Autos nº ensino superior, sob pena de multa diária em caso de descumprimento. Subsidiariamente, pleiteia que seja (...)
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- Milton Avelar da Rocha
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1 Ação Civil Originária nº , do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba. Autor: Estado do Paraná. Réus: Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Maringá SINTEEMAR e outros. Relator: Des. Luiz Mateus de Lima. Vistos, 1. O Estado do Paraná ajuizou ação declaratória de abusividade de greve de servidor público cumulada com obrigação de fazer com pedido de tutela antecipada em face do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Maringá SINTEEMAR e outros. Alegou, em síntese, que: (a) os réus são entidades sindicais representativas da categoria funcional do pessoal Docente e Técnico-Administrativo do Ensino Superior do Estado do Paraná; (b) sete universidades estaduais paralisaram suas atividades a partir de 09 de fevereiro de 2015, em razão de Anteprojetos de Lei enviados a Assembleia Legislativa do Paraná do Poder Executivo estadual versando acerca do regime remuneratório e previdenciário dos servidores estaduais; (c) a pauta de negociações apresentadas pelos sindicatos réus foi e continua sendo objeto de negociação e atendimento pelo governo estadual, sem que tenha havido o fim do movimento grevista; (d) foram realizadas reuniões nos dias e ; (e) houve o integral atendimento das Página 1 de 12
2 reivindicações da categoria; (f) foi retirada da Mensagem que encaminhou à Assembleia Legislativa do Paraná o projeto de lei de alteração dos fundos previdenciários; (g) por meio do Decreto nº 546, foi criado grupo para elaborar proposta de projeto para autonomia universitária; (h) foi acordado que o pagamento do terço de férias dos docentes e agentes técnico-universitários será realizado em uma única parcela, na folha salarial de março; (i) foi autorizada a abertura do orçamento de custeio das sete universidades estaduais; (j) houve a retirada dos projetos de lei de extinção dos adicionais de tempo de serviço na forma de quinquênios e anuênios, bem como da proposta de inclusão das Universidades no Sistema RH Meta 4; (l) apesar dos esforços da Administração Pública, o movimento grevista não tem previsão de acabar; (m) há fundado receio de que os grevistas impeçam o funcionamento das universidades e hospitais universitários, mediante constrangimento ao acesso de servidores, professores, alunos e pacientes aos serviços; (n) não ocorreu a interrupção das negociações relativas ao interesse da categoria; (o) a manutenção da greve afronta os artigos 3º e 14 da Lei nº 7.783/89; (p) a greve deflagrada tem conotação política; (q) a educação trata-se de serviço público essencial, não podendo ser interrompida; (r) a paralisação também afeta o regular funcionamento dos hospitais universitários, atingindo o direito constitucional à saúde dos cidadãos. Assim, postula pela concessão da tutela antecipada, no sentido de determinar a imediata cessação do movimento grevista pelos servidores públicos estaduais do Página 2 de 12
3 ensino superior, sob pena de multa diária em caso de descumprimento. Subsidiariamente, pleiteia que seja (...) determinada a manutenção das atividades de não menos que 70% dos servidores técnico-administrativos dos hospitais universitários, 40% dos demais servidores técnicoadministrativos e da totalidade dos docentes com atribuição didática nos cursos de graduação ou com atuação nos hospitais universitários, de modo a garantir a continuidade dos serviços de assistência médica e hospitalar prestados pelos hospitais universitários, o funcionamento mínimo dos laboratórios e atividades de pesquisa das Universidades, a não interrupção dos Projetos Especiais da Secretaria de Estado da Tecnologia e Ensino Superior SETI nas universidades (NEDDU, Patrono e Bom Negócio) e o reinício imediato do ano letivo de 2015 para os estudantes de graduação. (...) (fls. 17/18). Ainda, requer a concessão de interdito proibitório para proibir que os grevistas obstem de qualquer modo os acessos às dependências de quaisquer órgãos públicos estaduais e impeçam outros servidores de trabalhar regularmente. Por fim, postula pela procedência dos pedidos, no sentido de declarar a ilegalidade da manutenção da greve e de condenar os réus a cessarem as atividades grevistas, com a condenação destes ao pagamento dos ônus sucumbenciais. É o relatório. Página 3 de 12
4 A antecipação de tutela pode ser concedida, quando estiverem presentes os pressupostos previstos no artigo 273 do Código de Processo Civil, verbis: Art O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. Júnior: A propósito, leciona Humberto Theodoro "(...) há antecipação de tutela porque o juiz se adianta para, antes do momento reservado ao normal julgamento do mérito, conceder à parte um provimento que, de ordinário, somente deveria ocorrer depois de exaurida a apreciação de toda a controvérsia e prolatada a sentença definitiva. Justifica-se a antecipação de tutela pelo princípio da necessidade, a partir da constatação de que sem ela a espera pela sentença de mérito importaria denegação de justiça, já que a efetividade da prestação jurisdicional restaria gravemente comprometida. Reconhece-se, assim, a existência de casos em que a tutela somente servirá ao demandante se deferida de imediato. (...) ( Curso de Direito Processual Civil, volume II, 41ª edição, Rio de Janeiro, editora Forense, 2007, p. 750) Logo, para a concessão da tutela antecipada é necessária a aparência de bom direito, ou seja, a verossimilhança das alegações, acrescida da existência do fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, isto é, perigo de que não sendo concedida a medida, venha a Página 4 de 12
5 decisão final tornar-se ineficaz ou haja a grande possibilidade de tal fato ocorrer. No caso em exame, entendo que a antecipação de tutela deve ser deferida, tendo em vista a presença dos requisitos autorizadores, quais sejam, verossimilhança das alegações e fundado receio de dano irreparável. Como se sabe, a Constituição Federal de 1988 assegura, entre os direitos sociais, o exercício do direito de greve: Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. O artigo 37, inciso VII, da Carta Magna garante tal direito no âmbito da Administração Pública, verbis: Art. 37 A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) VII o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica. (...) Página 5 de 12
6 Ante a falta de edição de norma específica, a Lei nº 7.783/89, que disciplina o direito de greve no âmbito privado, é aplicável, por analogia, ao setor público, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal nos Mandados de Injunção nºs ES e DF, em 25/10/2007, de relatoria do Ministro Gilmar Mendes, que prolatou o acórdão com a seguinte ementa: MANDADO DE INJUNÇÃO. GARANTIA FUNDAMENTAL (CF, ART. 5º, INCISO LXXI). DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS (CF, ART. 37, INCISO VII). EVOLUÇÃO DO TEMA NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL PARA APRECIAÇÃO NO ÂMBITO DA JUSTIÇA FEDERAL E DA JUSTIÇA ESTADUAL ATÉ A EDIÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PERTINENTE, NOS TERMOS DO ART. 37, VII, DA CF. EM OBSERVÂNCIA AOS DITAMES DA SEGURANÇA JURÍDICA E À EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL NA INTERPRETAÇÃO DA OMISSÃO LEGISLATIVA SOBRE O DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS, FIXAÇÃO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS PARA QUE O CONGRESSO NACIONAL LEGISLE SOBRE A MATÉRIA. MANDADO DE INJUNÇÃO DEFERIDO PARA DETERMINAR A APLICAÇÃO DAS LEIS Nºs 7.701/1988 E 7.783/1989. Todavia, tal legislação deve ser aplicada levando em consideração os princípios que regem a Administração Pública. Na hipótese, embora o movimento grevista em apreço seja legítimo, bem como pautado na legalidade, tendo inclusive a autoridade estadual sido devidamente notificada (fls. 228/243 TJPR) a respeito da Página 6 de 12
7 deflagração da greve, entendo que as atuais circunstâncias fáticas autorizam a concessão da tutela antecipada, no sentido de determinar a cessação do exercício do direito de greve. Consoante se observa dos autos, o Estado do Paraná já realizou algumas reuniões ( e fls. 195/222) com os sindicatos réus a fim de discutir as reivindicações da categoria e tentar pôr termo à paralisação. É inegável também que houve alguns avanços nas negociações, tendo o governo estadual assumido o compromisso de autorizar a abertura do orçamento de custeio das sete universidades estaduais, de pagar o terço de férias dos docentes e agentes universitários, numa única parcela, na folha salarial de março e de retirar a proposta de inclusão das universidades da Meta 4 (fl. 214). Além disso, por meio do Decreto nº 546, foi determinada a criação de grupo de trabalho destinado a realizar estudos, com prazo de 120 dias, para elaboração de proposta de projeto para autonomia universitária. Somado a tais avanços das tratativas, há também o decurso de lapso temporal significativo de paralisação, contabilizando mais de 20 (vinte) dias, o que é extremamente prejudicial à classe estudantil universitária, os quais estão sendo os maiores prejudicados de tal impasse. Ademais, a permanência do estado grevista afetará também o calendário escolar, pois ainda que haja a reposição de tal carga horária no futuro, é inegável o Página 7 de 12
8 prejuízo quanto aos conteúdos disciplinados, uma vez que não serão ministrados com a mesma qualidade do que se fossem no período regulamentar. Além disso, na hipótese em tela, há o agravante do movimento grevista também interferir no regular funcionamento dos hospitais universitários, os quais atendem contingente expressivo da população, afetando, assim, diretamente o direito constitucional à saúde. Em decorrência da paralisação, vários serviços podem ser suspensos ou prejudicados, como o agendamento de cirurgias, exames e internamentos, podendo colocar em risco inclusive a continuidade do atendimento de urgência e emergência. Por derradeiro, ainda que o interesse da categoria sindical envolvida seja legítimo e pautado na legalidade, deve prevalecer o direito essencial/fundamental à educação. O direito de greve no âmbito da Administração Pública sofre limitações, tendo em vista os princípios da supremacia do interesse público e da continuidade dos serviços públicos, os quais se sobrepõem ao interesse particular (categoria profissional). Sobre às limitações ao direito de greve dos servidores públicos, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça: (...) O Superior Tribunal de Justiça é competente para julgar a presente demanda, tendo em conta que o Supremo Tribunal Federal, ao apreciar simultaneamente os Mandados de Injunção n. 670/ES, 708/DF e Página 8 de 12
9 712/PA, fixou a competência desta Corte para decidir as ações ajuizadas visando ao exercício do direito de greve aos servidores públicos civis, quando a paralisação for de âmbito nacional ou abranger mais de uma unidade da federação. No mesmo processo, o Supremo Tribunal Federal determinou que todas categorias inclusive servidores públicos têm direito à greve e enquanto não for editado norma específica deve-se utilizar, por analogia, a Lei n /89, que disciplina o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais e regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. O direito de greve no âmbito da Administração Pública deve sofrer limitações, na medida em que deve ser confrontado com os princípios da supremacia do interesse público e da continuidade dos serviços essenciais, para que as necessidades da coletividade sejam efetivamente garantidas, (...) (STJ, Pet nº , Rel. Min. Humberto Martins, Dje ) (...) De fato, o direito de greve dos servidores públicos deve lhes ser assegurado, porém não de forma irrestrita, haja vista a necessidade de ser harmonizado com os princípios da supremacia do interesse público e da continuidade dos serviços essenciais para que as necessidades da coletividade sejam efetivamente garantidas, como é o caso das atividades exercidas pelas Instituições Federais de Ensino IFEs. (...) (STJ, Pet nº 8634, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Dje ) O princípio da supremacia do interesse público é basilar da Administração Pública. Nesse contexto, sempre que houver confronto de interesses, o da coletividade deve prevalecer sobre o individual. Essa é uma das prerrogativas conferidas à Página 9 de 12
10 Administração Pública, porque a mesma atua por conta de tal interesse, ou seja, o legislador na edição de leis ou normas deve orientar-se por esse princípio, levando em conta que a coletividade está num nível superior ao do particular. O interesse público é indisponível não podendo deixar de existir, pois não há faculdade de atuação ou não do Poder Público, mas sim um dever de atuação. Assim, sempre que uma greve venha a comprometer o interesse da coletividade ela deve ser considerada abusiva. Já o princípio da continuidade dos serviços públicos visa não prejudicar a população, vez que existem serviços que são indispensáveis. No caso em apreço, embora legal o direito de greve, tem-se que tal direito não é absoluto, devendo ser relativizado em razão das características do serviço que presta (educação e saúde) e da prevalência do interesse coletivo sobre os interesses individuais de uma categoria de servidores. De maneira alguma digo com isso, que as reivindicações dos integrantes dos sindicatos réus não são dignas ou justas. Todavia, o que não me parece justo e legal, no caso, é comprometer significativa parcela da sociedade, maior afetada nesse momento, pelo movimento paredista. Desse modo, dado o contexto fático atual (avanço das negociações, extenso lapso temporal da paralisação, inúmeros estudantes universitários prejudicados) Página 10 de 12
11 e tendo em vista os efeitos nefastos para a sociedade (supremacia do interesse público), é de rigor a concessão da tutela antecipada, sem prejuízo das negociações em trâmite, no sentido de: (i) determinar o retorno imediato das aulas, com a cessação do movimento grevista dos servidores das universidades públicas estaduais vinculados à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, sob pena de incidência de multa diária no montante de R$ 3.000,00 (três mil reais), para cada sindicato réu, em caso de descumprimento; (ii) proibir os grevistas de vedarem e limitarem, de qualquer modo, os acessos às dependências de quaisquer órgãos públicos estaduais ou de impedirem outros servidores de trabalhar regularmente. policial, caso necessário. (iii) desde já, autoriza-se o uso de força Citem-se as entidades sindicais rés (Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino de Maringá SINTEEMAR e outros). Intimem-se também sobre a liminar concedida, por mandado, ficando autorizado o Juiz de plantão a assinar o referido. As entidades sindicais rés devem expedir, no prazo de 24 horas, a comunicação a todos os seus filiados, sob pena de responsabilização pessoal dos seus dirigentes. Página 11 de 12
12 Expeçam-se Cartas de Ordem, com encaminhamento via mensageiro, a fim de que os juízes de cada comarca deem imediato cumprimento ao decisum. Após o cumprimento da presente decisão, será designada data para audiência de conciliação. Publique-se. Curitiba, 06 de março de LUIZ MATEUS DE LIMA Desembargador Relator Página 12 de 12
É o relatório. 4. Tendo em vista que as demandas apresentam identidade de partes, de causa de pedir e de
Ação Civil Originária nº 1348213-8 e nº 1348851-8, do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba. Autor: Estado do Paraná. Réu: APP Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná.
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