesas. Era muito bom, além de estar perto dela, do meu sobrinho e da Mariana (madrinha do Gui), tinha comida e roupa lavada. O único problema é que era longe do centro e da faculdade. No primeiro ano do curso eu me apaixonei por anatomia humana e guardei uma frase que ouvi no primeiro dia de aula: Viva intensamente a Universidade! Eu queria ir além das salas de aula. Conheci a Casa da Estudante Universitária de Curitiba (CEUC), através de uma amiga do curso, Angélica, e resolvi morar lá. Não apenas pelo pequeno valor da mensalidade, R$ 25,00, mas por estar no centro de tudo. Após minha entrada na CEUC aprendi o que é viver em coletividade e respeitar as diferenças, vivendo num espaço com uma diversidade cultural muito rica. Não podendo esquecer dos almoços coletivos quando o Restaurante Universitário estava em greve. Cada uma levava alguma coisa e a minha especialidade era o feijão! Foi lá também que conheci pessoas incríveis e o tal do movimento estudantil. Comecei a viver a universidade ampliando meus conceitos, iniciando uma busca intensa por um bem comum, a luta pelos direitos, a assistência estudantil. Fiz parte do Centro Acadêmico de meu curso, do Conselho Deliberativo da CEUC e a cada dia que passa vejo quantas coisas precisam melhorar, mas sei também que a mudança não ocorre de um dia para o outro, é preciso adquirir uma consciência política e coletiva em um âmbito muito maior. Posso dizer que todos os encontros e espaços de participação social de casas de estudantes, de terapia ocupacional, da saúde e, enfim, dos movimentos sociais não apenas geraram amadurecimento e muitos anseios como também me instigaram para a transformação e para o compromisso social. Numa viagem que fiz com meu pai até Belém-PA, de caminhão, quando eu tinha 15 anos, percebi como são fortes as diversidades em nosso país, diversidades essas que podem ser culturais, econômicas, sociais, étnicas, ambientais e climáticas. Foi muito interessante conhecer outras maneiras de vida, outros costumes e também como há desigualdades, miséria e falta de condições básicas de vida para muitas pessoas... Estes fatos todos, então, foram os principais motivos pelo qual houve interesse em participar de projetos em comunidades, sem caráter assistencialista, mas possibilitando autonomia à comunidade para que a mesma exerça seu papel com cidadania. 24 Caminhadas de universitários de origem popular

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