ACÓRDÃO RO Fl. 1. DESEMBARGADOR EMÍLIO PAPALÉO ZIN Órgão Julgador: 10ª Turma

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1 RO Fl. 1 DESEMBARGADOR EMÍLIO PAPALÉO ZIN Órgão Julgador: 10ª Turma Recorrente: Recorrido: Origem: Prolator da Sentença: EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMAÇÕES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - DATAPREV - Adv. Jarbas Jesus da Rosa Fagundes SINDICATO DOS TRABALHADORES EM PROCESSAMENTO DE DADOS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - SINDPPD/RS - Adv. Délcio Caye 20ª Vara do Trabalho de Porto Alegre JUIZ ROBERTO TEIXEIRA SIEGMANN E M E N T A PLANO DE SAÚDE. CUSTEIO DE QUOTA PARTE PELA EMPRESA. ALTERAÇÃO LESIVA. Hipótese em que a suspensão do custeio parcial do plano de saúde previsto em convênio firmado entre a DATAPREV e a GEAP - Fundação de Seguridade Social acarretou a transferência do custo integralmente aos beneficiários, situação que traduz alteração lesiva, devendo ser confirmada a decisão da origem. Inteligência da Súmula nº 51 do TST. A C Ó R D Ã O Vistos, relatados e discutidos os autos. ACORDAM os Magistrados integrantes da 10ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região: por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO ao recurso ordinário da reclamada.

2 RO Fl. 2 Intime-se. Porto Alegre, 02 de maio de 2013 (quinta-feira). R E L A T Ó R I O Inconformada com a sentença de procedência da ação (fls ) recorre a reclamada. Versa o recurso ordinário das fls sobre as seguintes matérias: carência da ação por ilegitimidade ativa "ad causam", litispendência, manutenção do custeio do plano de saúde nas condições anteriormente praticadas, sob pena de pagamento de multa diária por atraso, no valor de R$200,00 por trabalhador substituído, e honorários advocatícios. Há contrarrazões nas fls Sobem os autos a este Tribunal para apreciação e julgamento do recurso. É o relatório. V O T O DESEMBARGADOR EMÍLIO PAPALÉO ZIN (RELATOR): RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA CARÊNCIA DA AÇÃO. ILEGITIMIDADE ATIVA "AD CAUSAM" O Juízo "a quo" rejeitou a alegação de que o sindicato autor não tem legitimidade para atuar como substituto processual, ao fundamento de que

3 RO Fl. 3 o comando do inciso III do art. 8º da Constituição Federal conferiu aos sindicatos amplo poder de representação no que respeita à postulação de direitos individuais homogêneos dos integrantes da categoria profissional representada, sendo desnecessário o ajuizamento de ação em âmbito nacional quando o sindicato pretende a defesa de direitos de substituídos pertencentes apenas à sua base territorial. A recorrente alega que, por ser empresa pública federal de âmbito nacional, o Sindicato autor carece de legitimidade ativa, na medida que a presente ação deveria ter sido ajuizada pela Federação Nacional dos Empregados em Empresas e Órgãos Públicos e Privados de Processamento de Dados, Serviços de Informática e Similares - Fenadados. Conforme prevê o art. 8º, III, da Constituição Federal têm os sindicatos a faculdade de postular em Juízo direitos pertencentes à categoria que representa, de forma ampla. Compartilho do entendimento exarado na sentença de que a entidade sindical autora tem inegável legitimidade para defender direitos e interesses da categoria por meio de ação coletiva na qualidade de substituto processual. O Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados no Estado do Rio Grande do Sul - SINDPPD/RS tem legitimidade para a defesa dos direitos e interesses de integrantes da categoria que representa no âmbito do Estado do Rio Grande do Sul.

4 RO Fl. 4 LITISPENDÊNCIA A arguição de litispendência em relação a processo que tramita junto à 17ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro foi rejeitada na sentença ao fundamento de que a presente ação se limita aos empregados da base territorial do Sindicato autor, qual seja, o Estado do Rio Grande do Sul, enquanto o processo que tramita na 1ª Região desta Justiça Especializada diz respeito à base territorial diversa, o Estado do Rio de Janeiro. Insiste a recorrente na configuração da litispendência em relação à ação que tramita no Rio de Janeiro, pois embora ajuizada por autores aparentemente diversos, os reais titulares são os empregados da reclamada em âmbito nacional. A referida ação ajuizada no Estado do Rio de Janeiro foi intentada por sindicato de âmbito regional. Consequentemente, a respectiva decisão tem como limite de sua abrangência o aludido estado da Federação, sem abarcar, portanto, os substituídos na presente ação. MANUTENÇÃO DO PLANO DE CUSTEIO PELA RECLAMADA NO PLANO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA- GEAP O Magistrado singular considerou ser incontroverso que a reclamada custeava a quota do plano de saúde perante a GEAP em prol de seus empregados e ponderou que a alteração contratual, quando lesiva, é nula de pleno direito, nos termos do artigo 468 da CLT. Concluiu como direito adquirido o custeio pela ré do plano de saúde adotado através da GEAP de todos os empregados e ex-empregados (desde que desligados

5 RO Fl. 5 aposentados), bem como dos pensionistas e dos que aderiram ao PDI, e que o custeio do plano de saúde deve dar-se nas condições anteriormente praticadas pela ré, sob pena de pagamento de multa diária por atraso, no valor de R$200,00 por trabalhador substituído. A recorrente nega a ocorrência de alteração contratual lesiva pois não suprimiu qualquer vantagem incorporada a contrato de trabalho, sendo que a prática adotada de custeio de quota do plano de saúde perante a GEAP não era por liberalidade mas prevista em acordos coletivos de trabalho firmados desde 1995/1996 até 2009/2011, não havendo falar em direito adquirido. Alega não existir norma legal ou interna da DATAPREV, tampouco convencional, que tenha vigorado nos últimos anos no sentido de obrigá-la a pagar parcela do plano de saúde de ex-empregados aposentados ou de seus pensionistas que não estejam em sua folha de pagamento, razão pela qual com o fim do Convênio nº 001/2009 firmado com a GEAP não havia outra providência a ser adotada pelos gestores da empresa a não ser parar com tais pagamentos. Acresce estar adstrita ao princípio da legalidade, invocando a Súmula nº 473 do STF. Refere, ainda, que os ex-empregados que aderiram ao PDI instituído pela reclamada, em face das vantagens e ônus decorrentes, não podem mais desfrutar de condição anteriormente estabelecida relacionada ao custeio da GEAP. Como se vê mediante os termos da peça contestatória (fls ) não resulta negada a alegação contida na inicial no sentido de que a reclamada teria deixado de efetuar o pagamento da quota parte no custeio da GEAP a todo o empregado aposentado, aposentado desligado ou que venha a se aposentar, bem como aos pensionistas, atuais e futuros.

6 RO Fl. 6 Assim sendo, é indiscutível e notório que, a partir do momento em que a empresa deixou de proceder desta forma, operou-se redução dos benefícios de aposentadoria ou pensão. Diante de tal cenário, há risco, ainda, de que os beneficiários deixem de desfrutar do plano de saúde caso não procedam à contribuição da quota parte até então patrocinada pela reclamada. A suspensão promovida unilateralmente em setembro de 2011 agride os termos do convênio celebrado entre a DATAPREV e a GEAP - Fundação de Seguridade Social (documento das fls ). A cláusula 2ª (fl. 55) do aludido convênio estabelece que "são considerados Beneficiários os Titulares, Dependentes, Pensionistas e Agregados", ao passo que a cláusula 8ª prevê que "A contribuição mensal da DATAPREV para custeio do Plano GEAP Saúde II, por Titular, Dependente e Pensionista inscritos no âmbito deste Convênio..." (fl. 64). Portanto, na linha do decidido pelo Juízo do primeiro grau, entendo que o reconhecimento do pedido apresentado na peça inaugural encontra respaldo na Súmula nº 51, item I, do TST, assim redigida: "NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 163 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. (ex-súmula nº 51 - RA 41/1973, DJ )."

7 RO Fl. 7 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS O Juízo "a quo" fundamentou que mesmo após a Emenda Constitucional nº 45/2004, que ampliou a competência da Justiça do Trabalho, a concessão de honorários advocatícios nas reclamatórias trabalhistas típicas rege-se pela Lei nº 5.584/70 e Súmulas nº 219 e nº 329 do TST, mas que a Instrução Normativa nº 27 do TST é expressa ao excepcionar as lides decorrentes da relação de emprego das hipóteses de concessão de honorários advocatícios pela mera sucumbência. Considerou que se tratando a presente ação de litígio que não decorre de relação empregatícia, impõe-se a condenação da ré em honorários advocatícios de 15% sobre o valor atribuído à condenação. A recorrente defende, em suma, que o Sindicato, na condição de autor substituto não tem direito a honorários. De acordo com o entendimento contido no recente item III da Súmula nº 219 do TST, que adoto, são devidos os honorários advocatícios nas causas em que o ente sindical figure como substituto processual, caso dos autos. PARTICIPARAM DO JULGAMENTO: DESEMBARGADOR EMÍLIO PAPALÉO ZIN (RELATOR) DESEMBARGADORA DENISE PACHECO JUIZ CONVOCADO FERNANDO LUIZ DE MOURA CASSAL